Monday, 24 March 2014

GOVERNO DISCORDA PARTICIPAÇÃO DA UE E ONU NO DIÁLOGO COM A RENAMO


O Governo moçambicano discorda com a presença da União Europeia (UE) e da Organização das Nações Unidas (ONU), entidades propostas pela Renamo, maior partido da oposição, para fiscalizar o ponto do diálogo que vai contribuir para a cessação dos confrontos entre os homens armados daquele antigo movimento rebelde e as Forças de Defesa e Segurança (FDS).
Na semana passada, governo disse que concordava com os termos de referência, que estabelecem a participação de observadores internacionais, que deverão fiscalizar, em sede do diálogo político, o ponto que vai contribuir para a cessação dos confrontos militares, caso o facto deixasse a Renamo confortada.
Contudo, tudo indica que a decisão do governo incluía apenas a participação do Botswana, Zimbabwe e África do Sul, e mais países membros da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), deixando, assim, de lado a UE e ONU.
Entretanto, não se pode dar por encerrado o assunto relacionado com a participação das entidades propostas pela Renamo, visto que, de acordo com o chefe da delegação do Governo e Ministro da Agricultura, José Pacheco, ainda há espaço para se discutir sobre o mesmo.
Falando minutos após o término da 45ª ronda do diálogo político entre o Governo e a Renamo, Pacheco disse que há abertura para o envolvimento de mais países da SADC.
Aceitamos a observação porque sentíamos pela parte da Renamo um desconforto, algum tipo de desconfiança. Da parte do Governo há todo o interesse que haja cessação imediata dos ataques da Renamo contra as FDS e cidadãos. Há interesse também no desarmamento incondicional da Renamo para que os moçambicanos possam viver e trabalhar em plenitude, numa situação de paz, afirmou Pacheco.
Por seu turno, o chefe da delegação da Renamo, Saimone Macuiane, lamentou o facto de não se ter alcançado consenso sobre a participação das entidades que o seu partido propôs.
Na nossa proposta incluímos países da UE e ONU. Sobre esta matéria ainda não há consenso. Mas vamos trabalhar, de modo a alcançarmos consensos, disse.
Explicou que a participação dessas entidades é crucial, pois garantirá que se alcance uma paz duradoira na zona centro do país, onde se tem registado confrontos entre os homens da Renamo e as FDS.
A nossa esperança é que possamos trabalhar, para que, efectivamente, alcancemos uma paz duradoira para os moçambicanos. Também temos que trabalhar com vista a garantir que uma vez ultrapassado este assunto nunca mais haverá conflitos entre nós.
No processo da cessação das hostilidades contar-se-á, de acordo com Macuiane, com a presença de uma centena de cidadãos moçambicanos e não só, com vista a supervisionar o cessar-fogo.
Não estamos a dizer que queremos aqui batalhões de tropas estrangeiras, mas um número de pessoas que não vai mais de 100, incluindo moçambicanos e internacionais apenas para fiscalizar, testemunhar, e dar maior garantia as partes no primeiro cessar-fogo. Mas reiteramos que queremos um cessar-fogo duradoiro, por isso queremos que a comunidade internacional fiscalize o processo.
As duas partes concordaram que há uma necessidade de se garantir que haja paz no país.


(AIM)

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