As últimas notícias provenientes de fonte militar e citadas pela LUSA dão conta que o exército governamental terá recuperado o controlo da sede da vila de Maringué, no centro de Moçambique.
Antes de se saber que o exército governamental voltou a controlar Maringué e tomou a sede da RENAMO no centro do país, o maior partido da oposição moçambicana boicotou esta segunda-feira (28.10) as conversações com o Governo, mas garantiu que "continua aberto ao diálogo", mediante a presença de observadores, considerando que o executivo usa "estratégia dupla: diálogo na mesa e plano militar ativado no terreno".
Desde que foi desalojado do acampamento em que vivia em Satunjira,
na província de Sofala, centro de Moçambique, pela ofensiva do exército moçambicano, o líder da RENAMO Afonso Dhlakama é dado pela imprensa local como "fugitivo", mas desconhece-se se pesa sobre ele um mandado judicial.
O chefe da delegação da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) nas conversações com o executivo moçambicano, Saimone Macuiane, disse hoje aos jornalistas que o principal partido da oposição e o seu líder "continuam a defender a negociação ou diálogo como solução única para ultrapassar a crise política que se vive no país".
Contudo, Macuiane acusou o Governo de recusar a presença das personalidades Lourenço do Rosário, reitor da Universidade Politécnica, e Dinis Sengulane, bispo da Igreja Anglicana em Moçambique, escolhidas pela RENAMO para mediarem o conflito.
Esta segunda-feira, as duas delegações não realizaram o habitual encontro do início da semana porque a RENAMO enviou um ofício ao executivo moçambicano, condicionando a presença de facilitadores, mas até à hora do início da discussão não obteve resposta da delegação governamental.
Enquanto isso, Moçambique atravessa a sua pior tensão política e militar desde a assinatura do Acordo Geral de Paz em 1992.
Lourenço do Rosário (LR) Reitor da Universidade Politécnica de Moçambique, foi entrevistado pela DW África.
Antes de se saber que o exército governamental voltou a controlar Maringué e tomou a sede da RENAMO no centro do país, o maior partido da oposição moçambicana boicotou esta segunda-feira (28.10) as conversações com o Governo, mas garantiu que "continua aberto ao diálogo", mediante a presença de observadores, considerando que o executivo usa "estratégia dupla: diálogo na mesa e plano militar ativado no terreno".
Desde que foi desalojado do acampamento em que vivia em Satunjira,
na província de Sofala, centro de Moçambique, pela ofensiva do exército moçambicano, o líder da RENAMO Afonso Dhlakama é dado pela imprensa local como "fugitivo", mas desconhece-se se pesa sobre ele um mandado judicial.
O chefe da delegação da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) nas conversações com o executivo moçambicano, Saimone Macuiane, disse hoje aos jornalistas que o principal partido da oposição e o seu líder "continuam a defender a negociação ou diálogo como solução única para ultrapassar a crise política que se vive no país".
Contudo, Macuiane acusou o Governo de recusar a presença das personalidades Lourenço do Rosário, reitor da Universidade Politécnica, e Dinis Sengulane, bispo da Igreja Anglicana em Moçambique, escolhidas pela RENAMO para mediarem o conflito.
Esta segunda-feira, as duas delegações não realizaram o habitual encontro do início da semana porque a RENAMO enviou um ofício ao executivo moçambicano, condicionando a presença de facilitadores, mas até à hora do início da discussão não obteve resposta da delegação governamental.
Enquanto isso, Moçambique atravessa a sua pior tensão política e militar desde a assinatura do Acordo Geral de Paz em 1992.
Lourenço do Rosário (LR) Reitor da Universidade Politécnica de Moçambique, foi entrevistado pela DW África.
DW África: O que é importante neste momento com vista a pôr cobro à crise que se instalou em Moçambique?
LR: Informàmos à RENAMO que o importante é solucionar o problema militar porque aquele partido tem enfatizado que sem resolver o problema do pacote eleitoral não há conversações sobre a desmilitarização e a segurança. Mas, dadas as circunstâncias neste momento em que a base foi ocupada, o líder da RENAMO encontra-se em parte incerta, não faz sentido que se insista nisso porque não me parece que seja prioritário. O prioritário neste momento é resolver a questão da segurança.
