Ataques à sede da Renamo em Sofala Beira, residência de seu líder e delegação na cidade seguida de ocupação da casa do pai de Afonso Dlhakama podem ser o corolário de um certo mal-estar provocado por uma ausência visível de vitórias militares no terreno.
Maputo (Canalmoz) - Num secretismo quanto ao número real de ví...timas que possam ter ocorrido nos confrontos entre forças governamentais e homens armados da Renamo cresce a crispação nos comandos militares e policiais do governo. Quando os generais estão sedentos de resultados e estes tardam em aparecer há que recorrer a alguma coisa para agradar aos chefes.
Os ataques esporádicos que têm sido noticiados, têm sido do estilo retaliação, e a escolha do momento tem sido dos guerrilheiros. Mudando um pouco de zona mas quase que se concentrado na EN1 entre o rio Save e Muxúnguè, uma guerrilha activa parece se ter instalado sem que do lado das forças governamentais se registe capacidade de lhe fazer frente com êxitos.
A corrida a Sadjundjira envolvendo ministro da Defesa e altos comandos da PRM logo após a sua tomada pelas forças governamentais mereceu tratamento especial na Imprensa mas isso não trouxe o sossego que se esperava.
Numa aparente combinação de medidas políticas e militares o governo encontra-se numa encruzilhada quanto às opções a seguir ou tomar.
Uma guerra aberta sem tréguas ainda não se mostra como a decisão tomada.
A logística da guerra é complicada e nem importações de armamento de última hora não confere as vantagens estratégicas julgadas necessárias.
Enquanto na capital do país se ensaiam passos que provavelmente levarão ao diálogo, os canais de contacto entre a liderança político-militar da Renamo e os mediadores encontram-se mais ou menos quebrados com a inexistência de uma Sadjundjira que acolhia encontros e operações mediáticas.
Uma Renamo bicéfala, fustigada no terreno e conferenciando em Maputo, não se mostra capaz de oferecer aquela coesão necessária para que eventuais encontros com o governo apresente credibilidade e empreste coerência às suas posições negociais.
O triunfalismo de proclamações como as proferidas por Alberto Chipande em Marromeu, alegadamente afirmando que a Renamo estava no fim servem objectivos de propaganda eleitoral e de moralização de forças militares e policiais manifestamente impreparadas para suster combates com uma guerrilha experiente.
Não é de crer que entre os estrategas governamentais e da Renamo não se saiba que uma solução puramente militar não é exequível.
Negociar em posição de força deve ser a motivação para os confrontos actuais.
Outro aspecto verificável é que os negociadores no Centro de Conferências Joaquim Chissano não possuem poderes suficientes para optar ou se abrirem a cedências fundamentais para um desfecho rápido e pacificador.
Depois de experiências desastrosas no passado, o ambiente está poluído de desconfiança entre as partes.
Ainda não há diálogo sério, dizia um membro fundador da Frelimo, outro diz que há que ter paciência com a Renamo como se a actual crise tivesse sido fruto de impaciência.
Está a ser difícil aos políticos entenderem e aceitarem que precisam tolerar-se e aceitar-se na qualidade de moçambicanos independentemente de suas origens étnicas, história, posição social e estatuto político actual.
O endurecimento no campo negocial já está a custar muito ao país. Não são só os investimentos estrangeiros ou não nacionais que sofrem mas toda a credibilidade duramente conquistada no contexto das nações.
Qualquer prerrogativa governamental legítima precisa ser vista com atenção e uma cultura que potencie os interesses supremos da nação moçambicana.
Torna-se, por demais evidente, que os interlocutores precisam de aconselhamento urgente.
E de conselheiros Moçambique não se pode queixar de carência.
O momento é de gravidade que não coaduna com proclamações legalistas e emocionais. A mentira conveniente de hoje não serve o interesse da paz e da estabilidade.
Reconhecer que o AGP foi torpedeado por práticas obstrucionistas concretas ao logo de sua vigência é um primeiro passo.
Segurança e confiança constroem-se através de actos e não agressões ou invasões.
Dar oportunidade à paz é uma obrigação do governo e da Renamo mas também de todos os moçambicanos.
A manutenção da paz não é um exercício académico em que se colocam na mesa opções ou avaliações teóricas de estratégicas não comprovadas.
“Não se brinca com o fogo” sem se colherem resultados quase sempre nefastos.
Reavivar o AGP é uma questão de sentido de estado e seriedade, de responsabilidade e de coerência.
As leis existem e são para cumprimento de todos mas não se pode pretender que não se conhece a realidade moçambicana e se esgrime tal lei para “tapar o Sol com peneira”.
Quem investiu na partidarização do Estado, na exclusão dos outros não poderia esperar colher outro tipo de frutos.
A intransigência e a intolerância complicam o desenvolvimento deste país de maneira profunda.
Pelos vistos a propaganda de que o país era um exemplo para o mundo no capítulo de manutenção da paz caiu por terra. Seus cultores e propagandistas estão encolhidos e silenciosos. A máscara da inverdade pode tardar a cair mas chega o seu dia.
