Monday, 30 June 2014

GOVERNO E RENAMO ALCANÇAM CONSENSOS PARCIAIS



 Maputo, 30 Jun (AIM) Depois de duas semanas consecutivas sem se reunirem, as delegações do governo e da Renamo, maior partido da oposição, alcançaram, hoje, consensos parciais sobre os termos de referência, o que leva a crer que existe uma luz no fundo do túnel no que diz respeito a esse documento considerado crucial para o fim das hostilidades no centro do País.
As duas partes concordaram, em sede do diálogo, haver a necessidade da cessação imediata das hostilidades e também em haver o encontro ao mais alto nível entre o Presidente moçambicano, Armando Guebuza, e o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, que se encontra em parte incerta.
Para além desses pontos, as partes concordaram que deve haver observação e monitoria de todo o processo de cessação das hostilidades e observação da inserção social e económica dos desmobilizados da Renamo.
Ademais, eles acordaram o espírito de reconciliação social e cessação de todas as manifestações hostis incluído ao nível da comunicação social.
Contudo, todos esses pontos só poderão ser implementados quando se encerrarem, na totalidade, os termos de referência.
Todavia, ainda constituem pontos de discórdia a exigência da Renamo que consiste na retirada das Forças de Defesa e Segurança (FDS) nos locais de conflito, bem como em relação a integração dos homens da Renamo nas FDS, sendo que o antigo movimento rebelde continua a exigir a paridade na sua constituição.
A Renamo entende que as questões relacionadas com a composição, organização e funcionamento serão discutidas no ponto dois da agenda.
O chefe da delegação da Renamo e deputado na Assembleia da República, o parlamento moçambicano, Saimone Macuiane, disse que os consensos demonstram a existência de um trabalho significativo entre as partes, mas não podemos concluir que houve avanços significativos, porque o essencial ainda não foi concluído.
Macuiane disse, por outro lado, que espera, nos próximos dias, concluir este assunto, de modo a se alcançar a paz no país.
Nós ficamos sem compreender as decisões do governo, porque no dia 9 de Junho havia indicação de que iriamos adoptar os termos de referência, mas hoje ele recuou nalguns pontos que já tínhamos alcançado alguns consensos. O governo recuou sobre aspectos que já eram consensuais.
O chefe da delegação do governo e ministro da agricultura, José Pacheco, lamentou o facto de não haver consensos sobre a desmilitarização da Renamo.
A Renamo entende que este ponto não faz parte dos termos de referência. Ora, faz sentido que os nossos observadores venham observar os pilares fundamentais de todo o processo do diálogo, disse Pacheco.
Pacheco reiterou que a Renamo não se sente confortável com a acção de desmilitarização e desmobilização, por isso, sempre, tenta meter este assunto para o segundo ponto de modo a que os observadores não tenham campo para falar sobre este assunto.



(AIM)

Pároco de Muxungué: “O maior perigo é que a violência fique como instituição”



“A Renamo não ataca civis. A maioria das vítimas são os militares ou os homens da FIR. Quando há feridos ou vítimas civis é porque há militares ou elementos das FIR nos carros da coluna, ou porque há suspeitas de que os há. Quando é a altura de sair a coluna, os militares ou homens da FIR, nalguns casos, usam os carros  da coluna para eles viajarem – supostamente para proteger os que viajam, mas não protegem. No meu sentimento, parece que os civis são usados como escudos”, afirma o Padre José Luís, missionário comboniano e, desde há seis anos, responsável pela Paróquia dos Mártires do Uganda, em Muxungué.
Em entrevista ao Club Of Mozambique o Padre José Luís explica esta sua convicção: “Aconteceu com um outro missionário comboniano. Quando as pessoas não os querem transportar, os militares exigem.”Tu não podes subir no meu carro”, terá dito o outro padre comboniano. Resposta dos militares encarregues da escolta: ”Então você não pode passar”.
Depois, o missionário terá acabado por seguir na parte de trás da coluna e nada lhe sucedeu. O episódio sucedeu em finais do ano passado e, depois disso, já os motoristas da EN1 fizeram greve para não aceitar militares no carro.
“Porque eles (os militares)viajam em carros blindados e, às vezes, no carro da policia mas outras vezes viajam usando carros das pessoas ou dos motoristas”, aponta o Padre José Luís. “Por outro lado, se não se usasse a coluna haveria bandidos oportunistas a querer tirar proveito da situação”.
“Uma jovem hoje que viajou na coluna hoje e me pediu ajuda para carregar a bagagem, disse-me que estava a dormir mas que lhe disseram que tinha havido um ataque onde morreram duas pessoas. Eu, depois, fui à bomba de gasolina e confirmaram-me que sim, que morreram hoje duas pessoas. Eu já fiz esta viagem de autocarro e são 110 quilómetros em que as pessoas vão com tanto medo, é um silêncio absoluto e, quando passam Muxungué, começam todos a falar e a telefonar às famílias, a dizer que já passaram e que estão bem”.
“Só há vítimas ou feridos civis em duas situações: ou os carros iam muito perto dos blindados e foram atingidos na confusão dos tiros; ou porque suspeitavam que aí estava algum militar ou polícia.Eles (os homens armados da Renamo) não atacam os civis directamente. Eles vão directamente contra os carros do Exército”.
Além da população da vila de Muxungué, o Padre José Luís e o outro missionário comboniano saiem aos sábados e domingos para fazer atendimento a populações que vivem dispersas numa zona situada a 45 km e noutra a, sensivelmente, 70 km.
“Quando a população vê que há muito movimento, comunicam que há muito movimento e que é melhor não irmos”, relata. ”As entradas para essa zona, é toda a zona onde o exército entra, à procura dos homens armados da Renamo. Essas entradas, quando tem movimento, não convém entrar, porque vai haver troca de tiros e nunca se sabe quem vai apanhar uma bala”.
Ou seja, quando a população ouve os carros dos militares ou da polícia a entrar nessas zonas, avisa os Padres e avisa também professores ou enfermeiros das suas localidades de que “há movimento” e as próprias populações fogem para o mato, regressando depois.
Ultimamente “os ataques têm sido mais frequentes”, refere o missionário, apesar de que “ a vida de Muxungué, aparentemente, é uma vida normal”, pois os ataques são a alguns quilómetros de distância. “Eles ( Renamo) não atacam perto das povoações, onde eles atacam não há povoações”.
Contudo, nota que “o comércio baixou muito por causa da agricultura, o ananás... O medo dos comerciantes que compram e vendem, porque não podem ir onde estão as plantações. O ananás está na zona onde estão os homens da Renamo e os comerciantes têm medo de ir procurar ananás”. Isto acontece porque, segundo o nosso entrevistado, as pessoas “têm medo do exército, de ser acusados de ser homens armados ou de ser informadores dos homens armados”. Segundo relata, “acontece serem presas algumas pessoas durante uma semana ou duas e, depois, tem de vir a autoridade local dizer que este aqui não é um homem armado mas é um chefe de familia”.
O sentimento das populações com quem contacta o Padre José Luís é. “primeiro. de preocupação e, depois, de frustração".
“Já estão cansados. A Renamo culpa a Frelimo e a Frelimo culpa a Renamo. Mas as pessoas aqui não discutem, eles não discutem, apesar das sua diferenças políticas, a população está bem, vivem bem ao lado uns dos outros".
E, ressalva, “muito importante é que não justificam a violência, ninguém justifica a violência”.
E quanto a “partir o país”, não conhece ninguém que concorde. “Pensam o mesmo que todos de tudo. Não estão de acordo. Ninguém está de acordo. Mas como, partir o país, se somos uma familia? É o que as pessoas me dizem.”
O Padre fala também do que lhe contam porque sente que é seu dever. “Aqui são só pobres, aqui é gente que não é escutada e, se os repórteres vão lá falar, eles têm medo de falar”, afirma o Padre Comboniano.
O Padre José Luiz Gonzalez está há seis anos em Muxungué. Chegou do México. E preocupa-se por sentir que é urgente fazer qualquer coisa para parar esta situação.
“Fico com a boca amarga e penso se não será esse um grande pecado, se não estamos a fazer nada. O maior perigo é se a mentira parece verdade e a violência parece normal. O maior perigo é que a violência fique, como instituição, que a passemos a aceitar como algo que é parte das nossas vidas. Quase que já nos habituámos, apenas despertamos quando há vítimas civis”.
E como é o dia a dia “aparentemente normal”? Bem, ouvem-se tiros, ou “bombas”, ao longe.
“De manha, de tarde. Vai e volta a coluna vai e volta. Às vezes ouve-se. De manhã. Às vezes à atrde.São longe os tiros. Às vezes ouvem-se só os tiros. Os ataques na estrada são sempre em lugares onde não há populações. Ouvem-se morteiros , nós aqui chamamos bombas.São do exercito. Não é sempre. Uma ou duas vezes por semana. Às vezes duas, três vezes. Esta semana, na segunda feira, houve bombardeamento. Lançam bombas para o mato. Basta escutar um barulho que venha do mato e disparam. Disparam as armas e, de entre as armas, às vezes têm os morteiros. Uma vez, escutei, contei cinco, seis bombas, aqui, perto da nossa casa. Foi a semana passada, começou às 5h30m e durou até às 11h da manhã, e eram muitos morteiros, bombas.”
Perguntámos sobre a presença de militares estrangeiros. “Ah a gente aqui fala muito disso. Falam que há, mas não têm a certeza. Porque, se são moçambicanos, da Renamo ou da Frelimo, o sentimento é que eles respeitam. Mas, se são militares estrangeiros, não respeitam a população. Os moçambicanos são filhos do povo. Mas se vêm zimbabweanos eles não vão respeitar a população, porque não vão sentir nada.“
Mas vai dizendo que só ouve as preocupações e especulações da população a esse respeito. “Eles falam, mas também não sabem. Em Muxungué, nunca vi e penso que ninguém viu. Aqui não há. Em Muxungué, posso afirmar que não há militares nem polícias estrangeiros,os que estão são moçambicanos”.
Vivem em toda esta zona de Muxungué entre 15 a 20 mil habitantes, embora as autoridades já tenham referido ao padre José Luís um número de 70 mil.




