Revolucionários de ontem, reaccionários nos dias que correm…
Beira (Canlmoz) – Deveras interessante tudo o que aparece na blogosfera moçambicana sobre supostos reaccionários e revolucionários. História é história e contra factos não há argumentos.
De uma conveniente e encoberta não se diz que uma das ...causas da situação actual terá sido toda uma corrente que se dizia revolucionária nos dias de ontem. Organizaram julgamentos sumários que muitas vezes não aconteceram e condenaram compatriotas à morte antecipada sem que tivessem observado os preceitos legais legislados na altura. Hoje num processo de branqueamento político aparecem quase todos afastados do que fizeram e pouco se diz sobre qual terá sido seu papel real.
Acredito e aceito que alguns dos “coloridos” e designados de traidores de Samora não tenham tido a hombridade de redimir-se pelo que fizeram ao longo dos anos mesmo sabendo que haviam contribuído para o surgimento de uma cultura de eliminação de adversários políticos da maneira mais sanguinária.
Vivemos tempos diferentes e é necessário tomar em conta que “águas passadas são “águas passadas”.
Aquilo que seria importante abordar com verticalidade é muitas vezes evitado como o “diabo foge da cruz”.
Hoje e de uma maneira cada vez mais pronunciada surgem vozes a reclamar que se reconheça que houve excessos cometidos por muitos dos que são os mais proeminentes políticos moçambicanos.
Sem entrar numa questão de categorização através da cor dos intervenientes em qualquer dos processos impõe-se que se diga onde mora ou reside a verdade.
As alianças que foram sendo rubricadas ao longo dos tempos foram objecto de considerações que tinham algo de concreto como ganhos.
Acusar hoje uns de traidores de Samora é absolutamente indigesto na medida que se os acusadores recorrem amiúde ao mesmo Samora para se colocarem na frente dos que defendem a moçambicanidade. Toda a ofensiva de deificação dos chamados heróis nacionais que foi encomendada pela liderança da Frelimo o demonstra plenamente.
Outro facto é que todos em conjunto têm negado a instituição de uma comissão de verdade e reconciliação nacional. Tenazmente defendem que os heróis só saíram de suas fileiras e que os outros não passam de reaccionários. Nesse ponto de vista, estão de acordo o tempo todo.
Os “advogados do diabo” não se fazem esperar e reproduzem-se como cogumelos. A troco de algumas quinhentas vemos gente com algum arcaboiço intelectual “vendendo a sua alma ao diabo”.
O país sofre de falta de verticalidade e de honestidade por parte dos que poderiam e deveriam oferecer alguns subsídios para a compreensão do panorama nacional e a aceitação de formas diferentes de fazer política.
Neste emaranhado de posições sobressai a cobardia perene de uns e a ambição doentia de outros.
Com um número substancial de “revolucionários” acantonados e passando mensagens através de órgãos de comunicação social ainda não controlados pelo regime, talvez por recear uma confrontação fratricida ou interpartidária precoce à luz da actual correlação de forças está um país à deriva.
Tenhamos presente que jamais foi uma questão de amizade ou de camaradagem o que unia aparentemente algumas figuras do movimento de libertação nacional.
As leituras superficiais ou profundas de doutrinas marxistas, leninistas ou maoístas, a cópia pura e simples de modelos políticos como o de Julius Nyerere não aproximaram “camaradas”. Foi sempre a necessidade de se estar próximo dos círculos do poder que moveu os integrantes da chamada cúpula. Suportavam-se porque entendiam que tudo era mais fácil desse modo.
Mas na “primeira curva” esgrimiam armas demolidoras como a intriga política para a eliminação das “sombras indesejáveis”.
Samora Machel foi exímio em rodear-se de gente útil e oportuna na sua senda de conquista e manutenção do poder. Obviamente que essas pessoas caíram no descrédito logo que a II República se anunciou.
Na III República foi a continuação do mesmo fenómeno e hoje vemos réstias de gente antes influente, batalhando isolada na comunicação social ou em livros largamente financiados por correntes que defendem os mesmos interesses.
O surgimento de pronunciamentos alegadamente relacionando “linhas ou cores” é sobretudo uma tentativa de encobrir verdades.
Não sejamos reducionistas ou cegos. Algumas das coisas ditas por gente que abomina uma comissão de reconciliação e da verdade tem a sua razão de ser.
Especialmente quando o ponto é criticar posições que promovem o culto de personalidade falacioso e pernicioso. Se são atacados hoje é porque “tocaram na ferida” real. Sumidades intelectuais ligadas ao regime não são atacadas quando se desviam da rota ou a sua rota coincide com a estratégia de manutenção do poder dos seus detentores actuais. Viu-se isso com Brazão Mazula aquando da indicação do actual presidente da CNE fora das regras da ONG a que pertence. Pelo contrário, o padre e ex-reitor Couto é bombardeado como se fosse fariseu ou coisa que se pareça, pois discorda abertamente de algumas posições “sagradas” dos que não querem largar o poder.
“A Deus o que a Ele pertence e a César seja dado o que também a ele pertence”.
