Tuesday, 11 March 2014

O Brilhante Camarada pretende-se vitalício


Lisboa (Canalmoz) – O Brilhante Camarada acaba de vencer as eleições internas do seu partido. Nas eleições de pré-candidatos a candidato do “Generoso Partido” para a presidência da República, apesar de a elas terem concorrido cinco figuras, na prática era o Brilhante Camarada que estava a concorrer. E foi O Brilhante Camarada a vencer a adversária Luísa Diogo. Literalmente.
O Brilhante Camarada orquestrou a sua vitória nestas eleições como quem organiza um piquenique. Muito dinheiro foi usado para orientar os votos, não em favor do “Miúdo 850 milhões”, mas daquele que aproveita esta trapaça, para garantir a presidência vitalícia da república e da organização que dirige.
Na eventualidade de “o Miúdo 850 milhões de dólares” (assim o cunharam dada a conexão do seu pelouro com o negócio de aquisição de armas) passar nas eleições de 15 de Outubro, este terá que se sujeitar às directivas do “Grande Partido”, logo ao Brilhante Camarada, que é a entidade Suprema do Partido.
Portanto, “o Miúdo 850 milhões” terá de se submeter ao artigo 76 dos estatutos do partido, que fere desde logo a Constituição da República. Por outras palavras, se o candidato vencedor das eleições do “Grande Partido” sair vitorioso nas eleições gerais de 2014, Moçambique continuará a ser dirigido a partir dos bastidores da Pereira do Lago, pela figura tutelar de O Brilhante Camarada.
Isto significa que sendo O Brilhante Camarada o presidente do partido, este continuará a exercer a presidência da República por influência directa sobre o eventual presidente eleito, neste caso “o Miúdo 850 milhões”. Na prática, ele voltará ao poder ainda neste 2014, logo que o novo presidente (na realidade um joguete) tomar posse, por via da ficção jurídica emanada pelo artigo 76 do estatuto do “Glorioso Partido”.
Em termos legais, nada obsta que O Brilhante Camarada se torne proximamente, passem-nos o termo, o Presidente Monarca, pois nessa qualidade poderá reinar vitaliciamente, contanto “o Miúdo 850 milhões” e quejandos lhe deverão obediência, como o homem mais forte do partido. Nenhum limite irá se impor ao O Brilhante Camarada no cumprimento dos seus “projectos” de criação de Riqueza Absoluta em seu favor e da sua prole, como reza a meta pré-definida pelo O Brilhante Camarada, enquanto a maioria continuará a chuchar o dedo. Nada obstará que O Brilhante Camarada também passe a escolher a dedo os ministros, os governadores e o sucessor do seu potencial herdeiro.
Uma pergunta que nos apetece fazer é: estarão os cidadãos preparados para ter um presidente putativo, ao estilo da ficção criada pelo O Brilhante Camarada?
É uma questão que cada moçambicano em idade eleitoral responderá para si, mas não a perder de vista nesta hora de euforia e viva folia em que os meios de informação e de propaganda, que contam com o patrocínio e a publicidade da média pública, advogavam o sucesso da transparência eleitoral e da sucessão do candidato presidencial do “Grande Partido”.
Qual sucessão! Qual quê? A sucessão de facto e de júris ao nível do “Glorioso Partido” só teria ocorrido em sede de um congresso extraordinário, onde O Brilhante Camarada prescindisse/fosse removido da posição que lhe continuará a garantir a promiscuidade que nos mostrou em dez anos. Sabendo das apetências capitalistas de O Brilhante Camarada, nada nos obsta a dizer que o seu Cavalo de Tróia continuará a ser a ganância que ele nutre pelos cofres públicos, o esbanjamento das reservas da pouca economia, a corrida ao petróleo, carvão e outros recursos naturais, perseguição de adversários políticos e a restrição à liberdade de imprensa.
A sucessão ocorrida não difere da clássica máxima: Renovação na Continuidade. Operou-se ao nível cosmético. Já vimos/conhecemos a gestão medíocre de O Brilhante Camarada.
Em suma, com as cartas postas desta forma no tabuleiro, não tenhamos ilusão. Nada obsta que os eleitores, em última circunstância, querendo, entrem já em acção. Tomem nota desta farsa e descartem “o Miúdo 850 milhões”, o candidato do “Grande Partido” às eleições de 15 de Outubro próximo.


(Adelino Timóteo, Canalmoz)

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