Club of Mozambique

Ex-Ministro da Frelimo vai concorrer pelo MDM

Gerais de 15 de Outubro


Um ex-Ministro da Frelimo vai ser apresentado dentro de dias como candidato do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) às eleições legislativas deste 15 de Outubro.
Uma fonte reputada disse ao mediaFAX que o antigo governante de Armando Guebuza vai ser colocado num lugar elegível da lista e concorrerá num círculo eleitoral onde partido tem fortes possibilidade de fazer eleger deputados. O mediaFAX sabe o nome do antigo governante em causa e o pelouro que ele dirigia, mas a nossa fonte alegou que não era oportuno ser anunciado publicamente.
O MDM tem atualmente 8 deputados na AR, 5 eleitos pelo círculo eleitoral de Sofala e 3 em Maputo cidade, eleitos no pleito de 2009, o primeiro em que participou.
Recorde-se, em 2009, o MDM foi excluído nos restantes 9 círculos eleitorais, em virtude de supostas “irregularidades” detectas pela Comissão Nacional de Eleições nas suas candidaturas.
Se este casamento se concretizar, o ex-Ministro vai se juntar a outros “desertores” da Frelimo, que se aliaram ao MDM, comprovando uma recente apetência deste partido para “recrutar” no partido no poder. O antigo director da PIC – Cidade de
Maputo e deputado da bancada da Frelimo, António Frangoulis, é uma das figuras que consta na lista do MDM pelo círculo eleitoral da Província de Maputo, isto para as legislativas.
“Temos muitos membros clandestinos dentro da Frelimo e, nalgumas vezes interessa que eles se junte a nós, noutras preferimos que fiquem lá”, comentou ontem uma fonte sénior do MDM, que não quis ser identificada.
O mediaFAX sabe que o recentemente afastado PCA da Linhas Aeras de Moçambique,Carlos Jeque, está em negociações com o partido liderado por Daviz
Simango, mas ainda não há indicações muito precisas do rumo das negociações.



( Marcelo Mosse, MediaFax, 30.06.2014 )

Governo e Renamo retomam negociações

Um mês depois

Maputo (Canalmoz) – As delegações do Governo e da Renamo regressam nesta segunda-feira à mesa das negociações no Centro de Conferências“Joaquim Chissano” na cidade de Maputo, após três semanas de interrupções justificadas por agendas das duas partes.
Há mais de três meses, as partes vêm divergindo em torno da conclusão dos termos de referência sobre a missão dos observadores militares internacionais que vão supervisionar o cessar-fogo e a fase subsequente, que incluiria a desmobilização e integração de homens da Renamo em diferentes esferas,principalmentenas Forças Armadas de Defesa de Moçambique e na Polícia da República de Moçambique.
O Governo entende que os observadores internacionais, para além de fiscalizarem a cessação das hostilidades, também deveriam assistir à desmobilização da Renamo.
Por seu lado, a Renamo diz que a desmobilização dos seus homens deve ser seguida da sua integração nas FADM, naPRM e na Polícia Protecção de Altas Individualidades, com base na paridade.
Depois de muita persistência, o Governo apareceu a defender que a reorganização das FDS não faz parte dos termos de referência, justificando que tal podia ser deixado para o segundo ponto do diálogo político.
A Renamo já fundamentou a sua exigência de reorganização das FDS.
O Governo já admitiu que só vai aceitar as questões de equilíbrio e inclusão se estas se referirem ou se basearem na política e legislação respeitantesàs FDS, aprovadas pelo parlamento.



(Bernardo Álvaro, Canalmoz)

“Não é arrogância negar cumprir ordens ilegais”


 Daviz Simango responde ao MAE


(Beira) O presidente do Conselho Municipal da Cidade da Beira, Daviz Simango, disse a jornalistas que não deve ser chamado arrogante a pessoa que nega cumprir ordens ilegais. O edil respondia assim aos pronuciamentos do vice-ministro de Administração Estatal, José Tsambe, que em Chimoio terá dito que os edis da Beira e Nampula não cumpriam ordens do órgão que tutela aos municípios.
Para Daviz Simango, que falava à margem da cerimónia de entrega de novas viaturas para atendimento social, o que está a acontecer nas cidades da Beira e Nampula é apenas o cumprimento de normas. “É que certas pessoas estão acostumadas a trabalhar acima da lei. No caso concreto da cidade de Nampula, pretende-se arrancar os edifícios pertencentes ao município para o interesse particular. Aqui estamos perante o roubo por parte do partido no poder. Achamos nós que o governo devia intervir para reaver os seus bens”.
Debruçando-se sobre a cidade da Beira, onde há duas semanas houve informações de que a mesma seria dividida, o que motivou reacções imediatas, Daviz Simango disse que foi graças às reacções que se viu que o governo não estava a caminhar no caminho certo.
“Houve a reposição da verdade e a Constituição agradece, logo, aqui não há espaços para sermos catalogados de arrogantes. O que pedimos, é que não nos provoquem e saibam respeitar os Direitos Constitucionais, porque nós não vamos tolerar os abusos, pois, nós não somos obrigados a acatar ordens ilegais.



mediaFAX, 27.06.2014

Sunday, 29 June 2014

Visita de Guebuza a Lisboa coincide com retoma de investimento português em Moçambique

Maputo, 29 jun (Lusa) - A última visita de Armando Guebuza a Portugal, enquanto estadista moçambicano, a partir de terça-feira, decorre num momento de aceleração do investimento empresarial português em Moçambique, que só no primeiro trimestre no ano superou o global apurado em 2013.
Depois de, em 2013, o investimento das empresas portuguesas em Moçambique ter registado uma quebra de mais de 3,5 milhões de euros face a 2012, quando foram realizados investimentos de 129,6 milhões de euros, o interesse empresarial português na economia moçambicana reavivou no primeiro trimestre deste ano.
Dados do Centro de Promoção de Investimentos (CPI) moçambicano, referentes aos três primeiros meses de 2014, colocam as empresas portuguesas no topo da lista de investidores estrangeiros, com um valor global de mais de 150 milhões de euros, ou seja, 5,1% superior ao realizado em 2013.

Saturday, 28 June 2014

Xiconhoquices da semana: Privatização de estradas; Funcionários Públicos marcham com imagem de Guebuza; Desaparecimento de Alberto Vaquina

Os nossos leitores elegeram as seguintes xiconhoquices na semana finda:


Privatização de cinco estradas
Num acto digno de xiconhoquice, o Governo moçambicano pretende privatizar cinco vias rodoviárias. O objectivo, segundo a justificação dada, é promover uma maior transitabilidade e segurança rodoviária.
Cadmiel Muthemba, ministro das Obras Públicas e Habitação, correu até uma certa imprensa e disse que os troços que passarão a gestão privada são os que se situam entre os distritos de Boane e Matola e Marracuene-Lindela (sul); Vandúzi-Changara (centro) e ainda as estradas de Nampula-Nacala e Monapo-Ilha de Moçambique (norte).
Muthemba afirma ainda que a concessão das cinco rodovias se enquadra no âmbito das parcerias público-privadas e pretende-se incutir nos utentes moçambicanos o conceito de “utilizador-pagador” – como se nós não pagássemos impostos – através do pagamento das portagens que serão instaladas nos referidos troços.
Que xiconhoquice para furarem ainda mais os nossos bolsos e depois nos presentearem com maus serviços! As trafulhices deste Governo, em vez de diminuírem, tendem a agravar-se.
Senão vejamos: sem falar do que acontece noutras portagens, com alguma roubalheira à mistura, passar pela Portagem de Maputo tem sido um martírio. É a isto que nos querem submeter?

Funcionários Públicos marcham em Maputo com camisetas com imagem de Guebuza no Dia Internacional da Função Pública
Em vez que marcharem com camisetas cujas imagens representam a instituição ou outra coisa similar, na data em que se comemorou o Dia Internacional da Função Pública, cá para as bandas da Pérola do Índico, os servidores públicos decidiram render uma inexplicável homenagem ao Presidente Guebuza, desfilando nas ruas da capital moçambicana envergando camisetas estampadas com a fisionomia deste líder.
Quando pensamos que este tipo de veneração tinha passado para a história, eis que algumas xiconhoquices nos surpreendem e nos causam frustração, principalmente porque para a impressão de tais trajes alguém pode ter usado os nossos impostos.
A iniciativa causou, sobremaneira, algum espanto nos leitores sempre atentos ao que se faz na praça. Eles ficaram algo boquiabertos e não era para menos numa situação em que era Guebuza para cá; guia incontornável para lá; como se a data fosse de um exímio criador de patos.
Assim, os nossos leitores não tiveram outra alternativa senão atribuir o título de xiconhoquice ao sucedido, até porque iniciativas desta natureza só podem ser geradas por mentes que habitam no mundo de xiconhocas.
Informações postas a circular dão conta de que a ideia de homenagear o nosso estadista não foi do agrado de todos os servidores públicos. Houve gente que não está apegada ao lambebotismo e que preserva o dever de honrar o seu nome e não permite, de forma alguma, reverenciar-se perante um ser semelhante a ponto de causar irritação nos outros. Xiconhoquices, tais como actos de endeusamento e ovação em público, devem parar.

