Saturday 26 August 2017

Por quê tanto “protecionismo”?

Quando o Presidente da República, Filipe Nyusi, nas suas habituais e infrutíferas visitas às instituições públicas ou/e de Estado, a esperança era de que alguma coisa seria feita de modo a tirar nas instituições visitadas do marasmo em que se encontra. Note-se que, em mais uma das visitas, o Chefe de Estado encheu a boca para dizer que é preciso quebrar o mito que as Linhas Aéreas de Moçambique (LAM) são a companhia de bandeira. Porém, pelos últimos acontecimentos tudo indica que não passou de mais uma conversa para os jornalistas anotarem e reportarem.
O Governo moçambicano, pois, continua a fazer vista grossa para a preocupante situação em que as LAM se encontram mergulhada há vários anos. A cada ano que se passa a situação tende a ficar pior a todos os níveis. O exemplo mais revoltante e irresponsável e que de certo modo mostra a incompetência, é o facto de recentemente o Governo ter avalizado, mais um, empréstimo de mais de meio bilião de meticais para a empresa restaurar as suas operações e apoiar a tesouraria, ascendendo, assim, a 5,1 biliões as dívidas das LAM à banca nacional.
As LAM são, sem dúvidas, campeãs em dívidas e problemas. Não é apenas a má gestão que caracteriza a dita companhia de bandeira. A empresa debate-se com problemas relacionados com atrasos de voos, cancelamentos sem nenhuma explicação, e os problemas mecânicos (as desculpas que têm sido mais invocadas) nos aparelhos das LAM que se transformaram no pão de cada dia.
É sabido que há sensivelmente dois anos as LAM encontravam- se em situação de falência técnica, tendo parado de pagar aos seus fornecedores entre 2014 e 2015 acumulando dívidas superiores a 1,6 bilião de meticais. Essa realidade parece não ser argumento suficiente para que o Governo moçambicano tome medidas com vista reverter a situação que, a breve trecho, estará numa situação insustentável.
Mas, por as LAM tratarem-se de uma vaca leiteira das figuras ligadas ao partido Frelimo, o Governo da Frelimo continua a endividar o Estado de modo a “mamar” tranquilamente à custa do sofrimento do povo moçambicano. Tudo indica que o Executivo de Nyusi está à espera de uma fatalidade para tomar medidas sérias.
Como já referimos noutras ocasiões, um Governo que respeita os seus cidadãos e que se preocupa com o seu bem-estar já teria intervencionado nas Linhas Aéreas de Moçambique.



Editorial, A Verdade

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