Tuesday, 10 December 2013

Funeral de Mandela: um quebra-cabeça logístico e de segurança

O funeral de Nelson Mandela representa um grande desafio logístico e de segurança para a África do Sul. São esperadas várias personalidades internacionais e representantes políticos.


As autoridades preparam-se há anos para as cerimónias fúnebres do líder histórico, mas os constrangimentos estruturais e o elevado número de pessoas constituem alguns dos desafios desta cerimónia.
"Todos os semáforos estão verdes, seguimos um programa que foi estabelecido há três ou quatro anos", assegurou a ministra da Defesa, Nosiviwe Mapisa-Nqakula, citada pela agência de notícias Sapa.
As autoridades prepararam-se de facto há anos para a partida do herói da luta contra o apartheid e primeiro presidente negro do país, que faleceu na passada quinta-feira, aos 95 anos.
As autoridades apresentaram rapidamente o programa da semana de luto nacional com três momentos de destaque: uma homenagem oficial na Terça-feira em Joanesburgo, o velar do corpo em Pretória, entre quarta e sexta-feira, e o funeral no Domingo em Qunu, aldeia onde Mandela passou a infância.
Num país marcado por um índice de criminalidade recorde, com 45 homicídios por dia, o Governo tem prestado especial atenção à segurança.
A coordenação foi confiada a um "centro de operações conjuntas", uma estrutura dirigida pela polícia em parceria com o Exército - que mobiliza 11.000 militares para o evento - e os ministérios envolvidos.
A primeira missão das autoridades é proteger os líderes estrangeiros, incluindo os cerca de 100 chefes de Estado e de Governo (Barack Obama, Dilma Rousseff, François Hollande, David Cameron, entre outros...), mas também artistas, como Bono, empresários e todos os outros anónimos presentes.
"Receber tantos chefes de Estado não é um quebra-cabeças: temos experiência e vamos trabalhar em conjunto com os serviços de segurança", declarou à AFP o porta-voz da polícia, Solomon Makgale.
A embaixada dos Estados Unidos corroborou o discurso, explicando que tem "trabalhado em estreita colaboração" com os serviços sul-africanos. "Como o presidente Obama já veio à África do Sul, há cinco meses, conhecemos muito bem os nossos colegas", acrescentou Jack Hillmeyer, porta-voz da embaixada.

"Pesadelo" em Qunu
Para se preparar para este momento, a África do Sul também se baseia nas lições aprendidas durante a tomada de posse de Nelson Mandela, após a sua eleição em 1994, que contou com a presença de mais de 50 líderes estrangeiros.
Mais recentemente, o país organizou, sem grandes problemas, o Campeonato do Mundo de 2010.
Tal como durante o campeonato "uma das abordagens é tentar limitar o fluxo de pessoas", observou Johan Berger, do Instituto de Estudos de Segurança (ISS).
A cerimónia de Terça-feira será realizada no estádio Soccer City, em Soweto, que tem capacidade para cerca de 80.000 pessoas, e também será transmitida ao vivo pela televisão em três outros estádios de Johannesburgo e em 150 ecrãs gigantes espalhados pelo país.
Para evitar uma lotação excessiva, as principais vias de acesso ao estádio serão fechadas ao trânsito, enquanto as linhas de autocarros e comboios vão garantir o transporte gratuitamente.
O acesso a Pretória também será controlado durante os três dias de velório de Nelson Mandela.
Para que os sul-africanos que desejam prestar uma última homenagem ao pai da Nação não fiquem restritos ao perímetro de segurança, o Governo abriu uma linha directa para ajudá-los a organizarem-se.
Um outro desafio é a organização do enterro no Domingo em Qunu, uma pequena vila que possui apenas uma estrada de acesso.
As autoridades "tentaram desaconselhar os líderes a comparecerem no enterro por causa da infra-estructura limitada nesta região (...) e pelo facto de ser mais difícil garantir a segurança", revelou Berger.
O porta-voz da diplomacia sul-africana, Clayson Monyela, também mencionou no Domingo o "pesadelo" logístico em Qunu se todos comparecerem.
A mensagem parece ter sido ouvida, já que apenas o príncipe Charles da Inglaterra anunciou a sua participação no enterro.
Em súmula, considera Berger, "haverá, sem dúvida, soluços aqui e ali, mas, no geral, existem as estruturas, a experiência, e as autoridades serão capazes de garantir a segurança da operação".

SAPO c/AFP

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