Friday 27 November 2009

Moçambique - Crescimento económico sem correspondência na diminuição da pobreza

Lisboa - O crescimento económico em Moçambique não tem correspondência na diminuição da pobreza e apesar das ajudas internacionais o número de pobres e dos muito pobres naquele país continua a aumentar, considerou hoje (quinta-feira) em Lisboa o investigador britânico Joseph Hanlon.
Jornalista e docente em Inglaterra, Joseph Hanlon falou à Lusa à margem da conferência "Pobreza e Paz nos PALOP", organizado pelo Centro de Estudos Africanos do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e Empresa, que termina hoje em Lisboa.
Retomando as ideias que expressou no livro intitulado "Há mais bicicletas - mas há Desenvolvimento?", lançado em Julho desde ano em Maputo, Hanlon leu hoje na conferência o texto "No peace without jobs" ("Sem empregos não há paz"), em que desenvolveu o conceito que chamou de "paradoxo moçambicano".
"Apesar da maciça ajuda dos doadores internacionais: mil milhões de dólares anualmente (667 milhões de euros), cada vez há mais pobres, cada vez aumentam mais os índices de pobreza", salientou, acentuando que a redução da pobreza "foi menor do que devia ter sido".
Defensor de mais investimentos na agricultura - "para garantir maior auto-suficiência alimentar e menos êxodo rural" -, Joseph Hanlon lamentou que os doadores internacionais - "que garantem cerca de metade do orçamento de Estado moçambicano" -, continuem a insistir nos investimentos nos sectores sociais.
O problema reside no facto de Moçambique receber mais ajuda externa do que outros países africanos, "correspondendo ao que os doadores lhe dizem para fazer".
Estas "pressões" conduzem àquilo que Hanlon classificou como "armadilhas que a pobreza coloca à paz".
A título de exemplo, recordou dois casos passados no distrito de Montepuez, na província de Cabo Delgado, norte do país.
Primeiro o ocorrido em 2000, em que mais de uma centena de pessoas foi morta em circunstâncias apresentadas como resultado da luta política e, mais recentemente, no passado dia 11, a morte de funcionários do Ministério da Saúde, às mãos de populares, que os acusaram de terem tentado infectá-los com o bacilo da cólera.
A falta de informação está na base deste último episódio que Hanlon caracterizou como "exemplo de mais um caso em que os pobres respondem ao receio de que os ricos os queiram matar".
Num plano mais geral, Joseph Hanlon questiona-se sobre o que "correu mal", em que o aumento da ajuda internacional não foi acompanhado da diminuição do número de pobres.
"Que foi que correu mal? Dos grandes projectos não resultam mais empregos e nem se pode falar em aumento do consumo interno, porque com mais pobres, e como estes não têm dinheiro, não compram nada", sintetizou.


FONTE: Angola Press (confira aqui) e citado no Forever Pemba (confira aqui).

O sistema em julgamento


Será pura ilusão acreditar que os co-réus no julgamento actualmente em curso, envolvendo o desvio de fundos e bens da empresa Aeroportos de Moçambique (ADM) são os maiores protótipos do flagelo da corrupção oficial em Moçambique.
Na realidade, os 54 milhões de meticais de que são acusados de terem desviado dos cofres da empresa são “peanuts”, se comparados com o volume de roubalheira que ocorre diariamente em todo o sistema de administração pública neste país, desde o topo até à base. Na verdade, o lema aqui é quanto maior o cargo, maiores são as oportunidades de sacar.
E não caiamos na tentação de confundir roubo só com o desvio físico de dinheiro do Estado.
Devemos incluir também o dinheiro que um determinado empresário de competência comprovada não consegue realizar porque alguém com poder sobre mortais decidiu viciar um concurso público para que este seja atribuído a uma empresa da qual ele próprio é sócio, ou que pertença a um amigo ou familiar.
De facto, se o julgamento actualmente em curso fosse representativo de uma atitude sistémica de implacabilidade perante a corrupção, o resultado é que actos desta natureza seriam em número cada vez menor ou não teríamos governo.
A nossa realidade é que a punição por actos de corrupção ou é praticamente inexistente, ou se ocorre, como no caso ADM, é uma questão de azar para os visados. Os que estão no banco do réus hoje não estão lá porque o sistema se tornou tão implacável e impermeável a actos ilícitos dentro do sistema de administração pública. Estão lá porque um deles, irritado com o facto de ter sido afastado da administração da empresa, e consequentemente irradiado de continuar a usufruir de benefícios ilícitos, decidiu entornar o caldo.
Hermenegildo Mavale, antigo administrador financeiro da ADM, não denunciou os seus antigos comparsas por razões éticas ou uma preocupação genuína quanto ao futuro da empresa, como pretendeu fazer crer em tribunal.
A denúncia surgiu porque de repente, e quando muito menos esperava, Mavale perdeu todos os privilégios que a sua posição lhe conferia, o que o deixou de certo modo magoado, colocando-o na rota da vingança. Ninguém é obrigado a cumprir ordens ilegais. Por isso não é admissível que Mavale justifique os seus actos ilegais com base no argumento de que estava simplesmente a cumprir ordens superiores. Ele é cúmplice em todas as operações que realizou enquanto administrador financeiro, e deve responder em juízo não como declarante, mas sim como co-réu.
O que o caso da ADM traz à superfície é a importância de um sistema que limita os privilégios e o poder de acção dos titulares de cargos públicos sobre as entidades por si tuteladas.
António Munguambe, não é o único que se valeu da sua posição para solicitar bolsas de estudo para os seus filhos. Se fosse feita uma auditoria, chegar-se-ia à conclusão de que há tantos outros ministros nas mesmas circunstâncias, que com os salários que auferem não têm capacidade de financiar os estudos dos filhos no estrangeiro.
Há muito mais podridão em toda a cadeia deste sistema. Pelo que não nos podemos regozijar de que a luta contra a corrupção está finalmente a produzir frutos. Se Mavale tivesse sido permitido continuar a compartilhar das ilicitudes em que estava envolvido, a vida hoje continuaria tão normal e tranquila para todos os que hoje estão sentados no banco dos réus.


( Editorial do Savana, citado no Diário de um Sociólogo )

No Canalmoz de hoje

Títulos principais no Canalmoz de hoje:


Caso Aeroportos de Moçambique

Declarantes perplexos com o (ab)uso da SMS por parte do CA dos AdM na metodologia do saque

Confira aqui:

Crédito do Banco Mundial

Mais 110 milhões de dólares para o Orçamento de Estado de 2010

Confira aqui:

Polícia Militar vigia a capital do Norte

Cidade de Nampula sitiada em silêncio

A operação surge do seguimento das declarações do partido Renamo de “incendiar o país através de uma manifestação” e de um provável descontentamento no seio das FADM em Nampula

Confira aqui:


NOTA:
O Savana de hoje tambem se refere a este preocupante assunto. Confira aqui uma referencia no Diário de um Sociologo.


Finalmente, Moçambique aceita a dupla nacionalidade !!

Parabéns!
É um passo histórico, a aceitação da dupla nacionalidade em Moçambique.
Na verdade, fonte bem colocada junto dos meios consulares afirma que tal, sem ser oficialmente aceite, é um facto agora praticado pelas entidades com poder de emissão de passaporte Moçambicano.
Até agora, era vertiginosa a viagem dos candidatos, mesmo à injusta mudança de nacionalidade, pelos corredores dos serviços de Migração nacionais, que culminavam com a humilhante detenção abusiva e indecente de pessoas, mesmo que dispostas a renunciar à pátria que os viu nascer para adoptarem a cidadania Moçambicana, aliás, essa prática foi talvez aquela e única que nenhum ser humano pensante jamais pôde entender: como é que se manda para a cadeia um individuo que nos honra com o acto voluntário de querer ser nosso concidadão, MESMO SENDO OBRIGADO POR IMPOSIÇÃO, A RENUNCIAR À SUA CIDADANIA?
Era macabro, confesso.

No entanto, apesar da prática ser assumidamente essa, falta saber se já existem suportes legais emanados do orgão legislativo nacional, ou se, de contrário, tal nobre abertura se vai transformar apenas e só, em mais uma artimanha para apanhar na longa rede de malha fina da burocracia, da justiça e da corrupção; todos aqueles que até então foram bafejados com a benção de tal medida.
Diga-se de passagem, que mais de 80% dos países do globo aceitam a dupla nacionalidade.Refira-se que não é segredo nenhum que um grande numero de cidadãos Moçambicanos, da política, do direito e da sociedade civil não possuem dupla, mas tripla e quíntupla nacionalidade, o que dá a este estado de coisas, mais uma vez, uma carácter pitoresco, hipócrita e anedótico.
Moçambique não é o céu e portanto só lhe fica bem assumir que a vinda de determinados cidadãos para complementar, e porque não completar a sua paleta social só tem vantagens.
Não posso contudo deixar aqui bem claro que não sou dos maiores defensores das misturas sociais anárquicas. Continuo a defender, por convicção ideológica, que um país deve deter de forma incondicional o controlo que quem nele vive. No entanto, não duvido que qualquer medida que peque por excesso ou por defeito seja igualmente extremista e nefasta.
É surrealista e porque não ridículo, que um cidadão Moçambicano emigre para qualquer país desenvolvido e, quer constitua família pela via formal ou não, e cumprindo determinados pressupostos, possa requerer a nacionalidade respectiva sem ter que renunciar a nada, sendo que depois tem de aprender depressa o "jogo dos passaportes" para que não incorra no risco de ser simplesmente preso dentro do seu próprio país por violação de um pressuposto legal arcaico, sobranceiro e injusto.
Deste modo, resta-nos aguardar pela oficialização pública por parte das autoridades, que não deve ter o carácter de uma cedência a nada, mas sim deve ser tida como um passo em direcção à modernidade; uma peça-chave da democracia, dos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos, e sobretudo um sinal claro de um estado bom, de um governo sensato e em busca de maior justiça e harmonia.
Podendo parecer apenas um detalhe insignificante, só quem se encontrou ou encontra nesse jogo labiríntico de nacionalidades cruzadas sabe quão importante é este passo, e por isso, desde já e sabendo de facto que tal constitui verdade, apresento os meus sinceros parabéns às autoridades Moçambicanas.

António Oliveira

NOTA:

Será mesmo assim?

Fernando Gil

MACUA DE MOÇAMBIQUE

(www.macua.blogs.com)

Thursday 26 November 2009

Morra a pátria, venha o tacho?!

Vamos todos dizer não!

