Falando na noite da última Segunda Feira, no programa “Cartas na Mesa”, da Rádio Moçambique, o Ministro dos Transportes e Comunicações, Paulo Zucula, parecia mais um ser que acabava de aterrar do planeta Marte para uma curta visita a esta bela pérola do Indico, chamada Moçambique.
Procurando defender, a todo o custo, a racionalidade da inspecção periódica e obrigatória de veículos, e face às crescentes críticas que têm sido feitas pelo facto de a inspecção contrastar marcadamente com o estado das vias de circulação, o Ministro teria dito que pagaria uma cerveja a alguém que lhe mostrasse um país onde não haja buracos nas estradas.
Desse tipo de analogias idióticas estamos nós habituados. Há uns anos atrás, no auge da sua carreira de político, Almerinho Manhenje, por não compreender a indignação da sociedade perante as repetidas fugas de Anibalzinho da cadeia, questionava retoricamente se não sabíamos que em todo o mundo prisioneiros fogem da cadeia. Claro que sabíamos. Só ficamos espantados por ele não nos ter dado exemplo disso durante os 16 meses em que foi beneficiário da cortesia da PGR, na Avenida Kim Il Sung, em Maputo.
Mas voltemos ao nosso amigo Zucula. A sua afirmação foi muito infeliz, se quisermos ser brandos. Evidentemente que há buracos nas estradas em muitos países. Mas da mesma forma que os nossos governantes não aceitam quando se lhes são dados exemplos de boas práticas em outros países, também não devemos aceitar que eles nos apresentem o que está errado nos outros países para justificar situações inaceitáveis. Moçambique deve ser comparado a si próprio. O melhor que o Ministro podia ter dito é que não devemos esperar para que todas as estradas estejam em boas condições para iniciar as inspecções.
Não seria uma resposta cabalmente satisfatória, mas seria o suficiente para demonstrar o seu respeito por aqueles que de entre o público se opõem a esta medida altamente oportunista do governo. Esta medida é oportunista porque ela baseia-se em pressupostos convencionais inaplicáveis para a realidade moçambicana.
A oposição a esta medida prende-se simplesmente com o facto de que ela é inoportuna, tendo em conta o estado deplorável em que se encontra a maior parte das estradas em Moçambique, em contraste marcante com o estado em que se encontram as estradas nos países onde foi adquirida a tecnologia que está agora a ser aplicada para a inspecção em Moçambique.
Nesses países as estradas não estão esburacadas, apesar deste esforço ministerial para nos convencer o contrario. De tal modo que as viaturas que são importadas a partir desses países chegam a Moçambique, depois de alguns anos de uso, como se fossem ainda novas. O contrário não seria possível, e o Sr. Ministro sabe disso muito bem.
Ninguém se opõe a um sistema de inspecção de viaturas per se, como forma de garantir a circulação de viaturas em óptimas condições de segurança. Contudo, as medidas acompanhantes para tornar a inspecção eficaz, essas simplesmente não existem em Moçambique. Esta é a realidade, e nada de comparações idióticas vai alterar esta realidade.
Procurando defender, a todo o custo, a racionalidade da inspecção periódica e obrigatória de veículos, e face às crescentes críticas que têm sido feitas pelo facto de a inspecção contrastar marcadamente com o estado das vias de circulação, o Ministro teria dito que pagaria uma cerveja a alguém que lhe mostrasse um país onde não haja buracos nas estradas.
Desse tipo de analogias idióticas estamos nós habituados. Há uns anos atrás, no auge da sua carreira de político, Almerinho Manhenje, por não compreender a indignação da sociedade perante as repetidas fugas de Anibalzinho da cadeia, questionava retoricamente se não sabíamos que em todo o mundo prisioneiros fogem da cadeia. Claro que sabíamos. Só ficamos espantados por ele não nos ter dado exemplo disso durante os 16 meses em que foi beneficiário da cortesia da PGR, na Avenida Kim Il Sung, em Maputo.
Mas voltemos ao nosso amigo Zucula. A sua afirmação foi muito infeliz, se quisermos ser brandos. Evidentemente que há buracos nas estradas em muitos países. Mas da mesma forma que os nossos governantes não aceitam quando se lhes são dados exemplos de boas práticas em outros países, também não devemos aceitar que eles nos apresentem o que está errado nos outros países para justificar situações inaceitáveis. Moçambique deve ser comparado a si próprio. O melhor que o Ministro podia ter dito é que não devemos esperar para que todas as estradas estejam em boas condições para iniciar as inspecções.
Não seria uma resposta cabalmente satisfatória, mas seria o suficiente para demonstrar o seu respeito por aqueles que de entre o público se opõem a esta medida altamente oportunista do governo. Esta medida é oportunista porque ela baseia-se em pressupostos convencionais inaplicáveis para a realidade moçambicana.
A oposição a esta medida prende-se simplesmente com o facto de que ela é inoportuna, tendo em conta o estado deplorável em que se encontra a maior parte das estradas em Moçambique, em contraste marcante com o estado em que se encontram as estradas nos países onde foi adquirida a tecnologia que está agora a ser aplicada para a inspecção em Moçambique.
Nesses países as estradas não estão esburacadas, apesar deste esforço ministerial para nos convencer o contrario. De tal modo que as viaturas que são importadas a partir desses países chegam a Moçambique, depois de alguns anos de uso, como se fossem ainda novas. O contrário não seria possível, e o Sr. Ministro sabe disso muito bem.
Ninguém se opõe a um sistema de inspecção de viaturas per se, como forma de garantir a circulação de viaturas em óptimas condições de segurança. Contudo, as medidas acompanhantes para tornar a inspecção eficaz, essas simplesmente não existem em Moçambique. Esta é a realidade, e nada de comparações idióticas vai alterar esta realidade.
FONTE: Savana, 05/03/10
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