Coerência, diplomacia visitem o Centro de Conferências “Joaquim Chissano”
Beira (Canalmoz) – Essa coisa tão cara chamada de moçambicanidade é superior aos pontos de vista que se possam ter sobre a actual crise político-militar no país.
Enquanto uns teimam em utilizar linguagem inflamatória, tudo ficará mais atrasado em detrimento dos reais interesses de milhões de moçambicanos.
Existe uma percepção de que alguns segmentos políticos moçambicanos querem limitar o jogo negocial à defesa dos seus interesses particulares. Não se está olhando para o quadro geral e para aquilo que são realmente os pontos de discórdia.
A leitura feita é redutora e tendente a sobrevalorizar aquilo que alguns políticos e governantes consideram vantagens adquiridas.
Deste modo, e seguindo a via da confrontação verbal e bélica, a paz continuará longe de nós.
Numa clara tentativa de manter o status, somos diariamente surpreendidos por declarações de todo descabidas. Uma coisa aceitável é defender a Constituição, o Estado de Direito, a vida dos moçambicanos, os direitos humanos universalmente consagrados à pessoa humana, e outra bem diferente é enveredar pelo terrorismo verbal.
Alguém com mãos sujas de sangue não se pode dar ao direito de designar os outros de sanguinários. Nenhuma guerra é limpa e isenta de sangue, mas é possível fazer política sem entrar em guerra. A quem favorece o estado de guerra? Quem quer a guerra? Musculatura verbal, insultos e demagogia são instrumentos dos que temem a democracia.
Alguém que faz parte daqueles que nunca cumpriram na íntegra o AGP de Roma não se pode dar ao luxo de vir a público e dizer que as pretensões da outra parte constituem uma aberração. Falar em público e para consumo público não é tão fácil como possa parecer. Algumas pessoas deveriam ser proibidas de fazer pronunciamentos públicos de natureza política.
O momento é de extrema gravidade e sensibilidade. A diplomacia e o tacto político devem substituir baboseiras e venalidades.
Quem não sabe deve aprender, e como no futebol, onde há chicotadas psicológicas, na política moçambicana deve crescer a qualidade dos que dirigem os partidos políticos. Quem escolhe uma equipa negocial deve assumir responsabilidades pelo desenrolar dos acontecimentos. O que está em jogo supera de longe aquilo que alguns negociadores consideram de agenda e mandato recebidos.
Enquanto não houver capacidade de ver para além do círculo restrito dos interesses particulares e não se assumir com responsabilidade a dimensão de pátria moçambicana, tantas vezes apregoada em discursos poético-políticos, continuaremos a “marcar passo”.
Não vale de nada barafustar e insultar os outros. O que está em causa é bem conhecido e os moçambicanos acordaram da “doença do sono” de que sofriam. Uma vaga de ar fresco, de vento democrático, de reconhecimento dos embustes em que viviam, faz-lhes ver que Moçambique tem de mudar, os paradigmas devem mudar.
Que ninguém tenha método de “caças às bruxas” do passado, pois existe entendimento suficientemente claro de que exageros e erros do passado são próprios de processos políticos complexos e pouco lineares.
A abertura e responsabilidade no diálogo e negociações em curso são factores que trarão os resultados desejados pelos moçambicanos.
É preciso dar oportunidade para que os moçambicanos escolham quem os vai dirigir nos próximos anos num processo justo, livre e transparente. As jogatinas e truques do passado recente foram descobertas, embora se ensaiem passos novos no sentido de subverter a vontade popular.
Regularizar e normalizar o quadro político nacional requer um esforço por parte dos líderes políticos do país.
Moçambique clama por uma liderança patriótica e não mais demagogia entorpecente.
As condições materiais, os recursos naturais e humanos existem para transformar o país numa história de sucesso.
Cabe aos comunicadores sociais, à mídia, aos líderes religiosos auxiliarem os políticos num momento em que alguns estão ficando cegos e desprovidos de senso comum.
A febre do sucesso entre editores e jornalistas não lhes deve fazer perder de vista que colocar mais “gasolina na fogueira” é perigosíssimo.
Não se esqueça alguém de que foi a continuada defesa do indefensável, da fraude e manipulação da vontade popular, protagonizada por um “rebanho” de comunicadores sociais que impediu que a denúncia de irregularidades e ilicitudes graves nos pleitos eleitorais acontecesse.
Compreende-se que cada um procura proteger o pão, mas a dignidade humana é superior às benesses e mordomias oferecidas ou atribuídas.
Os poderes democráticos e a sua separação efectiva são uma necessidade de ontem e de hoje para a pacificação do país. Ao “Quarto Poder” cabe a responsabilidade de informar com isenção, de contribuir para a educação dos cidadãos, de vigiar os outros poderes instituídos e denunciar práticas lesivas do interesse dos cidadãos. Uma cidadania activa exige comprometimento e dignidade.
Porque constitui grave violação dos preceitos democráticos, há que travar a onda despesista duma campanha político-eleitoral antecipada e feita à custa do erário público. Governar pelo exemplo, falar de austeridade e praticar austeridade, humildade e dedicação à causa pública, liderar, é o que os moçambicanos anseiam dos seus políticos e governantes.
Aquela por vezes denominada maturidade política está em falta e na verdade rareia, parece algo em extinção ou realmente extinto. Enquanto a mediocridade política e atitudes dignas e características de boçais vingam, perde Moçambique e perdem os moçambicanos…
Queremos eleições e não formalismos eleitorais. E quando chegar a hora de votar, como Desmond Tutu bem disse, que “ninguém vote como ovelha”…
(Noé Nhantumbo, Canalmoz)
Beira (Canalmoz) – Essa coisa tão cara chamada de moçambicanidade é superior aos pontos de vista que se possam ter sobre a actual crise político-militar no país.
