Friday, 9 October 2015

Invasão da casa de Dhlakama "é inaceitável”, diz Daviz Simango



O líder do MDM, terceiro maior partido, Daviz Simango, considerou inadmissível a invasão pela polícia da casa do presidente da Renamo, na Beira, principal partido da oposição, Afonso Dhlakama, comparando o cerco à residência a uma prisão domiciliária. 



"Isto é uma prisão domiciliária e não é admissível num estado de direito, não há nenhum mandado, que eu saiba, do tribunal ou da procuradoria, não encontramos isso, não há evidências desses mandados", afirmou Simango, em declarações aos jornalistas, à saída da residência de Dhlakama, que foi hoje alvo de uma operação policial.
O líder do MDM (Movimento Democrático de Moçambique) criticou a detenção dos membros da guarda do líder da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana) na referida operação, na província de Sofala defendendo que a desmilitarização do contingente militar da Renamo não deve ser feita à força.
"Desarmar os homens da Renamo à força não é solução, continuamos a dizer que esse tipo de situações não pode ser tratado à força, a solução tem de ser através do diálogo", declarou Daviz Simango, que é também presidente do município da Beira.
Assinalando que os munícipes da Beira estão inquietos e de mau humor com a operação da polícia na residência de Afonso Dhlakama, Simango afirmou que a Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique), partido no poder, deve aprender a viver em democracia.
"O nosso país precisa de reformas para viver em democracia plena, essa negação de reformas, a negação de admitir que têm de existir reformas internas para se viver em democracia está a custar-nos caro", sublinhou o líder do MDM, enfatizando que a confiança entre a Renamo e o Governo "foi quebrada já há muitos anos".
Forças especiais da polícia moçambicana invadiram hoje de manhã a casa do presidente da Renamo e prenderam guardas do partido de oposição.
Um dia depois de ter reaparecido na serra da Gorongosa, ao fim de quase duas semanas em lugar desconhecido, era esperada uma conferência de imprensa do líder da oposição hoje de manhã na sua casa no bairro das Palmeiras, na Beira.
Ao início da tarde, além da polícia, encontravam-se reunidos com Afonso Dhlakama a governadora da província de Sofala, Helena Taipo, o arcebispo da Beira, Claudio Zuanna, e mediadores do processo de diálogo entre Governo e Renamo, alguns dos quais também líderes religiosos.
Contactado pela Lusa, o Comando Provincial da Polícia da República de Moçambique em Sofala disse ser "inoportuno" pronunciar-se sobre os acontecimentos da manhã de hoje.
A invasão da casa de Afonso Dhlakama na Beira acontece um dia depois de ter reaparecido na serra da Gorongosa, ao fim de quase duas semanas em lugar desconhecido, após ter desaparecido no dia 25 de Setembro em Gondola, província de Manica, durante confrontos entre os homens armados da oposição e as forças de defesa e segurança.
Antes dos acontecimentos de hoje na Beira, registaram-se três incidentes em três semanas com a Renamo, dois dos quais envolvendo a comitiva do presidente do partido.
A 12 de Setembro, a caravana de Dhlakama foi emboscada perto do Chimoio, província de Manica, num episódio testemunhado por jornalistas e que permanece por esclarecer.
A 25 do mesmo mês, em Gondola, também na província de Manica, a guarda da Renamo e forças de defesa e segurança protagonizaram uma troca de tiros, que levou ao desaparecimento do líder da oposição para lugar desconhecido.
A Renamo disse que foi emboscada, enquanto a polícia acusou Dhlakama e os seus homens de terem iniciado o incidente ao abrirem fogo sobre uma viatura civil, matando o motorista, e disse que terão de responder criminalmente por homicídio.
Uma semana mais tarde, forças de defesa e segurança e Renamo confrontaram-se novamente em Gondola, com as duas partes a responsabilizarem-se mutuamente pelo começo do tiroteio.

Moçambique vive novos momentos de incerteza política, provocada pela recusa da Renamo em reconhecer os resultados das eleições gerais de 15 de Outubro do ano passado e pela sua proposta de governar nas seis províncias onde reclama vitória, sob ameaça de tomar o poder pela força. 



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