O informe sobre Estado da Nação apresentado esta quinta-feira (19) pelo Presidente da República, Armando Guiebuza, suscitou reacções diferentes por parte das bancadas que compõem o Parlamento moçambicano. Enquanto os dois grupos parlamentares da oposição entendem que o chefe do Estado não tocou no coração dos problemas que apoquentam o país, a bancada maioritária defende que o mesmo foi exaustivo e fez uma abordagem profunda.
Longo após o término da apresentação do informe do Chefe do Estado, o porta-voz da bancada parlamentar do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), José Manuel de Sousa, reagiu ao discurso dizendo que o mesmo constitui de facto uma radiografia dos pontos positivos e negativos que marcaram o ano de 2013, mas peca por não trazer nenhuma linha de orientação para o grande problema do país, que é tensão política, consubstanciada pelos ataques armados. “Não satisfez porque a solução ao grande problema que tem que ver com a tensão política não nos parece consistente na forma como ele apresentou aqui.”
Para a bancada minoritária da Assembleia da República, o PR foi ao Parlamento manifestar com clareza que a resposta à tensão político-militar vai ser o uso da força governamental para se encontrar uma solução. Portanto, argumenta, não vai ser uma solução tão fácil tal como nós imaginávamos, que se encontra através do diálogo. “Nós esperávamos que o Chefe do Estado dissesse que a curto prazo vai ter um encontro com o presidente da Renamo para resolver o diferendo e voltarmos à paz que almejamos”.
Relativamente a outros assuntos que marcaram o ano, o MDM entende que o PR apenas limitou-se a repetir o que foi dito durante a sessão de perguntas ao Governo. “Ele veio dizer que há raptos, violência, crimes hediondos e que temos instituições que estão a trabalhar para isso, mas não avança soluções para o estancamento. Nós queríamos ouvir que em relação a Polícia e Força de Intervenção Rápida (FIR) há este e aquele trabalho que está a ser feito. Agora se olharmos o que ele disse que em relação a distribuição da riqueza facilmente nota-se que qualquer animal do campo sabe que o dinheiro não vai ser distribuído pelos cidadãos. Sabemos que é a partir do aparecimento das pequenas empresas que o Governo vai providenciar a riqueza aos nossos concidadãos."
Frelimo - abordagem profunda
Por sua vez, a bancada da Frelimo entende que a abordagem feita pelo Chefe de Estado foi profunda a considerar por tudo que foi dito, principalmente pelos quatro desafios que se circunscrevem na tranquilidade e segurança dos cidadãos, na manutenção da paz e consolidação da unidade nacional e de democracia.
Segundo o porta-voz da bancada, Edmundo Galiza Matos, outro aspecto, ligado a economia e recurso naturais, é a manutenção do crescimento económico que temos estado a registar a um ritmos de sete porcento.
Relativamente à tensão político-militar na província de Sofala, a Frelimo entende que o PR fez uma radiografia e cronologia impressionante dos acontecimentos. Depois de argumentar a posição da sua bancada em relação ao informe, o interlocutor disse que o discurso do Chefe do Estado pode ser interpretado de várias formas.
Guebuza, explicou, de acordo com Galiza Matos, ainda que caminhar progressivamente rumo ao bem-estar significa que “ontem nós tínhamos cada vez menos pessoas escolarizadas, menos pessoas a debater livremente as suas ideias, hoje nós temos muitas e num contexto democrático. Se ontem tínhamos a uma maternidade e as mães não podia chegar a elas por causa da distância hoje o cenário é outro e isso significa caminhar rumo a prosperidade.”
Para ele, o PR foi feliz ao abordar acerca de impossibilidade de haver paridade nos órgãos eleitorais. Disse que querer a revisão do Pacote Eleitoral, particularmente a paridade, tal como a Renamo exige, mostrou-se ser um falso argumento quando formações políticas participam no processo eleitoral e tem a oportunidade de se fazer presente nos órgãos eleitorais como presidentes dos conselhos municipais. “Logo cai por terra este argumento de que deve haver paridade”.
“O PR de forma didáctica referiu-se à impossibilidade desta paridade pois logo depois do acordo geral de paz começam a surgir diversos partidos políticos que se tivéssemos que olhar para essa questão da paridade teríamos que ter mais de cinquenta partidos nos órgãos eleitorais. PR perdeu oportunidade de sair pela porta da frente".
Renamo ignora o Presidente
A bancada da Renamo, tal como tem feitos nos anos passados, quando o PR ia começar a apresentar o informe retirou-se da sala do plenário. O porta-voz desta bancada, disse que aquele acto é uma manifestação de solidariedade para com o povo moçambicano que esperava e ansiava ouvir a solução da questão de Muxúnguè, que não foi trazida pelo PR.
Para a Renamo, o Presidente Guebuza apenas “mostrou a incapacidade e insensibilidade em resolver problemas reconhecidos e identificados”, aliás, prossegue, ficar e ouvi-lo seria compactuar com ele. “O que nós fizemos não passa de uma manifestação pacífica por que não faz sentido ouvir um chefe do Estado incapaz de resolver os problemas de Moçambique”.
No entender de Arnaldo Chalaua, a única coisa que o povo pede é a paz. A questão de recurso económicos, distribuição equitativa projecção da economia é um problema que os moçambicanos compreendem, mas o que os aflige hoje é a paz, dai que o PR ao não trazer a solução do principal problema perdeu a oportunidade de sair pela porta grande. “Por que não aceitar a paridade nos órgãos eleitorais, a revisão do pacote eleitoral que é para permitir que todos os partidos concorram em pé de igualidade”, questiona Chalaua. “Já agora qual é o mal dos facilitadores nacionais e observadores internacionais no diálogo”, prossegue com a indagação.
A Verdade
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