Saturday, 31 October 2015

Tiroteio entre forças de segurança e Renamo no centro de Moçambique põe população em fuga

Inhaminga, Moçambique, 31 out (Lusa) - Um novo tiroteio entre as forças moçambicanas e militares da Renamo em Inhaminga, no centro de Moçambique, forçou a fuga da população para as matas, deixando a vila deserta, disse hoje à Lusa um padre residente no local.
Adelino Fernandes, padre da congregação do Sagrado Coração de Inhaminga, província de Sofala, disse que cerca das 05:50 (03:50 de Lisboa) houve um forte tiroteio na vila de Cheringoma, sede de Inhaminga, que se prolongou até perto das 07:00.
"Quando cessou o tiroteio a população começou a fugir para as matas. Dezenas [de pessoas] atravessaram a linha férrea e foram caminhando para o sentido do distrito de Marromeu [noroeste de Sofala]", disse Adelino Fernandes, descrevendo uma situação de insegurança na região.
O padre contou ainda que na sexta-feira, um grupo da tropa estatal avisou a população próximo da zona onde hoje ocorreu o tiroteio para se retirar.
"Com esta situação, cancelámos uma peregrinação a Murassa, porque não havia condições de segurança. A sete quilómetros do local onde estamos, há um comando da polícia e o local estava agitado esta manhã", disse Adelino Fernandes.
A Lusa tentou em vão ouvir o administrador local.
Daniel Macuácua, porta-voz da polícia da província de Sofala, disse à Lusa não ter conhecimento do tiroteio na região, remetendo esclarecimentos para um momento oportuno.
O ministro do Interior moçambicano confirmou na sexta-feira novas operações das forças de defesa e segurança para recolher armas em posse da guarda da Renamo, em Gorongosa (Sofala) e Morrumbala (Zambézia), centro de Moçambique.
A polícia, disse Basílio Monteiro em declarações aos jornalistas na Gorongosa, "tem todo interesse que prossiga [a busca de armamento da Renamo] até desativar o último 'ninho' [base dos militares da oposição] e deixe o país totalmente tranquilo".
A polícia iniciou a operação de recolha de armas da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) no dia 09 de outubro, quando forças especiais cercaram e invadiram na Beira a casa do líder do principal partido da oposição, Afonso Dhlakama, e prenderam por algumas horas sete elementos da sua guarda.
O cerco só terminou quando Afonso Dhlakama entregou 16 armas da sua guarda pessoal ao grupo de mediadores do diálogo entre a Renamo e o Governo, que por sua vez o deixou à responsabilidade da polícia de Sofala.
A operação policial ocorreu um dia depois de o líder da oposição ter reaparecido na serra da Gorongosa, ao fim de duas semanas em parte incerta, na sequência de dois incidentes envolvendo a sua comitiva e as forças de defesa e segurança.
Antes dos acontecimentos na Beira, registaram-se três incidentes em três semanas com a Renamo, dois dos quais envolvendo a comitiva do presidente do partido.
A 12 de setembro, a caravana de Dhlakama foi emboscada perto do Chimoio, província de Manica, num episódio testemunhado por jornalistas e que permanece por esclarecer.
A 25 do mesmo mês, em Gondola, também na província de Manica, a guarda da Renamo e forças de defesa e segurança protagonizaram uma troca de tiros, que levou à partida do líder da oposição para lugar desconhecido.
Uma semana mais tarde, forças de defesa e segurança e da Renamo confrontaram-se novamente em Chicaca (Gondola), com as duas partes a responsabilizarem-se mutuamente pelo começo do tiroteio.
Dhlakama não é visto em público desde o cerco à sua casa na Beira, a 09 de outubro.
Moçambique vive novos momentos de incerteza política, provocada pela recusa da Renamo em reconhecer os resultados das eleições gerais de 15 de outubro do ano passado e pela sua proposta de governar nas seis províncias onde reclama vitória, sob ameaça de tomar o poder pela força.