Desaparecimento de Alberto Vaquina nos media
Alberto Será que já reparam? Num acto incaracterístico, o Primeiro-Ministro moçambicano, Alberto Vaquina, decidiu desaparecer do espaço público. Ele já não muge nem tuge. Por esta alturas, dado o contexto em que o país vive, seria normal o visado recorrer aos media, sobretudo públicos onde tem mais aceitação, para argumentar sobre isto e aquilo.
O sumiço repentino do jovem médico e governante está a criar “sururu” na praça. Por onde ele anda? Alguém o viu por aí e sabe como é que nós, como leitores, podemos dizer-lhe que distanciar-se do país num momento como este é xiconhoquice? Nas redes sociais há muito tempo que se comenta sobre o sumiço do ajudante do Chefe de Estado.
Há quem diga que Alberto Vaquina ainda está a recuperar-se da ressaca causada pela derrota na corrida ao posto de candidato a sucessor do líder do partido no qual milita. Seja qual for o motivo do sumiço, a situação mereceu uma pontuação máxima na lista das xiconhoquices desta semana.



Fonte: A Verdade! Leia aqui!

A TALHE DE FOICE, por Machado da Graça

 
E chega ao ridículo de vestir o tal candidato com vestes islâmicas e cofió vermelho durante a recente visita deste a Cabo Delgado. Afinal o tão cristão Nyusi, que até foi à peregrinação à Namaacha, no Sul, transforma-se em islâmico no Norte? O que a geografia faz à fé de alguns... Quem quiser acreditar neste camaleonismo religioso que acredite mas, depois, não venha chorar que foi aldrabado.
A quatro meses das eleições gerais, presidenciais e provinciais, o partido Frelimo lançou uma campanha de choque para desestabilizar Daviz Simango, o MDM e a sua principal base de apoio, a cidade da Beira.
Por estapafúrdia que seja esta ideia de retirar à cidade da Beira cerca de 80% da sua área, estou convencido que ela vai andar, permanentemente, no ar durante estes próximos quatro meses, retirando à direcção do MDM o tempo e a disponibilidade necessárias para a preparação da campanha eleitoral e controlo eficaz do processo de votação.
Num outro país, muito provavelmente o Conselho Constitucional tomaria imediatamente medidas para parar com o absurdo e a vida voltaria ao normal, mas, por cá, as coisas têm tendência a eternizar-se à medida dos interesses do partido dominante.
De qualquer forma, numa província que já está no estado em que está, em termos de violência político-militar, atear mais um foco de conflito, que facilmente pode dar para o torto, é uma medida arriscada que o partido Frelimo pode vir a pagar cara. Que todos nós, os moçambicanos, podemos vir a pagar caro.
Provocar uma revolta urbana na Beira, a capital do Centro, pode ser uma jogada extremamente perigosa. Perigosa para o que resta de Paz e perigosa para a unidade nacional.
E é espantoso que um partido, que enche a sua propaganda de apelos ao diálogo, venha propor uma medida desta dimensão sem qualquer consulta à população a ser afectada. “Bem prega o frei Tomás. Façam todos o que ele diz, ninguém faça o que ele faz.”
Tudo isto só mostra o medo enorme que o partido Frelimo tem dos resultados nas urnas. Com Dhlakama isolado no mato, ataca agora Daviz Simango enquanto nos esmaga com propaganda ao seu desconhecido candidato presidencial, totalmente fora das datas indicadas para a campanha eleitoral.
E chega ao ridículo de vestir o tal candidato com vestes islâmicas e cofió vermelho durante a recente visita deste a Cabo Delgado. Afinal o tão cristão Nyusi, que até foi à peregrinação à Namaacha, no Sul, transforma-se em islâmico no Norte? O que a geografia faz à fé de alguns... Quem quiser acreditar neste camaleonismo religioso que acredite mas, depois, não venha chorar que foi aldrabado.
Em resumo, a golpada da Beira é mais uma arma do arsenal eleitoral. E não nos devemos admirar se surgirem mais, do mesmo género, porque das cabeças luminosas de onde saiu esta ideia, várias outras podem surgir.

Fonte: SAVANA – 20.06.2014,  no  Moçambique para todos

Friday, 27 June 2014

DHLAKAMA SAIRÁ DAS MATAS SE HOUVER CONSENSOS NO DIÁLOGO POLÍTICO

Maputo, 27 Jun (AIM) - A Renamo, maior partido da oposição em Moçambique, afirma que o seu líder, Afonso Dhlakama, só vai sair das matas para fazer campanha eleitoral se forem alcançados consensos, em sede do diálogo político, que poderão acabar com as hostilidades no centro do país.
O líder da Renamo estará a vista do povo logo que se alcançarem consensos na sala do diálogo, logo que os observadores se fizerem ao país. Depois de se conseguir um entendimento sobre o cessar-fogo”, disse hoje o porta-voz da Renamo, António Muchanga.
Muchanga falava, em Maputo, durante uma conferência de imprensa, cujo objectivo era refutar as acusações do Comandante-geral da Polícia moçambicana (PRM), Jorge Khalau, segundo as quais a Renamo vende armas.
Segundo Muchanga, a Renamo espera que sejam alcançados consensos antes do início da campanha eleitoral para as eleições gerais de 15 de Outubro, de modo a que o seu líder possa sair das matas e fazer a sua campanha.
Contudo, há duas semanas que as delegações da Renamo e do governo não se reúnem no Centro de Conferência Joaquim Chissano, instalações que acolhem o diálogo político entre as partes.
Era nosso desejo que o diálogo tivesse resultados antes do 39º aniversário da independência do país. Nós queremos agora marcar outros passos e não os passos que marcamos no passado”, disse Muchanga.
Sobre as acusações do Khalau, Muchanga diz que aquele pronunciamento foi infeliz.
O Comandante-geral da polícia, ao afirmar que os guardas da Renamo vendem armas, está a dizer que a Renamo tem fábricas de armamento algures no país. Talvez ele esteja a omitir o local exacto onde as armas são fabricadas. Será Gorongosa ou Muxúnguè, senhor Comandante-geral?”, questionou.
A Renamo exige, em sede do diálogo, que as Forças de Defesa e Segurança (FDS) e a Polícia moçambicana (PRM) sejam compostas, 50 por cento por homens da Renamo e outra metade pelo governo.
Todavia, o governo considera a exigência infundada, pois, na sua óptica, as FDS e PRM não devem ser constituídas tendo em conta as cores partidárias.


(AIM)

Renamo acusa Governo moçambicano de "manobras dilatórias" nas negociações sobre crise

Maputo, 27 jun (Lusa) - A Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), o principal partido da oposição do país, acusou hoje o Governo de "manobras dilatórias" no processo negocial em curso destinado a resolver a atual tensão política e militar no país.
Moçambique vive a sua pior crise política e militar desde a assinatura do Acordo Geral de Paz em 1992, devido a divergências entre a Renamo e o Governo da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder, e as negociações visando resolver a situação estão num impasse, devido a desentendimentos em relação à integração de guerrilheiros do principal partido da oposição nas forças de defesa e segurança.
Em conferência de imprensa hoje em Maputo, o porta-voz da Renamo, António Muchanga, acusou o executivo moçambicano de empreender manobras dilatórias, ao recusar a integração de antigos guerrilheiros do movimento nas forças de defesa e segurança.

A TALHE DE FOICE, por Machado da Graça


E chega ao ridículo de vestir o tal candidato com vestes islâmicas e cofió vermelho durante a recente visita deste a Cabo Delgado. Afinal o tão cristão Nyusi, que até foi à peregrinação à Namaacha, no Sul, transforma-se em islâmico no Norte? O que a geografia faz à fé de alguns... Quem quiser acreditar neste camaleonismo religioso que acredite mas, depois, não venha chorar que foi aldrabado.
A quatro meses das eleições gerais, presidenciais e provinciais, o partido Frelimo lançou uma campanha de choque para desestabilizar Daviz Simango, o MDM e a sua principal base de apoio, a cidade da Beira.
Por estapafúrdia que seja esta ideia de retirar à cidade da Beira cerca de 80% da sua área, estou convencido que ela vai andar, permanentemente, no ar durante estes próximos quatro meses, retirando à direcção do MDM o tempo e a disponibilidade necessárias para a preparação da campanha eleitoral e controlo eficaz do processo de votação.
Num outro país, muito provavelmente o Conselho Constitucional tomaria imediatamente medidas para parar com o absurdo e a vida voltaria ao normal, mas, por cá, as coisas têm tendência a eternizar-se à medida dos interesses do partido dominante.
De qualquer forma, numa província que já está no estado em que está, em termos de violência político-militar, atear mais um foco de conflito, que facilmente pode dar para o torto, é uma medida arriscada que o partido Frelimo pode vir a pagar cara. Que todos nós, os moçambicanos, podemos vir a pagar caro.
Provocar uma revolta urbana na Beira, a capital do Centro, pode ser uma jogada extremamente perigosa. Perigosa para o que resta de Paz e perigosa para a unidade nacional.
E é espantoso que um partido, que enche a sua propaganda de apelos ao diálogo, venha propor uma medida desta dimensão sem qualquer consulta à população a ser afectada. “Bem prega o frei Tomás. Façam todos o que ele diz, ninguém faça o que ele faz.”
Tudo isto só mostra o medo enorme que o partido Frelimo tem dos resultados nas urnas. Com Dhlakama isolado no mato, ataca agora Daviz Simango enquanto nos esmaga com propaganda ao seu desconhecido candidato presidencial, totalmente fora das datas indicadas para a campanha eleitoral.
E chega ao ridículo de vestir o tal candidato com vestes islâmicas e cofió vermelho durante a recente visita deste a Cabo Delgado. Afinal o tão cristão Nyusi, que até foi à peregrinação à Namaacha, no Sul, transforma-se em islâmico no Norte? O que a geografia faz à fé de alguns... Quem quiser acreditar neste camaleonismo religioso que acredite mas, depois, não venha chorar que foi aldrabado.
Em resumo, a golpada da Beira é mais uma arma do arsenal eleitoral. E não nos devemos admirar se surgirem mais, do mesmo género, porque das cabeças luminosas de onde saiu esta ideia, várias outras podem surgir.

