O grande desafio do nosso movimento é muito claro –
precisamos de captar, exprimir, reflectir e veicular o sentimento, vontade e
preocupações dos cidadãos e grupos sociais marginalizados, desiludidos, não
identificados e nem representados nas formações partidárias nossas adversárias – Daviz Simango
O Movimento Democrático
de Moçambique, MDM, apresentou ao público, na cidade da Beira, no Pavilhão do
Estrela Vermelha, no sábado, dia 03 de Agosto, os seus candidatos para o cargo
de presidente de conselho municipal. Para a Vila de Marromeu, apostou em João
Germano, que já ocupara o cargo após as eleições de 2003, apoiado pela Renamo.
Na autarquia da Vila de Gorongosa, o MDM avança com Daniel Missane, um próspero
empresário local. Para a Vila de Nhamatanda, recentemente autarcizada às
corridas, o “galo” propôs o jovem Semedo Barreto, que não desmaiou perante as constantes
intimidações do partido no poder para desistir da corrida. Na Vila de Dondo,
tem à cabeça José Chiremba, um engenheiro reformado da Rádio Moçambique. Na
cidade da Beira, o MDM vai com Daviz Simango, presidente do partido do galo, que,
nas eleições de 2009, com a patente de independente, derrotou o candidato do
Partido/Estado, o então primeiro-secretário do comité provincial e empresário,
Lourenço Bulha.
A ansiedade aumenta de intensidade
O Pavilhão do Clube dos
Desportos da Estrela Vermelha da Beira esteve repleta de militantes, amigos e agentes
da autoridade tradicional que chegaram dos mais diversos bairros da cidade
Beira para presenciar a apresentação pública dos candidatos do MDM ao cargo de
presidente municipal, que se vão bater com os do partido no poder e,
eventualmente, de outros partidos. Lembrar que a Renamo continua a dizer que
não só não vai participar como nem deixará que elas aconteçam, nas quartas
eleições autárquicas a realizarem-se no dia 20 de Novembro próximo. Alguns dos
presentes disseram que querem ver novas caras nas suas autarquias para que a
vida comece a mudar, pois, faz bastante tempo que as suas vilas estão
estagnadas, atiradas ao esquecimento, onde o lixo e os buracos convivem com as
pessoas.
Se as eleições forem
justas, livres e transparentes, conforme vem preconizado, poderemos surpreender
os que ainda não acreditam que é possível vencer um partido camuflado por
detrás da couraça do Estado, pretensamente, democrático, disseram, apesar de
muitos cidadãos não terem conseguido recensear devido aos problemas artificiais
fabricados pelo STAE (Secretariado Técnico de Administração Eleitoral) que
tanto fez para colocar milhares de potenciais eleitores fora do processo com
exigências absurdas e, totalmente, ilegais.
Até ao último mmmento do
recenseamento eleitoral, os brigadistas do STAE recusavam recensear as pessoas
que se apresentassem com BI antigo, espera BI, duas testemunhas, antigo cartão
de eleitor nem mesmo com passaporte biométrico, mas, aceitavam de bom grado pessoas
credenciadas pelos secretários de bairro (estrutura de base do partido no
poder), manchando, assim e à partida, um processo que se pretendia livre, abrangente,
transparente e livre das influências partidárias. O STAE não conseguiu evitar
que o processo de recenseamento não sofresse intromissões do partido no poder,
o que se pode concluir que seja, politicamente, viciado, através de seus
secretários de bairro, e não só.
Estamos cansados de ser mal governados
Uma mensagem lida na
ocasião, em representação dos munícipes das autarquias de Sofala, dizia que
“estamos cansados de ser governados por essa gente e agora chegou a hora de
mudarmos e em democracia real, o voto é uma arma crucial através da qual o povo
se defende dos corruptos, incompetentes e mafiosos”. Um outro declamador de
poesia subiu ao palco para dizer um poema em que uma das estrofes era “A Ponta
Vermelha é para quem merece e não para um Chico esperto que se socorre da
polícia e malabarismos políticos ” e noutro passo dizia “O povo não quer mais
guerra, queremos paz para sempre” em alusão aos políticos que procuram,
erradamente, encontrar no conflito armado (e para ele já movimentam centenas de
tropas para cercar e aniquilar o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, em Gorongosa)
como uma solução viável para os problemas que o país está a enfrentar.
Aceitei o desafio do MDM, Daviz Simango
Daviz Simango disse, em
entrevista que aceitou entrar, mais uma vez, na corrida para responder ao
chamamento do MDM que deseja um o nosso país bem governado e terminar com a
exclusão a que os moçambicanos estão submetidos pelo partido no poder e desejou
aos cidadãos que tiveram a oportunidade de se recensearem para exercerem o seu
direito cívico de saber escolher e escolher bem, no dia 20 de Novembro, tendo
em conta da necessidade de contribuírem para o desenvolvimento socioeconómico
das nossas autarquias. Continuando, disse Simango que “o grande desafio do
nosso movimento é muito claro – precisamos de captar, exprimir, reflectir e
veicular o sentimento, vontade e preocupações dos cidadãos e grupos sociais
marginalizados, desiludidos, não identificados e nem representados nas
formações partidárias nossas adversárias”.
Banquete em torno dos recursos naturais
O presidente do MDM
prosseguiu dizendo que “sabemos bem que é necessário redobrar os esforços na
frente política, pois, temos a consciência de que os direitos políticos e
económicos dos moçambicanos são os únicos imperativos válidos para nós que
queremos um país apetecível para todos. Avisamos que os querem se perpetuar no
poder de forma ilícita e ilegítima e os que pretendem juntar-se ao banquete em
torno dos nossos recursos naturais, merecem o nosso total repúdio e abjecção
porque os recursos naturais pertencem ao povo e é a ele que deve servir e
jamais a um grupo de pessoas como está, agora, a acontecer”, disse Daviz Simango,
presidente do MDM.
O MDM vai participar nas
43 autarquias e em mais outras 10 que o governo anunciou, quase ao cair do pano,
depois de bem seleccionadas, escrupulosamente estudadas e ponderadas as
possibilidades de o partido vencer sem grandes dificuldades, o que constitui
uma verdadeira fraude eleitoral porque estas eleições não são financiadas pelo
Estado. Era preciso que houvesse tempo para os concorrentes se organizarem
devida e principalmente, sob o ponto de vista logístico.
João Germano, candidato
do MDM para a autarquia de Marromeu, não se fez presente à cerimónia de
apresentação por motivos justificados. De salientar que João Germano já foi
edil de Marromeu, eleito nas eleições de 2003, em que cincorreu como proposto
pela Renamo, tendo sido derrotado, na segunda volta, em 2008, pelo candidato do
partido no poder, actual edil daquela vila.
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