Mesmo com as grandes descobertas dos recursos minerais
Mesmo com as grandes descobertas dos recursos minerais, como o carvão e o gás natural, Moçambique pode permanecer na lista dos países mais pobres da região da África Austral, nos próximos anos, se continuar a não investir receitas provenientes dos recursos naturais em áreas como a educação, infra-estruturas, indústria manufactureira e agricultura. O alerta é do Banco Mundial, o qual considera que os níveis de crescimento económico do país pouco contribuíram para melhorar as condições de vida da população nos últimos dez anos.
“Moçambique não parece estar a seguir a trajectória ‘normal’ do desenvolvimento, uma vez que as outras formas de capital não estão a crescer. A participação do capital produzido tem estado a diminuir ao longo do tempo”, indica um estudo apresentado ontem na cidade de Maputo, daquela instituição financeira.De acordo com o Banco Mundial, Moçambique deve acelerar o processo de reformas das Leis de Minas e de Petróleos, de modo a aumentar as receitas cobradas aos mega-projectos e investir o valor arrecadado em outras áreas de actividade. O documento conclui, ainda, que, apesar dos rendimentos provenientes dos recursos minerais terem duplicado de 1995 a 2011, estes continuam a não contribuir para a sustentabilidade do país. Isso se deve ao facto de as autoridades governamentais não gerirem da melhor forma os projectos nos sectores mineiro e de hidrocarbonetos. Revela também que muitos países ricos em recursos naturais têm registado um crescimento económico rápido, mas que pode ser enganador. “Os países crescem esgotando os seus recursos naturais sem investir noutras formas de capital – sugerindo padrões de crescimento não sustentáveis ”, aponta o relatório.
A pesquisa mostra que o nível de investimentos realizados em Moçambique nos sectores produtivos, com particular destaque para os equipamentos, maquinaria e terra, situou-se, em 1995, nos 5%, taxa que voltou a registar-se cinco anos depois, o que mostra que não houve avanços.
De acordo com o economista sénior do Banco Mundial em Moçambique, Enrique Armas, o nível de poupança média do país, de 2000 a 2010, situou-se nos dois por cento negativos. A queda mais significativa ocorreu a partir de 2004, ano em que a Sasol iniciou operações no projecto de gás de Pande e Temane, na província de Inhambane, e só recuperou em 2010, com a entrada de novos projectos no país.
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