Monday, 27 May 2013

Greve dos médicos: Jorge Arroz libertado após 4 horas de detenção


O Presidente da Associação Médica de Moçambique (AMM), Jorge Arroz, foi detido ao princípio da noite de ontem, na 6ª Esquadra da PRM, na cidade de Maputo, por quatro horas. António Pelembe, chefe das Operações do Comando Geral da Polícia alegou, cerca da 23 horas, em conferência de imprensa que Arroz pretendia levar a cabo, hoje, o encerramento de todas as unidades sanitárias do País.
O director de operações na AMM, Hamilton Muthemba, é citado pelo jornal Notícias, na sua edição de hoje, a dizer que a detenção ocorreu na sede onde se reúnem os médicos, quando Jorge Arroz se encontrava na companhia de outros elementos da direcção da sua agremiação à espera de uma eventual comunicação do Ministério da Saúde para conversações com vista ao fim da greve dos médicos, que decorre à escala nacional desde a semana passada.
Muthemba disse que na ocasião não foram explicadas as razões da detenção do médico e não lhes foi dada a possibilidade de ler o mandato de busca, alegadamente porque só poderia ser visto na Esquadra.
“Contactamos os advogados da associação para prestarem a devida assistência, enquanto nos dirigíamos à unidade policial. Não foi dada nenhuma explicação aos acompanhantes do detido que, depois de prestar declarações, foi recolhido à cela", explicou aquele oficial em declarações a jornalistas.
Na conferência de imprensa, Pelembe disse que Arroz não foi detido, mas sim notificado para prestar declarações. “A polícia encontrou Jorge Arroz em flagrante delito, reunido na associação médica de Moçambique a delinear um plano estratégico de como levar avante a greve no dia de amanhã (hoje). Tal plano visava o encerramento de todas as unidades sanitárias de modo a impedir os que por consciência prestam serviços mínimos aos doentes, e a evacuação de todos os doentes para fora dos hospitais”.
Ainda de acordo com aquele diário, a presença de Jorge Arroz numa das celas daquela unidade policial originou um ambiente agitado na praça 25 de Setembro, localizado no cruzamento entre as avenidas Marien Ngouabi e acordos de Lusaka. Centenas de pessoas entre médicos, políticos da oposição, jornalistas e mirones amontoaram-se no local, para acompanhar de perto o que estava a acontecer, até à retirada do Presidente da associação médica, por volta das 22:30 horas.
Apesar da atitude pacífica dos médicos que apoiam Jorge Arroz, a 6ª esquadra viveu alguns momentos de tensão, entre protestos e apelos à calma por parte de alguns advogados e pessoal ligado aos direitos humanos que estiveram no local. Momentos houve em que se receou a perda de controlo da situação, também atenuada pela postura dos agentes policiais.
 Os médicos filiados na AMM iniciaram uma greve de cinco dias prorrogáveis no dia 20 de Maio, exigindo um aumento salarial de 100 por cento e a aprovação do Estatuto Médico pela Assembleia da República. Findo esse período e por não ter havido consenso com o Ministério da Saúde na forma do diálogo, a associação médica voltou a reiterar ontem no final da noite a prorrogação da greve, por um tempo indeterminado.



RM

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