Maputo (Canalmoz / Canal de Moçambique) - As outras empresas públicas serão diferentes da empresa Aeroportos de Moçambique? Os outros ministros que têm empresas públicas sob tutela dos organismos que dirigem, serão diferentes de António Munguambe? Só Diodino Cambaza meteu a mão no baú do Estado? Só os co-réus deste processo têm rabos de palha, ou há mais “patos” escondidos, ainda sem penas de fora? Eis o que não tem, nem terá resposta, neste julgamento que decorre, em salão improvisado da Escola Secundária Francisco Manyanga, em Maputo. Mas, vale a pena lutar, para que, um dia, tenhamos um País decente.
Pelo que se está a acompanhar, o caso Aeroportos de Moçambique está entregue a um juiz de muito boa reputação. Acha-se, por isso, difícil que neste caso não venha a ser feita justiça. Dimas Marrôa já provou ser a esperança que ainda resta à Justiça moçambicana. Será que não vai vacilar? Só no fim se verá. O caso admite recurso e ele não tem a última palavra, por isso alimentarem-se grandes expectativas é ainda prematuro. Mas há esperança.
Contudo, mesmo antes de este caso ter desfecho, convém que não nos deixemos iludir, porque este assunto da AdM é, apenas, a ponta do iceberg. Que irá fazer o governo, para se credibilizar, depois da máscara ter caído, é a questão que se segue.
Sabemos que se os trabalhadores da Aeroportos de Moçambique não tivessem denunciado a roubalheira que o tribunal está agora a julgar, ainda hoje tudo estaria no segredo dos “deuses” e, aos factos que estamos a conhecer no decurso do julgamento, ter-se-iam seguido outros, muitos mais. Os abusadores do património público teriam embalado na senda da rapina e a credibilidade dos dirigentes do Estado – se é que ainda lhes resta alguma – estaria muito mais desacreditada do que já está. Já não seria só o jardineiro a ter casa comprada pelo PCA, pois muitos outros amigos e familiares de altas figuras da nomenklatura seriam também servidos, certamente. Valeu, por isso, até aqui, o terreno conquistado aos corruptos. As pequenas vitórias acabarão por se transformar numa grande satisfação.
Ficou provado, neste caso dos Aeroportos de Moçambique, que, do Partido Frelimo, o partido no Poder, não se pode esperar “tolerância zero” no combate à corrupção. Se este julgamento representa alguma esperança é, apenas, porque os trabalhadores foram à luta. Geralmente, só servem para alimentar corruptos – e, talvez certamente por isso, é que Moçambique acaba de piorar quatro posições no ranking da corrupção, a nível mundial – mas os trabalhadores da empresa pública Aeroportos de Moçambique distinguiram-se pelo seu exemplo. Impuseram-se e foram à luta, para defender o que é do Estado, o bem comum de todos nós.
Se tivéssemos de depender da dita “maioria” parlamentar, dos dignos dignitários da Assembleia da República, para que coisas como a vilanagem na Aeroportos de Moçambique fossem denunciadas, morreríamos todos sem sabermos da pouca vergonha que “reinava” na empresa Aeroportos de Moçambique.
Está também provado: a Inspecção de Finanças, quando solicitada a intervir, não deu andamento ao caso, isto é, não acatou as denúncias. Preferiu tentar encobrir, ao que parece. Receberam as denúncias dos trabalhadores, mas não agiram. Só agiram quando os jornalistas do Canal de Moçambique publicaram neste jornal, ainda na sua versão electrónica, a 18 de Setembro de 2008, as denúncias dos trabalhadores. Essa mesma carta-denúncia dos trabalhadores foi também publicada no semanário Zambeze, quando os jornalistas do Canal ainda editavam aquela publicação. Valeu a pena!
O Conselho Fiscal da empresa Aeroportos de Moçambique, de que é presidente Adelino Buque, também sabia do caso e nada fez. Mil e tal dólares por mês é coisa que a sobrevivência não permite que se deixe em mãos alheias!... Isso também dá para se entender melhor a aguerrida defesa, de tudo o que é Frelimo, que este comentador da STV faz, aos domingos, no programa Pontos de Vista, de Jeremias Langa. Tacho, a quanto obrigas!... Morra a pátria, venha o tacho!!...Depois, os outros é que são “reaccionários”…
Pensar-se que o governo da Frelimo quer mesmo combater a corrupção é outra grande ilusão. O próprio ministro dos Transportes e Comunicações da altura, agora co-réu, António Munguambe, foi um dos que beneficiaram das golpadas na AdM. Deu-lhes cobertura. Tentou o mesmo na MCel e no Instituto Nacional de Comunicações de Moçambique. O bom senso dos CA dessas entidades mandou passear o corrupto. Chegou a estar para ser detido, ao abrigo de um mandato de captura que, misteriosamente, acabou encalhado numa qualquer gaveta. Foi, arrogantemente, para a Televisão Pública (TVM) armar-se em santo, mas acabou por não escapar a sentar-se no banco dos réus. Já provou, ao devolver o Audi A6 à empresa AdM, que tinha consciência de que se tinha apropriado dele indevidamente. E ao devolver parte do dinheiro a uma conta da AdM tinha consciência de que esse dinheiro era da empresa e não se tratava de um empréstimo do administrador financeiro da AdM e co-réu, Antenor Pereira, como António Munguambe tenta, agora, fazer crer em tribunal.
Também da direcção do Partido Frelimo, de que ela faz parte – é da Comissão Política do Comité Central – de Luísa Diogo, primeira-ministra, nada seria possível saber-se. Ela recebeu a denúncia dos trabalhadores, mas, também, não agiu. Por ela, nada seria possível saber-se. Foi preciso a imprensa dar espaço ao grito dos trabalhadores da AdM. Quem poderia esperar, de outra forma, que fosse metido nos eixos, um Conselho de Administração de uma empresa pública que desvia fundos para os “camaradas”?
O Conselho de Ministros, ao nomear para as empresas públicas pessoas da sua exclusiva confiança política, excluindo muitos outros moçambicanos com competência técnica confirmada, acabou sem poder dizer-nos que foi tão surpreendido como os outros cidadãos desta pátria, por eles cada vez mais tramada.
E sobre o que já se ouviu neste julgamento, ainda perguntamos: será que o Partido Frelimo vai devolver ao Estado, à empresa Aeroportos de Moçambique (AdM) o dinheiro que já se confirmou que foi usado para obras na Escola da Frelimo na Matola?
Será ainda que o “professor doutor”da Escola da Frelimo não sabia que o dinheiro que pagou as tais obras estava a ser desviado do Estado? Que se estará a ensinar numa escola em que o próprio director é cúmplice de desvios de fundos do Estado? Não será dali que parte a cultura da corrupção? Uma escola de maus costumes para que serve?
Quem pode acreditar que gente desta estirpe está capaz de nos garantir tolerância zero à corrupção?
Quem pode acreditar que as grandes fortunas que se conhecem são fruto de trabalho e não de corrupção?
Reflectir é preciso, sobretudo quando, por via de eleições, já é pouco provável mudar a situação, tal o vício que se instalou.
Este caso dos Aeroportos de Moçambique é apenas a ponta do iceberg.
Querendo ainda acreditar, lembramos que o procedimento criminal ainda não prescreveu em muitos outros casos anteriores. Será que as pedras lançadas neste caso da Aeroportos de Moçambique e no do ex-ministro do Interior, Almerindo Manhenje – que não tardará a aparecer, para dar ideia de que se está mesmo a querer combater seriamente a corrupção – vão abrir o caminho a que outros grandes galifões, predadores do erário público, vão ter também de explicar como fizeram as suas soberbas fortunas?
Sinceramente, duvidamos que alguém pegue neles.
Que morra a pátria e venha o tacho, parece que vai continuar a ser a palavra de ordem. Se nos enganarmos, perdoem-nos. Mas, seja como for, a esperança é a última coisa a morrer. Nós cá estamos, para vos dizer: contem connosco, porque a Luta, realmente, tem de continuar e deve ser contínua. Parabéns, para já, aos trabalhadores honestos da Aeroportos de Moçambique, que não se encolheram e denunciaram os trafulhas. Lutar pela decência, um dia, ainda vai valer a pena. Esse dia pode já ter chegado. Se todos, nós outros, quisermos, ainda se está muito a tempo de Moçambique deixar de ser um dos países mais corruptos do Mundo. Vamos em frente!

(Editorial do Canal de Moçambique)

“Cambazadas” infelizes no Tribunal!


