- A LDH acredita que os três corpos “achados” carbonizados, na manhã desta terça-feira, pertencem aos três jovens que na manhã do dia anterior foram detidos pela polícia na zona do Costa do Sol.
Afinal as três vítimas mortais da madrugada de terça-feira (25 de Fevereiro) podem não ter sido carbonizadas por “homens armados desconhecidos”, conforme escreveu o mediaFAX, citando o porta-voz do Comando Geral da Polícia, Pedro Cossa. As três pessoas mortas podem sim ter sido vítimas de uma execução sumária, protagonizada por agentes da Polícia de Investigação Criminal (PIC), segundo descrições a que o mediaFAX teve acesso a partir de familiares das vítimas, assim como a partir de informações colhidas na Liga Moçambicana dos Direitos Humanos, local onde os parentes dos finados foram pedir ajuda.
A descrição a que tivemos acesso indica que, na manhã de segunda-feira (24), um grupo de quatro jovens foi interceptado pelas autoridades policiais, na zona da Costa do Sol, na cidade de Maputo.
Os jovens iam a bordo de uma viatura, Toyota Corola. Entretanto, aproveitando-se de uma desatenção da polícia, um dos jovens conseguiu escapulir-se.
Já os três jovens sob custódia policial e acusados de algo que ainda se desconhece, foram levados à esquadra da PRM no bairro do Triunfo.
Nisto, o único jovem que conseguiu fugir conseguiu contactar os familiares dos seus amigos detidos, tendo, na ocasião, os alertado sobre o grande risco de vida que eles corriam enquanto estivessem nas mãos das autoridades policiais. Depois de dar a triste notícia, o jovem pura e simplesmente desligou o seu celular e nunca mais entrou em contacto.
Acredita-se que o jovem que conseguiu fugir, tenha, depois de falar com os familiares dos seus amigos, desligado o celular para evitar que fosse localizado pela polícia.
Apavorados e tendo como única pista a detenção dos jovens na zona da Costa do Sol, os familiares correram para a esquadra do Triunfo, logo nas primeiras horas de terça-feira.
Segundo contam, chegados à unidade policial, foi-lhes dada a confirmação de que efectivamente os jovens tinham estado naquela esquadra, mas “já aqui não estão”. Duas, três ou quatro perguntas de insistência no sentido de terem informação do local para onde tinham sido transferidos os jovens, não tiveram resposta por parte das autoridades policiais. A partir daí o tom de preocupação subiu de nível, tendo em conta o facto de o jovem que conseguiu sair das garras da polícia ter anteriormente advertido sobre a perigosidade dos polícias que tinham capturado os seus amigos.
Nisto, os familiares dos jovens continuaram as buscas, tendo inclusive se dirigido até a morgue do Hospital Central de Maputo. Todo o esforço foi infrutífero, pois não se conseguia localizar as três pessoas desaparecidas. Sabia-se apenas que tinham sido detidas pela polícia.
Já na manhã de quarta-feira, familiares dos jovens tiveram informações segundo as quais três pessoas tinham sido queimadas vivas no interior de uma viatura, algures em Marracuene.
Na mesma quarta-feira, os familiares dirigem-se para a zona e, na altura, os corpos tinham já sido removidos. Entretanto, estranhamente, no mesmo instante que chegam ao carro, agentes da polícia à paisana também lá estavam. Logo, algumas perguntas foram feitas, pela polícia, aos familiares das vítimas. Depois da resposta das famílias preocupadas, a polícia proibiu-as de se aproximarem à viatura. Aconselhou-as a se dirigirem à unidade policial mais próxima para participar a preocupação. Desconfiados e com medo, os familiares dos três jovens não se dirigiram a qualquer esquadra, mas sim procuraram reportar o caso à Liga Moçambicana dos Direitos Humanos.
Tomando conhecimento do caso, a Liga dirigiu-se, na quinta-feira, na companhia dos familiares das vítimas, a Marracuene. Chegados ao local, os familiares das vítimas identificaram e confirmaram que a viatura carbonizada era efectivamente de um dos seus parentes, recorrendo a várias características. A identificação da viatura levou-os à conclusão de que os três corpos carbonizadas eram efectivamente dos seus parentes desaparecidos.
Naquilo que pode indiciar torturas antes da execução, os familiares das vítimas “acharam” um órgão sexual masculino carbonizado na viatura. Para elas, a presença daquele órgão sexual é a prova clara de que antes da execução sumária houve actos de torturas. Mais, abrindo o capô para buscar outros sinais que comprovam que a viatura era de um parente, descobriu-se que no seu interior (ao lado da bateria), tinha uma pistola também carbonizada.
Numa acção verdadeiramente atípica, notou-se também que as portas do lado direito (do motorista e passageiro de trás) estavam amarradas com recurso a arames.
