Análise unilateral ao serviço do regime do dia…
Beira (Canalmoz) – A coberto dos holofotes das televisões de serviço mantém-se uma tendência de transmitir a mensagem de que a Renamo está errada e que é criminosa porquanto o governo já acolheu as suas reivindicações.
Observações e afirmações caricatas de quem bem sabe o que diz. Mentira grosseira e perigosa porque pode influenciar muitos a acreditarem naquilo que os analistas de serviço querem fazer crer.
Desamamento tem de ser dos dois beligerantes. Quem ignora que as FADM, PRM, FIR, SISE obedecem rigorosamente ao partido Frelimo? Quem não sabe que estrutura de comando destes órgãos de defesa e segurança são preenchidos com pessoas da plena confiança da liderança da Frelimo?
Desarmar a Renamo tem de ser algo feito simultaneamente com o desarmamento das forças militarizadas afectas à Frelimo.
Qualquer coisa diferente disto é um malabarismo perigoso, continuação de demagogia lesa-pátria.
Quando a maioria dos moçambicanos manifesta esperança de que os malabaristas tenham se convencido de que suas artimanhas haviam sido descobertas e desbaratadas repetem-se sinais preocupantes de que uma certa comunicação social escolheu a via do logro e da “pintura” dos factos.
Será tão difícil aceitar que as cartas estavam sendo baralhadas e distribuídas de maneira contrária às regras de jogo?
Quando JAC reconhece publicamente que seu maior erro foi não desarmar a Renamo o entrevistador terá se esquecido ou não convinha expor as causas reais do falhanço em desarmar a Renamo. Inclino-me mais para a hipótese de que o jornalista não tinha como fazer tal pergunta ou que estava fora de questão responder a tal pergunta tendo em conta a estratégia eleita.
Reconheça-se que jamais houve vontade de equilibrar os pratos da balança do poder. Houve uma firme vontade de manter, controlar e exercer o poder com exclusividade independentemente dos resultados eleitorais ou dos preceitos democráticos.
Alguém supunha que um arrastamento de situações dúbias e favoráveis seriam o suficiente para esmagar ou entorpecer a vontade da Renamo. Um processo mais ou menos longo de acções políticas, económicas e financeiras coordenadas e executadas com rigor levariam a Renamo ao desaparecimento. Com isso terão os membros que ousaram exprimir sua convicção de que a Renamo era “favas contadas”. Mariano Matsinhe e Marcelino dos Santos que o digam ou repitam pois dizer já o tinham dito…
O desrespeito gradual da lei e demais e demais imperativos legais do país tem dado mostras de que há pessoas que se colocam acima da lei.
Sem argumentos fortes e demonstrativos de força de reacção ao nível militar é difícil imaginar os processos políticos e democráticos acontecendo no país.
Falcões e quadros de um partido centralizador e centralizado estavam afiando as facas para degolarem tudo e todos que se opusessem aos desígnios de submeter e continuar a manietar a vontade dos moçambicanos.
Não é por acaso que a PRM/FIR se transformou em “quinta coluna” de auxílio e apoio ao CNE/STAE.
A mediocridade analítica evidenciada pelos que semanalmente nos brindam com seus dotes oratórios nas TV’s acorrentadas ao regime, demonstra claramente o que está em causa, o que são as instruções previas, o que importa defender, qual a toxina eleita para os ataques mais próximos.
Faz pena e dó ver tantos jovens catalogados intelectuais, críticos e académicos arrastando discursos insonsos e desnaturados.
O tamanho do bolo é vistosamente atraente e quando se conhece a história de recompensa larga pelos serviços prestados.
Já ninguém está disposto a engolir mentiras espinhosas embrulhadas em papel de prenda.
Há que contrariar o discurso enganador e entorpecente de uma comunicação social intoxicante.
Os dinheiros públicos drenados para acções de intoxicação política do eleitorado potencial requerem questionamento em sede de parlamento.
O habitual e normalmente aceitável deve começar a ser questionado em nome da democracia política e económica.
A bela retórica e os discursos de conveniência são de utilidade a breve trecho mas não resistem ao tempo e a crítica.
Está ficando claro que as demissões seguidas de nomeações de pessoas para ocuparem cargos de chefia em determinados órgãos de comunicação social pública tinham, objectivos bem precisos e previamente delineados.
Certas inserções e artigos, análises e pontos de vista seriam inaceitáveis para editores com outra lógica e postura.
A batalha pela democracia em Moçambique é um movimento que diz respeito a todos mesmo os que se negam a reconhecer que as mudanças são necessárias e urgentes.
Não se pode continuar uma coabitação perigosa com corrupção, nepotismo e crimes.
Todas as frentes, todos os locais e sectores são de batalha para que Moçambique se adeqúe ao primado da lei, da democracia, da dignidade, da tolerância e solidariedade.
Uma meia dúzia de “chicos espertos” não pode condenar milhões a uma vida abjecta…
(Noé Nhantumbo, Canalmoz)
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