Escutando, com atenção, as declarações do ex-PCA dos Aeroportos de Moçambique que tutela ADM), Diodino Cambaza, ora no banco dos réus, acusado de co-autoria no assalto aos cofres daquela empresa, num valor superior a 54 milhões de meticais, fica-se com a errada impressão de que o ex-PCA é um grande inocente de tudo aquilo de que o acusam, e que terá sido, “apenas”, traído pelos seus administradores financeiros que, “à sua revelia”, terão oferecido 33 mil dólares para o pagamento de estudos, na África do Sul, dos filhos do ex-ministro dos Transportes e Comunicações, António Munguambe, cinco milhões de meticais à Escola Central do Partido Frelimo, na Matola, 25 mil dólares ao tal Joseldo Massango, para a compra de um terreno para o PCA, assunto que o mesmo diz desconhecer; enfim, é uma “cambazada” de argumentos infelizes, a denunciar o ridículo de certas opções do nosso Conselho de Ministros, quando pretende acomodar os seus “nepotes” em posições de destaque, no vasto pasto verde chamado Moçambique.
Mais do que o julgamento de Diodino Cambaza e de António Munguambe, estão em julgamento, no Tribunal, as opções nepotistas do Governo de Moçambique, de sempre preferir ladrões e medíocres para os postos de comando, em detrimento de muitos quadros íntegros e com princípios de dignidade gerencial já comprovados em diversos domínios.
Mais do que aquela meia dezena de co-réus, ora em recurso ora apanhados nas malhas da ladroagem, existem, aos magotes, nas restantes empresas públicas, milhares de ladrões, de maior sofisticação, que, diariamente, e em conivência com ex-colegas de António Munguambe, delapidam os parcos recursos do nosso empobrecido Estado, construindo e comprando mansões por via de enriquecimento ilícitos e até, oferecendo diversas casas e outros bens públicos a amigas de ocasião, as quais, muitas vezes, se vangloriam, em público, de serem cuncubinas de uns e outros, ofendendo, desse modo, o esforço ingente de milhões de trabalhadores moçambicanos que, apesar de tanto esforço, não logram sair da pobreza, precisamente, porque o seu esforço é engolido por corruptos da estirpe dos que estão, por estes dias, sentados no banco dos réus.
Moçambique tem de tomar uma posição dura contra os corruptos, e tal posicão deve comecar pelo estabelicimento de critérios objectivos, baseados não só na aparente competência dos futuros gestores, mas sobretudo, nas atitudes positivas e de integridade das pessoas a serem designadas para cargos de gestão do bem comum.
Não é eticamente aceitável que um ministro que tutela uma empresa peça ao gestor dessa empresa bolsas para os seus filhos. Ainda por cima, quando o pedido é verbal, feito ao telefone, sem nenhuma documentação que comprove a existência de tal solicitação. Isso é totalmente inaceitável, mas tem sido prática comum de diversos ministros, para com os PCAs das empresas que tutelam. E como os tais PCAs não foram nomeados com base em critérios objectivos de competência e integridade, mas escolhidos por serem amigos, familiares ou conterrâneos deste ou daquele membro da Comissão Política do Partido governamental ou de algum parlamentar influente do mesmo partido, acabam sujeitando-se aos caprichos ilegais dos seus ministros, custeando, inclusivamente, despesas médicas, dentro e fora do País, bem como viagens particulares, em férias, a familiares de ministros, para os mais incríveis destinos deste mundo.
Há cerca de três anos atrás, um ex-PCA de uma empresa pública sob a alçada do mesmo António Munguambe avisou-nos que estava em vias de ser exonerado, pois se recusara a pagar as despesas escolares dos filhos do ministro no estrangeiro, a menos que o ministro lhe enviasse um documento, solicitando tal valor. O ministro não quis escrever, para não deixar marcas da sua ilicitude, mas, de facto, o PCA em causa não renovou o mandato, apesar de ter sido elogiado pelos resultados altamente positivos conseguidos no seu mandato.
Casos como esses, de que somos conhecedores, são centenas, senão milhares, e os mesmos não tenderão a baixar, a menos que se adoptem medidas a montante do problema, isto é, a nível do Conselho de Ministros.
Nós pensamos que é corrupção, a nível do Conselho de Ministros, alguém argumentar a favor de um quadro medíocre, para ser nomeado para um alto cargo público, só porque o quadro em referência é afilhado, cunhado, primo, conterrâneo ou afim da pessoa que propõe e argumenta a seu favor. É corrupção porque quem a favor desse medíocre argumenta não espera dele um bom desempenho, mas que o medíocre lhe crie facilidades de acesso ilimitado ao património do sector em causa, o ajude a contratar empresas suas ou de seus familiares, pagando- lhes “em ouro” e lhe conceda todas as mordomias e benesses materiais, que nunca mais acabam.
É assim que se enriquece em Moçambique. É assim que um indivíduo aspira chegar a ministro, para resolver problemas materiais básicos como mandar os filhos a uma boa escola no estrangeiro, comprar viaturas para os membros (vários) da sua família, adquirir imóveis para arrendamento e, desse modo, passar a ter uma renda passiva para o seu futuro, ou adquirir imóveis e viaturas para oferecer aos seus amigos e amigas, nos dias de aniversário e/ou casamentos, a fim de sublinhar o seu novo estatuto social.
Assim, Munguambes, Cambazas e companhia, são, realmente, a pequenina ponta do “iceberg” do padrão da delapidação dos bens públicos em Moçambique. Dos outros não se fala, não porque não existam, mas, simplesmente, porque ainda não foram denunciados e levados à barra do tribunal.
Munguambes, Cambazas e companhia, fizeram, exactamente, aquilo que encontraram seus colegas e predecessores a fazer. O seu azar foi terem sido denunciados, com provas e documentos irrefutáveis, porque ingénuos e inexperientes na matéria.
Portanto, o seu julgamento público não é mérito do Governo ou do sistema de administração da justiça, mas, sim, da solidez das provas que o denunciante principal apresentou publicamente, de tal forma que não haveria outro modo de proceder, se não levar os envolvidos ao tribunal.
Se este julgamento constituísse o padrão normal de punição da corrupção no País, muito antes destes, já teriam sido acusados outros 13 cidadãos, incluindo o antigo vice-ministro de Munguambe, implicados no desvio de biliões de meticais do Comando Geral da PRM, processo esse que deveria ter caminhado, lado a lado, com o do Ministério do Interior, ora em recurso no Tribunal Supremo, com réus em prisão preventiva há mais de um ano.
Esse outro processo, o do Comando Geral da PRM, hibernou, com a possibilidade de vir a ser esquecido, garantindo-se, desse modo, a habitual impunidade das figuras públicas que delapidaram os bens do Estado em Moçambique.
Por isso, insistimos nós, o problema não está a jusante, mas a montante, isto é, a nível do Conselho de Ministros.
É lá onde a luta contra a corrupção deve começar e intensificar-se, de forma que a base fique convencida de que a corrupção é algo a ser, realmente, combatido em Moçambique.
Caso contrário, continuaremos a ter, periodicamente, alguns momentos de entretenimento, com declarações mais ou menos absurdas, como as que temos vindo a ouvir de alguns dos réus do “caso Aeroportos de Moçambique”, ora em julgamento.
Mas, de entretenimentos gratuitos e à custa de fundos públicos, estamos nós fartíssimos, por que exigimos outra postura dos Órgãos do Estado, responsáveis pela administração da res pública.

( Salomão Moyana,Editorial do Magazine Independente )


lembrar Carlos Cardoso


todos os anos, no dia e no local onde foi assassinado Carlos Cardoso, em Maputo, um grupo de amigos se encontra para o recordar. Este foi domingo passado.

( Toix, em www.lusofolia.blogspot.com )

Wednesday 25 November 2009

NEGÓCIOS, NEGOCIATAS E O G-19 - Tentaram ou era só para fingir? Moçambique ou Mozambisquitão?

Beira (Canalmoz) – Estou em crer pelos reflexos das tentativas havidas em mostrar uma face de interlocutores interessados em contribuir para o desenvolvimento de um ambiente democrático, que até se tentou. Mas infelizmente foi uma tentativa insuficiente e de impacto nulo.
O modo como se cosem as linhas e estão definidos os alinhamentos entre os membros do G-19 e Moçambique, o hábito e tradição da relação Moçambique e o resto do mundo, a correlação de forças entre as chancelarias ocidentais e o gigante chinês no panorama africano fizeram recuar as intenções democráticas de alguns parceiros internacionais ocidentais. No seio dos G-19 alguns senão a maioria dos países agem por simpatia e não por convicção democrática. Nunca tiveram a intenção de levar algo até as suas últimas consequências.
A maneira como procedem é quase sempre uma posição definida pelo carácter dos interesses das corporações económicas e financeiras dos países do que propriamente algo que tenha relação ou tenha a haver com conceitos políticos do tipo democrático ou antidemocrático. A Portugal não interessa objectivamente nada se Moçambique é mais ou menos democrático. Se Angola é mais democrática. De Londres não receberemos mais elogios se formos mais democráticos. O que interessa a esses países ou aos EUA é como os seus interesses estratégicos ou assim definidos são protegidos e assegurados. Aconteça o que acontecer os moçambicanos que se arranjem mesmo que isso signifique matarem-se.
O que pode acontecer é vermos mais um moçambicano premiado por coisa que não fez. Quando se deveria ver alguns governos como o de Moçambique punidos pelo rumo que dão aos assuntos políticos de seus países temos seus representantes regularmente premiados e elogiados. É nefasto e perigoso para um país receber indevidamente prémios. Quem premeia ou assim procede não tem boas intenções. A penetração e influência que as corporações mineiras, petrolíferas, farmacêuticas e militares possuem na manobra operacional das chancelarias ocidentais é a razão de muitos dos prémios. Muitos dos posicionamentos incompletos e medíocres da diplomacia dos nossos parceiros tem relação e explicação na natureza dos seus interesses nos minerais moçambicanos. Toda aquela boa vontade da Irlanda em cooperar com Moçambique não resulta de puro altruísmo. As areias pesadas de Moma são um bom motivo e tudo o a Kenmare fizer para influenciar seu governo no sentido de aplaudir o governo do dia melhor será para as suas operações em Moma. Ou não é assim? Os espanhóis não descobriram a bondade e a solidariedade em Moçambique. Quanto já pago pelo camarão moçambicano? Todos sabem menos os moçambicanos.
Numa posição relativamente de força sobretudo a partir da altura em que o governo da Frelimo tinha garantias sólidas de puder contar com o apoio financeiro chinês para substituir uma eventual retirada de apoio ocidental ao Orçamento Geral do Estado, viu-se de modo claro a implementação de uma política de “cegueira e surdez estratégica” por parte dos órgãos de soberania moçambicanos. Reclamações legítimas, baseadas nas leis do país foram sucessivamente ignoradas pela Procuradoria Geral da República e pela Polícia nacional. Órgãos eleitorais de que se esperava um posicionamento mais equilibrado e de acordo com os interesses da promoção da democracia apresentaram-se amarrados ou com a sua acção limitada pelos interesses do partido no poder. Afinal quem nomeia acaba tendo a prerrogativa de demitir...
De uma maneira clara todo o mundo ficou a entender que as organizações da sociedade civil moçambicanas ou pelo menos a maioria das que se manifestaram sobre as eleições recentes são fortemente tendenciosas. A presença do partido no poder faz-se sentir por quase tudo o que é organização. Até partidos políticos que se supunham livres da influência da Frelimo acabaram entregando-se a esta ou pelo menos seus líderes aplaudindo e beijando “as mãos de Judas”. Aconteceram coisas incríveis jamais vistas no quadro do surgimento e desenvolvimento dos partidos políticos em África. Yacub Sibindi vai entrar na história pelas mais negativas razões e outros como o Miguel Mabote também. A venda pura e simples, a sobreposição de valores como os materiais a qualquer coerência ideológica tem se tornado claros em muitos dos nossos compatriotas. Aquilo que jamais foi desvendado começa a tornar-se claro. Se o MBS paga as dívidas de Sibindi não será que outros políticos viram as suas dívidas pagas via Banco a mando de determinadas figuras do partido no poder noutras ocasiões? Será que todos os rumores que circulam na praça sobre uma alegada recepção de dinheiros “pesados” por parte de determinados líderes políticos tem alguma base? Será que em Moçambique se faz política por encomenda e que o protagonismo ganha-se a custa de compra e venda de obediência?
Pode-se dizer muita coisa mas algo não se pode deixar de dizer: em Moçambique passam-se muitas coisas estranhas no domínio político.
Na memória do povo moçambicano vai ficar a viva impressão de que o G-19 é movido por interesses económico-financeiros e outras considerações estratégicas que não tem relação alguma com a democracia neste país. O acesso ao porto e aeroporto de Nacala tem mais importância do que a participação deste ou daquele nas eleições. Convenientemente situada nos limites daquilo que é considerado ingerência em assuntos internos de outro país assistiu-se a uma derrocada de posições que aparentavam ter alguma força. Nem a força dos dinheiros do OGE travou a estratégia de eliminação dos partidos políticos do processo eleitoral.
Moçambique tem de passar mais meia dezena de anos trabalhando para a sua democratização quando tudo indicava que já havia dado esse passo.
Queremos ver o Observatório Eleitoral observando actuação chinesa e a política de migração eleita pelo governo que ele aparentemente apoia.
Moçambique também se pode chamar de “Mozambiquisitão” tal é a facilidade com que descendentes ou naturais do Paquistão obtém Bilhete de Identidade e passaportes moçambicanos mesmo não sabendo falar português.
Tal é atenção ou distracção dos governantes que as negociatas são de tal ordem que ultrapassam qualquer coisa que se possa imaginar.
Mas como diz o ditado “nunca é tarde”.

