Maputo, 15 out (Lusa) - Cerca de 24% da população moçambicana vive em situação de fome, uma redução de 32 pontos percentuais nos últimos 25 anos, informou hoje a oficial de proteção social da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).
"Em 25 anos, a prevalência da fome em Moçambique diminuiu de 56% para 24% da população", disse Maya Takagi, falando à imprensa, à margem da apresentação do relatório da FAO sobre alimentação e agricultura no mundo, hoje em Maputo.
Apesar de destacar a "significativa redução" do número de pessoas afetadas pela fome em Moçambique nos últimos 25 anos, Maya Takagi sublinhou que o país ainda está num nível baixo no que respeita à segurança alimentar, comparando-o com os outros estados da região.
"O país ainda tem um quarto das pessoas em situação de insegurança alimentar, o que é bastante baixo em relação a outros países africanos, principalmente da África Subsaariana", lamentou a oficial de proteção social da FAO.
Como forma de combater os níveis de fome no país, prosseguiu Maya Takagi, Moçambique precisa de ampliar as políticas de proteção social, adotando um plano que inclua a transferência de renda e de alimentos para os mais pobres, além de prover o acesso ao emprego e a capacitação, principalmente no meio rural, o mais afetado pela fome em todo mundo.
"Quatro em cada cinco pessoas em extrema pobreza vivem nas zonas rurais e dependem da agricultura", disse Maya Takagi, acrescentando que, se o país combinar o apoio à produção agrícola com as políticas de proteção social, a possibilidade de resolver o problema da fome será maior.
Destacando o facto de o setor agrário em Moçambique contribuir com 25% para o Produto Interno Bruto (PIB), mesmo sendo, fundamentalmente, de subsistência, o diretor nacional de segurança alimentar, Fernando Mavie, disse, por sua vez, que o Governo moçambicano está a valorizar a criação de programas de incentivo ao setor, como forma de incrementar a sua contribuição no PIB.
"Neste momento, por exemplo, estamos a trabalhar na criação de sistemas de regadio, na medida em que a nossa agricultura ainda é de sequeiro e, tendo em conta as adversidades climatéricas, o risco é maior", disse o diretor daquele órgão pertencente ao Ministério da Agricultura e Segurança Alimentar.
O novo relatório da FAO, lançado em Maputo nas vésperas da celebração do Dia Mundial da Alimentação, que se assinala a 16 de outubro, revela que houve avanços na redução da fome no mundo, tendo sido registada uma diminuição de 400 milhões de famintos, mas 800 milhões de pessoas ainda sofrem com o mal e outras mil milhões vivem em situação de extrema pobreza.
Lusa
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