O coronel da Luta de Libertação Nacional, Sérgio Vieira, mostrou-se recentemente agastado com uma atitude que considera estranha do jornal Domingo, um semanário da Sociedade do Notícias, que anda a publicar artigos que colocam em causa o seu bom nome pelo que promete levar a publicação à barra do tribunal.
Eis abaixo a carta endereçada ao Director do Semanário Domingo, ao Conselho Superior da Comunicação Social e ao Banco de Moçambique que a Folha de Maputo vai publicar na íntegra: Faz mais de duas décadas que semanalmente colaboro com o vosso semanário. Pareceu-me globalmente correcta a linha editorial do domingo. Devo todavia reconhecer que, de há uns tempos para cá e contrariando os princípios do jornal, surgem artigos com sérias conotações racistas e tentativas de pôr em causa a honra e dignidade de veteranos e fundadores da FRELIMO, com base na cor da pele. Mais grave e não muito normal, eles reproduzem artigos já publicados em pasquins de terceira ordem. Tentam esses artigos fazer de um Homem fundamental da nossa História, o saudoso Presidente Samora Machel um títere manipulado por meia dúzia, se tanto, de mestiços e militantes de ancestralidade goesa. No último artigo a páginas 31 da vossa edição de 20 de Outubro vai-se ao ponto de insinuar que esses mesmos mestiços e goeses estavam implicados em negociatas sujas de traficância de pedras preciosas e semi-preciosas. O meu nome, com os do Camarada Marcelino dos Santos, Jorge Rebelo, Óscar Monteiro e até o do finado Aquino de Bragança, surge como um dos elementos que: Estaria na origem da demissão de vários ministros, incluindo o actual Presidente Guebuza, Mariano Matsinhe e o falecido José Carlos Lobo. Estaria envolvido na negociata das pedras. Senhor Director, sem dúvida que pertenço a um grupo étnico altamente mestiçado, como quase todos os moçambicanos. Duvido que dos exames do ADN provem a pureza étnica não mestiça de qualquer cidadão nosso, por mais escura que se mostre a sua tez. Nunca mudei de etnicidade ou cor da pele, e sempre me aceitaram como moçambicano a 100%, desde a fundação da FRELIMO em 1962. Fiz parte com muitos outros daqueles que apoiaram o Presidente Mondlane a unir o movimento nacionalista naquele momento crucial da Pátria. Sem dúvida que Mondlane se mostrou um campeão da unidade nacional e do não racismo na FRELIMO. Mestiços, gentes de origem asiática ou europeia jamais conspirariam contra Mondlane, antes pelo contrário! Obviamente que Samora, que sempre batalhou pela unidade nacional e o não racismo, jamais poderia tornar-se alvo de mestiços,gentes de origem asiática ou europeia, antes pelo contrário! Firme e categoricamente e sem qualquer reserva repudio a insinuação de: Haver conspirado para que o Presidente Samora demitisse quaisquer ministros ou dirigentes. Ainda há dias estive com o camarada Mariano Matsinhe que comigo tece relações muito amigas faz mais de cinquenta anos e que peremptoriamente declarou que estava pronto em tribunal e sob juramento a desmentir a infâmia insinuada. Residindo então em Niassa só soube e muito mais tarde dos problemas ocorridos no Ministério dos Recursos Minerais, que aliás, e em tribunal, se verificou inexistentes. Considero uma calúnia infame insinuar-se que directa ou indirectamente estive alguma vez associado a negociatas e traficâncias de pedras preciosas, semipreciosas ou quaisquer outras. Porque a provar-se esta afirmação estaria a cometer um crime, reservo-me o direito de nas instâncias judiciais exigir a ilibação do meu nome. Requeiro que nos termos da Lei domingo publique esta resposta e saiba pedir desculpas, de outro modo também levarei o semanário à tribuna e contra o meu gosto. Até hoje não possuo qualquer tipo de fortuna, recebo a minha pensão legal e além da minha casa, de uma modesta exploração agrícola, um carro em segunda mão, uma pequena conta bancária e alimentada pela pensão, nada possuo de significativo. Que isto fique e bem claro”. Folha de Maputo |
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