Sobre a greve dos médicos moçambicanos no seu oitavo dia
Apesar de ser o povo o mais afectado pela greve dos médicos, este mesmo povo manifesta o seu inequívoco apoio a greve e exige o Estado a atender as exigências destes. Ironicamente, o governo acusa os médicos de serem humanamente insensíveis à causa do povo. De que povo fala o governo se este já mostrou a sua simpatia para a causa dos médicos? Deve estar claro para qualquer cidadão que na República de Moçambique, quem mata mais não é a malária, SIDA, Tuberculose ou a greve dos médicos.
Em Moçambique, quem mata mais é o governo através de:
a) Políticas salariais insensíveis que promovem e oficializam a corrupção em toda extensão das relações entre governadores e governados;
b) Corrupção galopante que retira grande parte dos recursos do Estado e do país para os bolsos individuais dos servidores do Estado, subvertendo desta forma a pirâmide do contrato social: em vez de serem os governantes os servidores do povo, eles servem-se do povo para perseguir seus fins ínvios
c) Canibalização da Polícia da República de Moçambique e instituições de administração de justiça que em vez de servirem os interesses do povo, tornam-nas em autênticos guardiões de interesses do poder político minoritário;
d) Um orçamento estruturado para atender as necessidades do Estado-parasita, que se reproduz na relação patrimonialista, ancorada numa ideologia gerontocrática agonizante, porém insaciável.
Resulta daí que tenhamos um país doente. Doenças advenientes de más condições de higiene e saneamento; da falta de água; da má nutrição, de politraumatismos resultantes de acidentes de viação fruto de más condições de estrada e de sinalização; da inoperância da polícia de trânsito, esta que quando entende está na estrada para “cobrar sua parte”, doentes que morrem da sida por falta de tratamento; cidadãos que morrem baleados pela PRM e pelos malfeitores, etc.
O QUE O CIDADAO DEVE SABER É
Ir ter com o médico constitui o último recurso, quando toda a cadeia preventiva quebra. É por isso que o Ministério chama-se MINISTÉRIO DA SAÚDE e não MINISTÉRIO DA DOENÇA. Isto significa que o Estado TEM O DEVER de proporcionar melhores condições que garantam uma boa saúde aos seus cidadãos. Ou seja, boa saúde não significa a possibilidade de ter um médico à altura das suas necessidades sempre que cair doente. Boa saúde significa o estágio, alcançável através da conjugação de boas políticas públicas e investimento na prevenção incluindo nos salários do pessoal da saúde. E esta é a responsabilidade do Estado, que não é questionada, que o próprio governo esqueceu-se dela. Enfim, COMO MOÇAMBICANOS ESTAMOS POTENCIALMENTE TODOS DOENTES e os que neste momento estão no hospital são representativos do estado doentio em que estamos todos.
Egidio Guilherme Vaz Raposo . Leia aqui.
Apesar de ser o povo o mais afectado pela greve dos médicos, este mesmo povo manifesta o seu inequívoco apoio a greve e exige o Estado a atender as exigências destes. Ironicamente, o governo acusa os médicos de serem humanamente insensíveis à causa do povo. De que povo fala o governo se este já mostrou a sua simpatia para a causa dos médicos? Deve estar claro para qualquer cidadão que na República de Moçambique, quem mata mais não é a malária, SIDA, Tuberculose ou a greve dos médicos.
Em Moçambique, quem mata mais é o governo através de:
a) Políticas salariais insensíveis que promovem e oficializam a corrupção em toda extensão das relações entre governadores e governados;
b) Corrupção galopante que retira grande parte dos recursos do Estado e do país para os bolsos individuais dos servidores do Estado, subvertendo desta forma a pirâmide do contrato social: em vez de serem os governantes os servidores do povo, eles servem-se do povo para perseguir seus fins ínvios
c) Canibalização da Polícia da República de Moçambique e instituições de administração de justiça que em vez de servirem os interesses do povo, tornam-nas em autênticos guardiões de interesses do poder político minoritário;
d) Um orçamento estruturado para atender as necessidades do Estado-parasita, que se reproduz na relação patrimonialista, ancorada numa ideologia gerontocrática agonizante, porém insaciável.
Resulta daí que tenhamos um país doente. Doenças advenientes de más condições de higiene e saneamento; da falta de água; da má nutrição, de politraumatismos resultantes de acidentes de viação fruto de más condições de estrada e de sinalização; da inoperância da polícia de trânsito, esta que quando entende está na estrada para “cobrar sua parte”, doentes que morrem da sida por falta de tratamento; cidadãos que morrem baleados pela PRM e pelos malfeitores, etc.
O QUE O CIDADAO DEVE SABER É
Ir ter com o médico constitui o último recurso, quando toda a cadeia preventiva quebra. É por isso que o Ministério chama-se MINISTÉRIO DA SAÚDE e não MINISTÉRIO DA DOENÇA. Isto significa que o Estado TEM O DEVER de proporcionar melhores condições que garantam uma boa saúde aos seus cidadãos. Ou seja, boa saúde não significa a possibilidade de ter um médico à altura das suas necessidades sempre que cair doente. Boa saúde significa o estágio, alcançável através da conjugação de boas políticas públicas e investimento na prevenção incluindo nos salários do pessoal da saúde. E esta é a responsabilidade do Estado, que não é questionada, que o próprio governo esqueceu-se dela. Enfim, COMO MOÇAMBICANOS ESTAMOS POTENCIALMENTE TODOS DOENTES e os que neste momento estão no hospital são representativos do estado doentio em que estamos todos.
Egidio Guilherme Vaz Raposo . Leia aqui.
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