MISA-Moçambique afirma que existe campanha deliberada para silenciar ou condicionar os jornalistas em relação aos grandes temas da atualidade.
Foto de arquivo: Protesto de jornalistas ugandeses contra a violação da liberdade de imprensa (2013)
O Instituto de Comunicação Social da África Austral em Moçambique (MISA-Moçambique) alertou para um aumento das violações à liberdade de imprensa e de expressão no país e pediu às autoridades para se distanciarem desta tendência.
Em declarações à agência de notícias Lusa em Maputo, o oficial de programas do MISA-Moçambique, Lázaro Mabunda, afirmou que há uma campanha deliberada visando silenciar ou condicionar os jornalistas em relação aos grandes temas que dominam a atualidade em Moçambique.
"A onda de intimidação aos jornalistas pode estar relacionada com a aproximação do Congresso da FRELIMO [partido no poder]. Há quadros importantes do partido que estão com medo do escrutínio da imprensa, para não chegarem ao congresso desacreditados e perderem o seu protagonismo", afirmou Lázaro Mabunda.
Casos de violação da liberdade de imprensa
A FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique) realiza entre finais de setembro e princípios de outubro o seu 10.º congresso.Mabunda adiantou que entre junho e julho chegaram ao MISA-Moçambique vários casos de violação da liberdade de imprensa e de expressão.
Segundo o oficial de programas do MISA-Moçambique, no dia 19 de julho, o editor do jornal Malacha, da província de Tete, centro de Moçambique, foi notificado pela polícia para uma acareação com um agente da corporação acusado de ter morto um cidadão a tiro pela comunidade.
"O MISA considera que o frente-a-frente entre o agente da polícia e o editor do jornal, promovido pelo comandante e o seu chefe de operações, constitui uma tentativa velada de intimidação contra o jornal e seu editor", diz um comunicado do MISA sobre o caso.
No dia 14 de julho, um homem armado, que se supõe ser um agente da polícia, introduziu-se e tentou inviabilizar um debate sobre as dívidas ocultas avalizadas pelo Governo moçambicano promovido em Maputo pelo Parlamento Juvenil, uma entidade não governamental, assinala a nota de imprensa.
O MISA-Moçambique refere ainda que no último dia 12, a Rádio Comunitária do Distrito de Chinde, na Zambézia, centro do país, foi proibida pelo secretário permanente do governo local, Eugénio Gocinho, de transmitir um bloco noticioso alegadamente porque continha informações sobre atividade política da RENAMO (Resistência Nacional Moçambicana), principal partido da oposição.
O MISA-Moçambique refere ainda que no último dia 12, a Rádio Comunitária do Distrito de Chinde, na Zambézia, centro do país, foi proibida pelo secretário permanente do governo local, Eugénio Gocinho, de transmitir um bloco noticioso alegadamente porque continha informações sobre atividade política da RENAMO (Resistência Nacional Moçambicana), principal partido da oposição.
Em junho passado, jornalistas da Televisão Comunitária de Chimoio, centro do país, foram impedidos de participar no Conselho Coordenador Provincial de Manica, por ordens do governador da província, Alberto Mondlane.
O oficial de programas do MISA-Moçambique exortou o Governo e a direção da Frelimo a tomarem posição em relação às ameaças à liberdade de imprensa e de expressão, considerando que o silêncio daquelas entidades pode ser entendido como cumplicidade.
"Infelizmente, nem o Governo nem a Frelimo repudiam estas condutas ilegais", acrescentou Lázaro Mabunda.
DW
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