A Assembleia da República aprovou, recentemente, uma lei que confere ao Presidente da República, PR, e aos deputados cessantes regalias que roçam a consciência humana. Esta lei, a ser promulgada pelo chefe de Estado, vai confirmar o que se diz que a diferença entre os políticos dos países atrasados dos desenvolvidos é a sua abnegação à causa do povo.
Os políticos do mundo civilizado procuram um pódio para resolver os problemas do país, enquanto os nossos pretendem, tão-somente, um lugar para acabar com a sua pobreza à custa do povo, arruinando-o cada vez mais. Vão para o parlamento à procura de uma vida melhor, de uma reforma de luxo. Obcecados que andam, quando se trata debater suas regalias, são unânimes.
As regalias e salários dos nossos governantes e legisladores são incorportáveis - importação de viaturas isenta de impostos, férias no estrangeiro com sua família e dependentes, assistência médica e medicamentosa, num país onde tudo falta. Nos centros de saúde, por vezes, nem paracetamol, para aliviar uma dor de dente existe. Se o PR promulgar esta lei imoral, afirmaremos que ele entra para a História pela porta traseira.
O nosso PR, juízes no topo da carreira e os deputados recebem quase 50 vezes mais comparativamente ao salário médio dos governados. Estes salários são financiados pelos nossos impostos e por países que apoiam o orçamento do nosso estado. Os indivíduos que estão no Estado querem perpetuar a nossa pobreza. Eles se esquecem de que a pobreza é um barril de pólvora que pode, a qualquer momento, explodir.
Enquanto eles nadam em dinheiro, o povo não tem escolas. As nossas crianças estudam ao relento e encurvadas ao chão. Não há centros de saúde de qualidade. O povo é transportado em carrinhas de caixa aberta. Não há rede comercial para ajudar a produção agrícola. As estradas do País estão quase todas esburacadas. Os problemas são infinitos.
O governo diz que o País é pobre, não tem recursos financeiros para pagar salários condignos aos funcionários do Estado. Ouvimo-lo a dizer aos médicos e enfermeiros que não há dinheiro para lhes pagar salários um pouco melhorados. Os professores, do primário ao universitário, passando por investigadores, recebem simples trocados dos nossos governantes e isso é imoral num Estado de Direito Democrático e de justiça social.
Os nossos políticos não têm a visão de estado. Vemos a erguerem-se infra-estruturas não prioritários para o desenvolvimento, como a ponte sobre Catembe, o novo aeroporto de Nacala, os novos edifícios onde funciona o gabinete do PR e o do Banco Moçambique, etc.
O MDM, que anda na boca do povo, ficou a perder ao votar com a bancada da Frelimo, na arte de bem cavalgar o povo. Não se pode ficar admirado com a postura da bancada da Frelimo porque sua gente está
especializada no abuso do erário público. Um pecado praticado pelo diabo não espanta ninguém, mas, o feito pelo santo derruba a aldeia inteira.
Edwin Hounnou
No comments:
Post a Comment