Tuesday 27 January 2015

Entretenimento político continua no Centro de Conferências “Joaquim Chissano”

Negociações 


A Renamo voltou a denunciar que o Governo está a viola...r o acordo de cessação das hostilidades militares por este estar a montar, desde Janeiro, posições militares com novos soldados na província de Inhambane, no troço Marromeu-Caia, na zona sul de Sofala, nomeadamente Muxúnguè, Sussundenga (na província de Manica) e na província de Tete
Maputo (Canalmoz) – As negociações entre o Governo e a Renamo, no Centro de Conferências “Joaquim Chissano” continuam um autêntico espectáculo de entretenimento político, com a particularidade de o Governo estar a ganhar tempo, deixando implicitamente a Renamo a falar sozinha. Não chegaram a nenhum acordo sobre qualquer dos pontos que estão em discussão, nomeadamente, as questões militares e despartidarização do aparelho de Estado.
Segundo deram a conhecer os chefes das duas delegações – José Pacheco, do Governo, e Saimone Macuiana, da Renamo –, as partes analisaram a situação das cheias no centro e Norte do país e as mortes por envenenamento em Chitima, na província de Tete.
Depois de analisarem estas duas situações, a Renamo colocou um ponto prévio que tinha a ver com a alegada violação do acordo de cessação das hostilidades militares por parte do Governo.
Segundo a Renamo, no seu documento apresentado ao Governo – e que será também levado à Procuradoria-Geral da República –, o Governo está a montar, desde princípios de Janeiro, posições militares com novos soldados na província de Inhambane, no troço Marromeu-Caia, na zona sul de Sofala, em Muxúnguè, em Sussundenga (na província de Manica) e na província de Tete.
A Renamo, considera que essas acções do Governo perturbam a paz, tendo em conta que, no terreno, se realizam revistas e vasculhas de pessoas e bens.
“O que está a acontecer nessas regiões é que parece que estamos perante um Estado de Sítio. A situação das pessoas não é igual à das pessoas que se movimentam da cidade para Benfica, Marracuene ou Manhiça”, disse Saimone Macuiana, que considerou que “num país em paz, o Exército não ocupa posições e não movimenta forças militares, porque essa movimentação põe em causa a própria paz”.
A Renamo diz que vai levar o seu protesto ao conhecimento da comunidade internacional, designadamente às Nações Unidas e aos países que fazem parte da missão da Equipa Militar de Observação da Cessação das Hostilidades Militares (EMOCH).
Para já, o Governo não teceu qualquer comentário sobre a reclamação da Renamo, tendo apenas recebido o documento para análise nas instituições apropriadas.
Ainda sem consenso
Sobre o cumprimento do acordo da cessação das hostilidades militares, concretamente a integração e reinserção dos homens da Renamo, os negociadores não alcançaram nenhum entendimento, e as partes voltaram a falar a mesma coisa de sempre: o Governo a exigir a entrega das listas, número de homens, de material bélico e a sua localização; e a Renamo a exigir primeiro a definição do modelo de integração e enquadramento bem como a colocação dos oficiais provenientes das suas fileiras nos postos de comando das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM).
José Pacheco disse que é preocupação da sua delegação obter as listas, de modo a permitir a integração nas FADM e na PRM, assim como a integração social e económica dos homens da Renamo.
Segundo José Pacheco, ainda na 91.a ronda, as partes receberam dos mediadores nacionais uma proposta que vai fechar o Ponto Três, referente àa despartidarização do aparelho de Estado, que será estudada na próxima ronda, prevista, em princípio, para quinta-feira desta semana.
Mas garantiu que há um certo entendimento entre as partes sobre a referida proposta, cuja designação carece de análise.
Questionado pelo “Canalmoz” sobre o futuro da EMOCHM, cujo prazo de 135 dias esta praticamente no fim, José Pacheco disse que “a EMOCHM é um produto dentro do prazo, e quando estiver fora do prazo, veremos”.
A delegação governamental inclui o ex-ministro dos Transportes e Comunicações, Gabriel Muthisse.
Este foi o primeiro frente-a-frente entre o novo Governo após as eleições de Outubro do ano passado e a Renamo, que contesta os resultados dessas eleições.
A Renamo já garantiu que pretende ver esgotados na mesa do diálogo os pontos restantes, nomeadamente, questões de defesa e segurança, despartidarização do aparelho de Estado e assuntos económicos, devendo os aspectos relativos às eleições serem discutidos noutras instâncias.
A Renamo defende a aprovação de um modelo claro de integração e enquadramento, enquanto o Governo da Frelimo diz que não pode estar em condições de aceitar uma definição como a partilha de comandos, que privatiza as Forças de Defesa e Segurança para as duas partes. O Governo e a Renamo estão a disputar o controlo dos comandos das FADM e da PRM.




(Bernardo Álvaro, CANALMOZ)

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