DW África: Mas considera que existem perspectivas de a RENAMO aderir a este ponto de vista?
LR: Penso que existem poucas condições de poder não aderir a estas condições e abrirem-se perspectivas de diálogo.
DW África: Porquê o governo atacou a base de Satunjira e o que pretende agora?
LR: Só lhe posso dizer o que foi publicado e dito nos discursos oficiais e da RENAMO. A RENAMO diz que foi o Governo que provocou e o Governo diz precisamente o contrário. Portanto, nós na opinião pública não sabemos concretamente o que se passou.
DW África: Visto de fora, isto parece um conflito em torno da partilha das consideráveis riquezas do país. Concorda com esta visão?
DW África: Mas considera que existem perspectivas de a RENAMO aderir a este ponto de vista?
LR: Penso que existem poucas condições de poder não aderir a estas condições e abrirem-se perspectivas de diálogo.
DW África: Porquê o governo atacou a base de Satunjira e o que pretende agora?
LR: Só lhe posso dizer o que foi publicado e dito nos discursos oficiais e da RENAMO. A RENAMO diz que foi o Governo que provocou e o Governo diz precisamente o contrário. Portanto, nós na opinião pública não sabemos concretamente o que se passou.
DW África: Visto de fora, isto parece um conflito em torno da partilha das consideráveis riquezas do país. Concorda com esta visão?
LR: Esta questão da partilha equitativa das riquezas está na agenda que a RENAMO colocou à discussão e que comporta quatro pontos: o pacote eleitoral, questões de defesa e segurança, o problema da partidarização do aparelho do Estado e, finalmente, a equidade na partilha das riquezas.
DW África: Relativamente à exigência de observadores estrangeiros ou independentes, será que o líder da RENAMO quer manifestar um certo receio quanto à segurança da sua própria pessoa?
LR: Quando se transforma uma questão de polícia numa situação militar tudo pode acontecer. Naturalmente não seria bom para a estabilidade do país qualquer problema que sofresse o líder da RENAMO, porque isso traria uma incógnita para o xadrez político bastante grande…
DW África: Como cidadão moçambicano como vê a perspectiva da paz?
LR: Como estou envolvido nisto, tenho algum optimismo de que de facto não interesse a nenhuma das duas partes aquilo que se chama de “solução final”, que é o Governo com os seus meios bélicos muito superiores tentar fazer uma operação de limpeza. Existem adeptos desta solução, como também do lado da RENAMO existam pessoas que defendem o reinício da guerrilha, fechar as estradas, abater os postos de electricidade, sabotar os caminhos de ferro, etc… Só que penso que ainda é uma bolsa de opinião muito minoritária no país. O grosso da população, as organizações da sociedade civil, as organizações religiosas e mesmo muitos políticos, de forma geral, não defendem esta via.
DW
DW África: Relativamente à exigência de observadores estrangeiros ou independentes, será que o líder da RENAMO quer manifestar um certo receio quanto à segurança da sua própria pessoa?
LR: Quando se transforma uma questão de polícia numa situação militar tudo pode acontecer. Naturalmente não seria bom para a estabilidade do país qualquer problema que sofresse o líder da RENAMO, porque isso traria uma incógnita para o xadrez político bastante grande…
DW África: Como cidadão moçambicano como vê a perspectiva da paz?
LR: Como estou envolvido nisto, tenho algum optimismo de que de facto não interesse a nenhuma das duas partes aquilo que se chama de “solução final”, que é o Governo com os seus meios bélicos muito superiores tentar fazer uma operação de limpeza. Existem adeptos desta solução, como também do lado da RENAMO existam pessoas que defendem o reinício da guerrilha, fechar as estradas, abater os postos de electricidade, sabotar os caminhos de ferro, etc… Só que penso que ainda é uma bolsa de opinião muito minoritária no país. O grosso da população, as organizações da sociedade civil, as organizações religiosas e mesmo muitos políticos, de forma geral, não defendem esta via.
DW
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