Intervindo sexta-feira passada num encontro com uma delegação da Câmara Municipal de Barcelona que visitou Maputo, Graça Machel disse que se nota um pouco por todo o mundo uma tendência de degradação progressiva das cidades, situação que é também visível em praticamente todas as cidades moçambicanas.
Ao abrigo do projecto, a Avenida Samora Machel passará a ser uma via que será uma continuidade da Praça da Independência e servirá para grandes eventos, actividades culturais, devendo ser usada como um lugar de encontros e como um local de comércio, entre outras actividades, emprestando à via uma nova forma de estar.
Na ocasião, Graça Machel recebeu explicações detalhadas sobre o projecto e aproveitou a ocasião para falar dos problemas que enfermam a cidade de Maputo, particularmente a zona baixa da urbe, que, segundo ela, foi muito bem desenhada, apresentando-se em forma de rectângulos.
“Isso facilita a orientação da pessoa e em princípio também devia ser fácil ter redes de energia e de água e sistemas de esgotos a funcionar muito bem, porque realmente o desenho da cidade é muito geométrico, mas com o tempo nós não temos tido capacidade de fazer manutenção da nossa cidade”, disse a presidente da FDC.
Segundo Graça Machel, Maputo é uma cidade bonita, mas triste, sem cor, e vê-se de várias maneiras que é uma cidade negligenciada”. Ela apontou três grandes factores que na sua opinião concorrem para o estado em que a cidade se encontra.
O primeiro, segundo a fonte, reside no facto de logo após a proclamação da independência, em 1975, Moçambique ter recebido um fluxo muito grande de pessoas que quiseram vir para a cidade, embora fosse um fluxo que era controlado.
O segundo foi a eclosão da guerra, obrigando as pessoas a virem para a cidade por razões de segurança. A cidade cresceu muito, mas não havia maneira de controlar o seu crescimento, e mesmo depois do fim do conflito armado muito poucas pessoas voltaram para as zonas rurais.
O espaço propriamente urbanizado ficou muito pequeno para uma população de longe maior do que aquilo que teria sido previamente pensado”, explicou.
O terceiro factor apontado pela fonte é o facto de Maputo, como qualquer outra cidade africana, ter um grande fluxo e pessoas à cidade, e estudos dizem que até ao ano 2020 África vai ter cerca de 25 cidades com mais de 10 milhões de habitantes, o que representa um crescimento incrível.
Outro problema mais grave ainda é que são cidades muito pobres que não gerem ainda recursos próprios, e mesmo onde há pessoas que pensam no que se pode fazer não há, segundo a presidente do FDC, recursos para materializar.
O projecto da Avenida Samora Machel traduz a continuidade da cooperação entre o Município de Maputo e a Câmara Municipal de Barcelona, que iniciou com um trabalho de apoio ao município na arrumação e organização dos arquivos municipais e depois com a reabilitação do Centro Cultural Municipal Ntsindya.
O projecto está ainda na fase inicial e deverá ser levado ao Conselho Municipal e, posteriormente à Assembleia Municipal, de modo a que, a partir daí, Barcelona, conjuntamente com o município de Maputo, possa encontrar recursos para a sua execução.
Todos estes projectos têm o condão de uma parte ser financiada pela Câmara de Barcelona, que contribui com a maior fatia, e a outra pelo município de Maputo.
- AIM/Notícias
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