Wednesday 25 November 2015

Renamo acusa Governo moçambicano de "imitar solução angolana" contra o seu líder

A Renamo, principal partido de oposição de Moçambique, acusou hoje o Governo de pretender "imitar a solução angolana", por supostamente tencionar eliminar o líder do movimento, Afonso Dhlakama, tal como aconteceu com Jonas Savimbi, presidente da UNITA.
"Manter a paz será através da imitação do modelo angolano, como o [Presidente moçambicano] Filipe Nyusi fez saber, quando manifestou a sua admiração pela solução angolana?", questionou José Cruz, deputado e relator da bancada da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana), numa pergunta do seu grupo parlamentar ao Governo.
Na sua recente visita a Angola, Filipe Nyusi apontou Angola como exemplo pelo facto de o principal partido do país não estar armado, uma situação que não se verifica em Moçambique, dado que a Renamo mantém um contingente armado desde a assinatura do Acordo Geral de Paz em 1992.
O relator da bancada da Renamo repetiu as acusações anteriormente feitas pelo principal partido de oposição moçambicana de que o Governo pretende eliminar o líder do movimento, tal como aconteceu com Jonas Savimbi, líder da UNITA, que morreu em combate em fevereiro de 2002.
"O Governo declarou guerra ao anunciar o desarmamento da Renamo e tem vindo a adquirir armamento numa estratégia que inclui a morte de Afonso Dhlakama", frisou o relator da bancada da Renamo.
Por seu turno, o deputado e porta-voz da Renamo, António Muchanga, afirmou que o Governo moçambicano viu-se obrigado a recuar na intenção de desarmar o movimento devido ao que definiu como derrota que as forças de defesa e segurança moçambicanas têm vindo a sofrer na perseguição aos homens armados da oposição.
"Logo na quinta-feira, [o Presidente da República] anuncia a rendição, é algo para acreditar naqueles que dizem que quando as coisas acontecem no sul, o Governo é sensível, a batalha de Mathale salvou o país", afirmou Muchanga, referindo-se a alegados confrontos entre as forças de defesa moçambicanas e o braço armado da Renamo, na província de Inhambane, sul de Moçambique.
Na sua resposta às perguntas dos deputados da oposição sobre a situação político-militar no país, o primeiro-ministro moçambicano, Carlos Agostinho do Rosário, afirmou que o chefe de Estado moçambicano pediu moderação às forças de defesa e segurança, para dar espaço ao diálogo.
"Os moçambicanos acompanharam com elevado interesse e satisfação a declaração do Presidente da República de Moçambique, que expressa a sua vontade genuína de alcançar a paz efetiva e estabilidade no nosso país", afirmou Rosário.
O primeiro-ministro moçambicano disse que o Governo espera que todos os atores políticos e sociais do pais correspondam à vontade e abertura de Filipe Nyusi para o diálogo.
Na semana passada, Nyusi defendeu ponderação no desarmamento compulsivo da Renamo, como forma de dar espaço ao diálogo, alguns dias após o ministro do Interior, Basílio Monteiro, ter afirmado que as forças de defesa e segurança iriam tirar as armas de "mãos ilegítimas".
O líder da Renamo não é visto em público desde o dia 09 de outubro, quando a sua casa na Beira, centro do país, foi invadida pela polícia, que desarmou e deteve por algumas horas a guarda de Afonso Dhlakama.
O país vive uma situação de incerteza devido à recusa da Renamo de aceitar os resultados das eleições gerais de outubro de 2014 e às suas ameaças de governar a força nas províncias onde reivindica a vitória no escrutínio, caso a Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique), partido no poder, mantenha a rejeição da exigência da principal força da oposição de criação de províncias autónomas.


 

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