Por Edwin
Hounnou
As conversas tanto nos chapas, mercados, barracas
quanto em menos restritos, as pessoas sempre deram razão à Renamo na sua
disputa com o governo do partido Renamo. Aliás, é assim se explica o longo
tempo que a guerra civil que varreu país entre 1976 a 1992, pois, sem o apoio
do povo, esse conflito não poderia durar o tempo que levou. Nenhum movimento de
guerrilha sobrevive se não estiver mergulhado no povo e a Renamo combateu, com
sucesso, as forças governamentais. Isto demonstra que ela teve a simpatia popular.
Nas eleições gerais de 1994 e 1999, a escolha da Renamo pelo povo para alternar
a Frelimo ficou evidente, apesar de toda a gama de fraudes para impedir que a
Renamo fosse poder.
As pseudo-negociações/diálogo que ocorrem entre o
governo e a Renamo há muito que deveriam parar por serem um entretimento de
gente adulta e aparentemente civilizada. O governo está a queimar tempo
enquanto as eleições se vão aproximando sem que tenha sido produzido nenhum
resultado palpável. Se, como dizem os ideólogos da Frelimo, as eleições não se
ganham na Comissão Nacional de Eleições, CNE, o que impede a Frelimo aceitar
que os demais concorrentes tenham os seus representantes em igual número ao da
Frelimo? Se a Frelimo recusa a paridade, é por que a CNE e os demais órgãos
eleitorais são uma verdadeira lavandaria das vitórias retumbantes que a Frelimo
averba de eleição em eleição.
A situação perigosa a que o país chegou se deve à
arrogância do governo que teima em não ouvir a voz da razão. A postura de
desprezo que o executivo teve em relação à greve dos médicos é, no mínimo,
arrepiante. O Presidente da República ao invés de se concentrar na resolução do
problema da reivindicação dos médicos, pôs-se a passear pelo Japão, China e
Coreia do Sul, limitando-se a mandar recadinhos, e com a sua esposa a fazer
compras pelo mundo fora e a hospedar em hotéis de luxo. Mal chegou das
passeatas, foi à Niassa homenagear mais herói, na esteira das suas dispendiosas
e supostas presidências abertas.
A Renamo tem razão e tudo deve fazer para manter a simpatia
popular do seu lado que o povo, à excepção dos puxa-saco do regime, anda
cansado de um governo arrogante, mais ocupado com negócios empresariais privados
dos seus membros que dos interesses do povo.
A Renamo deve abster-se de toda a iniciativa de
violência e de atacar objectos militares porque as Forças Armadas não têm
aparecido a violentar o povo pra não dar razão aos belicistas e belicosos do
regime. Violentar a Força de Intervenção Rápida, sim, porque
é um instrumento de violência do governo contra os madgermane, desmobilizados, partidos políticos da oposição,
potenciais eleitores e os médicos, etc. Ninguém tem pena que seja respondida
com a mesma violência que usa contra o povo.
As justas e legítimas reivindicações da Renamo não
devem, em nenhum momento, tornar mais difícil a vida a vida do povo, tal como
impedir a transitabilidade de pessoas e bens pelo país.
No comments:
Post a Comment