Friday, 27 June 2014

A dura realidade do “my love”



VIAJAR num meio de transporte público revela-se, cada dia que passa, mais difícil. Cruzando as cidades de Maputo e Matola, as pessoas vão somando e seguindo nos famosos “my love”, aperfeiçoando as suas habilid...ades no acto de embarcar ou desembarcar.
O exercício, invariavelmente, acontece pela necessidade de se deslocar de casa para diversos lugares e vice-versa. Independentemente da hora, há que viajar. Como os meios para o efeito vão rareando e de forma contínua, a solução é viajar nas camionetas e seguir ao destino.
Este exercício é mais penoso entre as mulheres que geralmente são as menos habilitadas neste malabarismo, mas mesmo assim têm de se sujeitar porque o objectivo é chegar ao destino. Não conta o risco, nem a decência do gesto.
Estando na viatura, não interessa onde nem em quem se apoiar, sobretudo na hora do embarque. Homens e mulheres de proveniência estranha unem-se em abraços, tudo em busca de segurança.
Daí o nome de my love, pois no “chapa” o “amor” que uns nutrem pelos outros não tem fronteira.
Aquelas camionetas também se designam “Ver Moçambique” pelo facto de permitirem uma vista panorâmica aos viajantes que contemplam a paisagem durante o percurso, desde as coisas bizarras às mais bonitas.
O termo empregue é um empréstimo que vem da designação de um programa televisivo que mostra a realidade dos moçambicanos de lés-a-lés: O “Ver Moçambique”. Para outros, as carrinhas de caixa aberta chamam-se também “varandas”, pois faz-se uma analogia de viajar num sítio aberto, a estar-se em casa numa varanda a deleitar-se com a brisa que só a mãe natureza pode oferecer. E assim vão os moçambicanos divertindo-se com as suas próprias dificuldades, face à dura realidade da falta de transporte. A imagem captada pelo nosso colega Alcides Tamele mostra o dia-a-dia nas estradas de Maputo e Matola.



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