Monday, 15 September 2014

Editorial do Canal de Moçambique

Gostaríamos de ver as eleições de 15 de Outubro a realizarem-se com lisura e sem as habituais fraudes, para que os cidadãos possam começar a mudar os Governos democraticamente usando o voto, se for esse o seu desejo.
Sempre se negou que houve fraude, mas, surpreendentemente, na semana passada (2 de Setembro), um dos semanários editados em Maputo, talvez distraidamente, proporcionou-nos a leitura de afirmações, que atribui ao porta-voz da Comissão Nacional de Eleições, Paulo Cuinica –que está integrado naquele órgão pelo partido Frelimo –, em que ele diz explicitamente que a “CNE garante pôr fim às mudanças secretas dos resultados eleitorais”. Ora, isso prova que houve até aqui “mudanças secretas de resultados”.
E prova até que os habituais “observadores internacionais” não foram pessoas de boa-fé, quando levaram os Governos dos seus países a consideraram as eleições “justas, livres e democráticas”.
Antes de nos debruçarmos aonde quererá chegar Paulo Cuinica com tanta franqueza – que não deixa de trazer “água no bico” – releva para nós, “a priori”, que a Renamo, primeiro, e o MDM, mais tarde, ao queixarem-se das “fraudes” e “falcatruas”, tinham razão. E quando sabemos que os tais “santos” observadores internacionais – não todos, mas pelo menos os de países que se julgam sacrossantos – acabaram por pactuar com essas burlas, é agora absolutamente aconselhável que se reveja a credibilidade que se tem depositado em alguns deles.
Também nos preocupa que o presidente Dhlakama possa estar outra vez a deixar-se “levar na onda”, sujeito a ouvir mais tarde as mesmas desconsiderações de que sempre procurou distanciar-se. Por isso daqui lhe chamamos também a atenção, publicamente.
Queremos também tornar público que com a cumplicidade dos “observadores internacionais” que Paulo Cuinica acabou por denunciar, talvez Irreflectida ou ingenuamente, reforçam-se as suspeitas de que os principais fomentadores da corrupção não querem que o regime mude, porque ainda não devem estar ressarcidos e receiem que os próximos a governar não se deixem vender com a mesma facilidade.
Enfim, conjecturas e reflexões que só os factos e as declarações nos aconselham a não continuarmos a guardar no baú, e por isso aqui deixamos à consideração de quem nos lê.

 ( Editorial do Canal de Moçambique, 10 de Setembro de 2014)

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