SAVANA – 20.06.2014, no Moçambique para todos

“Não é arrogância negar cumprir ordens ilegais”

 
Daviz Simango responde ao MAE

O presidente do Conselho MunicipaldaCidadedaBeira, Daviz Simango, disse a jornalistas que não deve ser chamado arrogante a pessoa que nega cumprir ordens ilegais. O edil respondia assim aos pronuciamentos do vice-ministro de Administração Estatal, José Tsambe, que em Chimoio terá dito que os edis da Beira e Nampula não cumpriam ordens do órgão que tutela aos municípios.
Para Daviz Simango, que falava à margem da cerimónia de entrega de novas viaturas para atendimento social, o que está a acontecer nas cidades da Beira e Nampula é apenas o cumprimento de normas. “É que certas pessoas estão acostumadas a trabalhar acima da lei. No caso concreto da cidade de Nampula, pretende-se arrancar os edifícios pertencentes ao município para o interesse particular. Aqui estamos perante o roubo por parte do partido no poder. Achamos nós que o governo devia intervir para reaver os seus bens”.
Debruçando-se sobre a cidade da Beira, onde há duas semanas houve informações de que a mesma seria dividida, o que motivou reacções imediatas, Daviz Simango disse que foi graças às reacções que se viu que o governo não estava a caminhar no caminho certo.
“Houve a reposição da verdade e a Constituição agradece, logo, aqui não há espaços para sermos catalogados de arrogantes. O que pedimos, é que não nos provoquem e saibam respeitar os Direitos Constitucionais, porque nós não vamos tolerar os abusos, pois, nós não somos obrigados a acatar ordens ilegais.


MediaFax , 27.06.2014

A dura realidade do “my love”



VIAJAR num meio de transporte público revela-se, cada dia que passa, mais difícil. Cruzando as cidades de Maputo e Matola, as pessoas vão somando e seguindo nos famosos “my love”, aperfeiçoando as suas habilid...ades no acto de embarcar ou desembarcar.
O exercício, invariavelmente, acontece pela necessidade de se deslocar de casa para diversos lugares e vice-versa. Independentemente da hora, há que viajar. Como os meios para o efeito vão rareando e de forma contínua, a solução é viajar nas camionetas e seguir ao destino.
Este exercício é mais penoso entre as mulheres que geralmente são as menos habilitadas neste malabarismo, mas mesmo assim têm de se sujeitar porque o objectivo é chegar ao destino. Não conta o risco, nem a decência do gesto.
Estando na viatura, não interessa onde nem em quem se apoiar, sobretudo na hora do embarque. Homens e mulheres de proveniência estranha unem-se em abraços, tudo em busca de segurança.
Daí o nome de my love, pois no “chapa” o “amor” que uns nutrem pelos outros não tem fronteira.
Aquelas camionetas também se designam “Ver Moçambique” pelo facto de permitirem uma vista panorâmica aos viajantes que contemplam a paisagem durante o percurso, desde as coisas bizarras às mais bonitas.
O termo empregue é um empréstimo que vem da designação de um programa televisivo que mostra a realidade dos moçambicanos de lés-a-lés: O “Ver Moçambique”. Para outros, as carrinhas de caixa aberta chamam-se também “varandas”, pois faz-se uma analogia de viajar num sítio aberto, a estar-se em casa numa varanda a deleitar-se com a brisa que só a mãe natureza pode oferecer. E assim vão os moçambicanos divertindo-se com as suas próprias dificuldades, face à dura realidade da falta de transporte. A imagem captada pelo nosso colega Alcides Tamele mostra o dia-a-dia nas estradas de Maputo e Matola.



 Notícias
 

Thursday, 26 June 2014

Daviz Simango foi enganado





Contrariamente ao que José Tsambe, vice-ministro de Administração Estatal (MAE), assegurou a Daviz Simango, edil da Beira, aquando da sua deslocação a Maputo, para se inteirar da pretensão de dividir a segunda maior cidade de Moçambique, anunciada pelo governo provincial de Sofala, Carmelita Namachulua disse que a repartição daquela autarquia está enquadrada no plano do Executivo relativo à reestruturação administrativa das urbes, excepto Maputo. Até porque “o Governo é soberano para organizar administrativamente o território moçambicano”.
 Foi com estas palavras que a chefe número um do MAE deu a entender que o que o seu colega disse a Daviz Simango não passou de intenção de acalentar, momentaneamente, os munícipes daquele ponto do país e o próprio presidente. É que, segundo o edil, no encontro que teve na capital moçambicana com José Tsambe, foi-lhe dito que o plano de dividir Beira não seguiria em frente porque não existia nada aprovado a respeito disso.
 À Lusa, Carmelita Namachulua afirmou que o Governo vai prosseguir com a repartição da segunda maior cidade do país. Para o efeito, em 2013, a Assembleia da República aprovou uma lei que cria 13 novos distritos e refaz os distritos das cidades capitais das províncias moçambicanas. Esta posição, para além de ter sido sol de pouca dura, contraria, totalmente, as palavras proferidas por José Tsambe segundo as quais a divisão da Beira não passa de um falso alarme.
Todavia, Daviz Simango, manifestando o repúdio dos citadinos em relação à notícia que correu o mundo como um rastilho de pólvora, disse que “nenhum tirano vai dividir a Beira. Segundo o edil da Beira, tal pretensão figura como “um comportamento nocivo e estranho de quem perde eleições e procura outras formas inconstitucionais sem respeito pelas vontades dos governados para os governar que, no mínimo, para satisfazerem os seus apetites de amarras ao poder deviam pensar que quem manda é o povo através do referendo ou das eleições”.
E que a alteração dos limites territoriais visa reduzir a influência do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) por causa da intolerância política da Frelimo relativamente à oposição no país.
Aliás, de acordo com Daviz, a medida anunciada pelo governo provincial de Sofala constitui, também, uma forma de influenciar os resultados eleitorais a favor do partido no poder, reduzindo, acima de tudo, o efeito dos votos dos seus adversários. Essa intenção prova, mais uma vez, o abuso de poder e desrespeito pelos órgãos de soberania para se atingir objectivos estranhos, retardar o desenvolvimento da Beira e colocar em causa a paz.
O edil alertou que não se vai permitir que o interesse dos munícipes seja posto em causa devido a agendas inconfessáveis protagonizadas pela Frelimo. Aliás, logo que tomou conhecimento do assunto, o presidente deixou uma ameaça de retaliação.
“Se quiserem dar um passo nesta manobra dilatória de dividir a Beira, não nos responsabilizaremos por qualquer atitude tomada pelos beirenses em repúdio e na resistência de medidas antidemocráticas tomadas na sede do partido Frelimo em Matacuane... Nenhum tirano vai dividir a Beira”. No meio deste alvoroço, Carmelita Namashulua disse que a cidade da Beira será dividida para dar lugar à criação de um distrito com o mesmo nome.
Manuel Rodrigues, director nacional do Desenvolvimento Autárquico no MAE, disse ao @Verdade ainda é prematuro assumir como um dado certo que a urbe em alusão vai ou não ser repartida, uma vez que a proposta apresentada pelo representante do Estado naquela autarquia nem sequer deu entrada no Ministério que responde pela organização administrativa do território moçambicano com vista a ser submetido ao Conselho de Ministros para apreciação.
O nosso entrevistado explicou que as propostas sobre esta matéria partem das autoridades locais para o Governo central, seguindo os procedimentos legalmente estabelecidos e somente a Assembleia da República pode tomar a decisão final.
Município pode perder 80% do seu território
No entanto, caso o Executivo implemente o plano de dividir a cidade da Beira, esta poderá perder cerca de 80 porcento do seu território e, consequentemente, deixará de ser uma urbe do grupo B, passando à categoria de vila. E já não terá o domínio sobre o bairro mais populoso da Munhava, assim como como o da Manga e outros em expansão.
Para além da extensão territorial, aquele município vai perder igualmente parte das suas infra-estruturas, nomeadamente mercados, postos de saúde, escolas, estradas, cemitério, aeroporto internacional, entre outras. Como uma nova divisão administrativa, o mesmo município vai cortar laços com cerca de 70 porcento dos seus funcionários, incluindo vereadores e administradores.

Embaixador português diz que espectro de guerra deriva da “falta de confiança entre as partes”

 
“Faltou confiança entre as partes. Em democracia todos são importantes e nada se fará sem confiança. É preciso compreender o próximo..., perdoar o próximo, incluir o próximo, e no diálogo fazermos algumas concessões.”