Enquanto uns teimam em utilizar linguagem inflamatória, tudo ficará mais atrasado em detrimento dos reais interesses de milhões de moçambicanos.
Existe uma percepção de que alguns segmentos políticos moçambicanos querem limitar o jogo negocial à defesa dos seus interesses particulares. Não se está olhando para o quadro geral e para aquilo que são realmente os pontos de discórdia.
A leitura feita é redutora e tendente a sobrevalorizar aquilo que alguns políticos e governantes consideram vantagens adquiridas.
Deste modo, e seguindo a via da confrontação verbal e bélica, a paz continuará longe de nós.
Numa clara tentativa de manter o status, somos diariamente surpreendidos por declarações de todo descabidas. Uma coisa aceitável é defender a Constituição, o Estado de Direito, a vida dos moçambicanos, os direitos humanos universalmente consagrados à pessoa humana, e outra bem diferente é enveredar pelo terrorismo verbal.
Alguém com mãos sujas de sangue não se pode dar ao direito de designar os outros de sanguinários. Nenhuma guerra é limpa e isenta de sangue, mas é possível fazer política sem entrar em guerra. A quem favorece o estado de guerra? Quem quer a guerra? Musculatura verbal, insultos e demagogia são instrumentos dos que temem a democracia.
Alguém que faz parte daqueles que nunca cumpriram na íntegra o AGP de Roma não se pode dar ao luxo de vir a público e dizer que as pretensões da outra parte constituem uma aberração. Falar em público e para consumo público não é tão fácil como possa parecer. Algumas pessoas deveriam ser proibidas de fazer pronunciamentos públicos de natureza política.
O momento é de extrema gravidade e sensibilidade. A diplomacia e o tacto político devem substituir baboseiras e venalidades.
Quem não sabe deve aprender, e como no futebol, onde há chicotadas psicológicas, na política moçambicana deve crescer a qualidade dos que dirigem os partidos políticos. Quem escolhe uma equipa negocial deve assumir responsabilidades pelo desenrolar dos acontecimentos. O que está em jogo supera de longe aquilo que alguns negociadores consideram de agenda e mandato recebidos.
Enquanto não houver capacidade de ver para além do círculo restrito dos interesses particulares e não se assumir com responsabilidade a dimensão de pátria moçambicana, tantas vezes apregoada em discursos poético-políticos, continuaremos a “marcar passo”.
Não vale de nada barafustar e insultar os outros. O que está em causa é bem conhecido e os moçambicanos acordaram da “doença do sono” de que sofriam. Uma vaga de ar fresco, de vento democrático, de reconhecimento dos embustes em que viviam, faz-lhes ver que Moçambique tem de mudar, os paradigmas devem mudar.
Que ninguém tenha método de “caças às bruxas” do passado, pois existe entendimento suficientemente claro de que exageros e erros do passado são próprios de processos políticos complexos e pouco lineares.
A abertura e responsabilidade no diálogo e negociações em curso são factores que trarão os resultados desejados pelos moçambicanos.
É preciso dar oportunidade para que os moçambicanos escolham quem os vai dirigir nos próximos anos num processo justo, livre e transparente. As jogatinas e truques do passado recente foram descobertas, embora se ensaiem passos novos no sentido de subverter a vontade popular.
Regularizar e normalizar o quadro político nacional requer um esforço por parte dos líderes políticos do país.
Moçambique clama por uma liderança patriótica e não mais demagogia entorpecente.
As condições materiais, os recursos naturais e humanos existem para transformar o país numa história de sucesso.
Cabe aos comunicadores sociais, à mídia, aos líderes religiosos auxiliarem os políticos num momento em que alguns estão ficando cegos e desprovidos de senso comum.
A febre do sucesso entre editores e jornalistas não lhes deve fazer perder de vista que colocar mais “gasolina na fogueira” é perigosíssimo.
Não se esqueça alguém de que foi a continuada defesa do indefensável, da fraude e manipulação da vontade popular, protagonizada por um “rebanho” de comunicadores sociais que impediu que a denúncia de irregularidades e ilicitudes graves nos pleitos eleitorais acontecesse.
Compreende-se que cada um procura proteger o pão, mas a dignidade humana é superior às benesses e mordomias oferecidas ou atribuídas.
Os poderes democráticos e a sua separação efectiva são uma necessidade de ontem e de hoje para a pacificação do país. Ao “Quarto Poder” cabe a responsabilidade de informar com isenção, de contribuir para a educação dos cidadãos, de vigiar os outros poderes instituídos e denunciar práticas lesivas do interesse dos cidadãos. Uma cidadania activa exige comprometimento e dignidade.
Porque constitui grave violação dos preceitos democráticos, há que travar a onda despesista duma campanha político-eleitoral antecipada e feita à custa do erário público. Governar pelo exemplo, falar de austeridade e praticar austeridade, humildade e dedicação à causa pública, liderar, é o que os moçambicanos anseiam dos seus políticos e governantes.
Aquela por vezes denominada maturidade política está em falta e na verdade rareia, parece algo em extinção ou realmente extinto. Enquanto a mediocridade política e atitudes dignas e características de boçais vingam, perde Moçambique e perdem os moçambicanos…
Queremos eleições e não formalismos eleitorais. E quando chegar a hora de votar, como Desmond Tutu bem disse, que “ninguém vote como ovelha”…
(Noé Nhantumbo, Canalmoz)
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