Wednesday 20 November 2013

Boletim sobre o processo político em Moçambique

Nampula terá nova votação para presidente;
mas erro nos boletins atingiu também o MDM e o PDD

No município de Nampula haverá uma nova eleição para presidente, no domingo dia 1 de Dezembro. A eleição de hoje foi anulada. A decisão foi tomada este noite pela Comissão Nacional de Eleições, em Maputo, após o término da votação e já com a contagem dos votos iniciada. O nome da candidata do PAHUMO a edil, Filomena Mutoropa, não constou dos boletim de voto.
Para as Assembleias Municipais, a contagem dos votos foi interrompida. Os boletins de voto serão guardados e o apuramento vai recomeçar em paralelo com a contagem dos votos de eleição do edil.  A lei eleitoral determina que ambas as contagens devem ter lugar ao mesmo tempo.
Entretanto, os erros cometido nos boletins de voto em Nampula, não foi apenas da exclusão da candidata do PAHUMO, Filomena Mutoropa. Nos boletins para a eleição dos membros da Assembleia Municipal, o nome de Partido Movimento Democrático de Moçambique (MDM) aparece duas vezes no boletim. Está escrito em segundo lugar reservado ao MDM e também em terceiro lugar, reservado ao PDD. Em vez de nome correcto  “Partido para a Paz e Democracia e Desenvolvimento”, está repetido o "Partido Movimento Democrático de Moçambique". Os símbolos estão correctos. Ver fotos em pdf anexado.
Sobre este erro, a Comissão Nacional de Eleições ainda não se pronunciou.

Encerramento das urnas marcada por detenções e disparos

Enquanto ao longo do dia o processo da votação foi calmo na maioria dos municípios, a hora de fecho das urnas foi marcada por detenções exclusivamente de fiscais do MDM e de outras organizações da oposição um pouco por todo o País, enquanto em Quelimane e Angoche houve disparos de armas de fogo e de granadas de gás lacrimogéneo, respectivamente.
Quanto à afluência dos eleitores às urnas, todo o período da tarde até à hora prevista para o fecho, não havia longas filas na maioria das 53 autarquias. Os nossos correspondentes espalhados pelos 53 municípios reportaram que à partir de 12 horas as assembleias de votos andavam “às moscas”, dando continuidade à tendência iniciada no final da manhã. Houve, porém, alguns municípios que à hora do encerramento havia muitos eleitores à espera de votar.
A tarde do dia de votação foi marcada por pouca afluência às urnas na maioria dos municípios, confirmando a tendência iniciada no final da manhã. Às 18 horas os nossos correspondentes reportavam assembleias vazias em Gurué, Alto-Molócuè, Cuamba, Cumba, Macia, Manhiça, Chimoio, Manica, Catandica, Sussundenga, Ilha de Moçambique, Pemba, Mocímboa da Praia, Moatize, Tete, Nhamayabué, Quissico, Vilankulo, Maxixe, Nampula.
À hora do fecho das urnas havia grandes filas de eleitores nos municípios de Bilene, Mandimba, Quelimane, Manjacaze, Marromeu.

Disparos da polícia e lançamento de gás lacrimogéneo

Na hora do início da contagem parcial dos votos houve confusão pelo menos nos municípios de Quelimane (Zambézia) e Angoche (Nampula). Em Angoche a Força de Intervenção Rápida (FIR) disparava granadas de gás lacrimogéneo na EPC de Farlahi. É nesta escola onde durante o dia foi flagrado um suposto membro da Frelimo com boletins de voto a encher nas urnas e foi encaminhado para a Polícia, mas segundo o jornal @Verdade foi pouco tempo depois restituído à liberdade.
O fiscal da ASSEMONA em Angoche, Age Assane, perdeu os sentidos por ter inalado gás lacrimogéneo disparado pela FIR, nesta escola.
Em Quelimane havia disparos para o ar na EPC de Incídua. A nossa jornalista em Quelimane confirmou os disparos.

Detenções de delegados do MDM

Nhamatanda:
Foram detidos em Nhamatanda seis delegados do MDM, alegadamente por não ter cumprido com as ordens dos Membros de Mesa de Voto (MMV’s) no sentido de abandonarem as Assembleias de Voto para irem comprar água. Os MMV’s chamaram a Polícia que prendeu os fiscais do MDM. Isto aconteceu às 15 horas na Assembleia de Voto da Escola Heróis Moçambicanos, na vila sede.

Ainda neste município, 500 cidadãos não puderam votar porque os seus nomes não constavam dos cadernos. Isto aconteceu na Assembleia de voto de Jossias Tongoras.

Macia: segundo o nosso correspondente, seis delegados do MDM foram detidos, sendo um dos quais suspeito de ser portador de crachá falso. A detenção aconteceu quando faltavam 14 minutos para o encerramento das urnas, embora o delegado tenha estado todo o dia na Assembleia de voto sem se questionar a autenticidade da sua credencial.

Chibuto: detidos seis fiscais do MDM, nomeadamente Elias Neves, Eugénio Macondzo, João Cossa, Ibrahimo Massotas, Viriato Matusse outro identificado apenas por Baltazar. Devido a estas detenções que ocorreram ao longo do dia, criou-se um clima de medo.

Gurué:
Um grupo de 10 indivíduos tentou invadir a mesa de voto e perturbar o processo em Moneia. Segundo o Director Distrital do STAE, Manuel António, os 10 indivíduos foram detidos  .

Ainda em Gurué, às 16h15 houve agitação na assembleia 04009504 instalada na Escola Secundaria de Gurué. Indivíduos não credenciados chegaram à mesa, alegadamente para fiscalizar o processo de votação. Quando apelados a se retirarem, resistiram. Houve intervenção policial, mas não houve detenções.

Chimoio: Quatro cidadãos foram permitidos votar, embora estando em estado de embriaguez. Isto aconteceu no Bairro 4, mesa de voto 532001.

Nacala: Membro da Assembleia Municipal recolhe cartões de eleitores

O membro da Assembleia Municipal de Nacala, Francisco Liala, eleito na actual legislatura pela Frelimo, passou o dia de hoje a circular de casa em casa a recolher cartões de recenseamento dos eleitores e a transportar os eleitores que encontrassem na rua, através da sua mota, para deixa-los no posto de votação de Locone, município de Nacala-Porto, segundo assegurou o nosso jornalista em Nacala.
Ainda naquele município, segundo o nosso jornalista, figuras proeminentes do partido Frelimo estiveram o dia inteiro junto do povoado de Locone a saudar calorosamente aos eleitores que se dirigiam às mesas e instruindo-lhes onde estavam posicionadas figuras e símbolos daquele partido, no boletim de voto. A saudação acontecia antes do eleitor se fazer presente na mesa e depois de exercer o seu direito.

Falta de iluminação: nas salas da escola Triângulo decorria a contagem dos votos quando eram 18 horas, sem iluminação, embora haja instalação eléctrica no estabelecimento.




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