Maputo (Canalmoz) – O embaixador de Portugal em Maputo, José Augusto Duarte, disse, na manhã de terça-feira, 24 de Junho, na capital do país, que o actual conflito político-militar, que tem como protagonistas o Governo da Frelimo e a Renamo, derivou da falta de confiança entre as partes signatárias do Acordo Geral de Paz assinado em 1992 na cidade italiana de Roma.
“Faltou confiança entre as partes. Em democracia todos são importantes e nada se fará sem confiança”, disse Augusto Duarte em resposta a uma pergunta apresentada pelo Canalmoz sobre o que terá falhado – arrastando o país para o actual conflito – nos acordos de Roma assinados em 1992 entre o Governo e a Renamo, em que Portugal teve um importante papel.
O embaixador português visitou na segunda-feira a sede do Parlamento Juvenil na última etapa das jornadas diplomáticas, que vinham sendo promovidas por aquele organismo da sociedade civil moçambicana.
Dirigindo-se a dezenas de jovens, o diplomata português disse que é preciso, em democracia, incentivar a diferença na participação na política interna.
“Achamos que numa democracia todas as diferenças políticas devem ser dirimidas dentro do quadro constitucional”, disse o embaixador. Ele classificou a actual guerra como um travão ao desenvolvimento moçambicano.
“É preciso compreender o próximo, perdoar o próximo, incluir o próximo, e no diálogo fazermos algumas concessões”, afirmou Augusto Duarte.
“As pessoas precisam de viver em paz. Depois de 10 anos de guerra contra o colonialismo e 16 anos de guerra interna, chega de guerra”, considerou Augusto Duarte. E acrescentou: “É do interesse de todo o povo moçambicano, mas também de quem mais investe em Moçambique, como Portugal”.
O embaixador disse que Portugal teve a percepção de que o conflito seria ultrapassado o mais rápido possível. Mas disse que a juventude deve arranjar causas pelas quais deve lutar, lembrando que, em cada etapa, a juventude sempre teve causas e razões pelas quais se bateu, tal como é o caso de Nelson Mandela e de Barack Obama.
Decalrou que a liberdade de expressão, de opinião e de imprensa nunca é uma vitória totalmente alcançada.
Sobre a política externa de Portugal, o embaixador fez um breve historial, para explicar que ela não muda em função da cor política e dos Governos.
“Em 1974, o golpe de Estado, que teve o apoio da população, pôs fim a 49 anos de ditadura. Por causa das suas razões, o golpe deixou de ser militar e ficou uma revolução”, explicou.
Em declarações à imprensa, à sua chegada à sede do Parlamento Juvenil, onde foi recebido pelo presidente daquela organização da sociedade civil, Salomão Muchanga, o embaixador português afirmou que a resolução de conflito moçambicano, que actualmente opõe o Governo da Frelimo e a Renamo, a principal força política na oposição, cabe aos próprios moçambicanos dentro dos princípios constitucionais.
Acrescentou que Portugal, um dos países convidados pelo Governo e pela Renamo para fazer parte do grupo dos observadores internacionais, poderá ajudar na resolução da tensão, caso seja solicitado pelas partes competentes.
Augusto Duarte foi o oitavo e último embaixador a visitar o Parlamento Juvenil, no âmbito das jornadas diplomáticas que, segundo Salomão Muchanga, visaram dar uma contribuição para o desenvolvimento da democracia, da cidadania activa e da cooperação.



(Bernardo Álvaro, Canalmoz)


Photo: Embaixador português diz que espectro de guerra deriva da “falta de confiança entre as partes” (#canalmoz)

“Faltou confiança entre as partes. Em democracia todos são importantes e nada se fará sem confiança. É preciso compreender o próximo, perdoar o próximo, incluir o próximo, e no diálogo fazermos algumas concessões.”

Maputo (Canalmoz) – O embaixador de Portugal em Maputo, José Augusto Duarte, disse, na manhã de terça-feira, 24 de Junho, na capital do país, que o actual conflito político-militar, que tem como protagonistas o Governo da Frelimo e a Renamo, derivou da falta de confiança entre as partes signatárias do Acordo Geral de Paz assinado em 1992 na cidade italiana de Roma.
 “Faltou confiança entre as partes. Em democracia todos são importantes e nada se fará sem confiança”, disse Augusto Duarte em resposta a uma pergunta apresentada pelo Canalmoz sobre o que terá falhado – arrastando o país para o actual conflito – nos acordos de Roma assinados em 1992 entre o Governo e a Renamo, em que Portugal teve um importante papel. 
O embaixador português visitou na segunda-feira a sede do Parlamento Juvenil na última etapa das jornadas diplomáticas, que vinham sendo promovidas por aquele organismo da sociedade civil moçambicana.
Dirigindo-se a dezenas de jovens, o diplomata português disse que é preciso, em democracia, incentivar a diferença na participação na política interna.
“Achamos que numa democracia todas as diferenças políticas devem ser dirimidas dentro do quadro constitucional”, disse o embaixador. Ele classificou a actual guerra como um travão ao desenvolvimento moçambicano.
“É preciso compreender o próximo, perdoar o próximo, incluir o próximo, e no diálogo fazermos algumas concessões”, afirmou Augusto Duarte.
 “As pessoas precisam de viver em paz. Depois de 10 anos de guerra contra o colonialismo e 16 anos de guerra interna, chega de guerra”, considerou Augusto Duarte. E acrescentou: “É do interesse de todo o povo moçambicano, mas também de quem mais investe em Moçambique, como Portugal”.
O embaixador disse que Portugal teve a percepção de que o conflito seria ultrapassado o mais rápido possível. Mas disse que a juventude deve arranjar causas pelas quais deve lutar, lembrando que, em cada etapa, a juventude sempre teve causas e razões pelas quais se bateu, tal como é o caso de Nelson Mandela e de Barack Obama.
Decalrou que a liberdade de expressão, de opinião e de imprensa nunca é uma vitória totalmente alcançada. 
Sobre a política externa de Portugal, o embaixador fez um breve historial, para explicar que ela não muda em função da cor política e dos Governos.
“Em 1974, o golpe de Estado, que teve o apoio da população, pôs fim a 49 anos de ditadura. Por causa das suas razões, o golpe deixou de ser militar e ficou uma revolução”, explicou. 
Em declarações à imprensa, à sua chegada à sede do Parlamento Juvenil, onde foi recebido pelo presidente daquela organização da sociedade civil, Salomão Muchanga, o embaixador português afirmou que a resolução de conflito moçambicano, que actualmente opõe o Governo da Frelimo e a Renamo, a principal força política na oposição, cabe aos próprios moçambicanos dentro dos princípios constitucionais.
Acrescentou que Portugal, um dos países convidados pelo Governo e pela Renamo para fazer parte do grupo dos observadores internacionais, poderá ajudar na resolução da tensão, caso seja solicitado pelas partes competentes. 
Augusto Duarte foi o oitavo e último embaixador a visitar o Parlamento Juvenil, no âmbito das jornadas diplomáticas que, segundo Salomão Muchanga, visaram dar uma contribuição para o desenvolvimento da democracia, da cidadania activa e da cooperação. (Bernardo Álvaro)

Dhlakama reafirma que vai às eleições

O LÍDER da Renamo, Afonso Dhlakama, reafirmou esta terça-feira a sua disponibilidade de concorrer à eleição presidencial de 15 de Outubro próximo. Para tal, prometeu sair das matas dentro em breve.
Falando telefonicamente, num comício realizado pelo seu partido no bairro da Munhava, arredores da cidade da Beira, o dirigente da Renamo mostrou-se mesmo esperançado em que nos próximos dias o diálogo politico entre o Governo e a Renamo, que decorre na sala de Conferencias Joaquim Chissano, em Maputo, alcance consenso entre as partes, relativamente à questão da paridade nas Forças da Defesa e Segurança (FDS).
Numa interacção de aproximadamente 20 minutos, Dhlakama referiu-se ao actual cenário político-militar caracterizado por luto e mutilações de cidadãos inocentes, pelos seus homens, sobretudo ao longo da Estrada Nacional número Um no troço Muxúnguè-Save.
“Volto hoje a desafiar o Governo para colocar fim às colunas, porque os carros devem circular sozinhos sem a protecção militar”, alegou Dhlakama, insistindo na alegação de que os ataques a civis e militares ocorrem apenas em situação de “legítima defesa” dos seus homens armados.
Lembre-se que as colunas militares foram estabelecidas no troço Rio Save Muxúnguè, após uma série de ataques armados da Renamo naquela área, que resultaram na morte de civis e na destruição de vários bens, que provocou avultados danos materiais aos cidadãos e ao Estado.
Ainda na terça-feira, Dhlakama dirigiu-se, também por telemóvel, por cerca de 45 minutos, aos delegados da III sessão do Conselho Nacional do seu partido que durante dois dias esteve reunido na Beira. Tal encontro, segundo o secretário-geral da Renamo, Manuel Bissopo, confirmou Dhlakama como candidato às eleições presidenciais deste ano e reforçou a participação do seu partido nas eleições de Outubro.
A análise da situação política, económica e social do país, diálogo politico entre o Governo e a Renamo, apresentação e aprovação do manifesto eleitoral, quotização e património do partido, foram outros pontos discutidos na III sessão do Conselho Nacional da Renamo alargado aos delegados políticos provinciais.
O porta-voz da reunião, José Manteigas, revelou que o manifesto eleitoral da Renamo centra-se em cinco pilares, nomeadamente  Educação, Saúde, Agricultura, Transportes e Comunicações e assuntos tranversais.



