As coisas estão a ficar complicadas.
As negociações entre o governo e o grupo do G 19, que nos diziam que estavam a correr muito bem, parece que entraram num impasse. Cada lado fincando o pé nas suas respectivas posições.
Mas tudo isso tem as suas consequências. Consequências que podem ser extremamente graves.
Como sabemos o G19 alimenta cerca de metade do nosso Orçamento Geral do Estado. E isto quer dizer que, sejam quais forem as despesas que o Estado faça, das maiores às mais pequenas, metade é paga por esses países e organizações agrupados no G19.
E, como as negociações parece não estarem a correr bem, os G19 não estão a entregar o dinheiro. O que significa que as despesas que estão a ser feitas são realizadas apenas com os bens próprios do Estado. Que só estavam previstos para metade dessas despesas.
Já se fala, de resto, na possibilidade de o Orçamento Geral do Estado ter que ser completamente reformulado, de forma a contar apenas com as receitas internas do país.
Só que, se isso acontecer, as coisas vão ficar extremamente duras no nosso país. As receitas internas vão dar apenas para metade dos medicamentos de que precisamos nos nossos hospitais, para metade dos livros escolares, para metade dos salários de todos os funcionários públicos, professores, enferneiros. Para metade de todas as despesas que o Estado faz no seu funcionamento normal de todos os dias.
Para a outra metade não vai haver dinheiro e, portanto, as coisas não vão acontecer.
É sabido que os preços dos combustíveis ainda não subiram, violentamente, porque o Estado tem vindo a subsidiar as empresas gasolineiras. Isto porque tem consciência de que uma subida nos preços dos combustíveis vai implicar uma subida geral dos preços de tudo, na medida em que tudo e toda a gente precisa de ser transportada e os preços dos transportes serão os primeiros a subir depois do dos combustíveis.
Ora se o Estado perder o apoio do G19 não terá possibilidade de continuar a subsidiar as gasolineiras e, portanto, a subida dos combustíveis não poderá continuar a ser travada.
Toda crise, começou com as ginásticas eleitorais, nas eleições de Outubro passado, destinadas a fazer a Frelimo ganhar uma vitória “esmagadora”. Só que agora, com a vitória esmagadora nos braços, o partido dominante não vai ter com quem partilhar a culpa do que for acontecendo.
Terá, sozinho, os méritos do que for a acontecer de bom e também terá, sozinho, as culpas do que for a acontecer de mau. E, pelo que já foi dito, as perspectivas parecem inclinar-se mais para a segunda hipótese do que para a primeira, infelizmente.
Preparemo-nos, portanto, para apertar o cinto. Não um simples deslocar da fivela um ou dois buracos mais para dentro. Desta vez estamos a falar de apertar o cinto para metade do que ele media antes.
O Estado é, de longe, o maior empregador no país. O que é que uma crise deste tipo vai significar em termos de desemprego? Quantas pessoas que, neste momento, mal ou bem ganham um salário ao fim do mês vão ser impedidas de o fazer? Quantas famílias vão sofrer as consequências disso?
Como de costume, se as coisas derem para o torto, quem vai passar pior são os pobres e os remediados. Vai ser sobre eles que tombará o pior peso, o mais destruidor.
Os mais ricos têm outras defesas, que lhes permitem encaixar melhor as consequências da crise, se é que ela os afecta mesmo em alguma coisa.
E, infelizmente, são estes últimos quem está nos postos de decisão e quem traça a política a ser seguida pelo país nesta e noutras questões.
Sintoma claro desta realidade é que, perante esta situação já grave, e com possibilidades de se tornar catastrófica, o Savana, da semana passada, anunciava que o actual Ministro do Interior, e membro da Comissão Política do Partido Frelimo, adquiriu, em Janeiro, um Mercedes Benz no valor de um milhão de Rands.
E, ainda muito recentemente, um
É bom, portanto, não andarmos a brincar com estas coisas.
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