(Noé Nhantumbo, Canalmoz,25/11/09)

Perguntando...


ESTATUTO DE BANCADA PARLAMENTAR

Qual foi o politólogo que aconselhou o nº11 para a constituição de uma bancada parlamentar? Porquê 11? Por que não 10? Ou 9? Ou 5? Ou 15? Porquê exactamente, ONZE? A gente sabe, mas fica triste com tão confrangedora quanto pontualíssima decisão reveladora de falta de horizontes e de História!

Como se pode pretender “cortar as asas ao rouxinol”, quer dizer ao deputado eleito, prescindir da sua contribuição, mesmo que ele lá estivesse sozinho enquanto força política?

Quem ganha e quem perde? A genuína democracia? Os Partidos maioritários? O Povo? O País?


( Recebido via e-mail )

Processo eleitoral: Doadores defendem revisão da legislação

ALGUNS doadores internacionais do Orçamento do Estado defendem uma reforma completa e imediata da legislação eleitoral moçambicana, segundo refere o Boletim da Associação dos Parlamentares Europeus para África (AWEPA) publicado esta semana em Maputo.
De acordo com aquele periódico, está na base desta posição uma combinação de factores que estes doadores acham que tornou injusto todo o processo pré-eleitoral.
Segundo referem, as próprias leis eleitorais são confusas e contraditórias, o que significa que deixam as decisões dependerem da interpretação e das escolhas sobre que partes da lei devem ser aplicadas. “A própria Comissão Nacional de Eleições (CNE) foi secretiva e caótica, falhando os seus próprios prazos, não criando procedimentos claros, e emitindo documentos e instruções contraditórios”.
Um grupo-chave de doadores sente que o processo que culminou com a exclusão do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) da competição em muitas províncias não é justo, e que os novos participantes no pleito foram colocados em grande desvantagem. Alguns sentem também que a CNE não é neutra.
Para estes doadores, a questão não é se o MDM submeteu ou não as listas, que é uma visão estreita do problema. Entendem que o facto é a existência de uma combinação de factores que estes doadores acham que tornou injusto todo o processo pré-eleitoral.
Alguns doadores defendem que figuras-chave na CNE que são conhecidas pela sua ligação com a Frelimo foram seleccionadas num processo que ficou longe de ser transparente, e que não conquistaram a confiança que se exige.
Houve claramente uma alteração na disposição da comunidade doadora. Um embaixador comentou: “Os doadores foram mais compreensivos com as eleições de 2004. Mas agora estamos a aplicar padrões mais exigentes. Tínhamos esperado melhorias, sobretudo mais transparência, o que não aconteceu”.
Parte da mudança no clima vem das capitais dos países doadores, particularmente do norte da Europa, onde funcionários das agências da ajuda e ministros dizem que as eleições não foram aceitáveis. Esta é uma pressão de algumas capitais europeias que nunca se tinha sentido antes nesta matéria.
“A falta de prioridade dada ao processo eleitoral no passado está patente no facto de as eleições não serem um dos indicadores de desempenho acordados entre o Governo e os doadores do apoio ao orçamento, o G19. Mas isto está a mudar. Na próxima ronda de discussões, alguns membros do G19 vão insistir numa bitola de reforma eleitoral a ser adicionada aos indicadores de desempenho. Um doador pelo menos, e talvez vários, provavelmente vão fazer cortes simbólicos no apoio ao orçamento. Não vão reduzir a ajuda total, mas, em sinal de descontentamento, vão mover a ajuda do orçamento para projectos.
Vários doadores defendem que o G19 deve reagir, especialmente à falta de transparência da CNE – não responder com firmeza podia ser visto como aceitação completa, como aconteceu em 2004.
Entretanto, o G19 enfrenta a sua própria divisão norte-sul, e os doadores estão ansiosos por manter o grupo unido.


( Notícias, 25/11/09 )

Conferência Episcopal aponta irregularidades nas eleições

A Conferência Episcopal de Moçambique con­sidera que as eleições gerais de 28 de Outubro foram marcadas por “irregularidades em muitos lugares”, mas que o período eleitoral decorreu em “ambiente de boa ordem, res­peito mútuo e sem violência”.
“O período eleitoral correu em ambiente de boa ordem, respeito mútuo e sem violên­cias. Por isso, louvamos o nos­so povo e os organizadores da campanha e do acto eleitoral”, referem os bispos católicos de Moçambique em comunicado ontem enviado à Lusa.
Nas quartas eleições presi­denciais, legislativas, e as pri­meiras provinciais, realizadas em 28 de Outubro, Armando Guebuza e o partido Frelimo venceram o escrutínio, com 76 por cento dos votos, seguidos de Afonso Dhlakama e da Re­namo, com 16 por cento.
O edil da Beira, Daviz Si­mango, e o Movimento De­mocrático de Moçambique (MDM) posicionaram-se no terceiro lugar, depois de te­rem alcançado oito por cento dos votos nas eleições em que participaram 4.3 milhões de eleitores.
“Apesar dos resultados finais serem evidentes e indiscutí­veis, lamentamos que as garan­tias para “eleições livres, justas e transparentes” tenham sido frustradas em muitos lugares por irregularidades que não ajudam a boa formação polí­tica do nosso povo”, afirmam os bispos católicos de Moçam­bique.
A Renamo e o MDM rejeita­ram, de imediato, os resulta­dos das eleições que deram a vitória à Frelimo e a Armando Guebuza, alegando fraude.
A Conferência Episcopal de Moçambique apela, no entan­to, aos moçambicanos a con­tinuarem “a trabalhar pelo crescimento da consciência da cidadania e pela responsabili­dade social e política de cada cidadão”.


( O País, 24/11/09 )

Tuesday 24 November 2009

MDM já pensa nas eleições autárquicas de 2013 e Renamo decide não reconhecer resultados eleitorais


Leia aqui e aqui estas notícias da edição de hoje do Canal de Moçambique.

“Reavivada”cascata da Namaacha



OS aficcionados da natureza da vila de Namaacha e não só têm mais um motivo para sorrir: a mítica cascata daquele município voltou a produzir as quedas regulares de água, graças à precipitação que se fez sentir nos últimos dias na região sul do país.
Sabe-se que há sensivelmente três anos que aquele ponto turístico fronteiriço já não atraía turistas, devido ao cenário de seca que se fazia sentir, fazendo perder todo o encanto ao lugar.
Assim, com este “regresso” da queda de água na cascata de Namaacha espera-se seguramente que o movimento turístico volte a tomar o seu devido lugar, com os visitantes a contemplarem um dos pontos mais atractivos daquela vila, um capricho simpático que a natureza proporcionou.
Aqui nesta imagem do nosso colaborador Casimiro Pinto vislumbra-se o novo panorama do lugar, com todo o seu esplendor, depois de um período prolongado de estiagem.
É mesmo caso para dizer que todos os caminhos vão dar às cascatas da Namaacha!

Notícias, 24/11/09

Monday 23 November 2009

Exlusão de candidatos da Oposição não constitui bom sinal para a democracia em Moçambique



– futura embaixadora dos EUA para Moçambique, ouvida no Senado
“Muito embora as eleições tenham sido pacíficas, a exclusão de muitos candidatos da oposição do processo eleitoral com base em alegadas questões técnicas não constitui um bom sinal no que toca o desenvolvimento de uma democracia multi-partidária em Moçambique” - Leslie Rowe disse ainda que “muito dos ganhos financeiros tem sido distribuído de forma desigual, deixando na pobreza demasiados moçambicanos, incluindo os jovens do país, e criando condições para uma potencial instabilidade social”.


Maputo (Canalmoz) - A futura embaixadora americana em Maputo, Leslie Rowe, foi ouvida pela Comissão de Relações Externas do Senado no âmbito do processo da sua confirmação no cargo. Numa sessão presidida na última semana pelo senador Russ Feingold, aquela diplomata sublinhou o apoio dos Estados Unidos da América ao processo democrático em Moçambique, mas referindo-se às eleições de 28 de Outubro, observou que “muito embora as eleições tenham sido pacíficas, a exclusão de muitos candidatos da oposição do processo eleitoral com base em alegadas questões técnicas não constitui um bom sinal no que toca o desenvolvimento de uma democracia multi-partidária em Moçambique”.
No seu depoimento perante o Senado, Leslie Rowe afirmou que os EUA continuam a ser “um forte apoiante dos esforços de Moçambique em reforçar os seus ganhos democráticos, elogiando os progressos obtidos nas duas últimas décadas”.
Reforçando a opinião da futura embaixadora em Moçambique, o senador Russ Feingold, que presidiu à sessão, afirmou que o processo democrático em Moçambique é precisamente isso é um processo em curso. Disse Feingold: "Moçambique é um país que de muitas formas exemplifica uma bem sucedida transição da guerra para a paz, mas continua a enfrentar muitos desafios, sobretudo na frente do desenvolvimento, permanecendo entre os dez últimos países da tabela da ONU do desenvolvimento humano".
A propósito, Leslie Rowe sublinhou que, "em termos macroeconómicos, Moçambique tem sido uma estrela com uma taxa de crescimento de 6 a 8 por cento ao ano, durante os últimos dez anos". Com um problema, segundo notou: "Muito dos ganhos financeiros tem sido distribuído de forma desigual, deixando na pobreza demasiados moçambicanos, incluindo os jovens do país, e criando condições para uma potencial instabilidade social".
A futura embaixadora americana em Maputo prometeu, perante o Senado, coordenar com o governo de Moçambique e os parceiros bilaterais e multilaterais que a ajuda externa atinja os objectivos de desenvolvimento partilhados.
Leslie Rowe, que foi embaixadora na Papua Nova Guiné, nas Ilhas de Salomão e Vanuato e número dois da missão em Nairobi, deverá ser em breve confirmada no cargo em Maputo para o qual foi nomeada pelo presidente Barack Obama.