Damião José reafirma intenção de desarmar Renamo pela força

 
Damião José, porta-voz da Frelimo e deputado da Assembleia da República, reafirmou o desejo da Frelimo de desarmar a Renamo de forma compulsiva. Falando ontem a partir do pódio da Assembleia da República, na sessão reservada às comunicações antes da Ordem do Dia, Damião José disse que o desarmamento da Renamo é um imperativo nacional, sendo esta uma afirmação que contraria o outro discurso da Frelimo de que precisa de dialogar com a Renamo.
“A Frelimo reitera que é imperioso o desarmamento dos homens armados da Renamo para beneficiarem das oportunidades que o fundo da paz e reconciliação lhes abre”, afirmou o deputado, que é um dos indivíduos que tem demonstrado ódio à Renamo e ao seu presidente, tendo mesmo chegado a compará-lo ao Diabo e a um “jihadista”. Damião José diz que o desarmamento da Renamo “é um imperativo nacional e desejo inequívoco do povo moçambicano.”
Em resposta a Damião José, o deputado da Renamo José Manteigas explicou que as armas que a Renamo tem e que a Frelimo pretende arrancar à força “resultam do estatuído no n.o 8 do Protocolo 5 do Acordo Geral de Paz”. José Manteigas afirma que, “durante 23 anos [a Renamo] nunca tirou uma bala, nunca vendeu nem alugou uma arma de fogo”. Manteigas desafiou a Frelimo a desarmar-se antes de desarmar a Renamo.
 “Esses que pretendem desarmar a Renamo andam armados até aos dentes e têm armas aqui na sala. Usam essas armas para atormentar os inocentes”, declarou. “Que moral tem um partido armado até aos dentes para exigir o desarmamento a um outro partido político?”, perguntou Manteigas, que acusa a Frelimo de ter esquadrões de morte que fazem vítimas no país.
“Desarmem as vossas mentes. Mataram Siba-Siba Macuácua, mataram Cardos Cardoso, mataram o professor Cistac, mataram Paulo Machava”, acusou José Manteigas.
Quem manda na Frelimo?
José Manteigas falou também dos frequentes ataques à Renamo pelas Forças de Defesa e Segurança. Diz que há desordem na Frelimo e acusa Filipe Nyusi de cinismo.
O deputado diz que ataques daquela envergadura só podem ter acontecido sob o comando do chefe dessas Forças, “neste caso, o Presidente da República.” Manteigas questiona que tipo de diálogo Nyusi pretende, se o diálogo verdadeiro ou o “diálogo de armas”.
“Preocupa-nos o silêncio cúmplice da sua pessoa [Filipe Nyusi] associado aos discursos dos acólitos do Diabo, como é caso do senhor Damião José, entre outros, que claramente contrariam o discurso da paz”, disse, e pergunta:
“Afinal quem manda na Frelimo é o presidente? É o porta-voz e a sua ‘gang’?”. (André Mulungo)


CANALMOZ , 30 de Outubro de 2015 30 de 2015

Versão Recente de um Filme Antigo


 
O pano de fundo, o enredo e o desfecho são basicamente os mesmos. Os protagonistas também, embora em cada uma das três versões já conhecidas surja sempre um actor novo a desempenhar o papel de mau. O autor do guião vem da mesma escola, a realização e a produção levam selo Made in Mozambique.
A primeira realização é de 1974. Tudo começa em Dar es Salaam, onde se discute o futuro de Moçambique e a sorte dos moçambicanos. Em reunião à porta fechada, as partes acordam em cooperar na detecção e neutralização de todos os agentes reaccionários. Há os que conseguem escapar. O Departamento de Segurança da Frelimo recorre aos préstimos de Nqumayo, patrício do dirigente máximo. Une-os a expansão e as razias nguni. Ele é o homem forte da segurança malawiana, a eliminação por “acidente de viação” a especialidade dos serviços que dirige. Os outros, menos sofisticados: tiro na nuca, ponta de baioneta que entra por um ouvido e sai por outro ou a morte por asfixia; poesia de combate a ornamentar. (Rui Knopfli reduziria a obra de poético combatente a singular e nauseabunda palavra.) Nqumayo é solícito: Dá instruções à missão diplomática do Malawi em Nairobi para informar Uria Simango de que está para breve importante reunião de alto nível. Banda o anfitrião, Mamã Cecilia Kadzamira a official hostess. Discutir-se-á Moçambique, sendo imprescindível a presença do Reverendo. O governo malawiano predispõe-se a custear as despesas de deslocação de Simango. Ignorando conselhos e avisos, Simango embarca para o Malawi em Novembro. À chegada ao Aeroporto de Chileka é preso e depois entregue à Frelimo na fronteira de Milange. O Camarada Comandante Honwana é quem o recebe, de braços abertos – o beijo, das poucas coisas que diferencia a organização siciliana dos métodos da Frente.
A segunda versão do filme é de Outubro de 1975. O novo actor também é clérigo e igualmente refugiado em Nairobi: Mateus Pinho Gwengere. De novo os intermediários – não são malawianos, mas tanzanianos. Trabalham para a TIS, a segurança do Mwalimu. Agentes dessa polícia política agregados à representação tanzaniana junto da sede da East African Community em Nairobi apresentam-se a Gwengere como oponentes do Mwalimu. Um deles, J. H. K. Matola, é conhecido do Padre desde os tempos de Dar es Salaam. Propõem um encontro com exilados tanzanianos e moçambicanos para se concertarem estratégias comuns. Partem de Nairobi, num carro do governo tanzaniano. Cinco ao todo, Gwengere estrategicamente sentado atrás, entre dois capangas do TIS. Em vez de rumar para Mombaça conforme o planeado, o Ford Cortina de cor verde, matrícula KMK596, segue em direcção a Namanga, posto fronteiriço entre o Quénia e a Tanzânia. Passam Gwengere para o outro lado da fronteira, que depois é entregue à Segurança da Frelimo. Perde-se-lhe o rasto a partir daí.
Quarenta anos depois, a terceira versão. O mesmo intróito: a reunião, os intermediários – agora orgulhosamente nacionais e com a bênção do Senhor – , a viagem da vítima por estrada até ao destino final, a perfídia e o ardil. Ao raiar da manhã do dia seguinte, o guião é de Sexta-Feira 13: no terreno, blindados Made in ex-apartheid R.S.A., Toyotas de caixa aberta al-Qaeda style, RPG-7 a tiracolo, os eternos brutamontes em evidência, dedos prontos a «gatilhar a cena». Dispensam-se mandados de busca e captura. Duma não tuge nem muge – a palavra está reservada a Dina que é quem explica, à maneira: é para evitar eventual aproveitamento maléfico. Por motivos de força maior, o filme termina assim, inesperadamente: ergue-se uma barreira de protecção entre o alvo e os atiradores – são os intermediários que ainda não deixaram a urbe e a eles se juntam mais dois clérigos e igual número de presidentes de município. Os da UE emitem aviso, voltando a incomodar os G40 de aquém e além-mar. Entra depois a pró-consulesa. Com meiga e suave voz desbobina a ladainha decorada em casa, a mesma antes escutada de Canhenze e Dina: todos preocupadíssimos com a segurança e o bem-estar do alvo a abater. De rompante, qual búfalo em xitolo de porcelana chinesa, entra o chefe da rápida e pontual unidade. O que tem para dizer estala o verniz da porcelana antes de fazê-la em cacos, encavacando a mandatária provincial e embasbacando os intermediários e os demais: o aparato lá fora é para “recuperar as três armas pesadas roubadas às FDS no incidente do dia 25 de Setembro em Gondola”, como reporta insuspeito pasquim dominical.