Notícias

Tensão vira negócio em ‘banho-maria’

São às centenas os camiões que transportam mercadoria manufacturada do Sul para o resto do país, entretanto encalhados em Save, à espera de uma oportunidade para a travessia do Rio e vencer a maldita distância até Muxúnguè. Daquí, outros tantos camiões que levam matéria prima para o Sul, igualmente à espera da vez.
Todo este cenário concorre para atrasos na entrega.
A mercadoria que parte de Maputo para as diversas regiões do centro e norte de Moçambique acaba encalhando no Rio Save, porque a segurança no troço que vai até Muxúnguè está deteriorada, por causa do conflito entre a Renamo e o Exército.
Gradualmente, os camionistas tomam conta, porém, de que a crise envolve unicamente as partes e não deve ter como protagonistas, também, os automobilistas que se fazem por aquele troço de cerca de 110 quilómetros de Estrada em condições paupérrimas, como se não bastasse.
Na paragem obrigatória de Save, são às centenas os camiões que aguardam a vez de se fazerem à Estrada. Os murmúrios raramente chegavam aos ouvidos dos elementos das Forças de Defesa e Segurança (FDS) estacionados na zona, responsáveis pela gestão do trânsito, alegadamente em defesa dos automobilistas e dos bens materiais, para que não sejam atingidos pelos elementos da Renamo.
Todos os camionistas que partem de Maputo, têm a consciência de que têm de pernoitar, no mínimo, uma vez no Rio Save, mas há quem acaba passando duas ou mais noitadas neste local, onde entretanto não falta praticamente nada, desde que haja dinheiro sempre disponível.
É uma espécie de feira, onde até o sexo “avulso” está patente, a preços inflacionados, devido à enorme procura por homens que periodicamente precisam de renovar o estado de animosidade.
Há prostitutas de todos os gostos e feitios, desde magras, passando por meio-magras até as que denotam gorduras quase a rebentar pelas costuras. Os preços, esses, é que variam de pessoas para pessoas.
As idades das prostitutas partem dos 16 até os 30 anos, e todas têm o mesmo objectivo: angariar o maior número de clientela em tempo recorde, que isso equivale a um acumular de dinheiro.
Há prostitutas que andam protegidas, por jovens locais que desempenham uma espécie de angariadores e, ao mesmo tempo, de ‘seguranças’ para que não haja quem não queira pagar a ‘corrida’ sexual em função do cronometrado.
Já lá vai o tempo em que as autoridades conseguiam controlar a actividade sexual neste local, entretanto fragilizadas pelo alto sentido de sedução das prostitutas, que fazem agitar notas de dinheiro aos olhos dos agentes policiais, ficando, desse modo, sem o sentido profissional capaz de impôr ordem deste lado da margem do Rio Save.
Jogo de empurra
Até um passado recente, os automobilistas que habitualmente se fazem ao troço Save-Muxúnguè apostavam no ‘salve-se quem poder’, cada um puxando a brasa para a sua sardinha, tornando-se presas fáceis dos elementos das FDS.
Até que chegaram à conclusão de que unidos, poderiam quebrar os obstáculos que se lhes colocavam à sua frente.
Esta viragem coincide com a comunicação da Renamo apontando para a necessidade de se observar, atentamente, o alvo da organização: elementos das FDS e viaturas que, embora sendo civis, transportam consigo agentes das FDS.
A partir daí altura, os automobilistas concertaram ideias e passaram a exigir que, sozinhos, poderiam avançar pelo dramático troço, sem a escolta das FDS.Os agentes recusam a ideia e até ameaçam com represálias se tal ocorrer. Gera-se uma enorme confusão entre os automobilistas e os elementos das FDS, gestores do troço.
Os automobilistas estão convencidos de que, sem a escolta militar, são capazes de acelerar a marcha pelo troço, como estariam isentos de qualquer acção bélica vinda das enormes machambas que caracterizam o aludido troço.
As autoridades não se convencem e tentam, em vão, recordar que nos primórdios da crise, alguns camiões de carga chegaram a ser abatidos para, deles, serem roubados bens materiais e alimentares, pelos mesmos indivíduos armados da Renamo que agora dão garantias de que não irão atacar os camiões quando não integrados em escoltas militares. Há um jogo de empurra no auge.
Do lado de Muxúnguè, a vila empresta alguma, aparente, normalidade, como se nada estivesse a acontecer a escassos quilómetros dali.
O mesmo que se passa em Save, em Muxúnguè, estão perfiladas centenas de viaturas com destino à região Sul, com passagem obrigatória por aquele troço de quase 110 quilómetros.
Deste lado, os camiões transportam normalmente matérias primas para as cidades de Maputo e Matola.
Por causa das dificuldades de momento, a alta de preços disparou em mais de 100% junto aos proprietários das mercadorias, preço que será reflectido ao consumidor final.
Os falsos camponeses
Nesse troço de aproximadamente 110 quilómetros, o tal de ataques repentinos de elementos da Renamo contra viaturas integradas na coluna escoltada por militares, não há sinais de perigo, quando visto à primeiro no primeiro contacto.
A paisagem é preenchida por machambas e alguma mata, isolada, mas na essência são machambas e algumas dezenas de camponeses a trabalhar a terra ou a fazer colecta da produção alimentar.
Não há, aparentemente, razões para desconfianças.
Mas há ataques mortíferos ao longo do troço.
O que sucede é que, os tais camponeses que andam a trabalhar a terra ou a colectar produção, coincidentemente sempre que uma coluna de viatura se faz à Estrada, escondem o material bélico e se fazem de camponeses, mas responsáveis por fazer passar a informação para os companheiros melhor posicionados em pontos estratégicos para os ataques.
Não surpreende, por isso, que os elementos da Renamo saibam identificar as viaturas civis que transportam militares e material bélico, sendo atacadas por isso.
Os camionistas, tradicionais utilizadores do troço, sabem disso e já se rendem à evidência dos factos. Eles tentam recusar integrar os militares nas suas viaturas, mas nem sempre ganham essa batalha, por sob o risco de serem registados como “colaboradores do inimigo” e daí excluídos das colunas.
Por causa de todo este cenário, as matérias primas que saiem do outro lado do Rio Save, para as fábricas do lado de cá, nomeadamente Maputo e Matola, atrasam a chegar e quando finalmente atingem o ponto de chegada, os custos são elevados.
Deste lado para lá do Save, os camiões transportam produtos acabados, manufacturados em fábricas que existem por cá, ou levados em grandes armazéns maputenses, para Sofala, Manica, Tete, Zambézia, mas acabam encalhando devido à tensão que se intensifica no mencionado troço Save-Muxúnguè.
O empresariado nacional lamenta e classifica o negócio como estando em ‘banho-maria’. sr
EXPRESSO – 24.06.2014

Wednesday, 25 June 2014

Militantes da Renamo surpreendidos com comício inédito no centro de Moçambique

Beira, Moçambique, 24 jun (Lusa) - A população de Munhava, Beira, Sofala, centro de Moçambique, foi hoje surpreendida com um inédito comício por videoconferência do líder da Renamo, Afonso Dhlakama, para que a popularidade do partido venha crescer.
Em declarações a Lusa, Pereira Vasco, um morador deste bairro bastião da Renamo e presente no comício que marcou o lançamento da pré-campanha de Afonso Dhlakama às presidenciais de 15 de outubro, disse que a interação com o líder do maior partido da oposição abre novas expectativas eleitorais.
"Estou muito feliz, sem palavras. Isso é gratificante, poder interagir com o líder da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana)", disse à Lusa Pereira Vasco, à saída do comício na Munhava, que marcou a aparição de Dhlakama, escondido há meses algures na serra da Gorongosa.

Líder da Renamo reitera ameaça de dividir Moçambique em comício na Beira

Beira, Moçambique, 24 jun (Lusa) - O líder da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), maior partido da oposição em Moçambique, Afonso Dhlakama, reiterou hoje durante um comício na Beira a ameaça de dividir o pais se o Governo não ceder na unificação do exército.
Dhlakama, que se mantém escondido na serra Gorongosa, falou por videoconferência, no populoso bairro da Munhava, bastião da Renamo, no lançamento da sua pré-campanha eleitoral às presidenciais de 15 de outubro, e considerou insustentável a coabitação com o Governo, da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), tendo decidido criar fronteiras geopolíticas para dividir o país a partir do Save, província de Sofala, no centro do país.
Com a divisão proposta pela Renamo, o Governo ficaria apenas com a gestão de quatro províncias da região sul, incluindo a capital Maputo, passando as remanescentes sete províncias do centro e norte de Moçambique para a gestão da Renamo.

Conselho da RENAMO promete dividir Moçambique se diálogo com Governo falhar

O Conselho Nacional da RENAMO escolheu Afonso Dhlakama como candidato às presidenciais de 15 de outubro próximo. Também a divisão do país foi decidida, caso as negociações com o Governo não sejam frutíferas.
Panfleto da RENAMO nas eleições gerais de 2009
A avaliação da candidatura do líder do maior partido da oposição, a RENAMO, o desempenho dos órgãos do partido e a situação em que se encontra o país foram discutidos no III Conselho Nacional da RENAMO que decorreu entre esta segunda-feira (23.06) e terça-feira (24.06).
Novas estratégias desenhadas e divulgadas à imprensa no fim do encontro referem que o país deve ser dividido a partir do rio Save, local onde acontecem os ataques supostamente perpetrados pela Perdiz, símbolo do partido RENAMO.
Segundo José Manteiga, porta-voz do III Conselho Nacional da RENAMO, por questões de segurança Afonso Dhlakama não participou das discussões internas do partido, mas teve a oportunidade de falar aos conselheiros via Skype.
Manteiga afirmou que o reaparecimento do seu líder, ou seja, o seu abandono definitivo das matas de Gorongosa, na província central de Sofala, está dependente da revisão da política de defesa e segurança.
Afonso Dhlakama não participou do encontro da RENAMO
Moçambique em retalhos
E como a solução pacífica tarda em chegar, a RENAMO traçou a sua própria saída, caso o consenso não seja alcançado. Neste contexto, José Manteiga diz que o "Conselho Nacional deliberou que não havendo condições de co-habitação entre a RENAMO e a FRELIMO, significa que a FRELIMO quer a divisão deste país."
Por isso, o porta-voz do III Conselho acrescenta: "A RENAMO entende que não havendo consenso nas negociações, e não tendo sido criadas as condições para que o nosso presidente saia das matas para fazer a sua campanha, temos que que separar as regiões, a RENAMO fica nas zonas centro e norte e a FRELIMO na zona Sul."
O político sustenta ainda que o processo das negociações entre o Governo da FRELIMO e a RENAMO não está a produzir quaisquer resultados.
Em cima da mesa está atualmente a composição das Forças Armadas de Moçambique e a desmilitarização da RENAMO. O maior partido da oposição exige que o exército seja composto pelos seus homens em 50% e para o Governo o mesmo valor, conforme o definido nos Acordos de Paz de 1992, que puseram fim à guerra civil de 16 anos entre as partes.
Os homens da RENAMO confrontam-se diariamente com as forças do Governo
Tudo está nas mãos do Governo?
José Manteiga contou também que, depois do encerramento do Conselho Nacional os mais de 100 Conselheiros e a população dialogaram com a população através do skype.
O porta-voz garante que se na mesa de diálogo tudo correr de feição, "a RENAMO e o presidente Dhlakama podem sair das matas e hoje mesmo ir a Maputo, amanhã começar a sua pré-campanha."
A RENAMO garante que os conselheiros saíram satisfeitos do encontro e tomaram como desafio trabalhar com as comunidades da base, para garantir a votação plena do candidato nas eleições de 15 de outubro, tanto do partido como do seu líder Afonso Dhlakama.
O encontro que juntou mais de 800 participantes, entre delegados e concorrentes aos órgãos deliberativos, foi antecedido de intensos debates à volta do desempenho do partido ao nível de base.
 