(Noé Nhantumbo, Canalmoz)
Beira (Canlmoz) – Deveras interessante tudo o que aparece na blogosfera moçambicana sobre supostos reaccionários e revolucionários. História é história e contra factos não há argumentos.
De uma conveniente e encoberta não se diz que uma das ...causas da situação actual terá sido toda uma corrente que se dizia revolucionária nos dias de ontem. Organizaram julgamentos sumários que muitas vezes não aconteceram e condenaram compatriotas à morte antecipada sem que tivessem observado os preceitos legais legislados na altura. Hoje num processo de branqueamento político aparecem quase todos afastados do que fizeram e pouco se diz sobre qual terá sido seu papel real.
Acredito e aceito que alguns dos “coloridos” e designados de traidores de Samora não tenham tido a hombridade de redimir-se pelo que fizeram ao longo dos anos mesmo sabendo que haviam contribuído para o surgimento de uma cultura de eliminação de adversários políticos da maneira mais sanguinária.
Vivemos tempos diferentes e é necessário tomar em conta que “águas passadas são “águas passadas”.
Aquilo que seria importante abordar com verticalidade é muitas vezes evitado como o “diabo foge da cruz”.
Hoje e de uma maneira cada vez mais pronunciada surgem vozes a reclamar que se reconheça que houve excessos cometidos por muitos dos que são os mais proeminentes políticos moçambicanos.
Sem entrar numa questão de categorização através da cor dos intervenientes em qualquer dos processos impõe-se que se diga onde mora ou reside a verdade.
As alianças que foram sendo rubricadas ao longo dos tempos foram objecto de considerações que tinham algo de concreto como ganhos.
Acusar hoje uns de traidores de Samora é absolutamente indigesto na medida que se os acusadores recorrem amiúde ao mesmo Samora para se colocarem na frente dos que defendem a moçambicanidade. Toda a ofensiva de deificação dos chamados heróis nacionais que foi encomendada pela liderança da Frelimo o demonstra plenamente.
Outro facto é que todos em conjunto têm negado a instituição de uma comissão de verdade e reconciliação nacional. Tenazmente defendem que os heróis só saíram de suas fileiras e que os outros não passam de reaccionários. Nesse ponto de vista, estão de acordo o tempo todo.
Os “advogados do diabo” não se fazem esperar e reproduzem-se como cogumelos. A troco de algumas quinhentas vemos gente com algum arcaboiço intelectual “vendendo a sua alma ao diabo”.
O país sofre de falta de verticalidade e de honestidade por parte dos que poderiam e deveriam oferecer alguns subsídios para a compreensão do panorama nacional e a aceitação de formas diferentes de fazer política.
Neste emaranhado de posições sobressai a cobardia perene de uns e a ambição doentia de outros.
Com um número substancial de “revolucionários” acantonados e passando mensagens através de órgãos de comunicação social ainda não controlados pelo regime, talvez por recear uma confrontação fratricida ou interpartidária precoce à luz da actual correlação de forças está um país à deriva.
Tenhamos presente que jamais foi uma questão de amizade ou de camaradagem o que unia aparentemente algumas figuras do movimento de libertação nacional.
As leituras superficiais ou profundas de doutrinas marxistas, leninistas ou maoístas, a cópia pura e simples de modelos políticos como o de Julius Nyerere não aproximaram “camaradas”. Foi sempre a necessidade de se estar próximo dos círculos do poder que moveu os integrantes da chamada cúpula. Suportavam-se porque entendiam que tudo era mais fácil desse modo.
Mas na “primeira curva” esgrimiam armas demolidoras como a intriga política para a eliminação das “sombras indesejáveis”.
Samora Machel foi exímio em rodear-se de gente útil e oportuna na sua senda de conquista e manutenção do poder. Obviamente que essas pessoas caíram no descrédito logo que a II República se anunciou.
Na III República foi a continuação do mesmo fenómeno e hoje vemos réstias de gente antes influente, batalhando isolada na comunicação social ou em livros largamente financiados por correntes que defendem os mesmos interesses.
O surgimento de pronunciamentos alegadamente relacionando “linhas ou cores” é sobretudo uma tentativa de encobrir verdades.
Não sejamos reducionistas ou cegos. Algumas das coisas ditas por gente que abomina uma comissão de reconciliação e da verdade tem a sua razão de ser.
Especialmente quando o ponto é criticar posições que promovem o culto de personalidade falacioso e pernicioso. Se são atacados hoje é porque “tocaram na ferida” real. Sumidades intelectuais ligadas ao regime não são atacadas quando se desviam da rota ou a sua rota coincide com a estratégia de manutenção do poder dos seus detentores actuais. Viu-se isso com Brazão Mazula aquando da indicação do actual presidente da CNE fora das regras da ONG a que pertence. Pelo contrário, o padre e ex-reitor Couto é bombardeado como se fosse fariseu ou coisa que se pareça, pois discorda abertamente de algumas posições “sagradas” dos que não querem largar o poder.
“A Deus o que a Ele pertence e a César seja dado o que também a ele pertence”.
(Noé Nhantumbo, Canalmoz)
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