A guerra continua na região centro de Moçambique, neste sábado mais uma coluna de viaturas civis foi atacada quando circulava na Estrada Nacional nº1, no sentido sul - centro, cerca das 14 horas. Temos indicação, não oficial, de dois soldados mortos e outros feridos também entre os soldados das Forças de Defesa de Moçambique que em vez de protegerem a coluna usaram os civis como escudos pois, segundo várias testemunhas, os homens armados, alegadamente da Renamo, não disparam contra os cidadãos indefesos.
Pouco depois das 11 horas mais de um milhar de viaturas ligeiras e pesadas, e autocarros de transporte de passageiros, partiu da região do rio Save. À cabeça da coluna circulava uma viatura militar, marca Land Rover, transportando uma arma pesada e cerca de uma dezena de soldados.
À viagem, que para vários moçambicanos já decorria mal pois foram obrigado a pernoitar em condições precárias na véspera, ficou pior quando se acercavam da região de Zove e uma rajada de metralhadora atingiu o veículo militar, por sinal o único na coluna, que despitou-se e acabou por capotar na berma.
Seguiram momentos de pânico pois os tiros continuaram a "chover" das matas, sem que se conseguisse vislumbrar os atacantes. Supõe-se que sejam os homens de Afonso Dlakhama, o líder da Renamo.
Com o ataque surpresa vários carros colidiram devido a travagem brusca da coluna e a tentativa de outros efectuarem manobras para fugirem a àrea mais visada pelos tiros.
Outros civis saíram das viaturas onde viajavam e procuraram refúgio nas matas, de onde não vinham os tiros, e outros por baixo dos veículos imobilizados.
Os militares, algumas dezenas, que viajavam numa viatura da Polícia de Proteção e outros nas viaturas dos civis começaram por ripostar mas sem grande eficácia rapidamente puseram-se em debandada chegando mesmo a procurar refúgio entre os civis.
Segundo várias testemunhas que tem vividos os recentes ataques armados dos homens da Renamo afirmam que estes não visam alvos civis.
Alguns cidadãos que conversaram, telefonicamente com a nossa reportagem, relataram que foi evidente a falta de preparação por parte dos militares das FDS e também a falta de meios de combate. "Traziam metralhadora e alguns bazucas, a arma grande estava na viatura da frente que capotou (...) mas não tinham meios de comunicação e usavam os seus telemóveis para contactar o comando, naquela zona a rede era pouca e não havia forma de pedirem reforços."
Tal como começou o ataque terminou.
Contudo ainda faltavam vários quilómetros de viagem até Muxúnguè e foi preciso aguardar a chegada de reforços, que demoraram mais de 2 horas, para que a viagem pudesse prosseguir.
Entre os civis, que se contam mulheres e crianças pequenas, não há registo de vítimas. Pelo menos dois militares, que seguiam na viatura que capotou, perderam a vida e outros três ficaram feridos, contudo não foi possível apurar a sua gravidade dos ferimentos.
A Verdade
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