(CANALMOZ Redacção / Filipe Vieira, VOA)

Boletim sobre o Processo Político em Moçambique

Títulos do Boletim Número 43 de 19 de Novembro de 2009


Vitória esmagadora para a Frelimo e Armando Guebuza

Uma eleição manchada

Detalhes do voto Presidencial 2009

Voto Presidencial em quatro eleições

Dejà vu - Uma eleição conspurcada desnecessariamente

Que quer dizer realmente "level playing field"?
- Quando é que os truques são justos?
Mudança de regras
Quando estado e partido se sobrepõem
Nunca é uma coisa só

Secretismo moçambicano é muito fora do normal

Confusão injustificada e má planificação

Onde transparência,competência e confiança andam juntas

Enchimento de urnas e cancelamento de votos para a oposição

O Boletim


Este é um documento que deve ser estudado atentamente. Leia aqui!

Sunday 22 November 2009

Carlos Cardoso - (1951-200)


Assinala-se hoje mais um aniversário do assasssinato de Carlos Cardoso. A propósito desta data, o Patriota postou hoje um excelente texto no seu blog, com o título " Em memória de Carlos Cardoso", texto esse que pode ser lido aqui.


Encontrei na Internet um outro texto, de onde retirei também a imagem, que merece ser lido. Confira aqui.


Recorde aqui um poema de Ivone Soares dedicado a Carlos Cardoso, entitulado "País Mudo".


NÃO VAMOS ESQUECER!


O Hino de Moçambique



LIGUE O SOM!

NOTA: Esta versão do Hino Nacional foi interpretada por um grupo de voluntários de uma organização estrangeira (NAPS).


ADENDA: Escute aqui uma excelente versão musical do Hino Nacional de Moçambique!

Is Lonely Planet Right about Maputo?

We have a neighbor across the street here at Casa Cali, a well-to-do, middle-aged Austrian man - certainly an exception amongst the majority of our long-haired, peace-and-love-and-recycle fellow residents - who introduced himself the first week we moved in by saying, "So you're the ones who used to live in Maputo!" It was a bit of a shock, since I have to give most people a gentle clue about our previous home by saying something along the lines of, "We used to live in Mozambique, in Southern Africa, on the coast just across from Madagascar."
Our Austrian neighbor, however, not only knew where Maputo was, he'd just been there the previous week! Apparently he is an avid birdwatcher and had taken a trip to South Africa to look at rare birds. He'd read in the Lonely Planet guidebook that Maputo is considered to be one of, if not the most beautiful African capitals, its streets lined with sidewalk cafes and acacia trees, its nights full of music and culture. Enticed by that description, he and a fellow birdwatcher drove up from the St. Lucia Wetlands to get a taste of the Mediterranean-Latin influenced city.
"Maputo is really a shithole, isn't it?" he said, sparing no judgment. "We expected something nice, but the whole city is run down, there are potholes in all the roads, there's nothing interesting for tourists to see, and we couldn't even find any good food. What a waste of a day."
Really??
I valiantly defended Maputo, saying that despite its tired infrastructure and the fact that you have to dig to find some of its most brilliant treasures, it really is a great city and that we enjoyed a very high quality of life there. Let's be honest: Rico and I - and the majority of expats and wealthy Mozambicans - lived like kings in Maputo.
It became obvious that we weren't going to convince the Austrian that Maputo was worth anyone's time, so I let the conversation die. It got me thinking, though, about exactly what makes people like a particular city or not, what things we value in our experiences, and the giant role that high expectations (or low ones, for that matter) have in finding satisfaction in the new things we do and places we visit.
Maputo, in particular, is a hit-or-miss kind of a place. I don't know that many people who feel lukewarm about the city. It seems you either love it, or are counting the minutes until you go somewhere else easier, more civilized, more convenient, more kept-up. I know plenty of people on both sides of that fence, for sure. And although Rico and I were ready to move on to the next chapter after 5.5 and 4.5 years in Mozambique, respectively, it wasn't out of dissatisfaction with the city or with our lives there. More than anything, we were burned out in our jobs and both felt the need to follow our hearts professionally speaking. For me, that meant going to art school and becoming a jeweler; for Rico, it meant a return to his roots in investment banking and finance.
But back to Maputo. I've had countless people ask me over the years if it's worth it to visit. My answer is highly dependent on the person. For example, I'd never recommend to Rico's dad that he spend time in Mozambique's capital - he's much more of a Medjumbe, Cape Town or even exclusive Kruger lodge kind of a guy. My friend H. from high school had memories of fun-filled trips visiting me in Rio in her mind and ended up sorely disappointed by Maputo, and by Mozambique in general. My mom, on the other hand, heard from the minute we set foot in Maputo how much I thought she'd enjoy a visit. She ended up coming twice, and loved both trips.
What makes someone love Maputo or not? Would you recommend it as a destination for friends or family on vacation? Would you recommend it as a place to live? I suppose these questions are at the heart of why many of you read my blog in the first place, but I thought I'd open it up to commenters to add to my thoughts.

( Ali, em www.ali2africa.blogspot.com)

Da blogue linguagem à neobritanização da sociedade

Os efeitos da globalização são aterradores. Sobretudo numa sociedade como a nossa, que não tem criadas estratégias de filtragem, o chamado efeito peneira, dos efeitos nefastos e perniciosos, preferindo-os aos socialmente benéficos e sadios. Vai daí que temos uma sociedade a caminhar célere para a desestruturação, que se reflecte na evidente falta de identidade dos moçambicanos. Infelizmente, importamos construções alheias e forçamos a sua incorporação na nossa sociedade. Entendemos que o melhor vem de fora. Abrimos um boteco qualquer de venda de bugigangas e damos-lhe o pomposo nome de souvernir`s place.
Na senda do empreendedorismo abrimos um senta-baixo onde vamos vender hambúrgueres e teremos vozearia às sextas e sábados de bebedores-mor de cerveja a copo e estampamos orgulhosos o nome: take away and fast food. A cidade está infestada de nacionais empreendedores que se dedicam ao import and export de… fardos de roupa usada, num contentor meio caquéctico encontramos um front office para fotocópias, outros ainda britanizam as suas companies and enterprises de… gelinhos, pasme-se! Acredito mesmo que muitos nem sequer sabem o significado do nome por eles mesmos estampado. Que razões levam a esta aculturação, ou, se quisermos, a esta brutal (neo) britanização da nossa sociedade? Por que razão nos aculturamos para nos inculturarmos? É evidente que esta situação tem efeitos, nefastos, sublinhe-se, sobre a cultura do nosso país, especialmente num país pobre, como o nosso, onde os contrastes sociais são ainda mais perceptíveis. Se calhar podemos considerar que tal aculturação resulta também de uma espécie de conformidade e adaptação. Em função da exigência de competitividade, cada um se vê como adversário dos outros e pretende lutar pela manutenção da sua sobrevivência.
Repare-se no espírito de sobrevivência evidenciado na linguagem dos blogues. Todos nós hoje não vivemos sem e-mail e web sites. Os nossos filhos são internautas e cibernautas assumidos, usam linguagem e conceitos influenciados pelos blogspot, fazem links e actualizam os seus reportórios musicais fazendo downloads, tudo isso longe dos olhares críticos dos pais. Aos dez anos os putos, que deviam estar balouçando e futebolando num parque infantil, vivem grudados em síties duvidosos de onde saem com os olhos arregalados e com as mentes perversas e corrompidas. Aliás, quem não tem sotaque bloguista sente-se à deriva, à margem do estilo e experimenta os olhares críticos da sociedade. Não está na moda. Daí que para a nossa própria sobrevalorização, pragmatismo, eficiência e até mesmo estilo para o acesso ao mercado do trabalho britanizamos o português e passamos a participar em workshops e meetings ao invés de reuniões, vamos ao office em vez de escritório e apanhamos o bus que nos levará ao nosso place, de onde depois sairemos para umas beers e para fazer uns connections com uns brothers. Os sorry, Tank you, feeling, nice, job, coach, round e quejandos já estão fossilizados no léxico nacional, nalgumas vezes até usados em textos administrativos e protocolares. E quase sempre nem damos conta da sua estrangeirice.
Pensamos globalmente para agir localmente. Com todas as consequências que isso pode trazer.
Se a imagem das futuras gerações será fragmentada ou mais homogeneizada não sei, mas a possibilidade de uma crescente desumanização da nossa sociedade é muito grande.

nice!
Ciao

* Leonel Magaia - leoabranches@yahoo.com.br, Notícias 19/11/09

Saturday 21 November 2009

Humor para o fim-de-semana

Entrevista com o Sr. Armando Guebuza!!!

-Bom dia meu senhor, não estranhe a pergunta, mas alguém me disse que se chamava Armando Emílio Guebuza, é verdade?
- Sim é.
- O senhor é chará do Presidente da República?
- Sim, agora sou.
- Como assim, agora? Afinal este não é o seu nome de nascença?
- Não... quer dizer, eu agora chamo-me Armando Emílio Guebuza. É o meu nome a partir de hoje, já mudei o registo no notário e foi rápido. Deram-me logo um novo B.I. - -Está bom, o senhor tem 34 anos, é maior de idade e resolveu mudar de nome. É legítimo. Mas porque escolheu justamente o nome do actual Presidente da República para o novo baptismo?
- He he, o senhor é atrasado ou finge? Estas são as novas directivas e prerrogativas do país. É um processo. Desde que comecei a acompanhar este processo, notei a seguinte cronologia: primeiro foi uma praça no Maputo Shopping, chamaram-na Guebuza Square, ou seja, Praça Guebuza, está em inglês, mas é isso mesmo. Esse mesmo nome consta em várias listas de accionistas de grandes empresas do nosso país, sem contar com as várias escolas pelo país que também receberam esse nome. Portanto, o processo está em andamento. Agora houve uma nova nomeação. Se estiver minimamente informado, sabe que a ex-Ponte da Unidade Nacional, passou a chamar-se Ponte Armando Emílio Guebuza. O processo está em andamento. Eu sou um cidadão bastante informado e já notei que há uma tendência ou esforço nacional para promover este nome, desde discursos de grandes figuras políticas até a conversas de ministérios, esquinas e bares. Este nome ecoa mesmo. O processo está em andamento.
- Percebo. Agora diga-me, qual é a ligação entre este “processo em andamento” com a mudança do seu nome? Por acaso o senhor também passou a ser uma praça, ponte ou objecto?
- Agora vejo que o senhor está mesmo atrasado.. É o seguinte: eu, na qualidade de cidadão bem informado e que acompanha o pulsar da nação, não posso ficar à margem deste grande processo, por sinal, o mais célere no nosso país. Visto isto, comecei por me integrar. Na verdade, o primeiro integrado foi o meu negócio de venda de patos. Baptizei-o. Agora chama-se Aves Guebuza. O meu filho recém-nascido chama-se Guebuzinha, por causa da idade. Reinaugurei o meu quiosque, foi uma grande festa. Agora chama-se Guebuza Store. A comissão de moradores do prédio onde moro está a ponderar também a mudança do nome do prédio para Prédio Armando Emílio Guebuza. Vamos submeter o projecto ao Conselho Municipal, temos a certeza de que será aprovado.
- Bem, começo a pensar que realmente estou atrasado. Como o senhor diz, à margem deste grande processo.
- Completamente! Já agora, ficava-lhe bem o nome de Azaguebas. Verá como a sua fama irá aumentar. São as directivas do país. Já não está na moda ser moçambicano. Está na moda ser guebuziano.

