Centenas de profissionais de saúde moçambicanos cumpriram hoje o 15.º dia de greve com uma marcha em Maputo, amordaçados, em protesto contra o alegado silêncio do Governo, e com pratos vazios, como símbolo das más condições salariais.
Com os médicos maioritariamente vestidos de branco e os restantes funcionários de azul, os profissionais de saúde partiram da sede da Associação Médica de Moçambique, no centro da capital, seguindo pela Avenida Eduardo Mondlane até à Praça da Paz, onde entoaram o hino de África e oraram pela resolução do diferendo laboral.
O trajeto que os grevistas seguiram teve de ser definido à última hora, depois de a polícia os ter desaconselhado a marchar até ao Circuito António Repinga, que se situa nas imediações do gabinete do primeiro-ministro moçambicano, local que às terças-feiras acolhe as sessões do Conselho de Ministros.
"Continuamos com o mesmo espírito, que é de cuidar do povo, mas à espera que alguém cuide de nós, que é o Governo. Mas do Governo estamos a receber o silêncio", disse o porta-voz da Associação Médica de Moçambique, Paulo Samo Gudo.
Paulo Samo Gudo acusou o executivo de não pretender dialogar com os profissionais de saúde e de apostar na ameaça e intimidação para travar a greve.
"Este movimento não vai parar enquanto as exigências dos profissionais de saúde não forem resolvidas. A nossa luta é contra a desigualdade no tratamento dos funcionários do Estado", acrescentou o porta-voz da Associação Médica de Moçambique.
Os profissionais de saúde moçambicanos rejeitam o aumento de 15 por cento de salário decretado pelo Governo e exigem um incremento de 100 por cento, uma subida de 35 por cento no subsídio de risco e a aprovação do Estatuto Médico pela Assembleia da República.
Por sua vez, o Governo diz-se incapaz de atender às reivindicações, defendendo um aumento faseado dos ordenados dos profissionais de saúde, face à alegada insustentabilidade financeira de um aumento salarial de 100 por cento.
O executivo e os profissionais de saúde moçambicanos têm leituras diferentes sobre o impacto da greve, com o Ministério da Saúde a garantir que as unidades de saúde estão a funcionar normalmente e a Associação Médica de Moçambique a defender que a ação por si convocada tem a adesão de mais de 90 por cento dos profissionais.
Lusa
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