Joao Cabrita, Facebook

Uria Simango, meu herói nacional

 
“Foi o orgulho que transformou os anjos em demônios; É a humildade que faz os homens como anjos, Santo Agostinho de Hipona”, 13 de novembro de 354 - 28 de agosto de 430 DC
Hoje venho render homenagem a Urias Simango, o primeiro vice-presidente da Frelimo, que disputou a presidência da Frelimo com Eduardo Mondlane e “perdeu”com a diferença de apenas um voto [na verdade, as elições não passaram de uma faxada uma vez que o convite para que Mondlane tomasse a dianteira do movimento armado já teria sido feito e ele só veio a Dar-Es –Salaam com as garantias de que iria ser chefe do movimento unificado].
Deixe-me ainda fazer um parêntesis para dizer que fica por discutir se Mondlane é mesmo Arquitecto da Unidade Nacional, uma vez não ter sido ele quem mais trabalhou para que a fusão dos três movimentos acontecesse. Provas existem de que consensos entre UDENAMO e MANU preexistem ao I Congresso da FRELIMO. Na verdade, em 29 de Maio de 1962 estes dois movimentros firmaram o acordo em Accra e pela primeira vez o nome FRELIMO aparece em documentos oficiais. Adelino Gwambe foi quem fecundou a FRELIMO. Ser primeiro Presidente de um movimento é o mesmo que ser arquitecto da Unidade Nacional?
Mas voltemos ao assunto sobre Urias Simango
Ontem estive a pensar no legado dos nossos dirigentes, alguns, nossos heróis e cheguei a seguinte constatação.
Enquanto uns dirigentes deixaram para seus filhos rios de dinheiro, outros ainda estão atarefados em acumular infinitamente a riqueza para seus filhos e futuras gerações, a ENCURTADA vida de Urias Simango deixou como legado dois servidores de povo de grande calibre: Lutero e Daviz Siamngo. Estes dois irmãos, filhos de Uria e Celina Simango são incontornáveis na vida política e na história da democracia deste país.
O primeiro, figura dos primeiros dirigentes políticos do pós-guerra civil, com o PCN, que formou a primeira nata de intelectuais e políticos independentes de Moçambique. O segundo, Daviz, edil da Beira, a verdadeira CENTRAL DA DEMOCRACIA; refúgio dos oprimidos.
Urias Simango não teve tempo nem para acumular muito menos para acompanhar de perto a educação dos filhos ou mesmo desfrutar os proventos da independência. Mas o pouco tempo que esteve com os filhos foi bastante para inspirá-los de forma indelével sobre a vocação do bem-servir e não ser servido.
Quantos filhos de dirigentes moçambicanos se comparam à vocação de servir como Daviz e Urias Simango? Quantos filhos de dirigentes que não enriqueceram graças à posição de seus país e hoje participam na delapidação do erário público e abocanham tudo quanto é oportunidade de negócio? 
Quantos filhos de dirigentes estão na dianteira da luta pela justiça social, democracia e boa-governação em Moçambique? Quantos, e quem são?
PS: este post não tem por objectivo criticar niguém. Ele está a encorajar os dirigentes a se inspirarem nos ideias e valores de Urias Simango quanto à necessidade de educar os filhos para a cidadania. Daviz e Lutero poderiam se acobardar, com a morte dos pais e terem lambido os bocados do regime. Mas a educação para a cidadania e os valores dos pais os fizeram homens e bons servidores do povo.
Obrigado Uria e Celina Simango pelos filhos que nos deste.Quem sai aos seus não degenera.
Irei temrinar o meu elogio com mais uma citação Santo Agostinho
"Descubra o quanto Deus lhe deu e dele tire apenas o que você precisa; o resto deixe para os outros [porque também precisam]”


Referências Bíblicas
Mateus 20:28 
Bem como o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em resgate de muitos.
Marcos 10:45 
Porque o Filho do homem também não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos.






Egidio Vaz, Facebook

Friday, 30 October 2015

Continuam os confrontos armados na Zambézia


Continuam as trocas de tiro entre as Forças de Intervenção Rápida (FIR) e homens armados da RENAMO em Morrumbala na Zambézia, e há relatos de mais vitimas mortais.




