Ensinamentos das eleições quenianas
O povo é pacífico, mas, em alguns momentos, pode não aceitar engolir sapos vivos. Os quenianos acabam de dar um importante aviso aos políticos que querem o poder a qualquer preço. Os da Frelimo alegam que os regimes que apoiaram a guerra civil em Moçambique, deixaram de existir, portanto, não há condições para revoltas populares. Enquanto os da Renamo, à mistura com princípios difusos de um cristianismo de rápida aprendizagem, juram que não voltam às matas.
Conhecemos o Quénia, considerado por muitos, como um país estável e em desenvolvimento. Um povo pacífico e trabalhador. Uma fauna bravia das mais apreciadas do mundo. A sua capital, Nairobi, é uma cidade linda, limpa e arborizada. O seu aeroporto, Jomo Kenyata, um dos mais movimentados da África Oriental, onde vários povos se cruzam. Para deitar abaixo o sonho dos quenianos, bastou umas eleiçõoes mal feitas em que certos políticos desejam permanecer no poder a qualquer preço.
Mwai Kibaki, candidato para sua sucessão, forçou a comissão eleitoral a proclamá-lo vencedor, ignorando a vontade popular que tinha alternativa, foi quanto bastou para incendiar o país e mergulhá-lo na maior carnificina da sua história. A oposição, liderada por Raila Odinga, não aceitou, atirou-se à luta. Não ficou a chorar ou a contar estórias de que lhe roubaram votos, como estamos habituados a ouvir entre nós.
A oposição queniana teve a certeza da vitória, por isso, com todas as energias, saíu à rua, em protesto. Não deu prazo a Kibaki e seu partido para se retratarem. Não esperou pela bênção dos Estados Unidos que, no início, haviam reiterado o seu reconhecimento à vitória de Kibaki, nem da União Europeia que, em muitas ocasiões, vai na boleia dos americanos. Com determinação, disse que Kibaki perdeu as eleições.
Os Estados Unidos e a União Europeia impõem, aos povos, regimes antidemocráticos, baseando-se na falsa filosofia, segundo a qual, os enchimentos das urnas, a violência policial, as intimidações e as prisões dos elementos da oposição não influiram no resultado final. Os quenianos rejeitaram tais argumentos. Queriam, no poder, o presidente escolhido pelo sufrágio popular e não o mais esperto, aquele que usou truques.
A situação que se vive no Quénia, muito se assemelha aos momentos a seguir às nossas eleições de 1999. Foi visível o embaraço do então presidente da comissão eleitoral, Jamisse Taimo, quando ia anunciar os resultados. Deixou transparecer que os resultados que trazia eram duvidosos, de tal modo que hesitou tanto e ficou com a voz a estremecer.
Fica, para nós, a lição de que os órgãos eleitorais – Comissão Nacional de Eleições e o Secretariado Técnico de Administração Eleitoral – devem deixar de agradar um punhado de políticos. A desfrelimização destes órgãos é um imperativo para que fiquem dissipadas as dúvidas sobre quem ganha e quem perde uma eleição.
(Artigo de Edwin Hounnou, publicado no “A Tribuna Fax”, de 06-02-08.)
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