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A TEORIA DO '11'


O 11 passou a ser um número inquietante.
Podem pensar que é uma casualidade forçada ou simplesmente uma tontice, mas o que está claro é que há coisas interessantes.
Senão, vejam...

1- New York City tem 11 letras.
2- Afeganistão tem 11 letras.
3- 'The Pentagon' tem 11 letras.
4- George W. Bush tem 11 letras.

Até aqui, meras coincidências ou casualidades forçadas (será?).

Agora começa o interessante.....

1- Nova Iorque é o estado Nº 11 dos EUA.
2- O primeiro dos voos que embateu contra as Torres Gémeas era o Nº 11.
3- O voo Nº 11 levava a bordo 92 passageiros; a soma dos seus algarismos dá: 9+2 = 11.
4- O outro voo que bateu contra as Torres, levava 65 passageiros; a soma dos seus algarismos dá: 6+5 = 11.
5- A tragédia teve lugar a 11 de Setembro, ou seja, 11 do 9; a soma dos seus algarismos dá: 1+1+9 = 11.

E agora o inquietante.....

1- As vítimas totais que faleceram nos aviões eram 254: 2+5+4 = 11.
2- O dia 11 de Setembro, é o dia número 254 do ano: 2+5+4 = 11.
3- A partir do 11 de Setembro sobram 111 dias até ao fim de um ano.
4- Nostradamus (11 letras) profetiza a destruição de Nova Iorque na Centúria número 11 dos seus versos...

mas o mais chocante de tudo é que, se pensarmos nas Torres Gémeas, damo-nos conta que tinham a forma de um gigantesco número 11.

E, como se não bastasse, o atentado de Madrid aconteceu no dia 11.03.2004 ..
Somando estes algarismos dá: 1+1+0+3+2+0+0+4 = 11.

Intrigante, não acham??

O atentado de Madrid aconteceu 911 dias depois do de New York.
Somando os seus algarismos dá: 9+1+1 = 11

E AGORA o mais arrepiante:

ALVALADE XXI tem 11 letras... .

CONCLUSÃO DE TUDO ISSO:


Bin Laden é Sportinguista desde pequenino !!!!

Dolorix Humorix


Espectaculo "Dolorix Humorix" de Pedro Muiambo é já neste Sabado e Domingo, 18 horas no Teatro Avenida


O humorista Pedro Muiambo apresenta no palco do Teatro Avenida, em Maputo, nos proximos sabado e domingo, dias 21 e 22 de Novembro, pelas 18 horas, o seu espectáculo de humor “Dolorix Humorix 2”.
O espectáculo será igualmente gravado ao vivo e editado em DVD para posterior venda ao público.
Como principais convidados, “Dolorix humorix 2” terá o Improriso, um grupo de artistas que há cerca de um ano têm actuado sexta-feira sim sexta-feira nao no palco do Café Gil Vicente; Fabricio Sabat, escritor e músico que dá as primeiras pisadas no mundo do humor; e Kissange Vedor, poetisa e declamadora.
Em “Dolorix Humorix”, Pedro Muiambo usa o humor e sátira para discorrer, usando um discurso pouco convencional, sobre assuntos polémicos e “proibidos”, tais como “a bestialização do homem, a insanidade, a torpeza, a estupidez, a corrupção e a indiferença que inundaram o tecido social, numa espécie de panfagia a que ninguém parece ter ficado incólume; o colapso de uma moralidade asseada, irrompendo, em seu lugar, uma postura danosa do bem-estar comum; as atribulações de um parlamentarismo sensaborão, o novo-riquismo dos ministros, as derrotas da selecção nacional de futebol, ou ainda, a crítica literária acocorada, submissa e louvaminheira”, como escreveu Almiro Lobo, no prefácio do Livro “Bestiário” do próprio humorista, em que se baseia o texto de “Dolorix Humorix”.
Considerando que “no final das contas, humorix é o melhor remédio para as dolorixes desta vida... ", no seu espectáculo, Pedro Muiambo coloca e responde a questões tais como, entre outras: “Afinal porque dormem os deputados?”; “E se Obama dissesse ‘eu sou o Dhlakama de Moçambique’, qual seria o primeiro Estado americano a arder?”; “Quando pegou em nova esposa, ninguém o ouviu dizer eu sou o Jacob Zuma de Moçambique?”; “Se o patrão MC for nomeado ministro de educação e cultura, será que quem não migrar para Guiné Bissau tem vergonha na cara?”; “É justo os moçambicanos serem tão hospitaleiros ao ponto de inventarem os “mambas” no futebol para dar alegria às selecções visitantes?”; e “Dá mesmo para enriquecer criando patos?!”.
O evento é produzido pela Eventos.Biz Lda e conta com os apoios do Teatro Avenida, Fundac, Associação Lavatsongo e da Solo. Munhane.


Título espectáculo: DOLORIX HUMORIX
Humorista: PEDRO MUIAMBO
Datas: Sábado 21 de Novembro e Domingo 22 de Novembro de 2009
Horário: 18 horas
Local: Teatro Avenida
Convidados: Improriso, Fabrício Sabat e Kissange Vedor
Informações: 82-6126900; eventos.biz@gmail.com
Preço dos ingressos: 100 meticais

Friday 20 November 2009

DEMOCRACIA ADIADA COLOCA A PAZ EM RISCO…

Embora muitos não acreditem...

Aquela teimosia aliada a uma arrogância típica de ditadores e seus funcionários seniores não está longe das margens dos nossos rios nem das nossas praias. Os que que fazem os discursos são exímios em mostrar uma face poética de bom gosto embora um tanto ou quanto a puxar para latitudes mais próximas da Coreia do Norte do que seria de desejar.
Não são os discuros que vão salar o país quando chegar o mau tempo. Da aparente estabilidade de hoje para um conflito sangrento a distância não é assim tanta. Ninguém quer ser ave de mau agoiro mas para quem viveu os dias e anos logo a seguir a independência não se pode esquecer de como tudo começou daquela vez.
Hoje armados de uma legitimidade duvidosa, de um poder que se tomou por via da adulteração do AGP ou exactamente por via do aproveitamento de suas lacunas e do facto de que jamais se compartilhou poder algum, vemos pessoas que ontem até negociaram o AGP enveredando pela via do esquecimento.
O que provocou a guerra civil de ontem ainda não foi integralmente eliminado. O que provocou a chamada por alguns de “guerra de desestabilização” por alguns dos detentores do poder foi toda uma combinação de factores que continuam a estar presentes no panorama político moçambicano. A facilidade com que alguns moçambicanos se enganam a si próprios e avançam por caminhos de auto-destruição é admirável. Queremos aparecer como os melhores à custa de ignorar os outros e se possível pisotear os outros. Quando se nega o exercício da transparência, seriedade, justeza e liberdade num processo tão importante como o eleitoral isso se torna o indicativo objectivo do que realmente querem os detentores do poder.
Não tenhamois ilusões sobre ao que podem ser os resultados de políticos experimentadas e falhadas. Não gostaríamos de ver moçambicanos sendo vítimas de mais um conflito como aquele que só a força do poder dos doadores ou parceiros internacionais permitiu que chegasse ao fim. Pois convém não nos enganarmos quanto ao protagonismo assumido para que a guerra tivesse o seu fim. Quem facilitou a comunicação e passou mensagens de um lado para o outro, quem pagou e financiou viagens e meios não foram os moçambicanos. Quem suportou toda a máquina negocial durante o tem po todo que foi necessário não foram os moçambicanos. Deveria haver certa humildade sobre o que se fez e não fez para que a guerra terminasse em Moçambique. A Guerra-Fria em África teve os seus preços e quem pagou e ainda está pagando são os povos.
Está claro que os interesses dos ocidentais e agora o de chineses e russos jogam o seu papel na génese e desenvolvimento dos conflitos em nossos países. O que pode parecer algo definitivo e com um fim que se poder considerar definitivo pode não ser bem assim.
Nada nos pode assegurar de que a paz que vivemos hoje é de facto para valer e para sempre. O grau de insatisfação popular é grande. O desemprego atinge números assustadores. Os pendentes de casos como os dos “CFM”, “Madgerman” e outras empresas estatais privatizadas são inúmeros e constituem um constrangimento grave para o governo. Do lado das forças armadas temos o caso dos desmobilizados não inscritos no sistema de pagamento de pensões. Ainda existem antigos combatentes da luta de libertação nacional que ainda não possuem pensões. Toda esta situação demonstrativa de incapacidade para resolver casos pertinentes é o critério para julgar que tipo de governo existe.
Alguma satisfação que possa resultar de vitórias eleitorais não pode fazer esquecer o que se passa neste país. Nem pode fazer esquecer como se chegou a tais vitórias.
Embora se possa falar em mérito ou demérito de intervenientes e até se possa falar de situações que no seu conjunto contribuíram par4a a derrota de determinadas forces políticas nas eleições passadas nada pode justificar a manipulação ou utilização de meios ilícitos para se chegar a vitória.
Nada justifica o tipo de comportamento que a PRM teve durante a campanha eleitoral.
Também nada justifica o comportamento que que a Procuradoria-Geral da República teve durante o mesmo período. O silêncio cúmplice de determinadas autoridades favoreceu o partido no poder e isso não é lícito.
E muito mais se poderia dizer sobre o processo eleitoral em si.
O mais importante é que se aprenda do processo havido e com isso se contribua para o fortalecimento dos preceitos democráticos no país.
Moçambique até é suficiente para todos nós e decerto que podemos compartilhar o país sem conflitos.
Mas é necessário que aprendamos a respeitar-nos. A arrogância ou qualquer outro comprtamento que não tenha em conta de que os outros também são importantes só nois levarão aos conflitos e guerras...