Um habitante da região, que solicitou o anonimato, disse à DW África nesta sexta feira (30.10), que viu vários mortos, entre eles elementos da polícia e civis na zona de Sabe. É aqui que ocorrem as trocas de tiro entre elementos armados do maior partido da oposição, a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) e as Forças de Intervenção Rápida (FIR). "A RENAMO foi atacada e respondeu. Algumas pessoas continuam a fugir, outras ficam pelo caminho, e entre elas estão civis e polícias", disse esta testemunha.

Os confrontos armados começaram na noite de quarta-feira para quinta-feira(29.10), quando elemetos do exército moçambicano cercaram o recém instalado quartel-general da RENAMO na localidade de Morrumbala. Segundo o líder da RENAMO, Afonso Dhlakama, estas instalações "servem para defender a população contra uma eventual reação violenta do Governo, quando o movimento tentar implementar a decisão de governar pela força nas seis províncias do centro e norte de Moçambique". A RENAMO reivindica vitória nesta região nas eleições gerais de outubro do ano passado.



Vias de acesso na Zambézia continuam bloqueadas
Elementos armados da RENAMO na Gorongosa (08.11.2012)












As principais vias de acesso à localidade de Sabe, em Morrumbala, na Zambézia, estão bloqueadas e sob forte vigilância das forças governamentais, desde quarta feira.
Há registo de muitos feridos graves, com alguns membros da polícia internados na sala de reanimação do Hospital Provincial de Quelimane.
Segundo uma fonte hospitalar, esses feridos deram entrada na quinta-feira (29.10), na sequência do tiroteio que aumentou de instensidade no início da noite. "Na sala de observação estão algumas pessoas, enquanto outras se encontram na sala de reanimação. Muitos deles são jovens e da polícia", confirmou erta fonte.



RENAMO diz que se trata de mais uma provocação
Fontes na Zambézia referem que em mais uma tentativa de desarmar a RENAMO à força, as FIR tentaram sem sucesso assaltar o quartel do movimento liderado por Dhlakama















O delegado politico da RENAMO na Zambézia, Abdala Ussifo, disse que o ataque começou como uma provocação à RENAMO e à sua base de defesa da população: "Lamentamos essas ações, que só ameaçam o convívio das famílias. Nos últimos tempos, notamos uma certa movimentação de blindados e de carros da FIR, algo que é muito preocupante. Penso que chegou o momento dos moçambicanos se sentirem moçambicanos. Ou seja, chegou a altura para uma reconciliação política, uma reconciliação social e uma reconciliação de inclusão na perspetiva que esta terra pertence a todos nós", disse Abdala Ussifo.
Sílvio Silva, um cidadão local, é de opinião que o Governo deve negociar com Afonso Dhlakama, "para que ninguém saia a perder". Estas negociações deveriam também servir para salvaguardar a tão desejada Paz para Moçmbique, diz: "O que se vive hoje em Moçambique é um clima assustador pelo facto de sentirmos muita insegurança. Ataques, pessoas feridas ou mortas, acontecem com muita frequência. Por isso as autoridades competentes, o Governo, a sociedade civil e as confissões religiosas têm que trabalhar mais, muito mais mesmo, para que sejam solucionados os problemas e este ciclo de violência acabe de uma vez por todas".
Muitos bens dos habitantes da região, inclusive algumas habitações, estão a ser incendiados. Grande parte da população refugiou-se noutras localidades do distrito. Muitas pessoas foram acomodadas na sede distrital de Morrumbala e abandonaram tudo o que tinham.



DW



Olá Paz!


Depois de Eduardo Mondlane, Uria Simango, Samora Machel, Afonso Dhlakama é para mim, a quarta maior figura política da história de Moçambique. Ele é o Herói Nacional vivo mais importante que do País tem neste momento. Estou a referir-me Herói do Povo e não de assaltantes.

A definição simples de herói em inglês diz que Herói é "uma pessoa CONHECIDA pelas FAÇANHAS DE CORAGEM ou nobreza de propósitos, especialmente aquele que ARRISCA ou SACRIFICA a sua VIDA" em prol de um bem comum e nacional.
Não existe quanto a mim, a melhor definição que esta. Primeiro pela sua natureza democrática. Ela abre espaço para que gangs de bandidos, assaltantes e corruptos tenham também seus heróis, seus chefes. Os critérios de avaliação podem ser ajustados à cada grupo. Mas para o povo moçambicano, a figura de Dhlakama encaixa como uma luva na mão.
• Afonso Dhlakama é uma figura conhecida
• Afonso Dhlakama é alguém que é conhecido pelas façanhas de coragem e nobreza de propósitos
• Afonso Dhlakama ARRISCOU a vida em prol da democracia
• Afonso Dhlakama corre o risco de SACRIFICAR a vida em prol dos objectivos nobres.

