Eugène Terreblanche foi encontrado morto em sua casa. Dois trabalhadores agrícolas já foram detidos.
Feroz partidário do apartheid, o regime segregacionista que vigorou na África do Sul até 1994, Eugène Terreblanche foi encontrado morto na sua quinta no Noroeste do país. O dirigente da extrema-direita, que liderava o Movimento de Resistência Afrikaner (AWB), terá sido espancado até à morte. A polícia já deteve dois trabalhadores agrícolas, de 15 e 21 anos, suspeitos de estarem por detrás do crime, que ameaça reacender as tensões raciais numa África do Sul onde esta questão parece longe de estar totalmente resolvida.
"Ao contrário do que pedem os nossos membros, pedimos para manterem a calma", declarou à AFP André Visagie, secretário-geral do AWB. Este deverá reunir-se a 1 de Maio para decidir como irá vingar a morte do seu líder.
A polícia, que já deteve os dois suspeitos, explicou que Terreblanche, de 69 anos, foi morto "com golpes de pangas (machadinha) e agredido com tubos de canalizações".
O movimento do supremacista branco garante que este crime teve motivos políticos, ligados a uma canção que apela a "matar os Boers" (os proprietários de terras brancos), adoptada recentemente pelo dirigente da liga para a juventude do Congresso Nacional Africano (ANC), no poder. Dois tribunais sul-africanos proibiram o uso desta canção, que consideram apelar à violência contra os brancos.
Os simpatizantes de Terreblanche, que usam uniformes com um símbolo muito parecido à cruz suástica, opõem-se a uma África do Sul multirracial e defendem a criação de um Estado Boer.
Em 1994, antes das eleições que fizeram de Nelson Mandela o primeiro presidente negro do país, o AWB realizou vários ataques à bomba no país. Desde o final do apartheid, cerca de um milhão de sul-africanos brancos deixaram o país.
Mal soube do incidente, o presidente Jacob Zuma apelou à calma. Preocupado com o ódio racial que ainda parece existir no país, o líder já tentara acalmar os ânimos. A 30 de Março, visitara um subúrbio pobre de Pretória, habitado sobretudo por afrikaners a quem prometeu apoio social.
Helena Tecedeiro, Diário de Notícias
Nota do José - Há alguma tensão racial neste País mas penso que o bom senso irá prevalecer. O Governo e a Oposição estão unidos na condenação a este crime, os criminosos estão presos e sucedem-se os apelos à calma.
5 comments:
Espero que nao se recupere o machado de guerra e se manche a terra com sangue inocente
Estes incidentes são lamentáveis pois incendeiam ódios recalcados. Penso que se trata de um crime sem motivaçôes políticas mas o discurso inflamatório que causa divisões é sempre condenável.
Vamos torcer para que este caso não tenha graves repercussões.
Um beijinho para ti!
A minha análise pessoal diz-me que foi um crime de vingança, um ajuste de contas. Segundo amigos meus que vivem na RSA, isto aconteceu devido a não pagamento por serviços que lhe foram prestados.
No entanto, crime é crime, os culpados devem ser julgados e punidos.
Espero que isto não crie mais tensão racial entre o povo Sul-Africano.
Existe muita gente inocente, quer seja do AWB ou não, do ANC ou não, que não concorda com o uso da violência para se resolver problemas deste género, assim como existem muitos brancos e negros que não acreditam no racismo.
Maria Helena
A situação parece estr controlada, até porque o AWB afirmou que não vai retaliar com violencia. De qualquer modo, este foi um crime horrível com requintes de malvadez que está a ser condenado por todas as pessoas sensatas.
Penso que todos devem reflectir em como podem contribuir para aliviar a tensão racial rumo a uma sociedade verdadeiramente multirracial.
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