Tuesday, 29 October 2013

Renamo condiciona negociações à presença de observadores

Para evitar mais desentendimento

Mais uma vez esta segunda-feira, não houve negociações…e o espectro de guerra continua na região centro do País

Maputo (Canalmoz) – A delegação da Renamo não foi esta segunda-feira, 28 de Outubro, à habitual mesa de negociações com o Governo por não ter sido satisfeita a sua exigência de inclus...ão de observadores para desbloquear os constantes impasses. Após o Governo ter manifestado o interesse de voltar a negociar com a Renamo, a delegação da Renamo informou por escrito ao Governo, no dia 24 de Outubro, que só aceitava entrar para a sala de negociações se estivessem presentes os observadores “capazes de aproximar as posições para evitar impasses registados em 24 rondas negociais”.
De acordo com o chefe da equipa negocial da Renamo, Saimone Macuiana, o Governo moçambicano não respondeu à carta da Renamo e decidiu “ir ao centro de conferência Joaquim Chissano sozinho”, local onde vem decorrendo até aqui infrutíferas negociações.
De facto, de acordo com uma cópia a que tivemos acesso, a Renamo informou em carta datada de 24 de Outubro de 2013 e com a referência n.143/GPR/13 enviada ao Secretariado do Conselho de Ministros na pessoa do respectivo secretário Carlos Taju, que a sua participação estava condicionada à presença de observadores na mesa do diálogo.
A Renamo, na voz do seu negociador chefe, reitera a disponibilidade para voltar a negociar com o Governo para pôr termo ao actual clima de tensão político-militar que se vive em Moçambique, mas exige que seja na presença de observadores. A Renamo já apontou como possíveis observadores o académico e reitor da Universidade Politécnica, Lourenço do Rosário, e o bispo da Igreja Anglicana, Dom Dinis Sengulane.
Enquanto as negociações não decorrem, a tensão continua na zona centro do País e o líder da Renamo continua a ser “caçado” pelas forças governamentais. Na tarde do mesmo sábado, o porta-voz do chefe de Estado moçambicano apareceu publicamente a informar que as “Forças Armadas de Defesa devem continuar a agir com maior eficácia e eficiência possível”, o que foi interpretado como intenção do Governo de resolver o diferendo pela via das armas. Estas declarações vêm juntar-se às do ministro da Defesa, Filipe Nyussi, que anunciou há dias que a perseguição ao líder da Renamo, Afonso Dhlakama, e seus membros “deve continuar”, o que vem deitar abaixo todos os apelos à resolução por via de diálogo da crise político militar que está a sacrificar vidas humanas.
Ainda nesta segunda-feira, 28 de Outubro, a bancada parlamentar da Renamo convocou a Imprensa para condenar o “assassinato” do seu deputado, no ataque das forças governamentais no dia 21 de Outubro à base e residência do líder da Renamo em Sadjundjira, Gorongosa. “Que legitimidade têm as Forças Armadas de Defesa para atacar, ocupar e saquear a residência de um cidadão moçambicano”, questionou a líder parlamentar da Renamo para depois afirmar que “a bancada da Renamo está convicta de que só e somente com o diálogo sério, sincero e responsável, Moçambique poderá alcançar a paz e democracia”.
Refira-se que, estranhamente, a Assembleia da República tem vindo a desenvolver o seu trabalho normalmente e não agendou o debate sobre a actual tensão política. O partido Frelimo controla todas as comissões de trabalho, incluindo a comissão permanente, pelo que só vai a debate o que for do seu interesse.

(Matias Guente)

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