Se durante 16 anos Afonso Dhlakama lutou pela democracia multipartidária, ele agora tem dedicado a sua vida em prol da institucionalização da mesma.
Há 23 anos que as instituições de administração eleitoral “falham sistematicamente” na contagem do voto ou na organização do processo eleitoral que amiúde, resulta na falta da clareza sobre a justeza do vencedor e do vencido.
Hoje, Afonso Dhlakama corre o risco de vida só porque quer que em processos eleitorais, os votos sejam contados tal como foram votados. Só isso. Apenas isso. LIVRE, JUSTA E TRANSPARENTE CONTAGEM DE VOTOS. Aliás, este é que deveria ser o lema da CNE: por uma contagem de votos livre, justa e transparente.
No futuro, um futuro breve, quando os historiadores estiverem atarefados a corrigir os manuais de história de Moçambique, Afonso Dhlakama terá seu nome escrito em páginas douradas como quem primeiro lutou pela emancipação democrática e institucionalização da democracia multipartidária e segundo como quem lutou pela justiça eleitoral. Eu até estou a ver o Instituto Afonso Dhlakama para Estudos sobre Justiça Eleitoral e Paz de Moçambique.
PS: Este país não conhece Paz desde 2004, altura que Joaquim Chissano deixou de dirigir Moçambique!
A Paz de que todos almejamos, deve ser desfrutada por todos, incluindo pelo Afonso Dhlakama. Se o matarem, nada garante que o país volte à normalidade. Mondlane, Samora morreram mas a Frelimo, a própria Frelimo, continuou. E digo mais, a Frelimo não está em condições de garantir a Paz aos moçambicanos sem a imprescindível contribuição de Afonso Dhlakama. Nas cidades como no campo, as pessoas estão a espera pelo regresso de Dhlakama. As pessoas sentem-se seguras com Dhlakama passeando nas ruas das cidades, vilas e campos NÃO porque assim ele não represente ameaça MAS porque ele é o protector dos mais fracos, do povo moçambicano.

E existe mais uma razão par respeitar este velho resistente
• Se até a CNE – mesmo com roubalheira descarada - não conseguiu camuflar a popularidade e preferência de mais de um terço de eleitores moçambicanos em todo território nacional pelo Dhlakama o que garante que o país não venha a entrar em ebulição numa situação da morte injusta deste grande herói? 
Não estou a dizer que seja isso que pretenda, MAS neste país nada está bem: a economia não está boa; a pobreza está a crescer, a corrupção está em alta, a insatisfação popular para com os serviços do estado é alta; enfim, tem tudo para que um "maluco" instrumentalize as pessoas para a revolta!

PS1: Referências Bíblicas
Tiago 5:10
Irmãos, tomai como exemplo de paciência e perseverança a atitude dos profetas, que pregaram em Nome do Senhor, diante do sofrimento.

Salmos 118:5
Em meio à tribulação invoquei o SENHOR,e o SENHOR me respondeu, pondo-me a salvo!

Jonas 2:2,7
E disse: “Em meu desespero clamei a Yahweh, e ele me respondeu! Do ventre do Sheol, da morte, gritei por livramento, e tu, ó SENHOR, ouviste o meu clamor.…

Lucas 22:44
E, em grande agonia, orava ainda mais intensamente. E aconteceu que seu suor se transformou em gotas de sangue caindo sobre a terra.

Juízes 16:23-25
Então os chefes dos filisteus se ajuntaram para oferecer um grande sacrifício em honra ao seu deus Dagom e para comemorar seus feitos, pois exclamavam: “Nosso deus nos entregou nas mãos Sansão, nosso principal inimigo!”…



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Reflexões sobre o 17 de Outubro