Neste momento, com o apoio da Liga Moçambicana dos Direitos Humanos, os familiares das vítimas estão a fazer diligências no sentido de encontrar uma explicação para aquela ocorrência. Neste momento, de uma coisa os familiares das vítimas não duvidam: que as três vítimas são seus parentes. Segundo os familiares, os três jovens eram trabalhadores. Um deles era motorista de chapa (carro próprio), o segundo era cobrador e o terceiro era mecânico. (Redacção)
Fonte: SAVANA, edicão 1052, 07.03.2014
Afinal as três vítimas mortais da madrugada de terça-feira (25 de Fevereiro) podem não ter sido carbonizadas por “homens armados desconhecidos”, conforme escreveu o mediaFAX, citando o porta-voz do Comando Geral da Polícia, Pedro Cossa. As três pessoas mortas podem sim ter sido vítimas de uma execução sumária, protagonizada por agentes da Polícia de Investigação Criminal (PIC), segundo descrições a que o mediaFAX teve acesso a partir de familiares das vítimas, assim como a partir de informações colhidas na Liga Moçambicana dos Direitos Humanos, local onde os parentes dos finados foram pedir ajuda.
A descrição a que tivemos acesso indica que, na manhã de segunda-feira (24), um grupo de quatro jovens foi interceptado pelas autoridades policiais, na zona da Costa do Sol, na cidade de Maputo.
Os jovens iam a bordo de uma viatura, Toyota Corola. Entretanto, aproveitando-se de uma desatenção da polícia, um dos jovens conseguiu escapulir-se.
Já os três jovens sob custódia policial e acusados de algo que ainda se desconhece, foram levados à esquadra da PRM no bairro do Triunfo.
Nisto, o único jovem que conseguiu fugir conseguiu contactar os familiares dos seus amigos detidos, tendo, na ocasião, os alertado sobre o grande risco de vida que eles corriam enquanto estivessem nas mãos das autoridades policiais. Depois de dar a triste notícia, o jovem pura e simplesmente desligou o seu celular e nunca mais entrou em contacto.
Acredita-se que o jovem que conseguiu fugir, tenha, depois de falar com os familiares dos seus amigos, desligado o celular para evitar que fosse localizado pela polícia.
Apavorados e tendo como única pista a detenção dos jovens na zona da Costa do Sol, os familiares correram para a esquadra do Triunfo, logo nas primeiras horas de terça-feira.
Segundo contam, chegados à unidade policial, foi-lhes dada a confirmação de que efectivamente os jovens tinham estado naquela esquadra, mas “já aqui não estão”. Duas, três ou quatro perguntas de insistência no sentido de terem informação do local para onde tinham sido transferidos os jovens, não tiveram resposta por parte das autoridades policiais. A partir daí o tom de preocupação subiu de nível, tendo em conta o facto de o jovem que conseguiu sair das garras da polícia ter anteriormente advertido sobre a perigosidade dos polícias que tinham capturado os seus amigos.
Nisto, os familiares dos jovens continuaram as buscas, tendo inclusive se dirigido até a morgue do Hospital Central de Maputo. Todo o esforço foi infrutífero, pois não se conseguia localizar as três pessoas desaparecidas. Sabia-se apenas que tinham sido detidas pela polícia.
Já na manhã de quarta-feira, familiares dos jovens tiveram informações segundo as quais três pessoas tinham sido queimadas vivas no interior de uma viatura, algures em Marracuene.
Na mesma quarta-feira, os familiares dirigem-se para a zona e, na altura, os corpos tinham já sido removidos. Entretanto, estranhamente, no mesmo instante que chegam ao carro, agentes da polícia à paisana também lá estavam. Logo, algumas perguntas foram feitas, pela polícia, aos familiares das vítimas. Depois da resposta das famílias preocupadas, a polícia proibiu-as de se aproximarem à viatura. Aconselhou-as a se dirigirem à unidade policial mais próxima para participar a preocupação. Desconfiados e com medo, os familiares dos três jovens não se dirigiram a qualquer esquadra, mas sim procuraram reportar o caso à Liga Moçambicana dos Direitos Humanos.
Tomando conhecimento do caso, a Liga dirigiu-se, na quinta-feira, na companhia dos familiares das vítimas, a Marracuene. Chegados ao local, os familiares das vítimas identificaram e confirmaram que a viatura carbonizada era efectivamente de um dos seus parentes, recorrendo a várias características. A identificação da viatura levou-os à conclusão de que os três corpos carbonizadas eram efectivamente dos seus parentes desaparecidos.
Naquilo que pode indiciar torturas antes da execução, os familiares das vítimas “acharam” um órgão sexual masculino carbonizado na viatura. Para elas, a presença daquele órgão sexual é a prova clara de que antes da execução sumária houve actos de torturas. Mais, abrindo o capô para buscar outros sinais que comprovam que a viatura era de um parente, descobriu-se que no seu interior (ao lado da bateria), tinha uma pistola também carbonizada.
Numa acção verdadeiramente atípica, notou-se também que as portas do lado direito (do motorista e passageiro de trás) estavam amarradas com recurso a arames.
Neste momento, com o apoio da Liga Moçambicana dos Direitos Humanos, os familiares das vítimas estão a fazer diligências no sentido de encontrar uma explicação para aquela ocorrência. Neste momento, de uma coisa os familiares das vítimas não duvidam: que as três vítimas são seus parentes. Segundo os familiares, os três jovens eram trabalhadores. Um deles era motorista de chapa (carro próprio), o segundo era cobrador e o terceiro era mecânico. (Redacção)
Fonte: SAVANA, edicão 1052, 07.03.2014
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