Sistema de transportes : Tolerância de ponto põe Maputo a nu
A tolerância de ponto decretada pela Sexta-Feira Santa, permitindo que quase todos os trabalhadores saíssem dos seus postos de trabalho às 12:00 horas de ontem, deixou clara, uma vez mais, para quem ainda duvidava, da precariedade do sistema de transporte semicolectivo de passageiros e a inexistência de estradas para um rápido e eficiente escoamento do tráfego rodoviário nos municípios de Maputo e Matola.
Milhares de cidadãos abarrotaram ao mesmo tempo as paragens nos municípios de Maputo e Matola e disputaram durante horas a fio pelos poucos “chapa” e autocarros públicos em circulação. A ligação entre os seus locais de trabalho e as casas tornou-se num verdadeiro calvário, típico do dia. Enquanto isso, como que a completar o drama, milhares de viaturas formavam intermináveis filas, umas para a saída do centro da cidade com destino aos bairros periféricos, onde vive a larga maioria das pessoas e outras no sentido inverso. Mas tanto para uns como outros a situação era a mesma. Simplesmente difícil.
Um caos total!
Os utentes dos “chapa” e os automobilistas sentiram na pele as consequências tanto da falta de uma rede funcional de transporte semicolectivo de passageiros, como da inexistência de vias alternativas para a entrada e saída do centro da urbe. A dureza do sofrimento a que os cidadãos foram sujeitos, para os cristãos foi como se naquela Sexta-Feira sSanta – memorial da paixão de Jesus de Cristo – o seu salvador tivesse dividido com eles a dor que sentiu na sua morte há mais de dois mil anos.
Por outro lado, ficou uma vez mais claro o quão elevado é o número de cidadãos que habitando nos arredores da cidade exerce as suas actividades no centro da cidade de Maputo. O caos de ontem pôs ainda a nu ainda a elevadíssima quantidade de viaturas em circulação na capital e no município da Matola e que, embora sem números precisos, está muito acima da capacidade instalada nestes dois pontos do país.
Mais do que os constrangimentos registados, o caos vivido ontem deve ser visto pelas autoridades como indicador da necessidade urgente de melhor reordenamento da capital do país, facto que passará, entre outras mudanças, pela criação de vias de ligação entre o centro da urbe e sua zona periférica, bem como para a sua conexão com o município da Matola. O cenário actual não deve continuar. Nisso certamente todos estamos de acordo.
Os engarrafamentos registados ontem nas vias de acesso e saída da cidade de Maputo foram de tal forma prolongados e incontornáveis que em caso de desastre as equipas de socorro, com destaque para as viaturas dos bombeiros e ambulâncias, teriam ficado petrificadas onde estivessem, concorrendo isso para a perda evitável de vidas humanas.
Na sexta-feira Santa: Cristãos apelam à justiça
A partir do meio-dia de ontem, milhares de cristãos afluíram às diferentes congregações para recordar a crucificação e morte de Jesus Cristo.
Na Sé Catedral, sita na Baixa da Cidade de Maputo, Dom Francisco Chimoio orientou as orações, destacando os feitos de Jesus Cristo e a importância de seguir os seus ideais.
“Queridos irmãos e irmãs, este ano celebraremos a justiça divina, que é a plenitude da caridade, dom e salvação. Que este tempo penitencial seja para cada cristão um momento de autêntica conversão e de conhecimento intenso do mistério de Cristo, que veio para realizar a justiça”, disse D. Francisco Chimoio.
Segundo afirmou, aos cristãos exige-se a aceitação plena da vontade de Deus e uma equidade em relação ao próximo. A humildade nas acções que cada um e todos realizam deve ser um característica própria dos cristãos na medida em que tal contribui para uma mundo de paz.
Na Igreja Pentecostal São Paulo de Moçambique, localizada na Unidade “D”, posto administrativo do Infulene, dialogámos com o pastor-geral, Santos Mabuzi. De acordo com a nossa fonte, “a principal mensagem partiu do sofrimento que Jesus Cristo teve até à morte”.
Jesus Cristo sacrificou a sua vida, pois quis salvar o pecado de todos humanos. “Há pessoas que ainda duvidam disso, mas queremos voltar a enfatizar que o caminho certo é aquele que segue os passos do Messias”, sublinhou.
Na ocasião, denunciou a existência de muitas congregações que, até certo ponto, desviam a verdadeira mensagem e missão da Igreja. Apelou para que haja “muita vigília” da parte dos cristãos.
Para Abílio Mafumo, pastor da Igreja Presbiteriana de Moçambique, a Sexta-Feira Santa é o ponto mais alto da manifestação da fé em Cristo, sendo marcado pela morte de Jesus que termina com a sua ressurreição.
“Para nós é importante que todos reflictamos sobre o que fazemos e o que nos espera no futuro. Temos de estar preparados porque Jesus vai voltar para impor a justiça”, disse.
Na Igreja Batista Evangélica do Benfica acompanhamos um ambiente de angústia e alegria, caracterizado por cânticos e danças.
Nesta igreja, a mensagem destacou que Deus está atento ao grito do pobre e em resposta pede para ser ouvido. Tal só é possível para quem tenha fé, daí que este é o ponto de partida.
No dia de hoje, os cristãos irão fazer vigílias de modo a acompanhar a ressurreição de Jesus Cristo amanhã.
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