Hoje, a Renamo assinala o 36° aniversário da morte em combate de André Matsangaíce. Como tem sido hábito, a data dá azo a duas interpretações distintas. Por um lado, a Renamo apresenta Matsangaíce como o fundador da Resistência Nacional Moçambicana, pioneiro da luta pela conquista da democracia e estabelecimento de um Estado de direito. Por outro, académicos, políticos, jornalistas e autores inseridos na narrativa oficial da história de Moçambique tratam a data como um mero episódio do que consideram ser a campanha de agressão, instrumentalização e «desestabilização» movida do exterior contra Moçambique pelos que se opunham à independência, que viam o novo Estado africano criado em Junho de 1975 como um “mau exemplo”. Concretamente, os valores defendidos pelo regime edificado em Moçambique – o seu suposto anti-racismo, a democracia popular, a liberdade restituída aos moçambicanos – chocavam com o racismo das minorias brancas da Rodésia e da África do Sul e tudo quanto representavam.
Em suma, pretende-se, na narrativa oficial, ecoada dentro e fora de Moçambique, despir a Renamo de qualquer legitimidade, negar a própria existência da Renamo, a razão de ser da luta por ela travada, e a essência da causa que defendia. Os trunfos principais: o facto de ter obtido apoios no exterior e desses apoios virem de regimes de minorias brancas. Daí a terminologia repetida amiúde: moçambicanos recrutados, instrumentalizados, treinados, equipados, armados, municiados, alimentados, apoiados, transportados e assessorados pelo apartheid, por colonos, e por eixos que iam de Pretória a Lisboa, de Lisboa a Bona, de Bona a Washington. Não fazia sentido o argumento de que a causa pela democracia pudesse ser apoiada que a negava nos seus próprios países.
Se essa narrativa exalta o apoio obtido no exterior pela Frente de Libertação de Moçambique ( Frelimo ) e que foi vário e multiforme – americano, chinês, cubano, soviético, coreano, alemão (RDA), tanzaniano, argelino, israelita, entre outros – já no caso da Renamo o apoio rodesiano e sul-africano passou a ser esgrimido como prova de que a Renamo não tinha razão de existir, que era um apêndice, um peão no contexto da Guerra Fria, um instrumento para forçar Moçambique a abdicar da sua opção, supostamente socialista, e virar-se para o campo capitalista. De novo o mau exemplo do sistema económico moçambicano que não poderia vingar pois assim comprovaria a inviabilidade do sistema de “acumulação capitalista” em vigor noutros países da região.
De facto, a África do Sul do apartheid negava à maioria negra do país o direito de voto, o mesmo fazendo a minoria branca da Rodésia do Sul.
Poder-se-ia então questionar o apoio de uma República Popular da China. O sistema político vigente neste país reconhecia os direitos fundamentais do povo chinês? Como é sabido, ainda hoje não os reconhece. A mesma pergunta poderia ser feita em relação a Cuba e a muitos outros aliados da Frelimo durante a luta pela independência. A resposta seria a mesma – exceptuando-se, por exemplo, os Estados Unidos e Israel que eram regimes democráticos e dos quais a direcção da Frelimo viria a desligar-se. Será que a natureza política dos regimes que apoiavam a Frelimo era o que determinava a essência da luta por ela travada para a conquista da independência? e o que ditava a vontade de sermos livres e independentes?
O regime instituído pela Frelimo um mau exemplo para o apartheid? Na essência, o regime da Frelimo e o apartheid tinham muitos aspectos em comum, complementavam-se até. Para além de negarem o direito de voto à maioria, ambos os sistemas deportavam cidadãos – o apartheid para bantustões, o regime da Frelimo para campos de trabalhos forçados, quer na fase da reeducação, quer na fase da Operação Produção. O apartheid perseguia, dentro e fora do país, oponentes seus, prendendo-os depois. Houve muitos que foram assassinados na própria África do Sul e no exílio. O regime da Frelimo fez precisamente o mesmo: Uria Simango, Gwengere foram raptados do exílio e depois sumariamente executados. Julgamentos? Não há memória de Joana Simeão ter comparecido em tribunal, idem aspas em relação a Adelino Gwambe, Paulo Gumane, Raúl Casal Ribeiro e dezenas de outros. Dulcie September, uma das vítimas do apartheid no exílio. Evo Fernandes, uma das vítimas do regime da Frelimo no exílio. O apartheid pelo menos restituiu Goven Mbeki, Walter Sisulo, Tokyo Sexwale à liberdade depois de julgados em tribunal. Nelson Mandela o caso mais emblemático. O regime da Frelimo nem sequer julgou aqueles que raptou e prendeu sem mandado judicial, nem tão pouco dá satisfações aos familiares de Eugénio Zitha, João Unyai, Júlio Razão Nihia, Celina Simango, Lúcia Casal Ribeiro e tantos outros cujo paradeiro permanece desconhecido.
Anti-racismo? Sim, o apartheid dos bóeres assinalava em praças e lavatórios públicos, em paragens de autocarros, aeroportos, escolas, parques municipais e em repartições públicas: “Whites Only”. No anti-racismo da Frelimo todos eram moçambicanos, mas desde que comungassem a ideologia do regime – se não o fizessem eram tidos como saudosistas do colonialismo e moçambicanos não originários, sendo-lhes vedado direitos políticos e económicos. Mas esta discriminação oculta datava do tempo da luta armada da Frelimo quando Mondlane era presidente. O apartheid tinha o pass book, o regime da Frelimo a guia de marcha.
Em suma, o bóer era um racista honesto. Os racistas da Frelimo eram – e são – desonestos; desonestidade que se manifesta em várias outras vertentes, designadamente em processos eleitorais. O apartheid dos bóeres dizia ao negro sul-africano: tu não votas no meu bairro, na minha aldeia ou na minha cidade segregada; vai votar nos homelands e nos bantustões. O apartheid da Frelimo dizia: todos têm o direito de voto, mas só existe um partido em quem votar; agora diz: todos podemos votar em mais do que um partido, mas antes do escrutínio o regime da Frelimo decide quantos votos o A, o B e C vai receber, e quantos lugares irá ter no Parlamento.
O sistema do apartheid dos bóeres quando decidiu encontrar uma solução negociada, sentou-se com representantes das raças que antes discriminava, segregava e oprimia. E depois assinou um acordo em que se comprometeu a devolver o poder à maioria.
O “mau exemplo” do regime da Frelimo, quando decidiu encontrar uma solução negociada, sentou-se à mesa com representantes da Renamo. E depois assinou um Acordo Geral da Paz em que se comprometia a organizar eleições livres, justas e transparentes. Ao contrário dos bóeres, os da Frelimo não cumpriram o que assinaram.




Joao Cabrita, no Facebook

Autoridades moçambicanas recusam-se a confirmar mortos nos confrontos de Morrumbala

Confrontos armados entre o exército e homens da RENAMO terão feito vários mortos nesta quarta-feira (28.10) em Morrumbala, centro de Moçambique. Também há relatos de refugiados. A polícia não está autorizada a falar.
Forças Armadas de Moçambique
O distrito de Morrumbala, na província Zambézia, foi palco de um autêntico tiroteio entre guerrilheiros da RENAMO, o maior partido da oposição, e as Forças de Intervenção Rápida (FIR) que se deslocaram na noite de quarta-feira (28.10) a um quartel da RENAMO instalado na região.
Fontes populares confirmaram à DW África que a troca de tiros iniciou por volta das quinze horas, altura em que se ouviram pequenos disparos na localidade de Sabe, e a situação agravou-se durante a noite.
Centenas de residentes abandonaram as suas casas e bens para se refugiaram na vila sede de Morrumbala, tal como confirma um dos deslocados: "Houve mortos e feridos. Outros estão aqui. Ontem houve 5 feridos e 70 mortos."

