Por Edwin Hounnou
O presidente do Conselho
Municipal de Tete, César de Carvalho, está sendo acusado pelo Gabinete Central
de Combate à Corrupção, GCCC, de práticas ilícitas, acumulando terrenos, na sua
autarquia, de forma não transparente, usando, para tal efeito, os poderes públicos
em que se encontra investido. Esta postura de César de Carvalho é
característica geral de quase todos os detentores dos cargos públicos, desde o
Presidente da República, ministros, vice-ministros, governadores,
administradores de escalões vários. Acusar César de Carvalho de usar o poder
para se beneficiar, é ridículo porque os seus superiores hierárquicos fazem
muito pior que ele. O povo tem o direito
à revolta quando o Estado tenta divertir-se com ele, como procura fazer o GCCC, pescando peixe
miúdo, deixando os tubarões em paz e ilesos. Se o GCCC tiver coragem de
combater a corrupção que arrasa as instituições públicas, e não só, que comece
por levar ao banco dos réus os grandes corruptos que vendem, ao desbarato, o
nosso carvão, gás natural, fazem concessões da construção de complexos
ferro-portuários sem qualquer concurso público, fecham negócios do Estado em
jantares à luz de velas. Temos governantes de grande nível que, com os seus
parentes e amigos, se associam às multinacionais no banquete de saque dos
nossos recursos naturais para, mentirogenamente,
dizer que não se come carvão nem se toma gás,
enquanto eles – os dirigentes do Partido/Estado - têm as suas contas bancárias
a rebentarem pelas costuras de tanto dinheiro roubado ao povo. Ostentam uma
lista infinita de empresas, porém, dizem que o país é pobre.
Conheço ex-ministros que ficaram
com as casas onde habitavam enquanto dirigentes do Estado. Contra esses nada
aconteceu. Conheço ministros e vice-ministros que recolheram, para suas quintas e mansões, mais
de 15 viaturas do Estado, no momento de partida. Contra esses nada se fez. O
governo indica, a dedo, multinacionais para explorarem os nossos recursos e mais
tarde vimos que altos dirigentes do Partido/Estado e seus familiares estão
feitos com essas multinacionais. A adjudicação directa dos empreendimentos
públicos pegou moda, o que permite que os governantes e seus parentes integrados
nos corpos sociais dessas empresas. O discurso de combate à corrupção visa
adormecer o povo e agradar a comunidade internacional.Combater César de Carvalho e
temer abanar os grandes, é tentar enganar o povo e a comunidade internacional.
É lançar areia aos olhos do povo porque é fazer de conta que o Estado também
luta contra a corrupção. O que César de Carvalho fez ou está a fazer é uma gota
no oceano da corrupção da grande corrupção que os seus superiores hierárquicos
fazem. Ao invés de perder tempo com peixe miúdo, o GCCC deveria desencadear uma
acção enérgica de investigação aos grandes corruptos que devastam os nossos
recursos e “comem” os fundos públicos, parar de entreter o povo com peixe e
deixar de fazer ilusionismo barato.
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