Wednesday, 14 August 2013

GCCC faz jogo de ilusionismo

Por Edwin Hounnou
O presidente do Conselho Municipal de Tete, César de Carvalho, está sendo acusado pelo Gabinete Central de Combate à Corrupção, GCCC, de práticas ilícitas, acumulando terrenos, na sua autarquia, de forma não transparente, usando, para tal efeito, os poderes públicos em que se encontra investido. Esta postura de César de Carvalho é característica geral de quase todos os detentores dos cargos públicos, desde o Presidente da República, ministros, vice-ministros, governadores, administradores de escalões vários. Acusar César de Carvalho de usar o poder para se beneficiar, é ridículo porque os seus superiores hierárquicos fazem muito pior que ele.  O povo tem o direito à revolta quando o Estado tenta divertir-se com ele,  como procura fazer o GCCC, pescando peixe miúdo, deixando os tubarões em paz e ilesos.  Se o GCCC tiver coragem de combater a corrupção que arrasa as instituições públicas, e não só, que comece por levar ao banco dos réus os grandes corruptos que vendem, ao desbarato, o nosso carvão, gás natural, fazem concessões da construção de complexos ferro-portuários sem qualquer concurso público, fecham negócios do Estado em jantares à luz de velas. Temos governantes de grande nível que, com os seus parentes e amigos, se associam às multinacionais no banquete de saque dos nossos recursos naturais para, mentirogenamente, dizer que não se come carvão nem se toma gás, enquanto eles – os dirigentes do Partido/Estado - têm as suas contas bancárias a rebentarem pelas costuras de tanto dinheiro roubado ao povo. Ostentam uma lista infinita de empresas, porém, dizem que o país é pobre.  
Conheço ex-ministros que ficaram com as casas onde habitavam enquanto dirigentes do Estado. Contra esses nada aconteceu. Conheço ministros e vice-ministros  que recolheram, para suas quintas e mansões, mais de 15 viaturas do Estado, no momento de partida. Contra esses nada se fez. O governo indica, a dedo, multinacionais para explorarem os nossos recursos e mais tarde vimos que altos dirigentes do Partido/Estado e seus familiares estão feitos com essas multinacionais. A adjudicação directa dos empreendimentos públicos pegou moda, o que permite que os governantes e seus parentes integrados nos corpos sociais dessas empresas. O discurso de combate à corrupção visa adormecer o povo e agradar a comunidade internacional.Combater César de Carvalho e temer abanar os grandes, é tentar enganar o povo e a comunidade internacional. É lançar areia aos olhos do povo porque é fazer de conta que o Estado também luta contra a corrupção. O que César de Carvalho fez ou está a fazer é uma gota no oceano da corrupção da grande corrupção que os seus superiores hierárquicos fazem. Ao invés de perder tempo com peixe miúdo, o GCCC deveria desencadear uma acção enérgica de investigação aos grandes corruptos que devastam os nossos recursos e “comem” os fundos públicos, parar de entreter o povo com peixe e deixar de fazer ilusionismo barato.  

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