Em 2013 várias pessoas viram-se obrigadas a procurar refúgio devido aos confrontos















Ordens superiores


Entretanto, face à tensa situação que se vive no local, os professores não compareceram esta quinta-feira (29.10) as salas de aulas e a circulação dos transportes semi-coletivos de passageiros foi interrompida .
A porta-voz da Policia da República de Moçambique na Zambézia, Elsídia
Filipe, confirmou a ocorrência dos confrontos entre as forças governamentais e da RENAMO, mas não deu outros detalhes, nomeadamente sobre o número de mortos e feridos.
Elsidia Filipe, sublinhou entretanto que ainda não recebeu ordens superiores para falar do sucedido. Entretanto, o CanalMoz informa na sua edição desta quinta-feira (29.10) que o pelotão do exército governamental terá perdido quase todas as suas armas nos confrontos. Estas terão sido recolhidas posteriormente pelos homens da RENAMO.



DW

Thursday, 29 October 2015

"Mortos e feridos em confrontos entre tropas do Governo e da Renamo em Morrumbala '



Ordens para desarmar a Renamo à força


Este é o mais grave confronto que ocorre naquele ponto do país, desde que começou a crise político-militar. Uma fonte das Forças de Defesa e Segurança informou ao “Canalmoz” que o pelotão das tropas do Governo perdeu quase todas armas nos confrontos. As armas foram recolhidas por homens da Renamo.
A situação político-militar está a deteriorar-se. As forças militares do Governo e da Renamo voltaram a confrontar-se na madrugada de quarta-feira, 28 de Outubro, no posto administrativo de Sabe, distrito de Morrumbala, na província da Zambézia, informaram fontes militares a partir daquele ponto do país.
Existem informações de registo de mortos e feridos, em número não especificado, da parte dos efectivos das forças governamentais.
Segundo fontes do CANALMOZ , os confrontos começaram por volta das 3.00 horas e prolongaram-se até meio da manhã. Segundo as mesmas fontes, pelo menos oito militares feridos deram entrada no Hospital Provincial de Quelimane,
Uma fonte da Polícia em Morrumbala disse ao CANALMOZ que a sua corporação tem ordens para capturar as armas que estão nas mãos dos homens da Renamo.
Uma outra fonte, da Renamo, disse que, neste momento, as forças governamentais estão a reforçar os seus efectivos a partir de Chimuara.
A agitação dos residentes na zona continua, e refugiam-se nas matas com medo dos confrontos.
Existem informações não confirmadas, de fontes policiais e da Renamo, dando conta da ocorrência de mortos do lado dos efectivos governamentais.
Uma fonte da Polícia da República de Moçambique na Zambézia, que falou na condição de não ser identificada, confirmou os confrontos, mas não entrou em detalhes.
O porta-voz da PRM no Comando Provincial da Zambézia, Ernesto Serrote, em contacto com o CANALMOZ, não confirmou nem desmentiu as informações, limitando-se a dizer que a Polícia apenas está a fazer o trabalho de recolha de armas espalhadas, um trabalho que, segundo disse, não deve perturbar ninguém, porque não se trata de confrontos.
O delegado político da Renamo na província da Zambézia, Abdala Ossifo Ibrahimo recusou falar do assunto, alegando que é dirigente político e não militar.
Um contingente das Forças Armadas de Defesa de Moçambique atravessou na semana passada a província de Nampula com destino à província da Zambézia, supondo-se que o destino era o distrito de Morrumbala.
Fontes militares e civis que falaram ao na condição de anonimato informaram que cerca de 200 militares foram vistos na Estrada Nacional N.o 1, quando entravam na província de Nampula, sendo transportados em cinco camiões, acompanhados por outras viaturas militares carregando material bélico de longo alcance.





(Bernardo Álvaro)



CANALMOZ – 29.10.2015, no Moçambique para todos



"Lei da Amnistia em Moçambique não foi feita de boa fé"

Especialista em políticas de violência e reconciliação critica forma como amnistia foi utilizada em Moçambique e defende que a criação de uma Comissão de Verdade "poderia resolver ódios entre a RENAMO e a FRELIMO".
Victor Igreja, especialista moçambicano em políticas de violência e leis de amnistia
Em Moçambique, há analistas que defendem que a falta de confiança entre a RENAMO e o Governo da FRELIMO dificulta o alcance de uma paz efetiva.
Um dos mecanismos mais utilizados para restabelecer a confiança entre as partes e promover a estabilidade política, após conflitos militares, é a amnistia. Que peso tiveram as amnistias concedidas no país? Moçambique precisa de uma Comissão de Verdade e Reconciliação?
Estas são algumas das perguntas que a DW África coloca ao especialista moçambicano em políticas de violência em África, leis de amnistia e reconciliação, Victor Igreja.
DW África: As amnistias foram um erro no caminho para alcançar a paz duradoura em Mocambique?


