Integração de supostos soldados da Renamo nas FDS
Nos últimos tempos, o governo moçambicano tem estado a publicitar a integração, nas Forças de Defesa e Segurança (FDS), de supostos elementos da força residual da Renamo, sob pretexto de que se está a dar seguimento ao acordo de cessação das hostilidades assinado a 5 de Setembro do ano passado. O acordo, recorde-se, foi assinado entre o antigo Presidente da República, Armando Guebuza e o líder da Renamo, Afonso Dhlakama.
Desde a assinatura do acordo, 15 supostos guerrilheiros da Renamo foram integrados, em ocasiões diferentes, nas Forças de Defesa e Segurança, ou seja, na Polícia da República de Moçambique e nas Forças Armadas de Defesa de Moçambique.
As cerimónias de integração dos supostos membros da Renamo apresentam características particulares, a exemplo de os supostos guerrilheiros denunciarem as condições adversas que se vive na mata, acusarem o líder da Renamo de falta de seriedade, reclamarem o facto de as suas vidas estarem paradas no tempo e ainda o facto de terem fugido de supostos locais de aquartelamento ou concentração para posterior processo de reintegração.
Outra característica é que aomchegar nas FDS os supostos membros da Renamo são imediatamente patenteados a oficiais. Não se conhecem, contudo, os reais critérios usados pelas chefias das FDS para o patenteamento dos desertores da Renamo.
Questionado na manhã desta terça-feira pelo mediaFAX, o portavoz da Renamo, António Muchanga, classificou o processo em curso como exemplo do que considera “falta de seriedade do governo”.
“Lamentamos o que estão a fazer, eu acho que pessoas sérias não fazem isso que estão a fazer. O próprio governo é que não é sério”,- disse Muchanga, buscando exemplo no facto de três jovens terem sido apresentados como desertores da Renamo, supostamente recrutados e treinados em 2013.
É que, de acordo com Muchanga, àquela apresentação confirma claramente que as pessoas que tem estado a ser apresentadas são simplesmente aliciadas para satisfazer as vontades do governo, pois “a Renamo não treinou ninguém em 2013”.
“Aqueles três jovens só pelo que disseram não são militares. A Renamo em 2013 não estava a treinar ninguém”- disparou Muchnga.
Pelo sim, pelo não, a verdade é que o show da reintegração continua e as FDS vão sendo preenchidas de oficiais.
mediaFAX, 21.10.2015
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