 

Tuesday, 24 June 2014

MARCO DO CORREIO, por Machado daGraça



 Olá Amélia

Como estás, amiga? E a tua família? Do meu lado está tudo bem, felizmente.
Mas, mais uma vez, muito preocupado. É que acabo de ver, numa reportagem de uma das nos­sas televisões, mais um caso de abuso de poder de agentes da nossa Polícia. Dos chamados cin­zentinhos.
Na reportagem aparece um cidadão, que admite ter cometido uma infracção, a contar q...ue, quando queria pagar a multa respectiva, viu, espantado, o agente policial disparar quatro tiros contra a roda da sua viatura, danificando a jante, o pneu e uma conduta de óleo dos travões.
Nem ele nem as várias testemunhas presentes conseguem entender por que razão o polícia dispa­rou. Talvez ele tenha ficado aborrecido por o cidadão querer pagar a multa em vez de resolver o problema de outra maneira...
Mas a questão é que casos destes, ou parecidos com este, se estão a repetir com demasiada fre­quência. As pessoas já têm medo de ser mandadas parar, à noite, mesmo que tenham tudo em ordem. Em muitos casos são verdadeiros assaltos.
E nós só ficamos a saber dos casos em que as vítimas fazem circular a informação, o que é, certa­mente, uma minoria dos casos que acontecem.
Ficámos a saber que foram assaltados por cin­zentinhos dois pilotos da TAP. Ficámos a saber de idêntico assalto a oficiais de um navio de guerra italiano que estava atracado no nosso porto e mais alguns casos que são colocados, como avisos, nas redes sociais.
Há dias li as declarações de um cidadão sul-afri­cano, grande apreciador de Maputo, que dizia que não ia voltar à nossa capital. A razão era estar farto de ser incomodado pela nossa Polícia ao longo das estradas, sempre à espera de receberem uma gorjeta.
E é lamentável que estas autênticas extorsões sejam feitas por agentes policiais ameaçadoramente munidos de armas de guerra.
Eu creio que a primeira medida para acabar com estes abusos era desarmar a maioria dos polícias. Para manter a ordem no trânsito ou nas ruas da cidade a Polícia não necessita para nada de armas, especialmente de AKMs. Que usem armas em mis­sões especiais, em que se receia reacções violentas, muito bem. No dia-a-dia, não.
E outro aspecto importante é que estes agentes que se dedicam a incomodar os cidadãos, acusando­-os de não estarem a cumprir a lei estão TODOS ELES a não cumprir o preceito legal que obriga a que tenham a sua identificação bem visível no far­damento. Não aparece um a cumprir essa norma. De forma que somos assaltados e nem sequer podemos identificar quem nos assaltou.
Será que os comandantes destes polícias ignoram o que se está a passar? Se ignoram é porque andam muito distraídos. Sabe-se lá com quê...



Um beijo para ti do

Machado da Graça

CORREIO DA MANHÃ – 24.06.2014

Setenta empresas portuguesas confirmam presença na FACIM 2014


O Instituto de Promoção de Exportações (IPEX), instituição organizadora da maior Feira Comercial do país, garantiu a presença de pouco mais de 70 empresas portuguesas para a 50ª edição da Feira Internacional de Maputo (FACIM), a decorrer entre os 25 a 31 de Agosto próximo, em Ricatla, Distrito de Marracuene, província de Maputo.
De aco...rdo com aquela instituição, aquele número de empresas lusas é considerado “extraordinário” e manifesta o “grande interesse dos investidores de Portugal pelo mercado moçambicano”.
As empresas presentes no Ministério na 50ª edição da FACIM são das áreas de construção, agro-alimentar, metalurgia e metalo-mecânica, tecnologias de informação e comunicação, material eléctrico e eletrónico, bem como dos ramos farmacêutico e mobiliário.
As empresas vão ocupar um gigantesco pavilhão correspondente a cerca de dois mil metros quadrados.


Sugestão Jornal

Governo insiste na divisão da cidade da Beira

O Governo vai prosseguir com a divisão da Beira, a segunda maior cidade do país, afirmou à Lusa a ministra da Administração Estatal, apesar dos avisos da autarquia local, que considera o processo ilegal e vai combatê-lo.

Carmelita Namachulua, ministra da Administração Estatal, disse que a divisão da Beira está enquadrada no plano do Governo para a divisão e reestruturação administrativa das cidades, que exclui apenas a capital, Maputo.
"O Governo é soberano para poder organizar administrativamente o território moçambicano" declarou à Lusa a governante, acrescentando que foi aprovada uma lei pela Assembleia da República, em 2013, que cria 13 novos distritos e refaz os distritos das cidades capitais das províncias.
A ministra defendeu a divisão da Beira como um processo normal de descentralização, que o Governo adoptou com a intenção de acelerar o desenvolvimento e permitir a maior participação da população na gestão local.
"O importante é termos a consciência de que o nosso país é uno e não temos fronteiras dentro dele", considerou Carmelita Namachulua, reafirmando que todos os distritos se regem pelas normas estabelecidas pelo Governo, por não existirem "dentro da República de Moçambique estados federados".
"Não significa que, quando um partido ganha uma unidade sectorial, no âmbito da municipalização, esse local deve ser considerar um estado federado dentro do estado moçambicano" disse Carmelita Namachulua, acusando o edil da Beira, Daviz Simango, eleito pelo Movimento Democrático de Moçambique (MDM), terceira força política, de incitar à desordem, indisciplina e desobediência.
O Governo da cidade da Beira, centro, alegando crescimento populacional, fraco grau de desenvolvimento e falta de prestação dos serviços básicos pela autarquia, apresentou duas propostas de divisão da Beira - uma que reduz a cidade a oito dos 26 bairros e outra que lesa menos o município, que seria cortado em 13 bairros.
Na primeira proposta, a autarquia perderia o domínio da lixeira, do cemitério, do populoso bairro da Munhava, e dos bairros da Manga e de expansão. Na segunda, alem dos bairros, várias infraestruturas recentes ficavam fora da competência da câmara, implicando o despedimento de membros da Assembleia Municipal, da Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique) e MDM.
No dia 20, a estatal Agência de Informação de Moçambique (AIM) noticiara que o Governo já não pretendia dividir a jurisdição da segunda maior cidade do país.
A garantia, segundo a AIM, foi dada pelo vice-ministro da Administração Estatal, José Tsambe, segundo a AIM, num encontro em data não mencionada com Daviz Simango, que ameaçara mobilizar uma resistência popular contra a medida.
Em declarações à Lusa, o autarca da Beira assegurou que a divisão da Beira nunca passou por um debate na Assembleia da República, ao não estar incluída na lei 27/2013, de 18 de dezembro, que define e transfere as sedes distritais por província, considerando a proposta do Governo "inconstitucional e desrespeitadora" das normas vigentes.
A mesma lei, publicada na I serie, número 101, disse, determina a Beira como a sede do distrito da Beira, com 26 bairros, e não revoga a deliberação 46/AMB/03 de 28 de agosto, que cria a cidade, com os limites geográficos constantes da resolução 3/81 de 2 de setembro, da Assembleia da República.
"Pensamos que o processo da divisão da Beira tem outras intenções além de administrativas. Havendo justiça, este processo não tem pernas para andar", disse Daviz Simango, assegurando que a ação do Governo trava iniciativas de desenvolvimento da cidade.
Moçambique tem programadas eleições gerais (presidenciais, legislativas e assembleias provinciais) para 15 de Outubro.


