Wednesday, 6 November 2013

Insensatez a matar a “galinha dos ovos de ouro”

Sem paz não há vencedores, perdem todos…
Nada é mais simples do que isso

Beira (Canalmoz) – Aqui jamais foi a questão de se descobrirem culpados, puros, revolucionários, reaccionários, competentes, especiais ou alguma outra categoria que fosse melhor qualificada para dirigir os destinos de Moçambique.
Os dias em que soprava um vento denominado de revolucionário esfumaram-se logo que secou a sua fonte ideological.
 Numa confrontação em que mais se serviu de “carne de canhão” para terceiros, o conflito terminou de uma maneira honrosa para as partes beligerantes. Só que desde cedo se tornou claro que havia “cartas escondidas na manga”.
De exemplo de como se pode ter sucesso na implementação de um acordo de paz, Moçambique está resvalando a olhos vistos para um novo conflito fratricida.
Quando vozes se levantaram contra a promiscuidade entre os poderes democráticos, contra uma situação de excessiva dependência de um executivo com uma forte veia centralizadora muitas vozes da sociedade civil que hoje reclamam por justiça e paz navegavam a onda dos benefícios e subsídios oferecidos por um regime astutamente atento aos seus objectivos e agenda.
A proliferação de organizações não governamentais agora chamadas de organizações da sociedade civil foi sendo alimentada por gente com uma agenda perfeitamente elaborada. O sufoco da oposição passava pelo silenciamento dos que ousavam criticar o regime.
Não é por acaso que a comunicação social pública e mesmo alguma privada foram tomados de assalto.
Aquilo que não era possível na II república depressa se tornou implementável porque havia já sido estabelecido um escudo protector. Um sistema judicial manietado por obediência cega a um executivo controlador jamais foi capaz de dirimir os diversos publicitados e conhecidos. Na verdade quando se diz que não há vontade política para resolver os casos pendentes em Moçambique é como que dizer que os órgãos estão amarrados. Quem chega ao topo da hierarquia judicial ou policial deve obediência ao partido governamental. Numa combinação quem dirige o governo simultaneamente controla as rédeas do poder no partido.
Toda aquela música indigesta e poesia de combate enferrujada com que se bombardeiam as mentes utilizando de maneira abusiva o acesso garantido a comunicação social pública e outra mercenária visam proceder a uma lavagem cerebral em larga escala.
Numa ofensiva que até envergonha seus executantes as pessoas estão “obrigadas” a elogiar mesmo o indefensável.
Se noutros países a conduta dos governantes é regida por código ético verificável em Moçambique atropelam-se a frágeis leis a bel-prazer de quem manda e desmanda.
Mesmo perante provas irrefutáveis de conluios para lesar financeiramente o estado os órgãos judiciais não conseguem produzir as provas fundamentais e muito menos acusar.
É comum dizer-se que enquanto os “cães ladram a caravana passa”.
Caminha-se a passos largos para a reimplantação de um estado ditatorial utilizando legalismos constitucionais.
Os que se agarram a uma constituição torpedeada todos os dias tem consciência plena de isso lhes garante continuarem no poder.
E existe um agravante, a oposição interna na Frelimo está sendo metodicamente eliminada, silenciada ao mesmo tempo que a oposição política em geral actua de maneira reactiva, inconsistente e sem conseguir delinear uma estratégia de actuação consequente com vista a mudar o quadro político nacional.
Onde estão os dignos representantes daquela bela experiencia de diálogo que levou a assinatura do AGP e Roma?
Parece que alguns esperam ansiosamente que o “barco se afunde” para surgirem como salvadores.
Os que se atrevem a dizer algo têm sido conotados com tendências racistas demolidoras por uma equipa bem lubrificada de bajuladores profissionais. Uma jovem classe de pseudo-intelectuais. Os outros que não são classificados pertencentes ou integrantes da redescoberta “ala de Goa” tornaram invisíveis e mudos face ao poder acumulado e centralizado pelo “grande líder”.
Alguns ensaios de oposição a derrapagem política e social no país existem mas sem aquela pujança e continuidade necessária para que o surjam e contrariem de maneira decisiva o “plano inclinado” em que se tornou o país.
Fala-se e especulam-se razões para a presente situação mas entre elas teremos decerto uma com peso suficiente para desequilibrar a balança, os recursos naturais especialmente os minerais, descobertos nos últimos anos.
Teremos uma nova guerra de recursos em África? Os elementos na mesa permitem afirmar que sim. Não há equidade no jogo de exploração dos recursos minerais e muitos moçambicanos foram colocados na margem e sem qualquer hipótese de intervir ou opinar.
Existe alguma luz no fundo do túnel? Sim, cresce o número de moçambicanos que se aperceberam de que o país só pode continuar viável com a paz e uma democracia genuína que abarque os seus aspectos políticos e económicos.
A demagogia apregoando a Unidade Nacional já não convence ninguém.
Os esfomeados querem trabalho e não igualdade absoluta com os senhores do poder mas já não suportam tanto sofrimento.
Lembremo-nos de Patrice Lumunba da RDC, assassinado por interesses locais e internacionais, seu desaparecimento fez nascer uma onda de instabilidade que se prolonga até aos dias de hoje.
A escolha é dos moçambicanos mas já não há muito tempo para que as partes se entendam ou no lugar disso para que entrem numa guerra aberta sem quartel.
É de elogiar o que alguns moçambicanos de boa vontade fazem para promover a aproximação necessária entre as partes beligerantes.
Pela Paz, Concórdia e Tolerância não se pode descansar minuto que seja…


(Noé Nhantumbo)

1 comment:

Anonymous said...

Enquanto existem mocambicanos de boa comrade Para mediar as diferencas existentes infelizmente alguns acendem lenha incluindo paises vizinhos. Os mocambicanos seven matar-se? Porque todos nap apelamos o dialogo?