Wednesday, 11 June 2014

Automobilistas recusam-se a integrar colunas de exército no centro de Moçambique

Automobilistas e passageiros recusaram-se hoje a integrar colunas do exército no troço de cem quilómetros entre Save e Muxúnguè, Sofala, centro de Moçambique, exigindo o seu cancelamento, por estarem a "atiçar a instabilidade e o conflito".
"O exército escolta-nos, mas há ataques constantes no troço. Estes ataques visam militares. Então que nos deixem fazer sozinhos o percurso como dantes", disse à Lusa por telefone, Sebastião Jorge, transportador de carga, e que descreveu a existência de milhares de carros parados, cujos proprietários "recusam-se a integrar a coluna no Save".
Um novo ataque, atribuído a homens armados da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), maior partido da oposição em Moçambique, feriu hoje dois civis, após dois dias de interregno nos confrontos, quando a coluna do exército, de Muxúnguè para Save, foi emboscada na região do rio Gorongosa, na N1, a estrada que liga o sul e o centro do país.
Depois de metralhada a viatura blindada do exército que lidera as escoltas, a coluna ficou imobilizada durante cerca de 30 minutos de "fogo cruzado" e dois civis ficaram feridos ao caírem quando tentavam fugir do tiroteio, disse à Lusa fonte do Hospital Rural de Muxúnguè, para onde foram transportados.
Há quase duas semanas, as ofensivas foram intensificadas no troço Save-Muxúnguè, onde a movimentação de passageiros e carga são realizadas sob escolta militar desde abril do ano passado, quando eclodiram os primeiros confrontos.
"Nós recusamo-nos a integrar as colunas, porque estas não nos servem. Ao invés de ficarmos protegidos com o exército, estamos mais expostos e vulneráveis. Logo é preferível que sigamos sozinhos sem nenhum militar", declarou à Lusa um transportador de passageiros, que aderiu à paralisação no Save.
"Estamos cansados com a situação. Desde há duas semanas só há uma escolta em cada sentido, isso leva-nos a pernoitar várias vezes, ficar à espera e com custos elevados, porque as escoltas priorizam transportes de passageiros e viaturas pequenas", declarou Anastácio Torres, camionista.
A escalada dos ataques ressurgiu quando a Renamo suspendeu na semana passada o cessar-fogo unilateral que havia decretado, e já fez três militares mortos, 28 feridos, dos quais 13 civis.
Fontes militares no Save asseguraram à Lusa que a escolta de regresso para Muxúnguè, ao fim de três horas de negociações, apenas integrou viaturas ligeiras e alguns transportadores locais, sendo que os camionistas de longo-curso e os transportadores de passageiros interprovinciais "se recusaram a sair".
Recentemente, em declarações à Lusa, Basílio Monteiro, vice-comandante da Polícia moçambicana, garantiu que as escoltas militares só seriam "desativadas" quando se alcançasse a "estabilidade e segurança" dos viajantes.



Lusa

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