O ditador fascista português, António Salazar, quando já não tinha o apoio de nenhum sector, nem em Portugal nem no estrangeiro, afirmou que o seu governo estava “orgulhosamente só”.
Entre nós os nossos dirigentes estão a caminhar, aceleradamente, para uma situação de arrogantemente sós.
Praticamente a cada dia que passa um novo sector da sociedade se levanta a protestar contra a forma como o país está a ser governado. Ou desgovernado, como dizem muitos.
E não se suponha que as críticas partem, apenas, dos sectores da oposição ou de áreas frequentemente críticas da governação. Muito longe disso.
Neste momento as críticas chegam, cada vez com mais força, do interior do próprio partido Frelimo. Umas de forma mais velada, outras mais abertamente, as vozes já não se calam nem reservam as críticas para serem feitas dentro das estruturas partidárias.
Recentemente, Mário Machungo, falando sobre formas de liderança, elogiou toda uma forma de dirigir que é o oposto daquilo que, neste momento, se pratica entre nós. E, em relação a personalidades, elogiou Samora e Chissano, fazendo um gritante silêncio sobre Guebuza.
A Carta Aberta das mais de 80 personalidades, encabeçadas por Pascoal Mucumbi e incluindo três antigos Ministros da Saúde, em governos da Frelimo, que apoia abertamente a greve dos profissionais da Saúde é talvez, desde a Independência nacional, o mais claro sintoma de reprovação interna ao governo do dia.
Hoje leio uma entrevista do major Henriques Madebe, antigo combatente da luta de libertação nacional que diz, no jornal O País: “Esta não é a Frelimo de Mondlane,de Marcelino dos Santos, Sérgio Vieira, Oscar Monteiro e nós outros. A Frelimo está desviada. Os nossos objectivos estão totalmente desviados e até a população só diz: Chega!”.
Na mesma entrevista o major afirma, mais adiante: “nós lutámos contra o capitalismo, egoismo, injustiça, monopolismo, mas agora são as mesmas coisas que estão a nascer fortemente”.
Ora estas vozes, vindas do interior do partido Frelimo, juntam-se às dos magermanes, dos desmobilizados de guerra, dos profissionais da Saúde, dos professores e de tantas outras camadas sociais que, de forma aberta e pública, põem em causa as decisões deste governo e do seu chefe.
E, apesar de tudo isto, não se vê que os rumos da governação sejam minimamente alterados. A total intransigência em relação às justas reivindicações da Renamo podem levar o país à guerra? Nem isso afasta a arrogância governamental.
A greve dos médicos, provocada pela falta de cumprimento, por parte do governo, dos compromissos assumidos em Fevereiro, está a provocar sofrimento e mortes? Nada disso tira o sono aos sizudos senhores que se reunem, às terças-feiras, na baixa da capital.
Só que a pressão social está a aumentar para níveis perigosos. Para níveis onde uma pequena faúlha pode deitar fogo à pólvora.
Esperemos que os votos nas urnas possam fazer a situação retomar à normalidade, sem fraudes e crimes eleitorais a retirarem verdade ao sufrágio.
Os recentes casos de demissão das direcções da OJM e da OMM, eleitas em congressos, por decreto partidário, pouca garantia dão de respeito pela democracia. O mesmo se passando com as demissões de vários presidentes de municípios.
A ver vamos...
Machado da Graça, Savana, 14/06/13
Entre nós os nossos dirigentes estão a caminhar, aceleradamente, para uma situação de arrogantemente sós.
Praticamente a cada dia que passa um novo sector da sociedade se levanta a protestar contra a forma como o país está a ser governado. Ou desgovernado, como dizem muitos.
E não se suponha que as críticas partem, apenas, dos sectores da oposição ou de áreas frequentemente críticas da governação. Muito longe disso.
Neste momento as críticas chegam, cada vez com mais força, do interior do próprio partido Frelimo. Umas de forma mais velada, outras mais abertamente, as vozes já não se calam nem reservam as críticas para serem feitas dentro das estruturas partidárias.
Recentemente, Mário Machungo, falando sobre formas de liderança, elogiou toda uma forma de dirigir que é o oposto daquilo que, neste momento, se pratica entre nós. E, em relação a personalidades, elogiou Samora e Chissano, fazendo um gritante silêncio sobre Guebuza.
A Carta Aberta das mais de 80 personalidades, encabeçadas por Pascoal Mucumbi e incluindo três antigos Ministros da Saúde, em governos da Frelimo, que apoia abertamente a greve dos profissionais da Saúde é talvez, desde a Independência nacional, o mais claro sintoma de reprovação interna ao governo do dia.
Hoje leio uma entrevista do major Henriques Madebe, antigo combatente da luta de libertação nacional que diz, no jornal O País: “Esta não é a Frelimo de Mondlane,de Marcelino dos Santos, Sérgio Vieira, Oscar Monteiro e nós outros. A Frelimo está desviada. Os nossos objectivos estão totalmente desviados e até a população só diz: Chega!”.
Na mesma entrevista o major afirma, mais adiante: “nós lutámos contra o capitalismo, egoismo, injustiça, monopolismo, mas agora são as mesmas coisas que estão a nascer fortemente”.
Ora estas vozes, vindas do interior do partido Frelimo, juntam-se às dos magermanes, dos desmobilizados de guerra, dos profissionais da Saúde, dos professores e de tantas outras camadas sociais que, de forma aberta e pública, põem em causa as decisões deste governo e do seu chefe.
E, apesar de tudo isto, não se vê que os rumos da governação sejam minimamente alterados. A total intransigência em relação às justas reivindicações da Renamo podem levar o país à guerra? Nem isso afasta a arrogância governamental.
A greve dos médicos, provocada pela falta de cumprimento, por parte do governo, dos compromissos assumidos em Fevereiro, está a provocar sofrimento e mortes? Nada disso tira o sono aos sizudos senhores que se reunem, às terças-feiras, na baixa da capital.
Só que a pressão social está a aumentar para níveis perigosos. Para níveis onde uma pequena faúlha pode deitar fogo à pólvora.
Esperemos que os votos nas urnas possam fazer a situação retomar à normalidade, sem fraudes e crimes eleitorais a retirarem verdade ao sufrágio.
Os recentes casos de demissão das direcções da OJM e da OMM, eleitas em congressos, por decreto partidário, pouca garantia dão de respeito pela democracia. O mesmo se passando com as demissões de vários presidentes de municípios.
A ver vamos...
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