Noé Nhanthumbo, Diário da Zambézia, 18/11/09


NOTA: Noé Nhantumbo, no seu habitual estilo frontal e contundente, faz uma análise perfeita da actual situaçao e lança alguns alertas pertinentes. Seria bom que todos meditassem seriamente nestas palavras, principalmente aqueles que comemoram as " vitorias retumbantes" indiferentes à realidade e aos perigos.

Perguntando...



É mera coincidência que o "caso Aeroportos" esteja a ser julgado depois das eleições?

É apenas um acaso que o julgamento ocorra na mesma semana em que um relatório internacional aponta Moçambique como um dos países mais corruptos do Mundo?

Os que frequentemente minimizam os efeitos da corrupção em Moçambique como vão agora justificar que os cofres do Partido Frelimo têm sido beneficiados com os proventos da corrupção?

Perguntar não ofende!

No Savana de hoje

A hora do fecho

A União Europeia(UE) tirou mais uma comunicação preliminar muito crítica sobre as irregularidades constatadas durante as eleições. O interesse do assunto é que os G-19, os que mandam a mola para o Orçamento estão à espera do relatório para se posicionarem para os próximos anos...

Uma das observações interessantes da UE é do de vários funcionários das mesas eleitorais terem recusado protestos dos delegados de lista. O que contraria o que disse a CNE e os solícitos escribas papagaios...

Na apresentação sobre os resultados eleitorais, na semana, prof. John Leo fez um esforço titânico de fazer uma descrição detalhada de todo o processo que conduziu às eleições do dia 28 de Outubro. Falou de tudo o que aconteceu, até à forma como alguns foram excluídos. Só deixou de fora um aspecto crítico em todo o processo: a questão do software. Por omissão ou comissão?

Não se sabe se por dificuldades de software ou simples problemas de aritmética dos equiparados a ministros e vices na CNE, a deliberação apresentada formalmente tinha várias percentagens mal feitas (acompanhadas acriticamente pelos media locais), mas na publicidade paga inserida nas publicações do banco central as mesmas percentagens foram rectificadas. Com esta dualidade teremos que esperar pelo BR, de facto a publicação oficial do país para saber os números oficiais das eleições. Oficialmente!

O ex-ministro do cachimbo corre o risco de ser mandado de volta à faculdade onde diz ter tirado o curso de Direito. No seu esforço de “relações públicas” desde que começou a ser julgado, tentou mostrar que não sabia o que é um “conflito de interesses” pedindo bolsas a um subordinado. Como homem de fé, bem pode ir rezando para que o bom do Diodino não fale dos cheques suplemento que mandava ao gabinete do dito cujo...

Os homens das togas que não estão no julgamento do antigo liceu da capulana têm um problema bicudo pela frente. Como executar a decisão judicial que poderá ditar o despejo do homem do primeiro tiro de um dos imóveis da capital?

Ironicamente, quando está em curso um mediático julgamento sobre corrupção e ajudas ao partidão, Moçambique caiu mais quatro lugares no índice da Transparência Internacional estando agora no 130º. Lugar. Como consolação pode registar que a Rússia e os seus aliados regionais, Angola e o Zimbabwe estão muito pior...

Os gringos poderão fechar a mamadeira à agremiação dos nossos empresários que andam em missões nas terras dos zedús. Contas malparadas e ligações políticas-partidárias são as causas mais próximas.

A guerra das comadres é tal que não faltam os dedos e os murmúrios dos que dizem que se usaram dólares da organização para irem a Angola fazer os seus negócios privados. Haverá uma AG nos próximos dias e poderá cair a cabeça de um executivo de topo. E quem tem a faca na mão é quem está à espera de receber a cadeira quente. Jogadas de black jack...

Em voz baixa

Agora que acabaram as eleições, D. Lulu diz que é inevitável o aumento do combustível. Por isso o homem dos Transportes trabalha há meses num plano B para evitar um novo 5 de Fevereiro. Mais vale prevenir que remediar...


FONTE: www.oficinadesociologia.blogspot.com

Thursday 19 November 2009

O “Big Man” vai entrar em acção

Editorial : Vem aí o “carnaval da ditadura”

Maputo (Canalmoz / Canal de Moçambique) - Moçambique vai reforçar a “democracia” do “Big man”, uma “democracia” baseada no culto da personalidade, de que a mais recente exposição fotográfica de Alfredo Mueche, na Fortaleza de Maputo, é já o exemplo mais eloquente, das alianças clientelistas, da fidelidade ao líder, dos “yes men”, do uso de recursos do Estado para compra de alianças locais, provinciais e nacionais.
Tudo isso já existia, com uma maioria absoluta. Agora, com certeza será muito pior, com uma maioria desenhada para o superlativo absoluto funcionar qualificadamente. Ainda que a legitimidade da maioria de ¾ resultante destas eleições – por ironia, apenas ¼ do total de eleitores recenseados, isto é de moçambicanos em idade activa – esteja a ser amplamente contestada por diferentes actores da sociedade civil e dos partidos políticos, que se baseiam na “exclusão promovida”, “fraca participação induzida” e “fraude provada”, “ainda que parcial” e até “reconhecida pela própria CNE” no cúmulo do descaramento do mais vergonhoso elenco que esta conheceu, desde que existe, estas eleições vão ficar assim mesmo, pois é de prever que o Conselho Constitucional nada mais adiante ao que já se sabe.
Todos, de agora em diante, vão ter de prestar vassalagem ao “big man”, Armando Emílio Guebuza. Quando dizemos todos, estamos a falar dos empresários, dos órgãos de comunicação social, da sociedade civil e dos cidadãos que baixarem os braços, deixarem de resistir à ditadura e se acomodarem ao fascismo disfarçado que o tempo que mediará este momento das próximas soluções políticas, irá certificar.
De agora em diante, não teremos, mais, uma democracia pluralista, mas, sim, uma monarquia egocêntrica.
Teremos, apenas, uma democracia de fachada, como previmos e escrevemos, muito antes deste desfecho eleitoral, para o qual todas as instituições eleitorais foram instruídas a contribuir.
À força, ou por sedução, fracos de espírito, com benesses do Estado que durarão o que tiverem de durar, até que seja mais recomendável descartá-los, (que o diga Manhenje e outros tantos), o “rei” Guebuza, legítima ou ilegitimamente, conseguiu, aparentemente, o que queria. A bem ou a mal, os artifícios funcionaram. Os súbditos, mesmo não concordando, terão de passar a cantar “Guebuza é que fez, Guebuza é que faz”. Até ao dia em que tiverem que vender as suas próprias acções, quotas e, até, a sua própria consciência crítica aos interesses do “rei”.
O comboio dos “prostituídos” já iniciou a sua marcha. Resta-nos assistir, apenas, à ladainha dos desventrados.
Dos empresários que têm alguma visibilidade, conhece-se bem as suas histórias. Não terão coragem para resistir. Por isso, é de prever que tenha chegado a hora de preparem, já, 10 a 15%, senão mais, só para as primeiras impressões.
O “big man” vai tratar de tudo e de todos!...
Finalmente, já bem tratados, aos “patos” nada mais restará, senão renderem-se à evidência. Já com os bolsos limpos, certamente que a sua alegria entrará definitivamente em êxtase… Mas continuarão alucinados, a cantar contagiante e cinicamente: “Guebuza é que fez!”. “Guebuza é que faz!”.
“Cuá! cuá!”, será o novo refrão…
“O cué cuá a fazer?”, acabarão por perguntar, um dia, pedindo socorro. Nunca será tarde, mas lamentar-se-ão de terem aberto os olhos fora de horas.
A um homem só, não se pode conferir tanto poder. Nós próprios já vimos como isso tem, depois, de terminar.
Se esse homem se tiver munido, com a idade, de algum bom senso, nem mesmo isso será suficiente para que ele resista ao usufruto desse excesso de poder. Os seus próprios acólitos se encarregarão de o impedir de usar o bom senso. A história tem muitos exemplos de como se construíram os ditadores.
As estradas, as pontes, os jardins, as escolas, os hospitais, os aviões, as trotinetas, os chapas, os postos de saúde, os hotéis, tudo vai ter de passar a chamar-se Armando Emílio Guebuza. Mesmo que ele não queira, os seus súbditos vão acreditar que o seu “big man” assim o quer. Assim como fizeram com a Ponte da Unidade Nacional, sobre o Zambeze, a que acabaram por chamar Ponte Armando Emílio Guebuza…
Também iremos ver certos representantes dos doadores a alimentarem o “big man”, pagando com os impostos dos seus respectivos povos os helicópteros para a governação aberta, grandes banquetes de inaugurações, prémios internacionais, grandes jantaradas, bolsas de estudo para os filhos dos que prestam vassalagem ao “rei”, enquanto a plebe senta no chão das aulas, e tantas outras futilidades que iludem certos cidadãos, mas que não lhes assegura estabilidade social.
Vamos ver também certos doadores a participarem na governação aberta e a assistirem o “big man” a anunciar a distribuição de mais fundos públicos, como se fossem do seu próprio bolso. Esses fundos que, em vez de desenvolverem os distritos, estão, antes, a desenvolver a rede clientelista do “big man”, a desacreditar os administradores do Estado e a transformar a administração pública no mercado da desbunda.
Nós perguntamos, senhores doadores que por aí irão entrar: querem continuar a enganar o povo moçambicano, ou vão dizer basta a tudo isto?
Com os resultados já publicados pela CNE, até o relatório da AWEPA/CIP admite que foram depositados votos massivos nas urnas. Comprovada a “fraude”, facto que até a “arbitragem” (CNE) reconhece, ficará tudo na mesma, a dar apenas razão aos 56% de moçambicanos que se recensearam, mas preferiram não serem cúmplices das falcatruas e de uma organização viciada e viciosa.
A FRAUDE existiu, até onde os olhos dos observadores puderam ir. Que se dirá do que foi feito onde os observadores de apenas 8% das assembleias não conseguiram chegar?!...
Que terá acontecido nos outros 92% de assembleias de voto onde os observadores não estiveram?
E porque será que os próprios observadores da União Europeia foram, deliberada e formalmente, obrigados a comprometerem-se a ver, ouvir e calar? Porque será que, eles próprios, foram obrigados a assinar compromissos de silêncio? Não será uma Europa envergonhada que perdeu a legitimidade para falar?
Senhores representantes de certos doadores: será que, com isto, vão continuar a fechar os olhos, sem perceberem que todos nós já entendemos que quem está a construir este “big man” são os senhores, com os impostos dos vossos Povos?
Será que vão continuar a dizer aos vossos Povos que Moçambique é uma democracia de sucesso?
Será que vão continuar a dizer aos vossos Povos que o dinheiro deles está a combater a pobreza, quando o que vemos é que, com esse dinheiro, se está a construir um império que poderá, um dia, fazer, de novo, correr muito sangue, para se poder voltar a repor a Democracia em Moçambique?
O desequilíbrio está à vista de todos nós. “Sem limites, a Paz está em perigo”. “Fazer concessões é o pior caminho para conseguir Paz”, lembrou, recentemente, o matemático israelita, Robert Aumann, Prémio Nobel da Economia em 2005, que, também, acentua: “Para minimizar as surpresas, é preciso calcular, com muito cuidado, como uma acção leva a outras”.