Tirem os dedos dos gatilhos e peguem nas canetas


Assinem o acordo da “renovação” do AGP já.
Beira (Canalmoz) - Deixem-se de histórias e assumam que andam a brincar com a inteligência dos moçambicanos.
Dada a impraticabilidade de soluções de tipo Putin ou de tipo José Eduardo dos Santos ou ainda de Kirchener, e a incapacidade manifestada de levar avante uma guerra de desgaste vitoriosa, os políticos que possuem partidos armados devem desistir de mais aventuras e renderem-se à evidência dos factos.
Bem tentaram, mas os cidadãos não ficarem convencidos nem querem nenhuma das soluções propostas e perseguidas. Todas elas significam, em termos práticos, o agravamento do conflito político-militar. Todas elas levarão a que mais vidas de inocentes se percam numa carnificina fratricida sem qualquer justificação.
A teimosia não pode continuar como instrumento político ou de políticas.
Goradas maquiavelices de alguns, que se supunham mais capacitados e organizados para dirigir os destinos de Moçambique, chegou o momento de dar oportunidade para que os moçambicanos, em ambiente de paz e sossego, se manifestem através do seu voto em Outubro. Que sejam eleitos os melhores, e que os resultados dos pleitos tragam mais moçambicanidade, longe e fora dos jogos intestinais e estomacais.
Normalizar e moralizar o país vai requerer o esforço de todos e a sabedoria que os moçambicanos cada vez mais demonstram que tem.
Fugas para a frente, silêncios cúmplices, jogatinas devem ser retiradas do campo de jogo político, para que emerja um clima de confiança mínima, para que a segurança volte ao país. Calem-se as armas, e que sobre o país reine aquela concórdia a que estávamos ficando habituados, após a assinatura do AGP. No fim, tudo se resume ao reconhecimento de que os outros, assim como nós, têm direitos políticos e económicos.
É salutar que a PRM/FIR não estejam incomodando ou perturbando a Conferência Nacional da Renamo, no centro da cidade da Beira. Isso mostra que é possível permitir que os partidos políticos façam política cada um a seu jeito e maneira.
Não há falta de espaço físico e geográfico para que a coabitação seja possível. Não há falta de legislação para que os partidos políticos se façam ouvir e participem de maneira ordeira na vida política do país. Não há falta de recursos naturais, de solo e águas ou minerais para que os moçambicanos sejam transformados em pedintes, enquanto os que demandam à nossa terra enriquecem e progridem.
Esta Pérola do Índico só será, se for comparticipada e compartilhada pelos seus filhos sem discriminação de espécie alguma.
Não é favor que se faz à Renamo ou ao MDM e a qualquer outro partido convergir e concluir acordos conducentes ao aprimoramento legislativo que interessa e promova a paz, a justiça e equidade no país.
Sem complexos de qualquer natureza, sem ambiguidades nem malabarismos de última hora, sem embustes nem cartas escondidas, pode-se chegar ao único entendimento que interessa aos moçambicanos, a PAZ.
Uma elite que vê o seu país ruindo sem se manifestar não merece esse nome. Uma elite que se comporta como sanguessuga e ave de rapina que se alimenta dos restos dos animais tombados na pradaria não merece apreço dos cidadãos.
Políticos e empresários, sociedade civil, confissões religiosas, homens, mulheres, jovens, todos são chamados a exercerem pressão sobre as lideranças políticas deste país, independentemente da cor ou filiação partidária.
Inventar ou adjectivar outros de inimigos, quando são simplesmente adversários políticos da mesma nacionalidade, não ajuda a dissuadir as partes beligerantes para pararem com os confrontos.
As saídas demagógicas de exclusão de uns para usufruto de outros são política mal concebida, na medida em que dá azo para que surjam clivagens e desacertos que afectam a verdadeira agenda nacional.
Moçambique precisa da sabedoria de todos, e essa existe. Onde parece que não há solução para os problemas, deve-se encontrar fonte de inspiração para o pensamento positivo e proactivo.
Temos massa crítica suficiente para dar às coisas uma viragem fundamental.
Os políticos e governantes jamais terão sucesso se não entenderem e assumirem que não se governa sem capacidade de escutar os governados.
A acumulação de erros nas opções tomadas e seguidas foi produto de espírito obtuso e recalcitrante de pessoas que se julgavam bem-intencionadas, mas que partiam de pressupostos errados.
“Ilhas de riqueza rodeadas de pobreza” e indigência tornam-se barris de pólvora que podem explodir a qualquer momento.



(Noé Nhantumbo, Canalmoz)

Monday, 23 June 2014

Brazão Mazula: “O país está em guerra sim, haja coragem de assumir”

O académico Brazão Mazula, que foi reitor da Universidade Eduardo Mondlane e também Presidente da Comissão Nacional de Eleições (CNE), disse em entrevista exclusiva ao Diário da Zambézia que o país está em guerra.
Nesta longa entrevista que Mazula concedeu ao DZ, foram abordados vários aspectos da vida do país que nos próximos tempos poderemos traze-los. Indo concretamente a questão da paz que está ameaçada, a fonte disse que a situação já é preocupante ao avaliar pela forma como as armas tem vindo a ser usadas como forma de acabar com as diferenças. E não só para acabar com as diferenças, mas também os políticos usam estas armas por apetência ao poder quer para se manterem assim como para ascenderem.
Conforme explicou Mazula, o país está em guerra e não vale a pena minimizar, buscando linguagens suaves como conflito político-militar, porque esta fase já passou. Aliás, de acordo com o nosso entrevistado, há bastante tempo que o país saiu do tal conflito político militar para uma situação de guerra. Há guerra, conforme Mazula, naqueles casos em que já não se pode andar via terrestre (como é o caso de Muxungué, Murrotone, etc), os camiões são queimados, as armas são usadas como forma de acabar com um e outro e isso não tem outro nome se não guerra.  Mazula lembra com mágoa os malefícios da guerra. “Nós estávamos habituados a viver em paz, apesar da pobreza, mas com isso que estamos a viver, poderemos ser mais pobres”- disse a fonte. Mazula está em Quelimane a dar aulas na Universidade Católica de Moçambique, Faculdade de Ciências Sociais e Políticas.

Coabitação política sacrificada por agendas “obscuras”?


Beira (Canalmoz) – Continuar pela via da confrontação coloca em risco a democracia. Muitos podem não ter reparado que a poesia e prosa política proveniente de certos círculos não abandonam posturas nem atitudes de confrontação.
De golpe em golpe, de discurso em discurso, de posição em posição, de procedimento em  procedimento, há gente que só consegue deixar transparecer que não está preparada para a coabitação e convivência pacífica.
Os tiros e gás lacrimogéneo disparados em Nampula por causa duma disputa relacionada com um edifício são simplesmente a ponta dum iceberg que revela o tipo de políticos que temos.
As agressões e violações de natureza política que somam um pouco por todo o país mostram que alguém não está preparado para ser ou estar na oposição.
O momento é de características únicas e especiais no mais verdadeiro sentido destas palavras. Existe tudo para melhorar o ambiente político, mas existe simultaneamente uma situação de carências típicas de encruzilhada política.
Quando os políticos esgotam argumentos válidos, perdem capacidade de compreender a razão das suas derrotas, acomodam-se em posições adquiridas, incorrem na miopia política.
Há uma recorrente reacção negativa, brutal de alguns políticos que denotam insipiência e manipulação da verdade. Onde disputas deveriam ser resolvidas com palavras, quem tem a PRM/FIR de seu lado acciona estas forças e coloca em perigo a vida de cidadãos e a estabilidade política. É inglório e perigoso transformar a PRM/FIR em entidades representativas de “moços de recados” a que se pode recorrer para resolver disputas políticas. O sentido de órgãos de soberania e de agentes da lei e ordem fica diluído e conspurcado.
É relativamente fácil seguir a via dos catálogos, que, como já se viu, não possuem sustentabilidade nem razão de ser. Agora que certa imprensa avança com “intenções obscuras” como forma de designar os objectivos que a outra parte lança para a mesa de negociações sobre o conflito político-militar no país, pode-se depreender que seus autores pretendem deixar passar a imagem de que a Renamo e sua liderança escondem algo. O PR jamais apareceu dizendo que o AGP tem pendentes. O Governo teima em menosprezar os argumentos de peso que a liderança avança como motivo da actual crise.
A cegueira aparente e promovida face a questões óbvias, documentadas e de conhecimento público revelam na verdade agendas obscuras. Está faltando uma dose de sensatez e de coerência por parte de governantes que, de repente, se vêem confrontados com uma oposição mais esclarecida.
O tempo exige que os partidos políticos aprendam rapidamente sobre como se devem relacionar e como devem executar as suas actividades políticas.
A existência de “brigadas de choque” com pacotes de instruções concretas sobre como inviabilizar as actividades políticas dos adversários é má decisão. Não se pode fazer política democrática com “camisas castanhas” ou outro tipo de estrutura obstrucionista. Democracia significa abertura, tolerância, espaço livre para a actuação política.
Outra questão que merece reparo é o silêncio a que as hierarquias se remetem sempre que surgem actos deploráveis de violência com inspiração política.
Os apologistas da paz e da democracia devem aparecer sempre que esta seja colocada em risco. Política não é actividade de fim-de-semana ou sazonal.
É preciso vermos os órgãos da justiça sendo responsáveis e proactivos no quadro da sociedade moçambicana actual. Demarcação completa dos “embrulhos” ou coletes-de-forças que os impedem de agir como deles se espera, é uma questão vital para a democracia moçambicana. A sensação ou percepção de impunidade com que uns actuam e estão convencidos de que podem actuar é um perigo real que não se pode permitir que floresça e se espalhe pelo país.
A tolerância, a paz, a convivência são factores que se constroem com comportamentos visíveis e não com simples proclamações.
Somos moçambicanos, diferentes, e não escolhemos como nascemos, onde nascemos, mas temos o direito a opção e escolha política, religiosa sem que isso diminua a nossa moçambicanidade.
As lideranças políticas nacionais são chamadas a exercerem e a manterem toda a serenidade por uma contenção discursiva, uma qualidade de acção política consentânea com os objectivos de paz, desenvolvimento e segurança nacional.
Derrapagens, malabarismos, agendas “obscuras” não podem nem devem colocar o país em risco de regressão.



(Noé Nhantumbo, Canalmoz)