Tuesday, 27 October 2015

Nyusi e o Governo paralelo


Ontem, à minha chegada ao hotel em Nampula, o jornal da Noite da STV estava a começar. De repente vi e ouvi o Presidente Nyusi a fazer comentários interessantes sobre a actual crise político-militar. Bem, os pronunciamentos do Presidente da República, Filipe Nyusi, ontem, deixaram-me confusos, mas ao mesmo tempo com sinal de esperança. Disse ele que sentia aproveitamento político de alguns políticos emergentes sobre o actual cenário político nacional. 
"Sente-se até alguns políticos que estão a emergir agora, estão a surgir. Aproveitam do silêncio talvez das duas partes, digo mesmo das duas partes incluindo do Governo e a outra parte, para poder aparecer com ideias que algumas vezes nem são exequíveis".
Na mesma conferência de imprensa critica a ridicularização do líder da Renamo pelos comentaristas.
"Colocar, por exemplo, o presidente da Renamo numa posição de fraqueza quando querem ridicularizá-lo; não tem que ser esse o processo".
E finalmente critica oportunistas."Há muito oportunismo agora. Toda a gente sabe pacificar. Toda a gente sabe pensar e muitas vezes agitam e não ajudam o sistema".
Estes pronunciamentos levam-me a seguintes conclusões:
1. Há um Presidente paralelo/sombra ao Presidente Nyusi que, efectivamente, governa, isto é, controla o exército e a polícia, ordena embuscadas ao líder da Renamo, Afonso Dhlakama, à revelia de Nyusi. É que estes pronunciamentos, após tudo o que aconteceu ao líder da Renamo – sofreu duas embuscadas e foi assaltado por forças militares em plena sua residência – são, no mínimo, desprovidos de sentido. Só podem ter sentido se de facto os ataques e humilhações de que Dhlakama foi alvo tenham sido ordenado por um governo palalelo/sombra. O pronunciamentos, diga-se bonitos, de Nyusi reforçam a minha convicção de que Nyusi é um Presidente sem poder, incapaz de contrariar as vontades de quem o colocou no poder. A convicção de que não é Nyusi que manda, mas a ala radical, libertadora e dona da Frelimo. Nyusi é simplesmente um Presidente em papel. Estranhei que a embuscada visando o assassinato do líder da Renamo tenha acontecido em pleno dia 25 de Setembro, dia das Forças Armadas, quando Nyusi discursava sobre a paz na sede das Nações Unidas. Ou seja, enquanto discursava nas Nações Unidas sobre a paz, as suas forças armadas, embuscavam o líder da oposição. Achei uma aberrante contradição com ele mesmo. Também estranhei que poucas horas antes da embuscada a Dhlakama, o antigo Presidente de Moçambique, tenha quebrado o silêncio profundo a que se sujeitou nos últimos tempos para dizer que Dhlakama era marginal. Essa “coincidência” reforçou também a minha convicção de que Guebuza ainda controlo o exército, através do seu comandante, meu conterrâneo, Graça Chongo, e simultaneamente a polícia através do seu afilhado, Jorge Khálau.
2. Se não há um governo paralelo, então, Nyusi é faca de dois gumes, é uma lâmina, ou um rato (rói e sopra). Um governante com duas faces é bastante perigo, nunca se sabe onde ele está, o que ele pensa e o que a seguir vai fazer. É imprevisível. 
3. Também tenho a convicção de que Nyusi tem vontade, mas a vontade dele nunca conseguiu sobrepor-se a vontade dos que lhe colocaram na cadeira que ocupa. O seu lado humanista nunca se sobrepôs ao lado sanguinário dos seus donos.
4. Nyusi continua a desferir duros golpes ao G-40, os tais analistas que colocam em posição de fraqueza e ridicularizam o líder da Renamo. Ou seja, está em contramão com o grupo dos famigerados propagandistas do partido Frelimo.
Os próximos dias nos revelarão capítulos talvez interessantes. Mas definitivamente, gosto do que Nyusi fala, mas também definitivamente detesto as suas acções. A beleza do seu discurso entra em clara contradição c
om os seus actos. Dito de outra forma: apresenta um discurso religioso e acções diabólicas.




Lazaro Mabunda, no Facebook

1 comment:

Tomás Dube said...

Moçambique pertece a RENAMOe o seu lider AFONSO DHLAKAMA mais nada ponto final.