Por Edwin Hounnou
No dia 20 de Maio, iniciou a
segunda e inquestionável greve dos médicos e pessoal de saúde com consequências
catastróficas na vida das comunidades, apesar da falsa propaganda que o governo
faz passar através dos órgãos de comunicação social públicos. A greve ora em
curso, deve-se à má-fé do executivo. Os médicos têm toda a razão nas suas
reivindicações.
Quando da primeira greve, em Janeiro
deste ano, o governo assinou um memorando de entendimento, com o objectivo de parar
a greve, sem vontade de resolver os problemas do caderno reivindicativo. O
governo não está preocupado com o país. Enquanto
o jovem faz boladas de celulares, na baixa de Maputo, os governantes vão
bolando gás e carvão com as multinacionais, como canta o rapper Azagaia.
O executivo de Armando Guebuza continua
a comportar-se com arrogância. Os seus porta-vozes chegam a dizer que os médicos vieram pedir emprego e esses que se dizem ser médicos. Esses
indivíduos não são polidos. São grosseiros. Não são médicos? Porque andam
brigadas pelas casas dos grevistas a ameaçá-los para furarem a greve.
Chantageam indivíduos que se fazem de medicos enquanto não o são? Só um bossalismo
medieval permite a tanta besteira!
O governo violou os entendimentos
alcançados com a Associação Médica de Moçambique, AMM, para provar a sua falta
de vergonha e ausência de seriedade na gestão da coisa pública. Aumentou 15
porcento, apenas, sobre a magra base salarial dos médicos, alegando que, por
fases, igualá-lo-ia aos salários dos alfandegârios e magistrados até 2015.
Como não tem argumentos para
convencer a AMM e, agora também, a associação do pessoal de saúde, confrontando-se
com o descontentamento generalizado de outros sectores da função pública, como
os antigos trabalhadores da ex-RDA, dos desmobilizados de guerra e dos ex-funcionários
de SNASP, resta ao executivo socorrer-se da violência da Força de Intervenção
Rápida, FIR, – um instrumento privado de repressão do governo.
Quando os soldados da FIR ganharem
a consciência de que prende os seus parentes – irmãos e irmãs, e batem nos pais
e mães, sem justa causa não é coisa boa, o governo vai arder de fogo ateado
pelo povo enfurecido pelos males que anda a provocar na vida dos desgovernados.
O governo tem muitas frentes de duros
combates e só uma unha negra poderá salvá-lo da hecatombe, se medidas urgentes
na postura governativa quanto à gestão da coisa pública não forem tomadas.
Coleccionou um leque de inimigos que lhe vão fazer frente nos próximos tempos.
Ninguém acredita que os seus acólitos, através da propaganda e desinformação, possam
continuar a sustentar uma causa perdida.
A violência e a intransigência
não são caminho a seguir. O fechar os olhos aos problemas, não é solução, como
fazia o ministro de Informação do regime de Saddama Hussein, Muhammed
Al-Sahaf, que perguntava aos repórteres estrangeiros onde estavam
os soldados americanos, numa altura em que o prédio se encontrava abanava de
bombas.
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