Por Edwin Hounnou
O governo do partido Frelimo, no
poder, em Moçambique, desde 1975, ano da Independência, encontra-se num beco
difícil de se desambaraçar. O povo já não suporta mais ser governado nos moldes
de há 38 anos. O executivo ainda não se apercebeu que os tempos mudaram, por
isso, é preciso adaptar-se aos novos tempos. A situação já estava mal na era de
Joaquim Chissano, porém, ela piorou quando Armando Guebuza, uma pessoa intolerante,
imbuído de espírito de enriquecimento sem causa, como José Eduardo dos Santos,
o ditador de Angola, chegou, pela primeira vez ao poder, a 2 de Fevereiro de
2005.
O dossier madgermane, trabalhadores moçambicanos regressados da ex-RDA
paraece não ter qualquer solução em vista. A fúria das chambocadas da FIR - espécie
de uma força privada do governo - não faz recuar os desmobilizados de guerra
que, às terças-feiras, se juntam defronte do gabinete do primeiro-ministro, para
exigir uma pensão justa. As greves, na função pública, sucedem-se reclamando
melhores salários e condições de trabalho, tendo atingido o apogeu com a
paralização laboral dos médicos e pessoal da saúde. O governo tem um argueiro
nos olhos que não lhe permite ver o caos em que o país se encontra.
As reivindicações da Renamo – paridade
nos órgãos eleitorais, despartidarização da função pública e a justa
distribuição da riqueza nacional – vão ganhando cada vez maior número de
adeptos, por parecerem justas. Os clamores do MDM que se queixa da vandalização
das suas delegações e interdição, por parte de edis e administradores instrumentalizados,
e da Frelimo, que se diz democrática, de exercer, de forma livre, as suas
actividades, avolumam simpatias do público cansado de ver ditadores a cuspirem
para o povo. Quem tem olhos, pode ver. Quem tem ouvidos, pode ouvir.
Não é verdade que o governo não
tem dinheiro para pagar bem os funcionários do Estado, mas, paga razoavemente bem
aos magistrados e aos funcionários da alfândegas e do Ministério das Finanças.
Assistimos as pomposas viagens aéreas do Presidente da República pelas aldeias,
em promoção do seu partido. As orgias da primeira-dama ultrapassam o seu
estatuto. O secretário-geral do partido no poder, nas suas deslocações,
paralisa as instituições públicas apesar de ele não ocupar nenhum lugar de
eleição nem de nomeação. Guebuza implantou, no país, um regime oligárquico e medieval.
O problema que se coloca é a
forma como a renda nacional e as possibilidades do povo ser rico são
distribuídas. É irracional um governo que isenta cobrança de impostos justos às
multinacionais. De onde virá o dinheiro que falta se o governo não colhe
impostos às grandes empresas? Dizer que não há dinheiro para pagar bem e
melhorar a vida do povo, é uma mentira grave e grosseira. Em política, a
mentira e a arrogância pagam-se caro e os sinais da obsolência do governo estão
à vista. Se nada for feito no sentido de alterar a maneira de governação do
país, os dirigentes da a Frelimo caminham para a forca.
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