Olá Amélia
Como estás, amiga? E a tua família? Do meu lado está tudo bem, felizmente.
Mas, mais uma vez, muito preocupado. É que acabo de ver, numa reportagem de uma das nossas televisões, mais um caso de abuso de poder de agentes da nossa Polícia. Dos chamados cinzentinhos.
Na reportagem aparece um cidadão, que admite ter cometido uma infracção, a contar q...ue, quando queria pagar a multa respectiva, viu, espantado, o agente policial disparar quatro tiros contra a roda da sua viatura, danificando a jante, o pneu e uma conduta de óleo dos travões.
Nem ele nem as várias testemunhas presentes conseguem entender por que razão o polícia disparou. Talvez ele tenha ficado aborrecido por o cidadão querer pagar a multa em vez de resolver o problema de outra maneira...
Mas a questão é que casos destes, ou parecidos com este, se estão a repetir com demasiada frequência. As pessoas já têm medo de ser mandadas parar, à noite, mesmo que tenham tudo em ordem. Em muitos casos são verdadeiros assaltos.
E nós só ficamos a saber dos casos em que as vítimas fazem circular a informação, o que é, certamente, uma minoria dos casos que acontecem.
Ficámos a saber que foram assaltados por cinzentinhos dois pilotos da TAP. Ficámos a saber de idêntico assalto a oficiais de um navio de guerra italiano que estava atracado no nosso porto e mais alguns casos que são colocados, como avisos, nas redes sociais.
Há dias li as declarações de um cidadão sul-africano, grande apreciador de Maputo, que dizia que não ia voltar à nossa capital. A razão era estar farto de ser incomodado pela nossa Polícia ao longo das estradas, sempre à espera de receberem uma gorjeta.
E é lamentável que estas autênticas extorsões sejam feitas por agentes policiais ameaçadoramente munidos de armas de guerra.
Eu creio que a primeira medida para acabar com estes abusos era desarmar a maioria dos polícias. Para manter a ordem no trânsito ou nas ruas da cidade a Polícia não necessita para nada de armas, especialmente de AKMs. Que usem armas em missões especiais, em que se receia reacções violentas, muito bem. No dia-a-dia, não.
E outro aspecto importante é que estes agentes que se dedicam a incomodar os cidadãos, acusando-os de não estarem a cumprir a lei estão TODOS ELES a não cumprir o preceito legal que obriga a que tenham a sua identificação bem visível no fardamento. Não aparece um a cumprir essa norma. De forma que somos assaltados e nem sequer podemos identificar quem nos assaltou.
Será que os comandantes destes polícias ignoram o que se está a passar? Se ignoram é porque andam muito distraídos. Sabe-se lá com quê...
Um beijo para ti do
Machado da Graça
CORREIO DA MANHÃ – 24.06.2014
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