Thursday, 26 June 2014

Embaixador português diz que espectro de guerra deriva da “falta de confiança entre as partes”

 
“Faltou confiança entre as partes. Em democracia todos são importantes e nada se fará sem confiança. É preciso compreender o próximo..., perdoar o próximo, incluir o próximo, e no diálogo fazermos algumas concessões.”


Maputo (Canalmoz) – O embaixador de Portugal em Maputo, José Augusto Duarte, disse, na manhã de terça-feira, 24 de Junho, na capital do país, que o actual conflito político-militar, que tem como protagonistas o Governo da Frelimo e a Renamo, derivou da falta de confiança entre as partes signatárias do Acordo Geral de Paz assinado em 1992 na cidade italiana de Roma.
“Faltou confiança entre as partes. Em democracia todos são importantes e nada se fará sem confiança”, disse Augusto Duarte em resposta a uma pergunta apresentada pelo Canalmoz sobre o que terá falhado – arrastando o país para o actual conflito – nos acordos de Roma assinados em 1992 entre o Governo e a Renamo, em que Portugal teve um importante papel.
O embaixador português visitou na segunda-feira a sede do Parlamento Juvenil na última etapa das jornadas diplomáticas, que vinham sendo promovidas por aquele organismo da sociedade civil moçambicana.
Dirigindo-se a dezenas de jovens, o diplomata português disse que é preciso, em democracia, incentivar a diferença na participação na política interna.
“Achamos que numa democracia todas as diferenças políticas devem ser dirimidas dentro do quadro constitucional”, disse o embaixador. Ele classificou a actual guerra como um travão ao desenvolvimento moçambicano.
“É preciso compreender o próximo, perdoar o próximo, incluir o próximo, e no diálogo fazermos algumas concessões”, afirmou Augusto Duarte.
“As pessoas precisam de viver em paz. Depois de 10 anos de guerra contra o colonialismo e 16 anos de guerra interna, chega de guerra”, considerou Augusto Duarte. E acrescentou: “É do interesse de todo o povo moçambicano, mas também de quem mais investe em Moçambique, como Portugal”.
O embaixador disse que Portugal teve a percepção de que o conflito seria ultrapassado o mais rápido possível. Mas disse que a juventude deve arranjar causas pelas quais deve lutar, lembrando que, em cada etapa, a juventude sempre teve causas e razões pelas quais se bateu, tal como é o caso de Nelson Mandela e de Barack Obama.
Decalrou que a liberdade de expressão, de opinião e de imprensa nunca é uma vitória totalmente alcançada.
Sobre a política externa de Portugal, o embaixador fez um breve historial, para explicar que ela não muda em função da cor política e dos Governos.
“Em 1974, o golpe de Estado, que teve o apoio da população, pôs fim a 49 anos de ditadura. Por causa das suas razões, o golpe deixou de ser militar e ficou uma revolução”, explicou.
Em declarações à imprensa, à sua chegada à sede do Parlamento Juvenil, onde foi recebido pelo presidente daquela organização da sociedade civil, Salomão Muchanga, o embaixador português afirmou que a resolução de conflito moçambicano, que actualmente opõe o Governo da Frelimo e a Renamo, a principal força política na oposição, cabe aos próprios moçambicanos dentro dos princípios constitucionais.
Acrescentou que Portugal, um dos países convidados pelo Governo e pela Renamo para fazer parte do grupo dos observadores internacionais, poderá ajudar na resolução da tensão, caso seja solicitado pelas partes competentes.
Augusto Duarte foi o oitavo e último embaixador a visitar o Parlamento Juvenil, no âmbito das jornadas diplomáticas que, segundo Salomão Muchanga, visaram dar uma contribuição para o desenvolvimento da democracia, da cidadania activa e da cooperação.



(Bernardo Álvaro, Canalmoz)


Photo: Embaixador português diz que espectro de guerra deriva da “falta de confiança entre as partes” (#canalmoz)

“Faltou confiança entre as partes. Em democracia todos são importantes e nada se fará sem confiança. É preciso compreender o próximo, perdoar o próximo, incluir o próximo, e no diálogo fazermos algumas concessões.”

Maputo (Canalmoz) – O embaixador de Portugal em Maputo, José Augusto Duarte, disse, na manhã de terça-feira, 24 de Junho, na capital do país, que o actual conflito político-militar, que tem como protagonistas o Governo da Frelimo e a Renamo, derivou da falta de confiança entre as partes signatárias do Acordo Geral de Paz assinado em 1992 na cidade italiana de Roma.
 “Faltou confiança entre as partes. Em democracia todos são importantes e nada se fará sem confiança”, disse Augusto Duarte em resposta a uma pergunta apresentada pelo Canalmoz sobre o que terá falhado – arrastando o país para o actual conflito – nos acordos de Roma assinados em 1992 entre o Governo e a Renamo, em que Portugal teve um importante papel. 
O embaixador português visitou na segunda-feira a sede do Parlamento Juvenil na última etapa das jornadas diplomáticas, que vinham sendo promovidas por aquele organismo da sociedade civil moçambicana.
Dirigindo-se a dezenas de jovens, o diplomata português disse que é preciso, em democracia, incentivar a diferença na participação na política interna.
“Achamos que numa democracia todas as diferenças políticas devem ser dirimidas dentro do quadro constitucional”, disse o embaixador. Ele classificou a actual guerra como um travão ao desenvolvimento moçambicano.
“É preciso compreender o próximo, perdoar o próximo, incluir o próximo, e no diálogo fazermos algumas concessões”, afirmou Augusto Duarte.
 “As pessoas precisam de viver em paz. Depois de 10 anos de guerra contra o colonialismo e 16 anos de guerra interna, chega de guerra”, considerou Augusto Duarte. E acrescentou: “É do interesse de todo o povo moçambicano, mas também de quem mais investe em Moçambique, como Portugal”.
O embaixador disse que Portugal teve a percepção de que o conflito seria ultrapassado o mais rápido possível. Mas disse que a juventude deve arranjar causas pelas quais deve lutar, lembrando que, em cada etapa, a juventude sempre teve causas e razões pelas quais se bateu, tal como é o caso de Nelson Mandela e de Barack Obama.
Decalrou que a liberdade de expressão, de opinião e de imprensa nunca é uma vitória totalmente alcançada. 
Sobre a política externa de Portugal, o embaixador fez um breve historial, para explicar que ela não muda em função da cor política e dos Governos.
“Em 1974, o golpe de Estado, que teve o apoio da população, pôs fim a 49 anos de ditadura. Por causa das suas razões, o golpe deixou de ser militar e ficou uma revolução”, explicou. 
Em declarações à imprensa, à sua chegada à sede do Parlamento Juvenil, onde foi recebido pelo presidente daquela organização da sociedade civil, Salomão Muchanga, o embaixador português afirmou que a resolução de conflito moçambicano, que actualmente opõe o Governo da Frelimo e a Renamo, a principal força política na oposição, cabe aos próprios moçambicanos dentro dos princípios constitucionais.
Acrescentou que Portugal, um dos países convidados pelo Governo e pela Renamo para fazer parte do grupo dos observadores internacionais, poderá ajudar na resolução da tensão, caso seja solicitado pelas partes competentes. 
Augusto Duarte foi o oitavo e último embaixador a visitar o Parlamento Juvenil, no âmbito das jornadas diplomáticas que, segundo Salomão Muchanga, visaram dar uma contribuição para o desenvolvimento da democracia, da cidadania activa e da cooperação. (Bernardo Álvaro)

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