Victor Igreja (VI): Foi muito complexo. A situação da guerra civil acaba num contexto em que não houve vencedores. Nem as tropas governamentais sob o controlo da FRELIMO nem a RENAMO conseguiram ganhar a guerra. Neste contexto, a amnistia foi vista, sobretudo do lado da FRELIMO, como um mecanismo que também poderia ajudar a criar uma maior confiança entre as partes, neste caso a FRELIMO e a RENAMO.
Penso que a amnistia começa a ser um problema, na medida em que as revelações que têm sido feitas mostram que a lei da amnistia, afinal, visava apenas criar um ambiente no qual a FRELIMO poderia ganhar mais tempo para voltar a ter um controlo efetivo das Forças Armadas. Este é que é o problema. Neste caso, a amnistia foi um erro, porque não foi feita de boa fé. Ao nível dos discursos, dizia-se que a lei serviria para reforçar a reconciliação nacional, mas, por outro lado, ficou-se a saber, mais tarde, que a lei era apenas uma estratégia para a FRELIMO, sob o controlo de Joaquim Chissano, ganhar tempo para voltar a construir e controlar totalmente as Forças Armadas.

DW África: A relação entre as partes divergentes é marcada por uma desconfiança estrutural e até uma espécie de “ódio”. Como resolver este problema, que parece estar a impedir um desfecho pacífico nesta situação?


VI: As partes têm de voltar à mesa de negociações. Mas têm de voltar de boa fé. A lei da amnistia constituiu um erro porque não foi feita de boa fé. Foi parte de uma estratégia da FRELIMO para ganhar tempo para controlar as Forças Armadas. Quando a FRELIMO começou a desmobilizar em massa os antigos soldados que vieram da RENAMO, isto contribuiu para que os ódios ficassem mais visíveis. Desde a assinatura do Acordo Geral de Paz nunca houve um desejo genuíno de uma reconciliação.

DW África: Seria necessário criar uma Comissão de Verdade para Moçambique superar os seus traumas de guerra?



VI: Muitas pessoas, hoje em dia, pensam que Moçambique precisa mesmo duma Comissão de Verdade, porque todos os métodos que já se tentaram – por via da democracia, da Constituição, do novo Parlamento – ainda não se conseguiu quebrar esta lógica de ódio e desconfiança. O único remédio que ainda não experimentamos é uma Comissão de Verdade. Concordo com aqueles que pensam que esta comissão poderia ajudar a resolver ou minimizar estes ódios mútuos.







DW

Wednesday, 28 October 2015

Fraudes levam Zanzibar a repetir eleições


Fraudes levam Zanzibar a repetir eleições
Fraudes levam Zanzibar a repetir eleições
REUTERS/Sadi Said













As eleições presidenciais, parlamentares e locais no arquipélago semi-autónomo de Zanzibar, na Tanzânia, foram anuladas devido a fraudes e um novo escrutínio deverá ter lugar. O anúncio foi feito esta quarta-feira pelo presidente da comissão eleitoral local.

As eleições gerais em Zanzibar devem ser anuladas e organizadas novamente, uma vez que foram constatados situações irregulares como o caso de eleitores que votaram várias vezes, explicou Jecha Salim Jecha no comunicado difundido na televisão pública.

" Na qualidade de presidente da Comissão Eleitoral Local, estou convencido que o processo eleitoral não foi equitativo e que houve infracções à lei. Declaro assim oficialmente que todos os resultados serão invalidados e novas eleições deverão ser organizadas", declarou. Com estas eleições Zanzibar, situado no Oceano Índico, devia designar o seu próprio Presidente e deputados, no passado domingo, no quadro das eleições gerais que tiveram lugar a nível nacional na Tanzânia.





Oposição declara-se vencedora





Desde segunda-feira que o actual vice-presidente do principal partido de oposição do arquipélago, a Frente Cívica Única - Seif Sharif Hamad, declarou-se vencedor na eleição presidencial local. Ele afirma ter conquistado 52,87% dos votos, contra 47,13% obtidos pelo Presidente Ali Mohamed Shein. Os dois homens partilham actualmente o poder no governo de coligação.





Tumultos em Zanzibar




Na terça-feira as forças de segurança cercaram o principal centro de apuramento de votos impedindo durante algumas horas a entrada e saída do local, após o candidato Hamad ter repetido que não irá reconhecer a sua derrota se lhe roubarem a vitória. Tiros foram ouvidos durante esta noite na capital de Zanzibar. Esta manhã as ruas estavam praticamente vazias e muitas lojas encerradas, segundo relata um fotógrafo da AFP.
A Tanzânia nasceu em 1964 da fusão entre Tanganika continental e Zanzibar. As vilências pós-eleitorais são frequentes no arquipélago.



RFI

Morrumbala(Sabe) acordou debaixo de tiros



A população da Localidade de Sabe, no distrito de Morrumbala, província da Zambézia, acordou esta quarta-feira(28), agitada devido aos tiroteios que envolveram as Forças de Defesa e Segurança(FDS) e supostos homens da Renamo.
Segundo soube o Diário da Zambézia de várias fontes, tudo começou quando as FDS por volta das 19 horas a unidade das FDS estacionada naquela localidade, entrou no interior para tentar encontrar os supostos homens da Renamo que supostamente possuem armas de fogo, na lógica de desarma-los. Houve disparos, mas os tais homens da Renamo nem sequer responderam, tendo guardado tudo para a hora que haviam planificado.