Residentes no Bairro da Munhava, na cidade da Beira relataram hoje à Lusa haver vítimas mortais naquela zona devido à destruição causada pela passagem do ciclone Idai.
"A minha casa caiu, a minha filha sofreu e estou no hospital. A filha duma vizinha morreu [quando] a casa caiu", relatou Miquelina Mugaua, moradora na Munhava, onde proliferam as habitações precárias.
Mateus Silvério, outro residente, disse à Lusa que "a situação é mais crítica no interior" do bairro.
"Tem uma criança que morreu e, próximo da maternidade da Munhava, um outro homem está lá morto", descreveu.
As entidades oficiais remetem para mais tarde um levantamento detalhado das ocorrências relacionadas com a tempestade.
O canal de televisão privado STV relatou ainda haver pelo menos uma morte com o desabamento de uma casa no distrito de Nhamatanda, a cerca de 100 quilómetros da capital provincial.
Na cidade, a chuva intensa e os ventos ciclónicos destruíram várias habitações e outras estruturas do bairro carenciado da Munhava, como um posto de saúde, onde a Lusa verificou haver várias pessoas a procurar atendimento, poucas horas depois do dia clarear.
Só pelas 08:00 é que o vento e a chuva diminuíram de intensidade.
A cidade da Beira é uma das principais de Moçambique, com cerca de meio milhão de habitantes e capital da província de Sofala, tendo ficado sem electricidade e sem comunicações devido ao ciclone.
Por toda a zona urbana há marcas de destruição, com edifícios sem telhado e muitos vidros partidos.
Há árvores, painéis publicitários e outras estruturas caídas nas estradas, impedindo a circulação.
Há residentes que tentam prestar assistência à população, circulando de bicicleta que, nalguns casos, substitui as ambulâncias para transportar feridos.
Pela cidade e bairros em redor veem-se residentes a deixar para trás casas precárias e a procurar refúgio em locais mais abrigados.
Equipas de socorro do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC) e agências das Nações Unidas estão no terreno a avaliar a situação, referiu fonte oficial.
O Instituto Nacional de Meteorologia (INAM) anunciou que o ciclone está a enfraquecer desde que entrou em terra, proveniente do oceano Índico, ao princípio da noite de quinta-feira.
Para hoje prevê-se que continue a avançar em direcção a oeste com ventos de 140 a 160 quilómetros por hora, chuva e trovoadas intensas, que afectam sobretudo as províncias no seu percurso - Sofala, Manica -, mas também Zambézia, Inhambane e Tete.
Karin Mantente, representante do Programa Alimentar Mundial (PAM) no país, disse hoje à Lusa que há produtos alimentares e cinco helicópteros de diferentes entidades de socorro prontos a entrar em acção na região centro logo que haja condições meteorológicas para operarem.
Uma caravana com os diferentes membros das operações deverá circular hoje entre Caia e Beira para avaliar os danos e necessidades.
O ciclone só deverá dissipar-se sobre o Zimbábue, no sábado, de acordo com as previsões.
Esta é a segunda tempestade forte a assolar o centro e norte do país em pouco mais de uma semana.
Desde dia 06 de Março, pelo menos 15 pessoas morreram e mais de 103.000 foram afectadas pelas chuvas fortes e inundações no centro e norte de Moçambique, anunciou o Escritório das Nações Unidas para os Assuntos Humanitários (OCHA).
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