As manifestações populares de 5 de Fevereiro de 2008, contra a subida da tarifa do chapa-100, fez ressuscitar o fantasma que agita o povo, segundo disse o ministro dos Transportes e Cominicações, António Munguambe. Ninguém se assume como líder das manifestações, mas, o governo sabe que por detrás disto, está alguém a incitar as manifestações, afirmou. O mau hábito de ver xipocos onde eles não existem neutraliza o Governo e retira-lhe a criatividade.
Quando a agitação acontece no Centro e Norte, dizem que é obra da Renamo. Se for no Sul, são crianças, marginais e mão externa. Esta é a lógica de avestruz.
Nós não vimos nenhum fantasma ou criança instrumentalizada nem marginais. Vimos o povo revoltado pela incapacidade do Governo em resolver os problemas básicos da sociedade – ausência de políticas para relançar a indústria e a agricultura, apesar de tantos recursos disponíveis, altos índices de criminalidade. Os linchamentos que aparecem um pouco por todo o País, são um sinal de saturação pela ineficácia dos órgãos de justiça.
Não houve nenhum xipoco nas manifestações populares para quem anda atento ao que se passa com moçambicanos. Há muito que avisámos que o povo não aguenta mais. Era urgente o Governo fazer qualquer coisa para atenuar a pressão, porém, ninguém levou em linha de conta tais advertências. A mão externa de que se refere Munguambe é algum partido ter agitado o povo para se manifestar de forma violenta. Gostaria ele de ter visto o povo a entregar uma carta de protesto e a cantar venceremos, venceremos.
No nosso modesto entender, a mão externa reside na incapacidade do Governo de garantir transporte público, deixando tudo entregue aos chapa-100. Temos vindo, quase todos os dias, a identificar a mão externa, que impede o Governo de trabalhar. Munguambe parece que não costuma ler, com atenção, os sinais que escrevemos. Os que deveriam solucionar os problemas do País andam ocupados com seus business, como o desflorestamento, captura de camarão e esquartejar empresas públicas.
A mão externa é a que desindustrializou o País. Limpou de Moçambique a pequena e média indústria, que garantiam emprego e entulhou-o de megaprojectos, para satisfazer os interesses das companhias internacionais. A mão externa é a que diz que não se deve investir na agricultura, por ser um sector instável, deixando o País incapacitado de produzir alimentos para si, enquanto os países desenvolvidos financiam e mandam para Moçambique arroz, batata, tomate, frangos, ovos, queijo e manteiga, o que poderia ser produzido por moçambicanos.
A mão externa engana o povo com falsas estatísticas de desenvolvimento de Moçambique, enquanto as populações não têm dinheiro para pagar ao chapa-100, e passa certificados de bons rapazes aos nossos governantes. A mão externa manifesta-se pela injusta divisão da renda nacional. Vemos um grupo reduzido cada vez mais rico e a maioria, o povo, cada vez mais pobre.
( Artigo da autoria de Edwin Hounnou, retirado, com a devida vénia, do “ A TribunaFax”, de 19/02/08. Nota: brevemente falarei do blogue deste ilustre jornalista moçambicano.)
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