(Noé Nhantumbo, Canalmoz)
Maputo (Canalmoz) - Num secretismo quanto ao número real de ví...timas que possam ter ocorrido nos confrontos entre forças governamentais e homens armados da Renamo cresce a crispação nos comandos militares e policiais do governo. Quando os generais estão sedentos de resultados e estes tardam em aparecer há que recorrer a alguma coisa para agradar aos chefes.
Os ataques esporádicos que têm sido noticiados, têm sido do estilo retaliação, e a escolha do momento tem sido dos guerrilheiros. Mudando um pouco de zona mas quase que se concentrado na EN1 entre o rio Save e Muxúnguè, uma guerrilha activa parece se ter instalado sem que do lado das forças governamentais se registe capacidade de lhe fazer frente com êxitos.
A corrida a Sadjundjira envolvendo ministro da Defesa e altos comandos da PRM logo após a sua tomada pelas forças governamentais mereceu tratamento especial na Imprensa mas isso não trouxe o sossego que se esperava.
Numa aparente combinação de medidas políticas e militares o governo encontra-se numa encruzilhada quanto às opções a seguir ou tomar.
Uma guerra aberta sem tréguas ainda não se mostra como a decisão tomada.
A logística da guerra é complicada e nem importações de armamento de última hora não confere as vantagens estratégicas julgadas necessárias.
Enquanto na capital do país se ensaiam passos que provavelmente levarão ao diálogo, os canais de contacto entre a liderança político-militar da Renamo e os mediadores encontram-se mais ou menos quebrados com a inexistência de uma Sadjundjira que acolhia encontros e operações mediáticas.
Uma Renamo bicéfala, fustigada no terreno e conferenciando em Maputo, não se mostra capaz de oferecer aquela coesão necessária para que eventuais encontros com o governo apresente credibilidade e empreste coerência às suas posições negociais.
O triunfalismo de proclamações como as proferidas por Alberto Chipande em Marromeu, alegadamente afirmando que a Renamo estava no fim servem objectivos de propaganda eleitoral e de moralização de forças militares e policiais manifestamente impreparadas para suster combates com uma guerrilha experiente.
Não é de crer que entre os estrategas governamentais e da Renamo não se saiba que uma solução puramente militar não é exequível.
Negociar em posição de força deve ser a motivação para os confrontos actuais.
Outro aspecto verificável é que os negociadores no Centro de Conferências Joaquim Chissano não possuem poderes suficientes para optar ou se abrirem a cedências fundamentais para um desfecho rápido e pacificador.
Depois de experiências desastrosas no passado, o ambiente está poluído de desconfiança entre as partes.
Ainda não há diálogo sério, dizia um membro fundador da Frelimo, outro diz que há que ter paciência com a Renamo como se a actual crise tivesse sido fruto de impaciência.
Está a ser difícil aos políticos entenderem e aceitarem que precisam tolerar-se e aceitar-se na qualidade de moçambicanos independentemente de suas origens étnicas, história, posição social e estatuto político actual.
O endurecimento no campo negocial já está a custar muito ao país. Não são só os investimentos estrangeiros ou não nacionais que sofrem mas toda a credibilidade duramente conquistada no contexto das nações.
Qualquer prerrogativa governamental legítima precisa ser vista com atenção e uma cultura que potencie os interesses supremos da nação moçambicana.
Torna-se, por demais evidente, que os interlocutores precisam de aconselhamento urgente.
E de conselheiros Moçambique não se pode queixar de carência.
O momento é de gravidade que não coaduna com proclamações legalistas e emocionais. A mentira conveniente de hoje não serve o interesse da paz e da estabilidade.
Reconhecer que o AGP foi torpedeado por práticas obstrucionistas concretas ao logo de sua vigência é um primeiro passo.
Segurança e confiança constroem-se através de actos e não agressões ou invasões.
Dar oportunidade à paz é uma obrigação do governo e da Renamo mas também de todos os moçambicanos.
A manutenção da paz não é um exercício académico em que se colocam na mesa opções ou avaliações teóricas de estratégicas não comprovadas.
“Não se brinca com o fogo” sem se colherem resultados quase sempre nefastos.
Reavivar o AGP é uma questão de sentido de estado e seriedade, de responsabilidade e de coerência.
As leis existem e são para cumprimento de todos mas não se pode pretender que não se conhece a realidade moçambicana e se esgrime tal lei para “tapar o Sol com peneira”.
Quem investiu na partidarização do Estado, na exclusão dos outros não poderia esperar colher outro tipo de frutos.
A intransigência e a intolerância complicam o desenvolvimento deste país de maneira profunda.
Pelos vistos a propaganda de que o país era um exemplo para o mundo no capítulo de manutenção da paz caiu por terra. Seus cultores e propagandistas estão encolhidos e silenciosos. A máscara da inverdade pode tardar a cair mas chega o seu dia.
(Noé Nhantumbo, Canalmoz)
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