(Canal de Moçambique, 19/11/09)

Boletim sobre o Processo Político em Moçambique

O Número 43 do Boletim, com a data de 19 de Novembro, está disponível em Inglês. Eis alguns dos títulos desta edição:

Landslide victory for Frelimo and Armando Guebuza

A tainted election

Déjàvu - an unnecessary tainted election

What does "level playing field" really mean?

Mozambican secrecy is very unusual

Unjustified confusion and poor planning

Where transparency, competence and trust come together

Ballot box stuffing and cancelled votes for the opposition


Este excelente documento critica o sistema político e eleitoral em Moçambique que beneficia o Partido no poder e deveria ser estudado por todos os que querem perceber como funcionam as coisas em Moçambique.


Confira o Boletim aqui:

União Europeia Missão de observação eleitoral Moçambique 2009


COMUNICADO DE IMPRENSA

Maputo, 18 Novembro 2009

A MOE UE observou numerosas irregularidades durante o apuramento sem que, no entanto, estas afectem significativamente os resultados
A Missão de Observação Eleitoral da União Europeia (MOE UE) observou vários casos de irregularidades eleitorais e inconsistência nos procedimentos durante o apuramento de resultados, em 73 distritos das 11 províncias de Moçambique.
Durante o apuramento, os observadores da UE testemunharam directamente as seguintes situações:

• Presidentes de mesas de voto que se recusaram a aceitar queixas dos representantes de
partidos políticos, em várias mesas de voto, por todo o país. O padrão de queixas recusadas tornou-se conhecido durante os processos de contagem e apuramento.
• Representantes dos partidos políticos impedidos de presenciar o processo de apuramento nos distritos de Maravia, Angónia, Changara e Tsangano (Tete) e províncias de Manica e Cabo Delgado;
• Dados indicadores de mesas de voto com participação de 100 por cento, ou mais, em 40 mesas de voto na província de Gaza, 61 mesas de voto na província de Tete e duas na Ilha de Moçambique (província de Nampula);
• Na Ilha de Moçambique, indicação de enchimento de urnas, como revelam as discrepâncias entre o número de boletins de votos para cada uma das três eleições e discrepâncias entre os resultados anunciados depois da contagem e os que foram afixados publicamente no exterior da assembleia de voto;
• Grande número de votos nulos que apresentavam padrões de invalidação intencional, observado durante a requalificação dos boletins de voto a nível nacional;

Os observadores da UE receberam, ainda, cópias de seis (6) queixas apresentadas pelos partidos políticos referentes a irregularidades durante o dia da votação e o apuramento, em Lichinga, Mutarara, Angónia, Chimoio e Quelimane. Estas queixas foram oficialmente recebidas pelos oficiais eleitorais nas mesas de voto.
A MOE UE salienta ainda que foi impedida de observar o apuramento distrital em vários distritos e apuramento provincial nas províncias de Tete, Niassa, Cabo Delgado e Nampula.
Apesar destas irregularidades e outras relacionadas no dia de eleições não afectarem significativamente os resultados das eleições Presidenciais, Legislativas e das Assembleias Provinciais, constituem uma séria fraqueza do processo. No caso das províncias de Tete e Gaza, não é possível avaliar estatisticamente até que ponto a distribuição de assentos parlamentares poderia ter sido alterada.
A MOE UE publicará o relatório final com uma análise detalhada do processo eleitoral e recomendações, depois da declaração dos resultados pelo Conselho Constitucional.

Para mais informações, por favor contactar: Fernanda Abreu Lopes, Relações Públicas da Missão
Tel: 822938906; Fernanda.abreu-lopes@eueom-mozambique.eu

Wednesday 18 November 2009

O país da mentira

Beira (Canalmoz) - A mentira sempre foi usada pela Frelimo como uma arma para a reconciliação com a verdade por que ela não se pauta.
Nós sabíamos que estas eleições eram mais uma mentira disfarçada, que agora a Frelimo festeja, canta com toda a pompa e circunstância. Com a mentira que a Frelimo forjou, recorrendo ao cliché de que é um partido (qual?) maduro, organizado, disciplinado, nunca conseguiu esconder a grande máscara que dissimula por detrás do seu rosto sórdido, anti-democrático, totalitário, comercial, arrogante, colonial, as diversas máscaras que usa e descarta. Esta Frelimo de 1968 (não a de Mondlane e Simango), é a triste e pobre herança que teremos que suportar enquanto vai jogando com paus de sete, oito, talvez dez bicos, na verdade uma holding disfarçada de partido, ora da aliança de operários e camponeses, ora do que mais convém na circunstância, ora sem ideologia. Assim, manieta todos e manipula tudo dos bastidores em que se posiciona, levando os incautos a dançar a música que ela toca.
Nas eleições praticamente terminadas, a Frelimo consagrou-se na sua elevada vocação para a mentira, e deu mais um salto. No absurdo do teatro em que a esmagadora e silenciosa maioria dos moçambicanos não afinam, só 44 porcento foi às urnas e disso a Frelimo realmente conseguiu ¾ só que esses três quartos não passam de apenas 27% dos moçambicanos que se recensearam.
A maioria absentista (56 porcento) nestas eleições mostrou mais uma vez ter uma lucidez superior para não caírem em tamanha mentira segundo a qual se está a construir a democracia em Moçambique.
A Frelimo festeja, canta, pula. Mas no ridículo/dissono como comemora este feito se disfarça, porque consciente que a mentira é o que lhe resta para a reconciliação com uma verdade que eles construíram nos bastidores onde sempre actuaram, actuam, em nome do povo, de que não se pode afirmar legítima representante, apenas aspirante de um sonho desfalecido.
Muitos dos intelectuais moçambicanos vivem frustrados no sonho de um país justo, pleno, limpo. Mas a forma como a Frelimo postula a mentira, aterrorizando por debaixo das suas botas, semeando medo e pânico nas instituições que acreditávamos um dia fossem isentas e imparciais, mostra-nos um pudor que não sentem, uma vergonha que não têm, para festejarem o ridículo que eles próprios se tornaram, quando dos feitos dos processos que tiveram em mãos vemos que só eles querem que nos contentemos com o pão que diabolicamente amassaram.
A mentira que a Frelimo vem propugnando arrasta-se, espalha-se como um vírus que tende a infectar, lastimosamente, um grupo, um pequeno punhado que mais não pode – não tem como – viver o resto da sua vida amarrado à mentira e só lhe restando fazer corpo com os castelos de areia construídos, e depois, legar as heranças da mentira a seus filhos e netos. Ademais este feito da vitória da mentira sobre a democracia é sui generis em África, onde penosamente os lúcidos que não compactuam com a mentira terão que resistir a terem que consentir que a democracia seja vassala de uma mentira que virou cultura.
Sobre o leito horrendo da mentira quase não há uma instituição “democrática” (as aspas são minhas) neste País que não transporte o rosto desavergonhado da mentira, porque os mentirosos desenvolveram neles o estertor, o talento, a habilidade de não terem pudor, e de fazerem crer em mentiras em que nem eles próprios crêem.
Como são servis, como são funestos os obnóxios da CNE, CC, STAE’s, presidentes das mesas de voto, embrulhados em seus fatos de ofício grotescamente disfarçados da mais fina lealdade, quando o que aspiram é o padrão mais elevado da mentira ensinada pelos seus senhores, quais feudais, que têm-nos por seus reféns e vassalos! Alheios à construção da cidadania têm de fazer profissão de fé, e alinhar, defendendo a mentira, driblando a verdade, cerceando as instituições democráticas, enchendo urnas, apedrejando o concidadão, o patrício, para a defesa dos donos da utopia, os donos da mentira que são os accionistas maioritários deste país que vêm “construindo” com o suor da sua intrujice.
Não é que se tenha vergonha de ser moçambicano. Nos últimos dias fomos os mais desdenhados, os mais vilipendiados, pela mentira colossal, vil. Superiormente mestrados em mentira, falta-nos explorar a nossa capacidade de nos servirmos da mentira, torná-la uma ciência a tal extremo de a vendermos para os ricos do Ocidente, com que saldaremos os nossos altos débitos, lançando alavancas para um progresso frutífero e a elevação do PIB.
Agora que o barulho cessou, reservamos alguns minutos para reflexão.
Um dia, seremos nós mesmos, os construtores desta argamassa de mentira, que chamaremos a nossa própria consciência à razão. Até lá, bajuladores da mentira, teremos tido um soberano aspirando a defesa da nossa mentira. Um dia, seremos nós, os construtores desta argamassa de mentira, a desdenhar os ditos eleitos do povo à condição de membros dos órgãos deliberativos certificados pela mentira que aplaudimos impávidos e serenos.
Em casa, há que deitarmos mãos à moral, dos nossos jovens, das ovelhas (que ainda não estão perdidas), se a intenção é determos a mentira daqueles que aspiram ser nossos servidores de olhos postos no tesouro e nos sacos azuis da moçambicanidade perene.
Nada nos resta senão chamar a atenção dos outros. Há que estarmos atentos ao pão da mentira que nos é servido à mesa, e estarmos cientes que a graça de sermos moçambicanos com inteligência não se deve à Frelimo, mas à nossa capacidade nata de olharmos e destrinçarmos a mentira da verdade. Atentos aos sinais, tenhamos presente que a palavra derruba, seja qual for a mais alta muralha da mentira.

(Adelino Timóteo, CANALMOZ, 18/11/09 )